sábado, 24 de novembro de 2018

Perfis Botafoguenses (XXI): Túlio Maravilha, 1995

Não foi só o título do Campeonato Brasileiro de 1995 que marcou a passagem de Túlio pelo Botafogo. Falastrão e irreverente, o “pavão” viveu no Alvinegro o melhor momento de sua carreira, marcando muitos gols, rivalizando com Romário e transformando-se em ídolo da torcida botafoguense.

Por SÉRGIO GARCIA
Revista Placar, edição nº 1242, Set/2002, retomando reportagem de 1995.

Depois de anos da mais humilhante penúria, o Campeonato carioca fez as pazes com a torcida e o bom futebol nesta temporada. […] Em 1995, cada qual a seu jeito, os clubes investiram em grandes nomes. O Fluminense conseguiu ressuscitar Renato Gaúcho. […] Já o Vasco manteve a base da equipe tricampeã. […] Quanto ao Flamengo, parecia não ter páreo com a chegada do técnico Vanderlei Luxemburgo. […] Foi aí que um botafoguense resolveu ofuscar tido mundo.

Túlio Humberto Pereira Costa estava pronto para o estrelato. Ele chegara no início de 1994 [e] vinha decidido a fazer história. […] Começou a falar pelos cotovelos e se auto-proclamava o verdadeiro Rei do Rio. “Túlio ou nada!”, “Túlio bem”, “Eu sou o Cristo Redentor do Rio” e outras fanfarronices viraram marca registrada. Seria coisa de bobo alegre, e não marcasse tantos gols. […]

Para o vaidoso goiano, que não sai sem gel no cabelo e fica chateado se ninguém o reconhece num local público, é a glória. […]

Com tamanha euforia, já se fala sobre uma inevitável volta ao exterior. […] “Não vendo o passe de jeito nenhum até o fim do ano”, promete o presidente Carlos Augusto Montenegro. […]

Inflado pela torcida e pela imprensa, deixou que a imagem Anti-Romário o envolvesse. Havia razão de ser. Ele não curte badalações noturnas, nunca foi visto em encrencas com mulheres, é bem-humorado, obsequioso e extrovertido. Exatamente o posto do rival rubro-negro. […]

Costuma ir à praia com os filhos de Romário, que são seus vizinhos. Diariamente liga para Goiânia e conversa com os pais. […] O máximo de ostentação a que se permite é usar um BMW 740i ou um Mitsubishi Pajero. […]

Tudo ia bem até ser expulso de maneira infantil na decisão da Taça Guanabara. […] Pior […] foi ver um baixinho enfezado dar show naquele Maracanã lotado. […] Foi quando o brincalhão percebeu que estava virando bobo da corte. […]

Credite-se a Deus ou a outro qualquer fator, mas em pouco tempo Túlio reencontrava seu caminho em campo. Marcou quatro gols contra o Volta Redonda e esquentou de vez a briga pela artilharia do campeonato. […]

Túlio também é o primeiro artilheiro do Botafogo no estadual desde 1984. […]

O centroavante está com a língua menos solta, mas nem por isso deixou de brincar. […] Véspera de jogo contra o Vasco, ele puxou conversa com um admirador tímido. “Qual é o seu time?”, quis saber. “Vasco, mas não vou ao estádio para você nos humilhar”, respondeu o rapaz. “O que é isso? Pense positivo”, aconselhou o atacante, para logo depois emendar de primeira: “Pense que vai perder de pouco.”

Agradecimentos a Mauro Axlace, editor do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.

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