Nota preliminar do
Mundo Botafogo: A expressão “gênero, número e grau” consagrou-se no quotidiano
dos brasileiros e é única no universo dos países de língua oficial portuguesa. No
Mundo Botafogo a expressão já foi empregue inúmeras vezes por leitores e
amigos. Como me interessa todas as inovações acerca da nossa língua comum,
pesquisei sobre a expressão, e o que melhor encontrei foi o texto que se segue.
Autor: Sapocururu
Portal e-familynet
“A expressão
concordo em ‘gênero, número e grau’ é mais rodada que baiana de escola de
samba, ouve-se a todo momento. Mas está correta? Bom, isso depende de quem
responde. Não vou chegar aos ‘palavrões’ como sintagma, mas pretendo cobrir o
assunto. Primeiro, uma explicação sobre o significado de cada elemento da
expressão.
Gênero: o que
distingue o masculino e o feminino. Ex: o barco (gênero masculino), a casa
(gênero feminino).
Número: indica o
número de entidades. Em português, há duas flexões: singular e plural. Ex: um
carro, dois carros.
Uma curiosidade,
em algumas línguas há uma terceira forma, o dual. Assim, teríamos uma palavra
para o singular (carro), outra para três ou mais (carros) e uma terceira para
indicar apenas dois carros (carroi - isso foi apenas um exemplo inventado, carroi
não existe em português!).
Grau: indica o
nível de ‘grandeza’ do elemento. Em português, para substantivos, há duas
formas: diminutivo (carrinho) e aumentativo (carrão).
Agora começa a
suposta confusão. Em português, o gênero e número devem seguir a concordância.
Exemplo de gênero:
casa amarela, carro amarelo. Casa é feminino, portanto, amarelo deve concordar
e também ir para o feminino (amarela). Como carro é masculino o adjetivo vai
para o masculino (amarelo).
Exemplo de número:
casa amarela, casas amarelas. No caso em que o substantivo está no plural
(casas), o adjetivo deve concordar e também aparecer no plural (amarelas).
A polêmica surge
porque em português não há exigência da concordância em relação ao grau. Eu
posso dizer carrinho amarelo, não é necessário diminuir o adjetivo (carrinho
amarelinho). Por não ser obrigatório, diz-se não se tratar de uma concordância,
mas de uma derivação.
E justamente por não
ser o grau uma concordância, o mais ‘correto’ seria dizer apenas ‘concordo em
gênero e número’’.
Há também quem
defenda que a expressão deveria ser ‘concordo em gênero, número e caso’. É puro
pedantismo. Explico.
Quem já teve a
sorte de estudar latim sabe que há derivações para cada caso (acusativo,
nominativo, etc.) e, por ser o português uma língua latina, poderia ser
utilizado na expressão. Eu discordo, isso vale para o latim, não para o
português. E, sendo assim, também há línguas em que a concordância de grau é compulsória,
línguas latinas inclusive, isso torna a expressão ‘concordo em gênero, número e
grau’ correta? Claro que não, mas por ser de uso comum e popular eu concordo
com seu uso em ‘gênero, número e grau’.”
4 comentários:
Alugou meu ditame gostei. Foi muito esclarecedor.
Servirá para muitos que falam PORTUGUÊS,mas não a conhecem e nem gostam da dita e usam muito outros idiomas como o ingles do qual não gosto.
Pois é, amigo, muitos usam o inglês, mas quem tem como língua materna o inglês não usa o português. Quando se usa a língua inglesa sem nenhuma necessidade estamos vendendo a nossa ideia de Nação - e suicidando-nos linguisticamente. Abraços Gloriosos.
Grau não precisa concordar. Pode até discordar
Será uma derivação.
Abraços Gloriosos.
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