Afonso Celso Garcia Reis, conhecido por
‘Afonsinho’, nasceu em São Paulo no dia 3 de setembro de 1947. Filho de um
ferroviário e de uma professora, Afonsinho passou a sua infância em Marília e a
adolescência em Jaú, cidade do interior do Estado de São Paulo, atuou na
posição de meio campo do Botafogo e é famoso sobretudo por lutar pela posse do
seu passe e obtê-lo. Também passou pela música e atualmente exerce medicina.
Afonsinho iniciou a sua carreira de futebolista
no infanto-juvenil do Náutico, um clube de várzea de Jaú, e por volta dos 15
anos ingressou no XV de Jaú, em 1962, que à época
disputava a 2ª divisão do Campeonato Paulista.
Aos 17 anos de idade, em 1965, ingressou no Botafogo na
posição de meio campo para substituir ora Élton, ora Aírton, na formação do
meio campo com o célebre Gérson, o canhotinha de ouro. Afonsinho permaneceu no
Botafogo até 1970 e conquistou importantes títulos:
» Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1966
» Bicampeão carioca em 1967 e 1968
» Bicampeão da Taça Guanabara em 1967 e 1968
» Campeão da Taça Brasil em 1968
Em 1970 foi para o Olaria e, em seguida, para o Vasco da
Gama. Entretanto, regressou ao Botafogo, mas em 1972 ingressou no Santos, jogando ao lado de Pelé;
no Flamengo, em 1973-74; no América Mineiro, em 1975; retornou ao XV de Jaú, em
1977; ingressou no Madureira em 1980; e no Fluminense em 1981-82, onde encerrou
a sua carreira como jogador profissional.
Entre 1976 e 1979 Afonsinho reuniu diversos
craques como Brito e Samarone e jogava amistosos pelo Brasil afora.
Porém, Afonsinho é famoso sobretudo porque foi o
precursor na luta pelo fim do passe do jogador de futebol. A sua postura de
esquerda, em período da ditadura, inviabilizou a sua convocação para a Seleção
Brasileira, apesar do inigável talento que possuía.
No início da década de 1970, Afonsinho viveu a
militarização no futebol brasileiro e nessa mesma época cursava medicina na
Escola de Medicina do Rio de Janeiro, atual, UniRio, e privava com músicos,
artistas e intelectuais. Afonsinho também liderava reivindicações dos direitos
dos jogadores, ficando a fama de ‘rebelde’ e ‘encrenqueiro’, sendo chamado de
‘jogador-hippie’, ‘jogador-problema’, ‘jogador maldito’ e ‘jogador iê-iê-iê’.
Em 1971, em plena Ditadura Militar, Afonsinho foi
proibido de jogar por algum tempo por se recusar a cortar os seus longos
cabelos e barba, tendo sido registrado no Serviço Nacional de Informações (SNI)
como subversivo e comunista. Diante da absurda situação, o jogador iniciou uma
batalha jurídica e política, conseguindo obter a propriedade do seu próprio
passe, feito até então inédito no futebol brasileiro.
A sua carreira
rara no mundo do futebol, despertou o interesse da classe artística e o músico
Gilberto Gil, mais tarde Ministro da Cultura, lançou a canção ‘Meio de Campo’,
em 1973, e a última frase dizia que “fazer um gol nessa partida não é fácil,
meu irmão”, em alusão à luta do jogador contra os cartolas.
Em 1974 foi realizado um filme documentário de
longa-metragem dirigido por Oswaldo Cadeira, intitulado ‘Passe Livre’ e baseado
na vida de Afonsinho. O filme parte do incidente relatado e examina as relações
de trabalho no futebol brasileiro, tendo nele participado vários jogadores,
técnicos e comentaristas de renome, tais como João Saldanha, Jairzinho e
Amarildo. Também foi escrito o livro intitulado ‘Prezado Amigo Afonsinho’, da autoria de Kleber Mazziero de
Souza, o qual conta com declarações de grandes nomes ligados ao futebol.
Porém, além de um jogador talentoso, Afonsinho
mostrou empenho nos estudos para se formar em Medicina, pela UERJ, em 1974,
mesmo sob reclamação dos técnicos e dirigentes, que exigiam dedicação exclusiva
do jogador ao futebol.
Além da experiência vivida na luta
pelo passe livre, Afonsinho continua mais do que nunca um apaixonado pelo
futebol, pela liberdade e pela cidadania. Os seus projetos também são muito
interessantes: desenvolveu atividade esportiva para pacientes em tratamento
psiquiátrico no Pinnel, e, duas vezes por semana, passou a treinar crianças do
colégio Tia Ciata na Cidade Nova, iniciativa compartilhada com a organização
não-governamental Instituto Brasileiro de Inovação em Saúde Social (IBISS), ao
lado de Nei Conceição e do Orlando Vovô, antigos companheiros do Botafogo.
Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)
7 comentários:
Rui, muito boa postagem.
Gostaria de ver mais postagens sobre outros grandes craques nossos, como Nei Conceição, Scala, Dé Aranha, que vestiram e honraram a Gloriosa em anos nem tão gloriosos.
Saudações Gloriosas!
Grande jogador..Eu o vi no Metrô do Rio, fiquei Tímido ao aborda-lo então mostrei o meu chaveiro com o escudo da estrela solitária e ele sorriu. Pena que logo depois ele saiu
Émerson, na coluna 'iguras' já tenho 93 publicações. Ainda nãofiz mais porque as biografias tomam tempo a coligir. No caso foi mais fácil porque baseei-me num único sítio. Mas já tenho prontas as biografias de mais três figuras a publicar proximammente: Ariel Nogueira, Alemão e Paulo Cézar 'Cajú'.
Abraços Gloriosos!
Perdão, foram dois sítios em que me baseei. O Ariel é que tem um texto pequeno e baseado numa única fonte. Como é um jogador da década de 1930 encontrei muito pouco sobre ele.
Abraços Gloriosos!
Marco, o Afonsinho nunca vi, mas tenho algo em comum com o seu comentário: o chaveiro que uso também ostenta uma belíssima Estrela Solitária.
Abraços Gloriosos!
Com certeza é lindo amigo Ruy
É lindo, claro!!! Com uma Estrela única!
Abraços Gloriosos!
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