por RUY MOURA | Editor
do Mundo Botafogo
O Botafogo e o futebol – como é costume –
surpreendem quando menos se espera. A equipe vem de uma campanha de 33% de
aproveitamento, mesmo tendo defrontado adversários claramente inferiores como Estudiantes,
Carabobo, Juventude, Universidad de Chile…, e realizado péssimos jogos.
Não obstante, enfiou a 8ª vitória consecutiva para o retrospecto do Clássico Vovô, jogando claramente muito mais do que o Fluminense,
em especial na 1ª parte, da qual poderia ter saído com um robusto 3x0, tal foi o
conteúdo qualificado das suas jogadas.
Além do aspecto qualitativo, também os números
da partida falam por si: 15 remates contra 8 do Fluminense, os quais 7 enquadrados
com a baliza contra apenas 1 do Fluminense (anulado por uma excelente defesa de
John); 6 escanteios contra 3 do Fluminense.
E, contudo, o Botafogo teve apenas 39% de
posse de bola. Que especulações se podem então fazer a partir do conjunto de jogos
do Botafogo no Brasileirão e na Libertadores?
I
Têm razão todos aqueles que continuam
defendendo que Renato Paiva acabaria por acertar o futebol da equipe, apesar do
elenco ser claramente desequilibrado e registrar muitas insuficiências em
algumas posições. Veremos… mantenho-me expectante até novos dados claros sobre
bom desempenho.
II
O Botafogo não sabe jogar no tal esquema ‘posicional’
(que os leitores do MB sabem que eu não gosto) porque não tem jogadores para
tal, além de ser um esquema por demais manjado. Tanto o Botafogo de LC como o
de AJ – feitas as devidas diferenças de qualidade entre os dois treinadores –
davam enorme atenção ao jogo de contra-ataque veloz com bola no chão, explorando
o desequilíbrio posicional dos adversários, especialmente no caso de LC, que
entregava a posse de bola inócua ao adversário e efetuava transições rápidas em
cima de erros e desequilíbrios adversários.
III
Também se pode considerar que o técnico começou
a encontrar as melhores posições e movimentações para alguns atletas, tais como
Igor Jesus liberto no ataque, Savarino jogando pelo meio, Matheus Martins na
direita, Vitinho em investidas rápidas e resguardado atrás para não tomar gol
nas suas costas.
IV
Então, com este elenco sem um ‘matador’
claro, o Botafogo sabe jogar, sobretudo, com uma defesa adiantada, sem posse maioritária
de bola e em contra-ataque, mesclando os ataques através de passes longos ou
através de transições rápidas com bola no chão. Se assim for, o Botafogo
precisa afinar o seu desempenho sem bola, bem como roubar a dita cuja em zonas
proibitivas do adversário e faturar. O dito jogo ‘posicional’, lento, sem
garra, previsível e inócuo contra defesas cerradas não nos serve de tão visto
que está – e que se perdermos a bola em zonas críticas pode ser fatal.
V
Ou, então, o fenômeno dos resultados melhores
e piores reside apenas na equipe jogar fora ou jogar em casa, isto é, a equipe
melhor visitante do Brasileirão 2024, não ganha fora de casa, totalizando 1
empate e 4 derrotas (7% de aproveitamento), com saldo de 0-4 gols – em suma, não
marca gols fora e perde por magro 1x0. Ao contrário, em casa, tem 3 vitórias e
1 empate (83% de aproveitamento).
***
Talvez seja bom a gestão do Botafogo perceber
que está a perder torcedores no estádio e no sofá (queda de audiências de TV),
que os jogadores vão perdendo valor financeiro em eventuais transações, que os
patrocinadores são tanto melhores quanto a equipe jogar bem e conquistar
títulos, que reforços a sério são absolutamente necessários para recuperar um
ano que começou caminhando para o abismo.
Vamos torcer para que Renato Paiva – que teve
muito menos tempo do que LC teve para mudar – consiga acertar a equipe em tempo
recorde a partir de agora, consolidando um modelo de jogo e uma dinâmica renovada,
encontrando as posições mais favoráveis a cada jogador para que o nosso futebol
flua coletivamente.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x0 Fluminense
» Gols: Vitinho, aos 36’, e Savarino, aos 90+4'
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 26.04.2025
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de
Janeiro (RJ)
» Público: 11.639 pagantes; 12.943 espectadores
» Renda: R$ 656.420,00
» Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (RJ); Assistentes: Rodrigo Figueiredo
Henrique Correa (RJ) e Thiago Henrique Neto Correa Farinha (RJ); VAR: Marco Aurélio Augusto
Fazekas Ferreira (MG)
» Disciplina – cartão amarelo – Alexander Barboza, Cuiabano,
Gregore e Savarino (Botafogo) e Bernal, Freytes, Ganso e Jhon Arias (Fluminense)
» Botafogo: John; Vitinho, Jair, Alexander Barboza e Cuiabano
(Alex Telles); Gregore e Marlon Freitas (Allan); Savarino, Mastriani (Elias
Manoel), Igor Jesus e Matheus Martins (Artur). Técnico: Renato Paiva.
» Fluminense: Fábio; Samuel Xavier, Ignácio, Freytes e Renê;
Martinelli (Paulo Baya), Bernal (Nonato) e Ganso (Lima); Canobbio (Serna), Jhon
Arias e Cano (Everaldo). Técnico: Renato
Gaúcho.
4 comentários:
Realmente ontem o Botafogo fez um grande jogo, e eu diria que foi um primeiro tempo quase perfeito, são o foi por ter saído com um placar que não refletiu o domínio e os gols perdidos. Sinceramente, eu não esperava uma atuação tão boa como a fé ontem, será que o Renato Paiva começa a entender o elenco que tem e como o time sabe jogar? Espero que sim.
No segundo tempo o time pareceu estar de certa forma de poupando e se aproveitando das deficiências do adversário, que não verdade só levou perigo em duas ocasiões, ambos em chutes de média distância, sendo um deles de bola parada que foi originada numa falta por um erro de passe.
Sem dúvidas há deficiências no elenco, mas acho que haverá correções na janela do meio do ano, principalmente porque o Textor não quer dar vexame no mundial. Vamos torcer que o Botafogo realmente tenha recuperado o bom futebol e se mantenha nesse primeiro turno próximo aos primeiros colocados, e quem sabe, com reforços vir a disputar o título, pois em 32 rodadas há muito o que acontecer. Abs e SB!
Eu creio que há dois fenômenos que coincidem: Renato Paiva começa a entender o elenco e, sobretudo, parece que só agora é que o elenco percebeu o RP - porque a ideia que dava era que o elenco andava perdido sem saber para onde ir.
Estranho é que tais acertos tenham sido tão de repente após atuações tão desastrosas. Mas pode ser que sim...
Mundial. Tenho dúvidas que reforços para o Mundial funcionem eventuais reforços, porque a janela de transferências só abre 15 dias antes. A não ser tragam o Almada por uns dias, já que conhece o elenco.
Brasileirão. Sobre disputa do título serão precisas duas coisas: que o Botafogo engrene já no Brasileirão e tenha reforços decentes a meio do ano, coisa que não teve na janela de transferências de início do ano.
Abraços Gloriosos.
O tricolor não tem Keno, Cano e Canobbio que dê jeito. Entrou pelo cano ou pela tubulação e provavelmente só sai com nove derrotas consecutivas para carimbar o número de Roberto Miranda. Rsrs
Utiliza-se também um provérbio português que adaptado ao atual Clássico Vovô é assim: "O Fluminense vê vitórias sobre o Botafogo por um... canudo!" (rsrsrs)
O 9 de Roberto Miranda é uma excelente ideia que me agrada muito!
Abraços Gloriosos.
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