quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Roberto Porto: o último grande jornalista botafoguense dos tempos áureos

Roberto Porto nasceu a 22 de fevereiro de 1940 e faleceu no Rio de Janeiro a 4 de Dezembro de 2014, sendo o último grande jornalista botafoguense de uma plêiade soberba de gente da escrita da qual fizeram parte verdadeiros artistas dos tempos áureos de Garrincha, Didi e Nilton Santos, tais como Armando Nogueira (1927-2010), Augusto Frederico Schmidt (1906-1965), Geraldo Romualdo da Silva (1916-1996), João Saldanha (1917-1990), Luiz Mendes (1924-2011), Maneco Müller (1923-2005), Oldemário Touguinhó (1934-2002), Sandro Moreira (1919-1987), Santhiado Dantas (1911-1964) e Vinícius de Moraes (1913-1980)

Em 2012 o Mundo Botafogo publicou o conjunto de elementos que compunham o clube dos ‘Gloriosos Jornalistas’, fundado imaginariamente por Roberto Porto, que correspondia a jornalistas botafoguenses do Jornal do Brasil, na Avenida do Brasil, em meados da década de 1970, e que incluía uma equipa ofensiva em 4x3x3 com Porto na armação. Eis o Clube dos ‘Gloriosos Jornalistas’ segundo Roberto Porto:


Equipa: Otávio Name; Oldemário Touguinhó, João Saldanha, Sandro Moreyra e Márcio Guedes; Mara Bentes, Roberto Porto e Eloir Maciel; Antônio Maria, Luiz Fernando Lima e Paulo César Vasconcelos.
Reserva: Sérgio Elena Dantas.
Técnico: Salim Simão.
Diretor de futebol: José Antônio do Nascimento Brito.
Presidente: Manoel Francisco do Nascimento Brito.
Sub-23: Roby Porto e João Pedro Paes Leme.
Diagramador: Mesquita.

Diz-se que os sentimentos de inveja de certa ‘Press’ que anda por aí residem originalmente na impossibilidade de alguma vez, em alguma parte do mundo, tornar a existir um tal clube e uma tal equipa de jornalistas. Que goleada!

Roberto Porto dedicou 50 anos da sua vida ao Glorioso. Tendo cursado direito na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, desiludiu-se com a carreira e investiu no jornalismo por influência do seu pai, o escritor Rui Porto (1927-1990). Desde aí toda a sua carreira foi completamente voltada para o jornalismo desportivo e para o acompanhamento da trajetória do Botafogo de Futebol e Regatas, brilhando profissionalmente durante décadas, em especial nas décadas de 1960-70-80-90 ao serviço do Jornal do Brasil, O Globo, Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, O Dia, Jornal dos Sports e mais recentemente a ESPN Brasil (desde 2002), bem como pelas principais rádios cariocas, cobrindo diversos Jogos Olímpicos, Copas do Mundo de Futebol e Campeonatos Sul-americanos.


Recentemente, Roberto Porto foi elevado à qualidade de Benemérito do Clube, tendo sido autor dos livros desportivos ‘História Ilustrada do Futebol’ (co-autor com João Máximo e Salomão Scliar, 1968), ‘Gírias e Verbetes Futebolísticos’ (co-autor com Carlos Leonam e Manoela Pena, 1993) e ‘Dicionário Popular de Futebol – o ABC das Arquibancadas’ (1998).

Além desses livros de natureza genérica, Roberto Porto escreveu mais quatro livros sobre o seu amado Botafogo: ‘Treino é treino, jogo é jogo’ (livro sobre Didi, 2001), ‘Botafogo: 101 Anos de Histórias, Mitos e Superstições’ (2005), ‘Botafogo: O Glorioso!’ (2009) e ‘O Maior Botafogo de Todos os Tempos (2013).

Ao longo da sua carreira Roberto Porto declinou diversos convites muito interessantes porque o fariam afastar-se do Botafogo, impedindo-o de acompanhar diariamente o seu Clube. Com o talento que se lhe reconhece, Roberto Porto foi o último jornalista Glorioso dos tempos áureos e cuja missão, sobretudo nos últimos 15 anos, não deixa margem para dúvidas:

Tento manter a magia do Botafogo – o meu maior amor imaterial.”

6 comentários:

Anónimo disse...

Grande RUI,volto rápido,pois o assunto é relevante.
Nossa homenagem ao saudoso RP,que em sua passagem terrena,foi muito nobre de sentimentos,atencioso com os amigos e inúmeras outras virtudes.
Trocávamos e-mails quando ele mantinha uma coluna,se não me falha a memória,diária.
Certa vez,ele ficou meio aborrecido comigo,mas logo voltamos as boas.
O motivo foi que o ROBY transmitia um jogo do Botafogo e o "sebozinho" do Júnior era o comentarista.
O "framerdista" resolveu ficar sacaneando o nosso clube e o ROBY parecia concordar.No final,de cabeça quente,escrevi um e-mail para o RP esculachando o garoto.
O RP,educadamente,respondeu-me de forma bem simples e objetiva:"Jota,ele é profissional é tem que manter o nível.Saiba que ele é mais botafoguense do que eu e sofre muito mais nas derrotas".
Fiquei envergonhado pelas críticas feitas e desculpei-me com o amigo.
Após a morte da esposa, ele ficou muito abalado,tendo inclusive parado com a sua coluna.
Meus respeitos à família enlutada.
Saudações alvinegras entristecidas pela perda deste grande botafoguense.JOTA.


Leafargaio@gmail.com disse...

Com licença Rui Moura.. Como amante do futebol e sendo um Flamengo de verdade venho aqui externar meus sinceros sentimentos de pesar sobre o passamento do grande amante do futebol e do desporto. Roberto Porto. É o famoso ciclo da vida. Uns se vão e outros chegam..

Um abraço Rui Moura.

Rafael Gaio.

Ruy Moura disse...

Com todo o respeito a si e ao Roberto, não me parece que "manter o nível" é calar-se quando ao seu lado o nível é abaixo de cão. O Roby tem dessas coisas... Em defesa da minha profissão eu entalaria o energúmeno 'comentarista' com a habilidade possível

O Roberto foi o último dos grandes jornalistas da 'época de ouro' do futebol botafoguense que abriu as portas ao mundo. Hoje há outros bons jornalistas botafoguenses, mas já não são daquela época. São bem mais jovens.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Agradeço pelo Roberto Porto a sua afabilidade, Rafael.

Com a atual média de esperança de vida Ocidental (que o Roberto não conseguiu alcançar) pode-se dizer que partiu um pouco cedo de mais, mas, pelo menos, cumpriu inteiramente a missão a que se propôs na vida. E no final é isso que conta, nada mais.

Aceite um abraço agradecido.

Émerson disse...

Rui e amigos,

Tornou-me mais apaixonado ainda pelo Glorioso, lendo os textos de Roberto Porto, no seu blogue. Eram maravilhosos!
Vai deixar saudade...
Saudações Gloriosas!

Ruy Moura disse...

Ele e todos os outros dão saudades, Émerson. Armando Nogueira era sério, Sandro Moreira, gozador, João Saldanha, avalanche... Cada qual deixa saudades imensas do tempo em que o futebol valia a pena e todos os seus intervenientes eram gente que amava o futebol. Agora ama-se o dinheiro do futebol.

Em minha opinião o Roberto poderia ter escrito pelo menos mais um livro contando histórias do futebol, à semelhança do livro de histórias futebolísticas da autoria do João Saldanha.

Abraços Gloriosos.

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