por Rui Dias
jornal Record,
05.05.2012
“Já
lá vai o tempo em que precisava só de saltar barreiras para prosseguir o
caminho vitorioso que o talento lhe reservou Hoje tem de escalar um Evereste
todos os anos para ser feliz. Há oito anos foi para um Chelsea com meio século
de jejum e ganhou; seguiu para o Inter Milão e, entre os arautos da tática,
voltou a ganhar; foi para o Bernabéu, em confronto direto com a melhor equipa
do mundo, e não é que venceu outra vez? Acusam-no de ser um treinador racional,
que valoriza o resultado e recusa a aventura. Mas como explicar este Real
Madrid que já bateu recorde absoluto da liga espanhola, com 115 golos marcados
a duas jornadas do fim? E como enquadrar uma equipa que, se vencer os dois
últimos jogos (em Granada e com o Maiorca), chega aos 100 pontos, meta que nem
o Barcelona todo-poderoso de Pep Guardiola conseguiu atingir? (…)
Apesar
dos 19 títulos, de ser campeão em quatro países diferentes e ter uma aura
divina cada vez maior e mais brilhante, faltará a José Mourinho a associação a
uma equipa de referência mundial. (…) Se der ao Real Madrid um ciclo
hegemónico, será mais fácil atingir o reconhecimento como o único treinador de
todos os tempos a conjugar o domínio de ciência e empirismo; discurso e método;
coragem e inteligência; independência e inovação; estrutura e pormenor;
liderança e vitórias. (…) Para ser o primeiro mito como treinador na lenda
merengue (…) precisa que o madridismo se una à volta do seu conceito de
liderança; que os adeptos apoiem a causa e levem mais longe a sua paixão pelos
jogadores; que o clube funcione segundo as suas pretensões estratégicas. È
fundamental que todos acreditem no comandante e se comprometam com o seu
trabalho. E que sejam contraponto aos vampiros do mérito alheio que, por
ignorância e despeito, olham para um génio absoluto do futebol e só vêem
arrogância, provocação, capricho e insolência. (…)
Numa
era em que tudo é espetáculo e negócio, Mourinho responde com o talento de quem
aceita as regras e as transforma a seu favor. Está um degrau acima dos outros,
porque domina todos os fatores relevantes para a sua atividade. Ninguém marcou
tanto o futebol por dentro e por fora; na gestão mediática e no treino; na soma
de títulos e na paixão que gera nos clubes que representa. Sendo agora difícil
de aceitar a ideia, porque a contemporaneidade é inimiga do raciocínio e a
inveja é a marca eterna dos medíocres, Mourinho está cada vez mais perto do
lugar que tem reservado: o de melhor treinador da história do futebol. (…) No
final da carreira (…) estará para o treino como Pelé e Maradona estão hoje para
a bola.”
2 comentários:
Rui,
Se os números do Mourinho, fosse ele treinador do barça e o do Real fossem do Barcelona seriam muito mais valorizados.
Aqui no Brasil temos a flapress e acho que no mundo temos a barçapress.
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Isso, Gil. Flapress e Barçapress. Mas até concordo com as posições deles.Já viste se os energúmenos estivessem a realçar os feitos do Mou e do Real?... Certamente que alguma coisa estaria errada conosco... Teríamos que rever o que andamos a fazer de errado (rs).
Sempre tive muita desconfiança de mim quando alguém que não gosta de mim concorda comigo...
Abraços Gloriosos!
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