quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Nei Conceição – meia do Botafogo e CSA

por José de Oliveira Ramos
Publicação: 6 de julho de 2008

Quem conheceu e ouviu falar da época de ouro do Botafogo, quando o time da categoria Sub-20 era comandado por Mário Jorge Lobo Zagallo, depois de descoberto e lapidado por Neca, não vai achar que é exagero afirmarmos aqui que, Nei Conceição é uma mistura melhorada de Dequinha, Danilo Alvim, Didi e Ademir da Guia.

Fluminense de nascimento, Nei da Conceição Moreira, ou simplesmente Nei Conceição, nasceu em São João do Meriti (estado do Rio de Janeiro) no dia 8 de dezembro de 1946.

Com rápida passagem pelo Pavunense, da Pavuna, Estado do Rio de Janeiro, Nei Conceição chegou ao Botafogo em 1964, trabalhou dois anos com Neca e assinou contrato de profissional com o Botafogo de Futebol e Regatas em 1966, permanecendo no alvinegro carioca até 1974.

Elegante em campo, Nei Conceição lembra de muito perto os mais clássicos jogadores do futebol brasileiro. Temperamental – daqueles que não levam desaforo para casa – Nei foi um dos principais jogadores do Botafogo na conquista do bicampeonato carioca de 67/68, sob o comando de Zagallo. O time, entretanto, não era apenas o melhor do Rio de Janeiro. Esteve, nessa época, entre os dois melhores do Brasil.

O Botafogo comandado por Zagallo em 68, atuava num esquema tático 4-3-3. Os três jogadores do meio-campo eram, ao mesmo tempo que marcadores, excelentes armadores: Carlos Roberto, Nei Conceição e Gerson. Na frente, um ataque que foi inteirinho convocado para a Copa do Mundo de 1970: Jairzinho, Roberto Miranda e Paulo César Lima.

Embora o papel de marcador-armador destinado à Nei Conceição fosse facilitado pela exuberância do futebol de Gerson e Carlos Roberto, o time jogava por música e os gols saíam em profusão.

Já em 1972, sem Zagallo e principalmente sem Gerson (foi para o São Paulo), Paulo César Lima (foi para o Fluminense), Roberto Miranda (foi para o Corínthians), Jairzinho (foi para o exterior e depois voltou para o Cruzeiro), Nei Conceição teve que se contentar em ser o “craque isolado” do time.

Ainda assim, o Botafogo tinha nomes de renome nacional, como o tricampeão mundial Brito, Wendell, Osmar Guarnelli, Marinho Chagas, Zequinha, Ademir Vicente (o maior marcador de Zico), além do artilheiro argentino Fischer.

No ano que chegou ao Botafogo (1966), Nei Conceição foi campeão do Torneio Ramon Carranza, realizado na Argentina; em 1967, foi campeão do Torneio Início do campeonato carioca; da Taça Guanabara e carioca; e do Torneio de Caracas (Venezuela).

No ano de 1968, ainda sob o comando de Zagallo, Nei Conceição foi bicampeão da Taça Guanabara; bicampeão carioca; campeão da Taça Brasil; bicampeão do Hexagonal do México; e bicampeão do Torneio de Caracas (Venezuela).

Em 1970, quando ainda era treinador do Botafogo, Mário Jorge Lobo Zagallo assumiu o comando da Seleção Brasileira que conquistou o tricampeonato mundial. Nei Conceição foi um dos convocados, depois de ter-se sagrado tricampeão do Torneio de Caracas (Venezuela), com o Botafogo.

Pouco tempo, entretanto, Nei Conceição permaneceria entre os selecionados. O temperamento forte contribuiu para a sua saída do selecionado brasileiro.

Os passes precisos em campo, senso de colocação e marcação, sempre “tirando a bola com uma pinça” dos pés dos adversários, Nei Conceição figura no álbum dos mais clássicos e melhores jogadores do futebol brasileiro em todos os tempos.

Depois de deixar o Botafogo, em 1974, Nei Conceição ainda defendeu o CSA de Alagoas, onde encerrou carreira de jogador profissional. Atualmente, autêntico peladeiro, Nei Conceição  é funcionário público municipal do Rio de Janeiro e reside na Ilha do Governador, onde costuma reunir com amigos dos tempos de Maracanã.

 ***

Síntese estatística de Nei Conceição

por Pedro Varanda
pesquisador do Botafogo

ESTREIA DE NEI CONCEIÇÃO

Botafogo 1x1 Royal
» Gol: Roberto
» Competição: Amistoso
» Data: 11.06.1966
» Local: General Severiano (Rio de Janeiro)
» Botafogo: Cao, Joel, Zé Carlos, Adevaldo e Moreira (Mura); Nei Conceição (Gustavo) e Luiz Carlos Theodoro (Robertinho); Roberto Abrussenzze, Roberto, Sicupira e Helinho.

ÚLTIMO JOGO DE NEI CONCEIÇÃO PELO BOTAFOGO

Botafogo 0x0 Fluminense
» Competição: Campeonato Carioca
» Data: 07.12.1974
» Local: Gávea (Rio de Janeiro)
» Botafogo: Wendell, Miranda, Chiquinho Pastor, Mauro Cruz e Edmílson; Artur Neto (Nei Conceição), Ademir Vicente e Dirceu; Rogério, Zair (Jorge Luís) e Nílson Dias.

JOGOS PELA EQUIPA PRINCIPAL: 340

GOLS PELA EQUIPA PRINCIPAL: 13

TÍTULOS PELO BOTAFOGO:

» Campeão Carioca Juvenil: 1966
» Campeão do Triangular de Caracas: 1967
» Bicampeão Carioca: 1967/1968
» Bicampeão da Taça Guanabara: 1967/1968
» Campeão da Taça Brasil: 1968
» Campeão do Triangular de Caracas: 1970
» Campeão do Torneio Independência: 1974

13 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia.

Estive em General Severiano esta semana e verficando o Boletim Alvinegro de 1966 encontrei grifado Ney.

No relatório da CBD de 1967 a 1970, informado pelo BFR, está Nei da Conceição Moreira.

Nei é com 'y' ou 'i'?

Um colega para me sacanear, perguntou: que diferença isso faz?

Grato
Éverton ou Ewerton.
Jéferson ou Jefferson.

Anónimo disse...

Bom dia.

Nos periódicos pesquisados não informaram que Nei (Ney) Conceição disputou os jogos.

BOTAFOGO 2 x 0 INDEPENDIENTE (ARG)
Data – 14 / 02 / 1966
Local – Avellaneda, na Grande Buenos Aires
Renda – 7.000.000,00 milhões de pesos
Público – 50.000 mil
Árbitro – ?
Competição – Taça Carranza de Buenos Aires
Botafogo – Manga, Joel, Adevaldo, Dimas e Rildo; Élton e Gérson; Jairzinho, Parada, Bianchini e Afonsinho. Técnico: Admildo Chirol
Independiente – Toriano, Navarro e Pavoni; Pastroiza, Acevedo e Rolas; Bernao, Rodríguez, Savoy, Mura (Pablo Rojas) e Tarabini. Técnico: ?
Gols – Bianchini, aos 17’ e Jairzinho, aos 25’ (ambos no 1° tempo)
Obs: Rildo e Bernao foram expulsos aos 13’ do 1° tempo
Fontes: O Globo e O Estado de S. Paulo (de 16-02)

BOTAFOGO 2 x 0 RACING (ARG)
Data – 16 / 02 / 1966
Local – Campo do Independiente, Avellaneda, Grande Buenos Aires
Renda – ?
Público – 40.000 mil
Árbitro – ?
Competição – Taça Carranza de Buenos Aires (Botafogo campeão)
Botafogo – Manga, Joel, Adevaldo, Dimas e Rildo; Élton e Gérson; Jairzinho, Parada, Bianchini e Afonsinho. Técnico: Admildo Chirol
Racing – Cejas, Basile, Vidal, Martin, Mori e Díaz; Rulli, Rodríguez, Parenti, Cardena e Martinolli. Técnico: ?
Gols – Parada, aos 18’ (1° tempo) e Bianchini, aos 42’ (2° tempo)
Fonte: O Globo e Jornal dos Sports (de 18-02)

Saudações Alvinegras

Ruy Moura disse...

Pedro, o texto é integral. Os eventuais erros são do autor. Mas a sua síntese corrige isso.

Sobre os nomes, creio que a confusão de nomes é muito grande porque cada um diz que tem V em vez de W, ou o inverso, I em vez de Y, ou o inverso, etc. De modo que somente se saberia a grafia correta mediante a certidão de nascimento, tal como se fez com alguns atletas devido a dúvidas de nome, data de nascimento, etc. (Garrincha, por exemplo, que o blogue Mundo Botafogo publicou o assentamento de nascimento para esclarecer todas as dúvidas).

Abraços Gloriosos!

Anónimo disse...

É possível que o Ney (Nei) Conceição tenha entrado nas partidas. Os jogos foram na Argentina. É muito comum os 'jornais' deixarem de editar substituições.

Afinal, Garrincha nasceu em 18 (segundo a ABI) ou 28 de outubro de 1933?

Lúcio leva acento, Cláudio, César e Flávio também.

Ruy Moura disse...

1) É, Pedro, mas não havendo prova de participação do Nei a coisa é complicada...

2) Eu tenho cópia da certidão de nascimento de Garrincha. é 18.10.1933. Quer que lhe envie uma cópia por e-mail?

3) Esses acentos existem todos, mas por facilitismo, são eliminados muitos deles, impropriamente. Cesar só pode ser César, e Claudio só pode ser Cláudio. Mas, em contrapartida, são apostos acentos onde não devem existir. Por exemplo, é comum ler-se "de agosto à outubro". Ora, o 'a' não possui acento. Escreve-se apenas "de agosto a outubro". Mas como a maioria dos cariocas (ou brasileiros, não sei...) carrega muito no "a" quando o pronuncia, tende a escrever 'à', erroneamente. A mídia faz isso e ajuda a induzir em erro. Qualquer texto escrito por professores, investigadores, intelectuais em geral, não apresneta esses erros e a grafia é correta. Mas no dia a dia...

Abraços Gloriosos!

Anónimo disse...

Eu tenho cópia da certidão do senhor Manoel dos Santos (Garrincha), BICAMPEÃO MUNDIAL. Obrigado.

Crase, aspas, trema, quase não as uso, porém são importantes.

Saudações Alvinegras.

Anónimo disse...

AMIGO RUI OU RUY

ADORARIA UMA CÓPIA DA CERTIDÃO DE GARRINCHA

ME SENTIRIA HONRADO EM TÊ-LA

WAGNER OU VAGNER - RONALD OU RONALDE
WANDERLEI OU VANDERLEI - JEFERSON OU JEFFERSON

ENFIM SOMOS CHEIOS DE DÚVIDAS

VENICIUS OU VINICIUS

SAUDAÇÕES ALVINEGRAS GLORIOSAS

MARCOS VENICIUS

Ruy Moura disse...

Pedro, nesse caso não entendi a sua pergunta. Vale mais a ABI ou a cópia de certidão que já estava em seu poder?...

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Vou enviar-lhe por e-mail, Marcos.

Abraços Gloriosos!

Anónimo disse...

Oi.

VINÍCIUS (atacante)
WAGNER (goleiro)
RONALD (médio)
RICHARDE (médio)
VANDERLEI Luxemburgo (lateral)
JEFFERSON (lateral)
JÉFERSON GAÚCHO (meia e atacante)
JEFFERSON DOUGLAS (meia)
JEFFERSON (goleiro)

Como temos várias fontes é possível que tenhamos várias certidões espalhadas por aí.

Será que não existe alguma com 28-10-1933?

A certidão da ABI é a mesma, ou seja: nasceu 18-10-1933.

Saudações Alvinegras.

Gil disse...

Grande Rui,

O melhor de tudo isso é que eu vi o Nei(y) jogar! Elegante, Inteligente, demonstrava muita Calma durante o jogo, passava Confiança.
Como o Marcos Vinicius, ficaria honrado em receber uma cópia da certidão de um dos nossos maiores ídolos.

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Valter Terto disse...

Aos 12 anos de idade, ainda um garoto, tive o prazer de assitir Nei Conceição jogando pelo azulão das Alagoas (CSA), no estádio Rei Pelé. Um excelente jogador.
Saudações azulinas!

Ruy Moura disse...

E uma pessoa fantástica, Valter. O Nei é espetacular.Ultimamente tenho publicado coisas dele a propósito do Radical Contra FC, do qual ele é patrono. Verdadeira alma de cidadão anarquista. Abraços.

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