sábado, 3 de maio de 2008

Sonja e a estrela solitária, lágrimas e nascimentos


por Marcos Loures

"SONJA [Sonja Martinelli, torcedora símbolo de 1989] pode ser apenas um nome diferente, mas, nas minhas lembranças, está intimamente ligada à história do Botafogo. Estávamos, naquele domingo, no Maracanã, para assistirmos ao jogo do alvinegro, time da Estrela Solitária, contra o Vasco da Gama, com os botafoguenses sofrendo prolongado jejum de títulos e vitórias. Mesmo assim, por ser início de temporada, os torcedores alvinegros viam renascidas as esperanças de vitória e lotavam o ‘Mário Filho”. Era o primeiro grande clássico do ano e pouco se sabia do time vascaíno, que estreava um jovem jogador, de pernas arqueadas e jeito moleque.

Do lado de fora das quatro linhas, uma gandula parecia esperar uma vitória do Botafogo, o seu time de coração. Era a Sonja, e o estreante vascaíno tinha um nome que lembrava um antigo personagem radiofônico que explicava para os ouvintes, a origem das palavras e o significado das mesmas e, por esta função, era apresentado como “Romário, o homem-dicionário”. Se Romário, o homem dicionário era nacionalmente conhecido, seu homônimo jogador, de pernas arqueadas e jeito moleque, era o oposto! Embora tivesse jogando muito melhor, o Botafogo sofreu três contra-ataques e, ainda no primeiro tempo, o estreante Romário acabou com as esperanças alvinegras, marcando três gols para o Vasco da Gama.

Já na saída para os vestiários, notamos que alguma coisa estava acontecendo, pois a imprensa, em vez de se concentrar nas entrevistas com os jogadores, passou a dar atenção especial àquela garotinha, a gandula Sonja que, em prantos, se desesperava com o fracasso botafoguense. As fortes luzes dos refletores das emissoras de TV e os flashes das máquinas fotográficas tornaram Sonja a figura central do jogo, ao representar toda a frustração da grande e fiel torcida alvinegra! Se, para a torcida vascaína, os três gols de Romário passaram à história do clássico, para os torcedores botafoguenses foi o choro e o desespero de Sonja que ficaram indelevelmente marcados para a história do clube. Seguidamente, após aquela derrota humilhante, o time de General Severiano foi passando pelos demais adversários e chegou ao fim da temporada como campeão carioca! O choro de Sonja foi o fator que motivou a reação, levando o time àquela conquista, uma das mais importantes na história deste clube que, de maneira irrefutável, tem seu nome ligado às maiores conquistas do futebol brasileiro.

Romário iniciava uma inigualável carreira, naquele domingo de festa vascaína, no Estádio Mario Filho, o velho Maracanã. Relatando essa história, mais uma vez comprovamos que “há coisas que só acontecem no Botafogo”. Importantes lições podemos tirar deste relato e os jogadores alvinegros foram os primeiros a aprendê-las, passando a respeitar o amor da torcida ao clube que eles, ao entrar em campo, representam. Assim, ao reconhecermos os méritos de Romário, temos que agradecer-lhe o fato de ter feito três gols no time de Sonja, a gandula de nome diferente, mas de extrema paixão pelo Grande Time da Estrela Solitária."

[Nota de Rui Moura: O texto citado é absolutamente fiel ao original. Porém, parece haver pontos improváveis. Em primeiro lugar, a estreia profissional de Romário foi em 1985; em segundo lugar, Romário já não estava no Vasco da Gama em 1989; em terceiro lugar, o Botafogo foi, em 1989, o primeiro campeão carioca invicto no Maracanã, não podendo ter perdido para o Vasco nessa competição; em quarto lugar, os jogos em que o Vasco marcou pelo menos três gols ocorreram todos em 1988: 28/03/1988 – Botafogo 3x4 Vasco; 23/05/1988 – Botafogo 0x3 Vasco; 01/12/1988 – Botafogo 0x3 Vasco. A história de Sonja, que confirmei numa entrevista dada por ela no final da Taça Guanabara deste ano, ocorreu no 1º dia de Dezembro de 1988 (os três gols de Romário não foram na sua estreia, mas na sua despedida do Vasco) e inspirou os atletas do Botafogo logo no início do ano que ia começar. O autor do texto, Marcos Loures, escreveu-o segundo 'lembranças' suas e, por isso, tera confundido o final da temporada de 1988 com o início da temporada de 1989. Porém, o que vale realmente é a história de Sonja e, por isso, se mantém a citação original.]

Excerto da entrevista de Sonja a Ana Carla Gomes do jornal O Dia após a final da Taça Guanabara de 2008 (http://odia.terra.com.br/especial/ataque/botafogo/htm/revolta_evita_as_lagrimas_154701.asp):

“Desde que virou o centro das atenções com seu choro no dia 1º de dezembro de 88, Sonja já viveu muita coisa: viu o Botafogo ser campeão estadual em 1989, formou-se em Jornalismo, casou-se e hoje se orgulha de ter uma ‘sobrinha linda’, a rubro-negra Bruna, de 2 anos.

Mas a lembrança daquela partida continua viva. ‘Fui chamada às pressas para o Maracanã, porque havia faltado um gandula. Foi um sonho. Corri pelo campo, pedi autógrafos. Mas, com o Botafogo perdendo, baixei a cabeça para chorar, como fazia em casa. Foi aí que um repórter me viu e perguntou por que eu estava chorando. Até hoje as pessoas vêm falar comigo sobre isso’, lembra ela, que não durou muito tempo no posto: ‘Eu era muito botafoguense para ser gandula’.

Atualmente, Sonja trabalha como secretária-geral do departamento jurídico do Sindicato dos Professores e se mantém como uma alvinegra apaixonada e uma chorona assumida: ‘Sou uma manteiga-derretida. Choro vendo filme, lendo livro, com matérias jornalísticas...’”

6 comentários:

Anónimo disse...

Que os atletas que hoje vestem o uniforme do Botafogo, honrem as cores que representam tudo para muita gente, como o meu caso e o da jovem Sonja que emociona até hoje quem toma conhecimento desta história. Acredito que muitos outros clubes tenham histórias bonitas, mas sinceramente(não sei se influenciado por esta eterna paixão: o Botafogo)este clube realmente é especial, que sejamos campeões no domingo, para que eu derrame algumas lágrimas de pura e cristalina felicidade.

Anónimo disse...

Caro Rui
Como vai o coração para a grande
decisão contra o Flamengo. Vai ser uma parada indigesta.Eles estão com o moral bastante elevado.
Amigo Rui,creio que vc cometeu um equivoco na crônica sobre a Sonja. O ano do jogo foi 1988 pelo campeonato brasileiro e se não me engano foi 1 x 0 com gol de Sorato. Em 89 Romário já não estava no Vasco e sim no PSV da Holanda.Realmente o Botafogo foi campeão carioca de 89 depois de um jejum de 21 anos.
Abraços alvinegros
Jorge Costa

Ruy Moura disse...

Amigo Túlio

Realmente a história da Sonja - e muitas outras e imensas histórias botafoguenses - são uma raridade no universo do futebol. penso que somos privilegiados nessa matéria, e foi essa história qe fez de nós uma torcida diferente - às vezes até exótica, como alguns dos nossos adversários consideram.

Espero que o Túlio não derrame algumas lágrimas, mas seja uma verdadeira torrente de lágrimas de pura e cristalina felicidade!...

WELLINGOL NELES!
SAUDAÇÕES BOTAFOGUENSES

Ruy Moura disse...

Amigo Jorge, você tem razão sobre o Romário. Já fui à minha biblioteca e verifiquei essa e outras improbabilidades. Fiz uma nota sobre assunto no final do texto. Todavia, o texto não é meu: tem o nome do autor no início e está citado entre aspas. Fui fiel ao original, e não faço ideia porque e que o autor confundiu tanta coisa. É a prova de que é necessário estarmos muito atentos às fontes.

Para hoje, a parada é indigesta mesmo. Sempre estive bem do coração, espero que não seja desta que fique mal...

Jorge, ajuda aí torcendo pelo alvinegro de General Severiano!...

Abraços com SAUDAÇÕES ALVINEGRAS

Jorge Costa disse...

Amigo Rui
Estou nesse momento vendo o jogo e o Botafogo acabou de fazer 1 x 0 gol de falta de Lúcio Flávio.
Não sei qual vai ser o resultado final mas torço pelo Glorioso.

Não tinha reparado a autoria do texto mas valeu pela nota de reparação.
Rumo ao Título
Abraços alvinegros
Jorge Costa

Ruy Moura disse...

Não deu, Jorge. Mas o Botafogo esteve em todas as finas até agora. Para quem não valia nada no início do ano nas colunas esportivas, até que foi bom!...

Saudações Alvinegras

Jordan Barrera: promessa de um novo camisa 10?

Reprodução Internet / Montagem. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo Jordan Andrés Barrera Herrera nasceu no dia 11 de abril de 2006...