quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Octávio Pinto Guimarães: um 'senhor' do futebol botafoguense e brasileiro

Crédito: Revista Placar, 1977.

por JOSÉ RICARDO CALDAS E ALMEIDA

Colaborador do Mundo Botafogo e Pesquisador de futebol

2ª versão do artigo publicado no blog botafogoacontece.blogspot.com

Participou RUY MOURA, editor do Mundo Botafogo

Octávio Pinto Guimarães nasceu no dia 26 de maio de 1922, na cidade do Rio de Janeiro. Foi filho de Mário Buarque Pinto Guimarães e Elvira Couto Pinto Guimarães. Casou-se com Heloísa Helena Schubak Pinto Guimarães, em 1960. Seu filho, nascido em 1963, chama-se Octávio Pinto Guimarães Filho.

A bem dizer, Octávio Pinto Guimarães nasceu no Botafogo, pois seu progenitor já exercia, à época do seu nascimento, as funções de diretor-tesoureiro do Clube, tendo ocupado cargos de direção durante vinte anos consecutivos, até falecer em 1938 quando ocupava a vice-presidência.

De modo quase natural Octávio Pinto Guimarães tornou-se um grande dirigente do futebol botafoguense e brasileiro, mas não trabalhou apenas em futebol. Funcionou em muitas outras atividades, apresentando um currículo extenso, que comprova toda a sua competência.

Em 1944, Octávio Pinto Guimarães formou-se em Direito pela Faculdade Nacional da Universidade do Brasil, inscrito na O.A.B. sob o número 4.482. Foi funcionário do Ministério da Viação e Obras Públicas de 1938 a 1942, do Ministério da Educação e Saúde, de 1942 a 1945 e do Banco do Brasil S. A. a partir de junho de 1945, tendo sido nomeado seu advogado em 10 de janeiro de 1953, aposentando-se no último posto da carreira, em 22 de março de 1974.

Aposentado precocemente do Banco do Brasil, a partir de 1974 passou a ser diretor financeiro da Riotur, dividindo o tempo com suas atividades de dirigente de futebol.

No campo esportivo, apenas com 20 anos de idade, trabalhou como diretor da Federação Metropolitana de Basquetebol, em 1942. Foi representante do Botafogo na mesma entidade, de 1942 a 1947, bem como na Federação Metropolitana de Futebol, de 1946 a 1948, a convite de Adhemar Bebiano. Foi ainda secretário-geral da Confederação Brasileira de Desportos Universitários, de 1942 a 1944; presidente da mesma entidade de 1944 a 1949 e de 1958 a 1967. No basquetebol, foi presidente dos Conselhos Supremo e de Julgamentos da Federação Metropolitana da modalidade, de 1950 a 1954.

No Botafogo, Octávio Pinto Guimarães foi diretor de futebol, de propaganda e do departamento Técnico-Administrativo, de 1959 a 1963, bem como foi eleito vice-presidente de 1964 a 1967.

Crédito: Revista Placar, 1977. Montagem: Mundo Botafogo.

Teve uma passagem vitoriosa pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, a qual presidiu por mais de 18 anos, com nove reeleições: 1967 a 1978 presidiu à Federação Carioca de Futebol e após a fusão desta com a Federação Fluminense de Futebol presidiu à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) entre 1978-1985, sucedendo-lhe Eduardo Viana, conhecido como ‘Caixa d’Água’.

Aquando da primeira campanha eleitoral para o mandato de presidente da Federação Carioca de Futebol, Pinto Guimarães revelou um grande fôlego político, batendo o seu adversário Antônio do Passo, que era presidente há 14 anos e contava com sólido apoio de João Havelange, presidente da CBD e todo-poderoso do esporte à época. Luís Bayer, jornalista do Jornal dos Sports considerava Pinto Guimarães o oposto do seu adversário, que era mais comedido, menos polêmico e também menos dinâmico. Porém, Antônio do Passo resistiu à tentativa do Flamengo, durante o intervalo do jogo decisivo do campeonato carioca de 1966, para que a partida fosse anulada sob o pretexto de que havia suborno da arbitragem, e esse desentendimento permitiu a Pinto Guimarães explorar a fissura entre os dois, puxar o Flamengo para o seu lado e conseguindo, mediante o apoio do Botafogo, do Flamengo e de outros clubes menores (Bangu - com grande prestígio à época -, Bonsucesso, Campo Grande, Olaria e Portuguesa), derrotar Antônio do Passo e tomar posse como presidente da FCF em janeiro de 1967. A sua agilidade política e os seus dotes oratórios haveriam de torná-lo um grande dirigente do futebol brasileiro até ao fim da vida.

Dois anos após, em 1969, foi criado o Torneio Octávio Pinto Guimarães (OPG), ganho pelo Campo Grande Atlético Clube, tendo o Botafogo triunfado sete vezes em 1971, 1983, 1997 (ex-aequo com Vasco da Gama), 2013, 2015, 2017 e 2021 – tendo neste último ano sido renomeado como Copa Rio/OPG Sub-20.

Octávio Pinto Guimarães, imediatamente após cessar funções de presidente da FERJ, e já diagnosticado com câncer, foi eleito presidente da Confederação Brasileira de Futebol para o período de 17 de janeiro de 1986 a 16 de janeiro de 1989, após manobra política de Nabi Abi Chedid, ex-presidente da Federação Paulista, que inverteu à última hora a sua chapa concorrente, passando o nome de Pinto Guimarães a presidente e o do próprio Chedid a vice-presidente, porque se previa um empate e o critério de desempate atribuía a presidência ao candidato mais velho, no caso Pinto Guimarães. Afinal, a chapa acabou por vencer por um voto de diferença e Octávio Pinto Guimarães tornou-se presidente da CBF, sucedendo-lhe Ricardo Terra Teixeira, genro de João Havelange, presidente da FIFA.

Faleceu no dia 28 de junho de 1990, no Hospital Beneficência Portuguesa, vítima de câncer.

Fontes principais: Boletim do BFR; Revista do Esporte; revista Placar; Wikipédia.

2 comentários:

Sergio disse...

Interessante é que no período de sua gestão, seja na FCF ou na CBF, apesar de botafoguense nunca beneficiou seu clube de coração, ao contrário de seu sucessor na CBF que em 95 mudou o regulamento do Campeonato brasileiro para que o seu clube, o mais ajudado não fosse para a segunda divisão.
Realmente a ética dos antigos dirigentes botafoguenses era inquestionável. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

É verdade, Sergio, os vários botafoguenses que passarm pelo topo desde o landário Luiz Aranha na década de 1930 portaram-se irrepreensivelmente. No caso do OPG acresce que ele tinha uma política diplomático de agradar a todos, por isso esteve tanto tempo no topo.

Abraços Gloriosos.

La Gloria de Botafogo