«O
que me preocupa um pouco talvez é que se a gente olhar os últimos três anos,
essa é uma história que está se repetindo. Final de setembro, início de outubro,
a gente tem uma queda e precisa identificar porque tem acontecido. Mudou-se
comissão técnica, treinador, jogador, mas essa é uma constância. Então, é um
dever de casa da direção do futebol. Tem que fazer a identificação do que está
acontecendo porque isso não é uma coisa surpreendente, e aí que eu acho que
temos que atuar. O Oswaldo tem consciência da responsabilidade dos resultados
começarem a aparecer, o grupo sabe disso. É um campeonato longo, e obviamente
oscilações acontecem, mas não podemos deixar que aconteçam sempre na reta
final. Tem gente lá dentro trabalhando em função de detectar essa questão e
achar uma solução rápida para isso. A solução tem que ser para ontem, não pode
ser para hoje». Maurício Assumpção, presidente do Botafogo.
Comentários de Mundo Botafogo
As ridículas declarações de Oswaldo
Oliveira sobre continuar em busca do título a 11 pontos do Cruzeiro somente são
batidas pelo presidente Maurício Assumpção.
Acho espantosas as declarações do
presidente do clube. Como se nada fosse com ele. Como se um presidente de um
clube que se destaca centenariamente pelo futebol, estivesse na retaguarda como
um fiscal que pune este e aquele quando a estrada desemboca num beco ou num
precipício.
Os presidentes dos grandes clubes que
vivem do futebol acompanham dia a dia a modalidade dentro do clube e as
decisões não são apenas do departamento de futebol ou da comissão técnica, mas
também da direção. No FC Porto – um exemplo de excelente gestão – não há uma
contratação, seja de jogador ou de técnico, que não passe pelo presidente; o
plane(j)amento para o ano passa pelo presidente; as grandes decisões não são
tomadas sem o presidente.
Mas adiante. Então Maurício Assumpção não
sabe porque caímos ano após ano entre setembro e outubro? Não me admiro, porque
jamais me esquecerei, enquanto a diretoria for a mesma, da famosa frase
proferida pelo presidente quando confessou que se dedicava mais ao futebol de
areia, ao futsal e ao remo.
Veja-se que desde 2007, quando perdemos
para o River Plate por 4x2 na Argentina, ano após ano o Botafogo quebra entre
setembro / outubro. Ora, como diz o presidente, se os técnicos não são os
mesmos, se os jogadores não são os mesmos e se até a diretoria é outra, qual
será a variável que inquina o nosso desempenho nesta época?
Veja-se que o presidente fala em três
anos, mas não é assim. Em 2009, em que estivemos à beira da 2ª divisão, e em
2010, as quebras também se verificaram. Tal como em 2007 e 2008 na gestão de
Bebeto de Freitas.
Portanto, a variável tem que ser outra.
Em minha opinião, e venho dizendo isso há bastante tempo, é porque o Botafogo
aposta em tudo ano após ano, e esse é o maior erro ocorrido estes anos, além
dos desmanches sucessivos das equipas.
Efetivamente, o Botafogo começa apostando
na Taça Guanabara. Se perde, aposta na Taça Rio, se ganha, aposta na mesma na
Taça Rio para ser campeão direto. E depois tem a Copa do Brasil, também tratada
como objetivo a alcançar, e depois o Brasileirão, outro objetivo a cumprir. Ou
temos um plantel alargado ou não é possível que uma equipa jogue tantos jogos ‘em
cima’ desde o fim de Janeiro até início de Dezembro e ganhe tudo. O normal
mesmo é não ganhar seja o que for, ou só ganhar apenas no início, quando as
exigências são menores e a equipa se encontra fisicamente bem.
Porém, o Botafogo não faz plane(j)amento
sério anualmente, definido as suas metas, objetivos e prioridades. No início do
ano, Chico Fonseca, vice-presidente para o futebol, vá lá saber-se porquê,
disse que o Botafogo apostava para ganhar tudo. E assim que conquistou o
campeonato carioca reiterou euforicamente essa mensagem.
Nenhum clube aposta em ganhar tudo, a não
ser que se chame Bayern de Munique, Real Madrid, Barcelona ou Manchester – e
jogam anualmente menos jogos do que o Botafogo. E mesmo estes clubes só muito
excecionalmente ganham tudo, embora tenham plantel e muito dinheiro para
gastar.
Eu sei que Maurício Assumpção e a sua
equipa se têm esforçado, mas as suas competências – com uma ou outra exceção –
não conseguem mais do que está à vista em cargos que nunca deviam ter
desempenhado. Porque ‘esforço’ não significa necessariamente ‘competência’.
Às vezes tenho vontade de arrancar os
cabelos de raiva quando leio tamanhas barbaridades como as do presidente, que
quando parece recuperar-se do seu inócuo senso comum, tem nova recaída e produz
afirmações de bradar aos céus:
# em 1º lugar, não é nada curial que um
presidente de clube erga um troféu na hora da vitória – quebrando o protocolo de
ser o capitão da equipa a erguê-lo – e na hora da derrota se safe
culpabilizando «o departamento de futebol», «o Oswaldo» e «o grupo»;
# em 2º lugar, é desleal vir publicamente
dizer que está chamando a atenção de todos lá dentro (no futebol), porque isso
faz-se entre portas e não durante um evento de natação para um repórter
qualquer da Lancenet;
# em 3º lugar, as suas observações são bisonhas
quando é tão óbvio que um problema fundamental sempre foi a falta de
plane(j)amento e de priorização das competições, e o seu desconhecimento mostra
quanto néscio tem sido no cargo que ocupa;
# em 4º lugar, as suas observações são
cínicas porque desmembra o time vendendo Fellype Gabriel, Jadson, Márcio
Azevedo, Andrezinho e Antônio Carlos, e deixa vitinho escapar-se por não ter
querido pagar um aumento salarial justo, e pede responsabilidades a outros,
entre os quais o treinador e a comissão técnica que foram vítimas desse
desmanche;
# em 5º lugar, é lamentável que num clube
cujos torcedores se consideram uma certa elite de massa cinzenta, venha
proferir frases bem à medida de patrícia amorim e de eduardo bandeira de mello.
É triste que o presidente
que obteve a minha assinatura de apoio em 2008 me consiga fazer sorrir dolorosamente
quando afirma que «a solução tem que ser para ontem, não pode ser para hoje».
Pois era realmente para ontem, em novembro ou dezembro de 2012, quando se devia
estar iniciando o plane(j)amento para 2013, definindo rumos e prioridades; era
para ontem se o presidente se tivesse envolvido nas coisas do futebol como
seria sua obrigação, porque para hoje é tarde e o amanhã não espera que batam à
porta para sair de casa.
2 comentários:
Rui,
Dizem que o sonho de consumo dele é concorrer a uma vaga na política brasileira.
Se for verdade, está no caminho certo. Ou seja, promessas vazias e cobranças na terceira pessoa ou não-pessoa.
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Já o disse há muito tempo: ele quer ser político, mas se não ganhar nada mais consistente do que o Campeonato Carioca as chances diminuem.
A não ser que achem que ele resgatou o futebol do Botafogo e foi a alavanca de outras modalidades. Quem saberá?...
Abraços Gloriosos!
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