Não foi só o título do Campeonato Brasileiro
de 1995 que marcou a passagem de Túlio pelo Botafogo. Falastrão e irreverente,
o “pavão” viveu no Alvinegro o melhor momento de sua carreira, marcando muitos gols,
rivalizando com Romário e transformando-se em ídolo da torcida botafoguense.
Por
SÉRGIO GARCIA
Revista
Placar, edição nº 1242, Set/2002, retomando reportagem de 1995.
Depois
de anos da mais humilhante penúria, o Campeonato carioca fez as pazes com a
torcida e o bom futebol nesta temporada. […] Em 1995, cada qual a seu jeito, os clubes
investiram em grandes nomes. O Fluminense conseguiu ressuscitar Renato Gaúcho. […] Já o Vasco manteve a base da equipe
tricampeã. […] Quanto ao Flamengo,
parecia não ter páreo com a chegada do técnico Vanderlei Luxemburgo. […] Foi aí que um botafoguense resolveu ofuscar
tido mundo.
Túlio
Humberto Pereira Costa estava pronto para o estrelato. Ele chegara no início de
1994 [e] vinha decidido a fazer história. […] Começou a falar pelos cotovelos e se
auto-proclamava o verdadeiro Rei do Rio. “Túlio ou nada!”, “Túlio bem”, “Eu sou
o Cristo Redentor do Rio” e outras fanfarronices viraram marca registrada.
Seria coisa de bobo alegre, e não marcasse tantos gols. […]
Para
o vaidoso goiano, que não sai sem gel no cabelo e fica chateado se ninguém o
reconhece num local público, é a glória. […]
Com
tamanha euforia, já se fala sobre uma inevitável volta ao exterior. […] “Não vendo o passe de jeito nenhum até o fim
do ano”, promete o presidente Carlos Augusto Montenegro. […]
Inflado
pela torcida e pela imprensa, deixou que a imagem Anti-Romário o envolvesse.
Havia razão de ser. Ele não curte badalações noturnas, nunca foi visto em
encrencas com mulheres, é bem-humorado, obsequioso e extrovertido. Exatamente o
posto do rival rubro-negro. […]
Costuma
ir à praia com os filhos de Romário, que são seus vizinhos. Diariamente liga
para Goiânia e conversa com os pais. […] O máximo de ostentação a que se permite é usar um BMW 740i ou um
Mitsubishi Pajero. […]
Tudo
ia bem até ser expulso de maneira infantil na decisão da Taça Guanabara. […]
Pior […] foi ver um baixinho enfezado dar show naquele Maracanã lotado. […] Foi quando o brincalhão percebeu que estava
virando bobo da corte. […]
Credite-se
a Deus ou a outro qualquer fator, mas em pouco tempo Túlio reencontrava seu
caminho em campo. Marcou quatro gols contra o Volta Redonda e esquentou de vez
a briga pela artilharia do campeonato. […]
Túlio
também é o primeiro artilheiro do Botafogo no estadual desde 1984. […]
O
centroavante está com a língua menos solta, mas nem por isso deixou de brincar.
[…] Véspera de jogo
contra o Vasco, ele puxou conversa com um admirador tímido. “Qual é o seu
time?”, quis saber. “Vasco, mas não vou ao estádio para você nos humilhar”,
respondeu o rapaz. “O que é isso? Pense positivo”, aconselhou o atacante, para
logo depois emendar de primeira: “Pense que vai perder de pouco.”
Agradecimentos a Mauro Axlace, editor do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.
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