domingo, 31 de março de 2019

Botafogo 0x3 Lavras Vôlei

Aí temos o Glorioso a imitar os altos e baixos do futebol e do basquetebol. Após uma campanha 100% vitoriosa na 1ª Fase da Superliga de Voleibol B e uma classificação tranquila nas quartas-de-final, totalizando 9 vitórias em 9 jogos, eis que o Botafogo sucumbe no jogo de ida das semifinais por incríveis 3x0 diante do Lavras Vôlei, que havia terminado a 1ª fase em 4º lugar.

E sucumbe de maneira muitíssimo clara com uma média por parcial de 20 pontos contra 25 pontos do adversário. O Lavras prometera que iria pra cima do Botafogo e foi – e venceu com toda a clareza e merecimento.

Agora resta ao Botafogo reerguer-se e ganhar os dois jogos seguintes para passar à final e ascender à Superliga de Voleibol A. Ou simplesmente ser eliminado nas semifinais e permanecer na Superliga B depois de uma brilhante campanha na 1ª fase em que venceu todos os clubes adversários, e que de nada lhe valeu.

Obrigação nas semifinais face à campanha realizada: VENCER!

FICHA TÉCNICA
Botafogo 0x3 Lavras Vôlei (MG)
» Parciais: 20-25; 22-25; 18-25
» Data: 30.03.2019
» Local: Ginásio da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais (MG)

Série: amor com razão e emoção (32)

O melhor Trio do Tri

Didi, eleito o melhor jogador de futebol da Copa do Mundo de 1958

Garrincha, eleito o melhor jogador de futebol da Copa do Mundo de 1962

Jairzinho, único jogador de futebol a marcar em todos os jogos de uma fase final - Copa do Mundo de 1970

Série: esculturas de areia (21)

sábado, 30 de março de 2019

Sofrer pelo Botafogo

por NELSON RODRIGUES
In Manchete Esportiva, 04.08.1956
Crônica sobre Botafogo 0x0 Vasco da Gama, 29.07.1956

Todos os torcedores de futebol se parecem entre si como soldadinhos de chumbo. Têm o mesmo comportamento e xingam, com a mesma exuberância e os mesmos nomes feios, o juiz, os bandeirinhas, os adversários e os jogadores do próprio time. Há, porém, um torcedor, entre tantos, entre todos, que não se parece com ninguém e que apresenta uma forte, crespa e irresistível personalidade. Ponham uma barba postiça num torcedor do Botafogo, dêem-lhe óculos escuros, raspem-lhe as impressões digitais e, ainda assim, ele será inconfundível. Por quê?

Pelo seguinte: - há, no alvinegro, a emanação específica de um pessimismo imortal. Pergunto eu: - por que vamos ao campo de futebol? Porque esperamos a vitória. Esse otimismo é o impulso interior que nos leva a comprar ingresso e vibrar os 90 minutos. E, no campo, o otimismo continua a crepitar furiosamente. Não importa que o nosso time esteja perdendo de 15 a 0. Até o penúltimo segundo, nós ainda esperamos a virada, ainda esperamos a reação.

Pois bem: - o torcedor do Botafogo é o único que, em vez de esperar a vitória, espera precisamente a derrota. Os outros comparecem na esperança de saborear como um chicabom o triunfo do seu clube. Mas o torcedor do Botafogo é diferente: - ele compra o seu ingresso como quem adquire o direito, que lhe parece sagrado e inalienável, de sofrer. Eis a verdade: - ele não vai a campo ver futebol.

O futebol é um detalhe secundário e, mesmo, desprezível. Ele quer, acima de tudo, desgrenhar-se, esganiçar-se, enfurecer-se e rugir contra Zezé Moreira. No dia em que retirarem do torcedor alvinegro o inefável direito de sofrer e, sobretudo, o direito ainda mais inefável de descompor o seu técnico, ele ficará inconsolável, como um ser que perde, subitamente, a sua função e o seu destino.

Tudo na vida é uma questão de hábito. E o cidadão que padece todos os dias acaba se afeiçoando ao próprio martírio ou mais do que isso: - o martírio torna-se insubstituível como um vício funesto. É o caso da torcida alvinegra que, desde 1910, sofre e, ao mesmo tempo, xinga Zezé Moreira. Conclusão: - já não pode viver sem uma coisa e outra.

Por exemplo: - o clássico de ontem, no Maracanã, foi o que se chama de jogo ideal para o torcedor do Botafogo. Já durante a semana, ele vivera mergulhado no pessimismo como um peixinho no seu aquário. E, ontem, finalmente chegou o grande dia: - a torcida alvinegra sofreu como nunca e rugiu, como nunca, contra Zezé Moreira. De fato, o Vasco exerceu um feroz, um maciço domínio de 80 minutos.

E mais: - o Vasco deu show, jogou bonito, brilhou escandalosamente como um Sol. No intervalo do primeiro para o segundo tempo, encontro um amigo botafoguense. Exultante com o próprio sofrimento e com o próprio furor, ele veio, para mim, de braços abertos. Do lábio, pendia-lhe a saliva pesada e elástica de uma cólera sagrada. Agarra-me e rosna-me, ao ouvido: - Esse Zezé Moreira é um tarado! E repetia, atirando patadas ao chão: - Tarado.

A princípio, pensei num crime sexual ainda impune, praticado nalgum terreno baldio. Pálido, quero saber por que tarado. Então, o amigo explica-me: - porque pusera o Bauer no lugar de Pampolini! E essa substituição parecia, ao meu conhecido, o sintoma inconfundível de uma tara tenebrosa. O diabo é que todo o esforço e todo o brilho do Vasco não renderam mais que um franciscano empate de 0 a 0. Acresce que, nos 10 minutos finais, o Alvinegro reage dramaticamente e quase ganha o jogo.

Série: Coisas & Loisas (306)

Campeonato Estadual de Remo - 1ª Regata 2019

Arte: Johnny di Botafogo / Reprodução Facebook

Instantâneos de Eunice Machado (20)

sexta-feira, 29 de março de 2019

Aída dos Santos, um exemplo de atleta em debate no COB

Aída dos Santos, 82 anos, antiga campeã internacional de atletismo do Botafogo de Futebol e Regatas, foi convidada pelo Comitê Olímpico Brasileiro a participar num debate sob o tema ‘Mulheres no Esporte’ que envolveu Fabi Alvim, bicampeã olímpica de voleibol, e Carolina Ferracini, gerente da ONU Mulheres, o qual foi mediado por Manoela Penna, diretora de Comunicação e Marketing do COB.

Única representante feminina da delegação brasileira dos Jogos Olímpicos de Tóquio 64, Aída contou a sua história de superação e resistência numa época em que as mulheres eram alvo de preconceito nas modalidades desportivas.

Aída dos Santos contou tudo desde o início: – “Ser mulher no esporte era muito difícil. Ainda mais sendo negra e pobre. Meus pais não entendiam e não queriam que eu praticasse esporte. Quando ganhei minha primeira medalha, meu pai jogou ela fora porque eu não trouxe dinheiro para casa. Foi duro, mas insisti.”

Aída relatou as suas lembranças de mais de meio século dos Jogos de Tóquio, pormenorizando as inúmeras dificuldades que enfrentou antes e durante a competição na qual esteve sempre sozinha, sem técnico, sem equipamentos e sem intérprete. Além de um torção no pé durante as eliminatórias que, mesmo assim, não arredou Aída da luta, alcançando 1,74m no salto em altura e arrebatando o 4º lugar – que seria com certeza uma medalha se dispusesse das condições de outros atletas.

Fabi Alvim, medalha de ouro em Pequim 2008 e Londres 2012, homenageou Aída com gloriosas palavras apologéticas:

– “Escutar Aída dos Santos é um privilégio. Quem é apaixonado por esporte a tem como precursora e grande representante feminina nos Jogos Olímpicos. Hoje não tem nem como comparar, é um cenário completamente diferente. A busca por evoluir, por mais mulheres participando, é diária. Para entender de onde viemos e onde chegamos, devemos toda inspiração e reverência a atletas como Aída dos Santos.”

Aída dos Santos, um exemplo de atleta que, aos 82 anos, continua sendo atleta defendendo a Seleção Master Brasileira de voleibol.

Pesquisa de Rui Moura (editor do blogue Mundo Botafogo).

Série: esculturas de areia (20)

Roberto Porto - ícone do jornalismo desportivo

Sporting campeão europeu de goalball

Imagem: jornal Sporting

O Sporting Clube de Portugal sagrou-se bicampeão europeu de Goalball masculino e campeão europeu de Goalball feminino, competições organizadas pela European Goalball Club Association, cuja fase final decorreu no Pavilhão Multiusos, em Odivelas, Portugal, entre os dias 16 e 18 de março de 2019.

As duas conquistas elevaram para 33 o número de títulos europeus coletivos do Sporting, a maior potência desportiva portuguesa. Eis os resultados:

Competição masculina

1ª FASE
Sporting 11x07 Old Power (Finlândia)
Sporting 07x03 Aisti Sport (Finlândia)
Sporting 12x05 FIFH Malmö (Suécia)
Sporting 08x05 GC Perun(Rep. Checa)

SEMIFINAIS
Sporting 13x04 FIFH Malmö (Suécia)

FINAL
Sporting 12x06 GC Perun (Rep. Checa)

Competição Feminina

1ª FASE
Sporting 08x02 BSI Copenhaga (Dinamarca)
Sporting 10x04 Old Power (Finlândia)
Sporting 10x00 Madrid +Ideas (Espanha)


SEMIFINAIS
Sporting 13x03 Madrid +Ideas (Espanha)

FINAL
Sporting 10x06 BSI Copenhaga (Dinamarca)

LISTA ATUALIZADA DOS 33 TÍTULOS EUROPEUS COLETIVOS DO SPORTING:

Imagem: jornal Sporting

Pesquisa de Rui Moura (editor do blogue Mundo Botafogo).

quinta-feira, 28 de março de 2019

Didi para Garrincha

por ELTON FLAUBERT
In O Campanário

Anos atrás, quando assisti pela primeira vez a vitória brasileira sobre a Suécia na final da Copa de 58, lembro que minha atenção foi totalmente dominada por Garrincha. Isso me veio novamente à mente quando procurava alguns vídeos históricos no Youtube e encontrei uma entrevista dele falando sobre o estado do futebol brasileiro na época: muito passe, pouco ímpeto.

Antes de 58, o Brasil era uma força menor no continente. Argentina e Uruguai eram os grandes vencedores da Copa América, a maior rivalidade continental, e para piorar tínhamos perdido uma copa em casa de maneira dramática. Nélson Rodrigues, que transformava o sentimento em palavras como raros escritores, tinha dito que a nossa derrota em 50 criou um “complexo de vira-lata” tal tinha sido o trauma de perder a glória que se encontrava em nossas mãos. Já o “fiasco” (derrota para uma das maiores seleções da história, a Hungria de Puskas) em 54 foi associado ao racismo, pois nossos jogadores negros não seriam psicologicamente aptos para aguentar momentos decisivos. A vitória de 58 foi muito mais do que o primeiro título, mas o próprio momento iluminador do que havia de melhor no povo brasileiro se expressando nessa arte épica chamada futebol.

Depois que a Suécia abriu o marcador da final jogando em casa, foi Garrincha – um “Mané” – que nos colocou de volta na partida. Quase que sistematicamente, Didi pegava a bola no meio e lançava na direita para Garrincha. Driblando para direita, para esquerda, mudando a direção do corpo, desvendando intuitivamente o comportamento dos adversários, Mané fez miséria com os suecos. O gol de empate veio numa jogada sua pela direita, em que driblou dois suecos e cruzou para Vavá escorar. O gol da virada foi quase uma repetição do primeiro. As portas estavam abertas para o título tão esperado.

Quis o destino que a grandeza do nosso futebol começasse a ser celebrada pelas pernas tortas de Garrincha. Mané era o antídoto da objetividade por definição. Futebol, para ele, não era excelência. Não era objetivamente fazer gols, ter o melhor desempenho possível, driblar em direção às traves, ser campeão independentemente de qualquer coisa. Garrincha é o anti-Messi, o anti-Cristiano Ronaldo. Messi e Cristiano querem gols, títulos, prêmios, vão ao limite por isso, tudo é perfeitamente calculado em prol de um objetivo. Ninguém jamais viu Messi dando um drible que não fosse objetivamente pelo gol. Ninguém jamais viu Cristiano Ronaldo se divertindo num campo de futebol. Não há sobra, não há resto. Tudo é útil e necessário. Ao contrário, o gol era parte integrante do grande mistério do futebol para esse Mané que celebrava no jogo a espontaneidade da criança. O seu drible era poesia que funcionava como ode e agradecimento ao que o futebol lhe dera. Ele estava ali para alegrar a plateia. Reza a lenda que, em 1956, o técnico do Botafogo, Zezé Moreira, irritado com os seus dribles em excesso colocou uma cadeira no gol e lhe pediu para acertá-la logo depois de um drible perto da área. Garrincha saiu driblando todo mundo, chegou na cadeira e começou a driblar todos de novo em direção contrária. Ele não fazia isso porque só sabia driblar, pois concluía e cruzava muito bem, era dono de técnica refinada, não só de habilidade. Queria o gol, mas antes uma infinitude de coisas.

Garrincha era uma ingovernável força da natureza. Era o maior exemplo da inteligência intuitiva que define o nosso futebol. Ele não era só um nato driblador, o maior de todos, mas possuía o dom da antevisão. Se Pelé antevia a jogada, Garrincha antevia outra coisa. Ele antevia o corpo, os gestos, os comportamentos, as reações dos adversários. Sempre a frente, Mané sabia exatamente para onde ia o seu marcador. Intuitivamente, Garrincha era um mestre do comportamento humano. Mané era um traquina.

Igualmente, ele tinha o poder de hipnotizar a plateia com a genuinidade do seu talento. Mesmo hoje, assisti-lo é sentir o tempo e a respiração pararem na expectativa do que vai acontecer, da beleza rara que pode brotar dos seus movimentos. Mané era autor de uma arte que não foi feita para ser eterna no sentido do jogo coletivo da Hungria de 54 ou da Holanda de 74, mas para causar uma sensação específica e rara de alegria. Uma alegria fulgurante, que vem rápida e fulminante, lembrando-nos por uma centelha do bem da existência, e de como somos pequenos diante disso. Alegria que dissipava nossas manias rapidamente e sumia. Como sua arte, a vida também foi passageira para o Mané que foi abatido pelo álcool e pelos julgamentos por seu relacionamento com Elza Soares.

Esse “anjo torto” que dava alegria era também um símbolo compacto do povo brasileiro e do que diante de tantas mazelas tornou-se bonito pela generosidade do futebol. Na falta de ordem, na ausência de qualquer senso de unidade, no meio daquele tipo de sincretismo que perverte todas as coisas com sua irreverência maligna, também havia algo de bonito nesse povo, pronto para ser coroado na épica do futebol.

Os dribles de Garrincha não eram uma espécie de malandragem característica do povo brasileiro, mas aquele tipo de desvio benéfico que consegue subverter a ordem das coisas terrenas em prol de algo maior, mais belo, mais grandioso, mais justo. As linhas tortas de Deus. Mesmo a mais virtuosa das ordens dirigida pelo mais virtuoso dos homens, cria um tipo de limitação que, ao mesmo tempo, funda sua transgressão. Necessária e violenta, a ordem dos homens não pode dissipar as tensões inerentes aos humanos vivendo nesse mundo daqui, num entremeio entre ser e não-ser. A beleza desse drible transgressor não é a virtude da ordem, com senso da unidade e do eterno, como o sincrônico carrossel holandês de 74, mas a virtude da superação em nome do que é maior do que nós. O drible de Garrincha era a transgressão de um burocrata na Alemanha de Hitler que camufla algo para ajudar um judeu. É o desvio do que tudo indicava. É o drible que desnorteia a regência dos eventos, quebra a linearidade do transcorrer das coisas.

Se há algo de bom no característico do povo brasileiro é esse ato cambiante que circula por algo maior sem quebrar a unidade. O lado perverso dessa característica é sua utilização pelo arrivismo, pela ganância, pela irreverência maligna. Essa transgressão camuflada pode ser tanto um remédio como um veneno para alma. Veneno do culto ao mal que Garrincha soube superar ao fazer do seu talento aquilo para que ele foi feito. Ele podia ter optado pelo formalismo burguês, pelo gol direto e reto, pela utilidade. Não seria Garrincha e teria sido o malandro arrivista que conhecemos tão bem. Para esse Mané, como para o bom do povo brasileiro, tudo está bem quando parece dar errado para dar certo, pois qual a probabilidade das coisas se tornarem tão gloriosas sem a mais irrestrita objetividade, sem o foco dos construtores?

Todavia, a beleza anárquica de Garrincha não seria nada sem o seu companheiro de seleção e Botafogo: Didi. Ele era o complemento que guiava a astúcia de Garrincha para a transgressão virtuosa. Didi sempre teve uma aparência sóbria, madura, precisa. O esguio meia jogava com uma elegância natural. Com ele, não havia excessos. O seu futebol não era conclusivo, mas uma oferta despretensiosa para os exageros intuitivos dos atacantes, sedentos por gols. No caso de Garrincha, sedento pela traquinagem.

Didi desfilava em campo, distribuía passes precisos e lançamentos decisivos. Quando a bola chegava aos seus pés, o tempo parava – não pela expectativa – mas porque ele se tornava o seu dono, ditando o ritmo da história a ser contada no campo. Seu olhar trazia certa melancolia característica do brasileiro, mas que não se escondia no riso. Era mais aquele reconhecimento confuso das tribulações da vida, da sua incompletude, das tensões naturais. A percepção dos dramas humanos que abundavam no seu entorno com uma consciência madura de quem destemia o fracasso.

Só um homem com tal magnitude e disposto a oferecer – tanto como jogador, quanto como técnico – poderia ditar o ritmo da história em campo sem sequer olhar para a bola, esta que era o sentido da sua existência, o instrumento da arte, o presente de Deus para redenção do povo brasileiro ao lhe fazer conhecer intuitivamente. Só um homem assim poderia inventar a “folha seca”, uma batida tão sóbria, simples e despretensiosa com a ponta dos dedos no meio da bola que a fazia subir e cair rapidamente como uma folha da árvore.

Só um homem com essa elegância e certeza diante das tensões da vida poderia, depois do primeiro gol sueco, pegar a bola do gol, trazê-la em baixo dos seus braços e dizer a todos: não há problemas, iremos vencer. O próprio mito de fundação do futebol brasileiro. A elegância de Didi estava ali para ser o complemento ideal para a bela transgressão anárquica dos dribles de Garrincha. E quis o destino que os dribles sem lógica aparente de Garrincha trouxesse a primeira copa e transformasse o futebol num enredo épico do povo brasileiro.

Didi para Garrincha abriu o caminho para a ordem, para o bem-feito, para o alto nível físico, técnico e psicológico. Garrincha não podia ser rei, pois era interrupção virtuosa da ordem das coisas. Didi não podia ser rei, pois sua natureza era desconfiar, não à toa teve imensas dificuldades no Real Madrid independente de questões táticas e boicotes como o de Di Stéfano. Pelé, com sua concentração e técnica soberba, sendo ótimo em todos os fundamentos, antevendo as jogadas, com uma habilidade que beirava a perfeição, com o seu profissionalismo, era o homem destinado a assumir o legado real e ser o grande nome da épica que se tornou o futebol brasileiro. Pelé pode ter sido o melhor jogador de futebol da história, mas Garrincha foi o maior. Eternamente.

Fonte: https://www.ocampanario.com/single-post/2017/03/21/Didi-para-Garrincha

Série: amor com razão e emoção (31)

Jair, um botafoguense com sua turma animada

Série: esculturas de areia (19)

quarta-feira, 27 de março de 2019

Botafogo nas oitavas-de-final do NBB

Classificação da fase por pontos

O Botafogo fez uma boa campanha na fase regular da Liga Nacional de Basquetebol e fixou-se no 6º lugar – 1ª metade da tabela – tendo-se classificado para as oitavas-de-final que lhe dá direito, em virtude ter ficado no G8, ao mando de campo contra o São José. Os quatro vencedores das oitavas-de-final apuram-se para as quartas-de-final e enfrentam os clubes classificados no G4 – Franca, Flamengo, Pinheiros e Mogi. Vasco da Gama e Joinville descem de divisão.

No entanto, não foi um final feliz. Após um grande brilharete contra o forte Paulistano (104x100) num jogo emocionante e sensacional, eis que o Botafogo fraqueja novamente contra uma equipe da sua igualha, mantendo as características de altos e baixos, em geral momentos altos contra as melhores equipes e momentos baixos contra as piores equipes.

Ontem, o Botafogo foi envolvido pelo Corinthians, num jogo truncado e sem grande brio, bem mais burocrático do que empático, e deixou-se submeter durante toda a partida. O Corinthians entrou muito melhor e aos 5’ de jogo vencia por 15-6, tendo o Botafogo recuperado na parte final do 1º parcial para fechar numa desvantagem de apenas 20-18.

No 2º parcial o Corinthians voltou melhor, tapando as entradas do Botafogo e aumentou o placar, mas a nossa equipe reagiu e aos 15’ de jogo perdia novamente por apenas 33-31. Aos 17’30” chegou ao empate 39-39 e disputa manteve-se ao mesmo nível até ao fim do 2º parcial: vitória do Botafogo por 26-24 e ida para o intervalo com o empate a 44-44.

Tudo podia acontecer, mas foi o Corinthians que novamente tomou a vantagem e a alargou para 56-52 aos 25’ da partida e terminou o 3º parcial com vantagem de 22-17, estabelecendo o placar do jogo em 66-61. No último parcial o Corinthians tornou a alargar a vantagem para 75-68 aos 35’ e fechou o jogo em 84-77, vencendo o parcial por fracos 18-16 que mostra bem a retração das equipes.

O resultado servia os interesses das duas equipes: classificarem-se no G8 o melhor possível para exercerem o mando de campo nas oitavas-de-final. Na verdade, havia 4 equipes disputando os últimos 3 lugares do G8 e duas delas estavam perdendo, enquanto o Corinthians a ganhar assegurava o 7º lugar e o Botafogo também assegurava o 6º lugar porque somente o perderia se o Corinthians vencesse a partida por mais de 15 pontos. Venceu apenas por 7 pontos. Até parece que jogaram com o regulamento debaixo do braço…

Embora a pontuação do Botafogo tivesse chegado aos dois dígitos com quatro atletas – Jamaal (18), Cauê (17), Arthur (15) e Coelho (15) –, não foi suficiente para a vitória.

Confrontos nas fases eliminatórias

Nas oitavas-de-final o Botafogo jogará contra o São José em casa e tem todas as possibilidades de se classificar às quartas-de-final se jogar ao seu nível. Nas quartas-de-final enfrentaria o Pinheiros, num jogo certamente muito difícil, mas que face a outras vitórias do Botafogo contra o Franca e o Paulistano, por exemplo, permite acalentar a esperança de classificação às semifinais, em que o nosso adversário seria provavelmente o Flamengo.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 77x84 Corinthians
» Parciais: 18-20; 26-24; 17-22; 16-18
» Equipe e pontuação: Jamaal (18), Cauê (17), Arthur (15), Coelho (15), Diego (6), Mogi (4), Ansaloni (2) e Maique (0)
» Data: 26.03.2019
» Local: Ginásio Wlamir Marques, em São Paulo (SP)

Série: esculturas de areia (18)

Flâmula by Pedro Varandas

Imagem: Pedro Varandas, pesquisador do Botafogo FR

Série: Coisas & Loisas (305)

terça-feira, 26 de março de 2019

Botafogo campeão do Torneio de Polo Aquático sub-18

O Botafogo sagrou-se campeão do Torneio Carioca de Polo Aquático feminino sub-18, realizado pela Federação Aquática do Estado do Rio de Janeiro, que decorreu no Club de Regatas do Flamengo, na Gávea, nos dias 23 e 24 de março de 2019.

O Botafogo venceu o Flamengo nos dois jogos da decisão por 15x7 no sábado e 15x8 no domingo. A goleira Júlia Simões foi destaque ao defender quatro pênaltis do Flamengo na segunda final e Giovana Barbosa foi eleita MVP do torneio – Jogadora Mais Valiosa.

Pesquisa de Rui Moura (editor do blogue Mundo Botafogo); Fonte: Botafogo de Futebol e Regatas.

Série: esculturas de areia (17)

Recorde de expulsões: Botafogo x Portuguesa de Desportos

O Botafogo e a Portuguesa de Desportos detêm o recorde de expulsões num só encontro, em 1954, no Estádio do Pacaembu. Confira o caso em http://mundobotafogo.blogspot.com/2007/12/originalidades-dcada-de-1950.html?q=recorde+de+expuls%C3%B5es

Série: Coisas & Loisas (304)

segunda-feira, 25 de março de 2019

Medo de avião

[Nota Preliminar: O 'blogger' apresenta os comentários sequencialmente, e após o 50º comentário é necessário clicar em "carregar mais" no final da página para que apareçam todos. Em geral, os comentários que aparecem sem respostas já as têm, mas como ultrapassaram o 50º comentário é necessário o referido clique para que apareçam nos respectivos locais de resposta e se possa ler, voltando atrás se for o caso. Ao serem ultrapassados os 100 comentários é necessário clicar duas vezes em "carregar mais" para se chegar ao fim.]

[AVISO IMPORTANTE: TODOS OS COMENTÁRIOS ATRAVÉS DO GOOGLE+ QUE FORAM FEITOS PARA ESTA CRÔNICA NÃO FORAM RECEBIDOS PELO BLOGUE, DEVIDO A ALTERAÇÃO DE CRITÉRIOS DO GOOGLE. OS COMENTÁRIOS PUBLICADOS NO GOOGLE+ NÃO APARECERÃO E É NECESSÁRIO VOLTAR A USAR OS COMENTÁRIOS DO BLOGGER. USE, POR EXEMPLO, O SEU 'GMAIL'. OU INCREVA-SE NO BLOGGER. OU ENVIE OS SEUS COMENTÁRIOS PARA mundobotafogo@gmail.com E O EDITOR REPRODUZIRÁ O TEXTO. ]

por LÚCIA SENNA
Escritora e Cantora
Cronista do Mundo Botafogo

Não, não tenho medo de avião. Tenho sim, pavor. Na véspera da viagem já começo a ficar intranquila e a olhar para os meus familiares como se fosse pela última vez. Uma saudade antecipada me aperta o coração. Vontade imensa de desmarcar a tão desejada viagem. O medo de entrar naquela engrenagem esquisita, mais pesada que o ar e lá permanecer por horas a fio é um desafio e tanto. Arrumo a mala com um frio mórbido na barriga. Apelo para o bom senso e penso que não há nenhum meio de transporte mais seguro que o avião. As estatísticas estão aí pra comprovar que se morre muito mais nas estradas do que de queda de aeronave.

Que alívio! Respiro fundo e, por alguns instantes, sinto-me confiante. Mala em punho sigo pro aeroporto. À medida que me aproximo do Galeão percebo ausência de saliva, mãos úmidas de suor, nó na garganta e um leve tremor no corpo. Tento acalmar a mente deixando que o ar adentre os pulmões em cinco tempos e expelindo-o em dez. O efeito é surpreendente! A respiração cadenciada acaba com a tensão muscular. Relaxada, vejo que o meu medo é injustificável.  Arriscado mesmo é trafegar na Linha Vermelha e morrer de uma bala perdida.

Estou na fila do check-in, a mala já seguiu na esteira rolante e eu, novamente, invadida por pensamentos terríveis.  Respiração presa, sem folego e com a coragem em ponto morto.  Compro revistas, palavras cruzadas e chicletes. E pensar que um dia quis ser aeromoça. Aeromoça com pânico de voar ia ser bem complicado...

Hora do embarque, mais desgaste físico e emocional. O detector de metais apita na minha passagem. E é um tal de solicitação para retirar botas, casaco, cinto, celular, relógio, etc.. Só na terceira tentativa é que aqueles antipáticos farejadores tecnológicos me deixaram em paz. Lá no íntimo torcia para que eu não passasse nos procedimentos de segurança.

Intranquila, entro no avião, procuro o meu lugar e observo atentamente a entrada dos companheiros de infortúnio. Invejo aqueles que chegam descontraídos, como se fosse a coisa mais natural da vida estar dentro de um tubo metálico, nas mãos de dois sujeitos fechados numa minúscula cabine, atravessando céus e mares, sabe-se lá a quantos pés de altura. Entro em pânico quando, pelos alto-falantes, uma voz educada e pausada se faz ouvir: “Senhores passageiros, por favor, coloquem suas poltronas na posição vertical e prendam seus cintos de segurança. Em alguns momentos estaremos iniciando o procedimento da decolagem”.

Encontro-me na posição fetal, isso sim. Sei que muitos vão me chamar de covarde, ignorante, tola e outros adjetivos depreciativos. Não me importo. Afinal, ser tida e havida como uma autêntica ptesiofóbica, cá pra nós, é um rótulo que engrandece qualquer um. Sinto-me condecorada!

 O voo está lotado, mas estou só. Na hora do medo estamos sempre sós. Tento disfarçar e aparentar uma quase impossível normalidade. Todo o meu esforço, no entanto, cai por terra quando a voz impiedosa, divertindo-se às minhas custas, volta a atacar: “Em caso de emergência máscaras de oxigênio cairão automaticamente... E numa inconveniência admirável, prossegue: Lembramos ainda que os assentos de suas poltronas são flutuantes, blá, blá, blá ...”.

Pronto. O avião já levantou voo e eu acabo de perder o meu maior referencial: o chão. Ao meu lado, um homem gordo e calvo dorme como se não houvesse amanhã. E talvez não haja, penso eu.  Odeio pessoas que dormem só pra não ter que enfrentar o perigo. Jamais durmo em viagens aéreas. Se o avião cair, preciso estar em alerta. A voz acaba de anunciar que entraremos em zona de turbulência. Estou pálida e com as mãos empapadas de suor. Preciso de ajuda psicológica. As comissárias sumiram dos corredores. O vizinho de poltrona sequer respira. Vai ver que morreu de medo e finge que continua em sono profundo. Grande farsante!  O calmante não fez efeito. Na fúria mastigatória, engoli o chiclete. Não passo de um feto indefeso e medroso. Essa droga vai despencar e minha chance de sobrevivência é nula. Faço promessas. Prometo ajudar financeiramente meus parentes mais necessitados, visitar asilos, creches, casas de repouso e, a cada trepidação, aumento o valor da contribuição. Que sufoco, estou desfigurada!

Ufa, saímos da zona de turbulência! O jantar está sendo servido. Credo, porque será que comida de avião é tão ruim? Não consigo distinguir se era carne, frango ou peixe. Mas como tudo, numa espécie de desespero faminto. O gordo acorda e, com apetite voraz, delicia-se com aquela comidinha de quinta categoria.

De repente, a voz anuncia: “Dentro de instantes estaremos pousando em Buenos Aires.  Mantenham o encosto da poltrona na posição vertical e suas mesas fechadas e travadas...”.

Pousamos. Saio do avião cheia de pose. Quem não me conhece há de pensar que sou a mais descolada das mulheres e que nasci para voar. Cabeça erguida, ombros abertos, cumprimento os comissários com simpatia e lá vou eu, altiva e faceira, aguardar pela mala na esteira rolante do aeroporto de Ezeiza.

E pra você que está pensando que tenho medo de morrer de desastre de avião, deixo aqui uma frase de Woody Allen, único na sua maneira irônica de ver a vida: “Não é que eu tenha medo de morrer de avião.  É que eu não quero estar lá quando isso acontecer”.

Botafogo 2x0 Vasco da Gama – futebol vertical em ‘aperitivo’

Crédito: Vitor Silva / Botafogo. por RUY MOURA | Editor d Mundo Botafogo Antes de efetuar uma análise ao jogo quero expressar, uma vez m...