[Nota preliminar: o texto
obedece à ortografia da época.]
«Tôdas
as superstições dos homens do Botafogo funcionaram certinhas no jôgo com o
Flamengo. Vejamos algumas delas:
1 – O sr. Paulo
Azeredo, como em 61, ficou no seu sítio, e só desceu quando o título estava
assegurado;
2 – Os srs. Emílio
Beaklini e Manuel Maria de Paula Ramos, no campeonato passado, haviam ido à
Gruta de Imprensa e êste ano repetiram o lance;
3 – Nilton Santos e
Garrincha deixaram de ir aos “barbadinhos”, da mesma forma que na véspera da
decisão do ano anterior;
4 – O nosso confrade
e colaborador, Canor Simões Coelho, foi para o mesmo lugar, na Tribuna
Especial, de onde assistira à partida que levou o Botafogo ao título em 1961;
5 – E o sr. Miguel
Couto Filho apareceu com a mesma camisa do ano passado. Só ficou aborrecido
porque na camisa faltava um botão e sua espôsa colocara um outro. Arrancou-o,
discreta, mas ràpidamente.
*
Só quem não deu bola
para a superstição foi Garrincha, porque enquanto os seus companheiros
acertavam o passo para entrar em campo com o pé esquerdo, “Seu Mané”, com aquelas
pernas tortas que Deus lhe deu, entrou mesmo com o pé direito. O mesmo pé que
decidiu a partida, pois foi dêle que saíram os três gols.
*
O Botafogo mandou
confeccionar mesmo, por antecipação, as suas faixas de bicampeão. Mas teve uma
atitude elegante, mandando fazer também as do Flamengo, como campeão. Assim, se
as coisas não saíssem como se esperava, haveria uma outra saída, muito
distinta. Para o ano, se o Botafogo tiver que decidir o campeonato, esperem
pela repetição. Tudo como manda o figurino da superstição.»
Fonte: Diário de Notícias (RJ), Coluna ‘Pinga
Pinga’, 18.12.1962.
6 comentários:
O Neném Prancha dizia que Sr macumba ganhasse campeonato, o campeonato baiano terminaria empatado, eu parafraseando o saudoso Neném, diria que se superstição ganhasse campeonatos, o Botafogo seria o clube com mais títulos no planeta. Mas essas histórias não deixam de ser interessantes e divertidas.Abs e SB!
Pois é, Sergio, adoro essas histórias por serem tão interessantes quanto divertidas. Na verdade, não sou supersticioso. É talvez a única grande característica que não partilho com uma boa parte de botafoguenses supersticiosos. (rs) Mas que é super divertido, não tenho dúvida. E tem charme!
Abraços Gloriosos.
Mas é por isso mesmo que O Glorioso rende histórias interessantes. Além de "humano" o clube é "estrelado" e "supersticioso". Aliás, meus números prediletos são impares: sete e 13! (rsrs). PURA coincidência.
Muito curioso, Vanilson, não sei se são os meus prediletos, mas são esses números que me acompanham constantemente, para o pior e para o melhor. Abraços Gloriosos.
Veja só. Estes números estão em várias situações interessantes. Me lembro de pronto. Sete dias na semana. Setenta vezes Sete bíblico. Sete fôlego ou sete vidas de gato. 13 são os jogos de quando começou a Loteria Esportiva da zebrinha. Sete de Setembro o Dia da Independência (nada contra Portugal: rsrs).
13 também é ignificativo: (a) Cristo e seus seguidores também são representados por 13 personagens (12 apóstolos e o líder); na numerologia o 13 não é nº de sorte nem azar, mas apenas significa força e recomeço; em Itália e na Índia é considerado nº de sorte; Loco breu e Zagallo preferem o 13; em Portugal, a "sexta-feira 13" é celebrada em algumas cidades de Trás-os-Montes com grandes festas populares.
Sobre não ter "nada contra Portugal" diria que bendita foi a independência (e até com participação dos portugueses). Todos os povos deviam ser independentes, mas infelizmente muitos continuam subjugados ou ameaçados no futuro imediato. Uns pelo clássico colonialismo territorial, outros pelo moderno colonialismo económico.
Abraços Gloriosos.
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