Sempre achei
espantosamente medíocre que para fazer valer o meu ‘produto’ tenha que diminuir
o ‘produto’ alheio. Até porque não existe apenas uma ‘qualidade’; existem
várias ‘qualidades’ conforme as características dos ‘produtos’.
No que
respeita ao grande duelo Cristiano Ronaldo / Leonel Messi pelo título de
‘melhor do mundo’, troféu anual que até há quem critique, como o fez Arsène
Wenger, considerando que títulos individuais dessa natureza podem prejudicar os
coletivos, muita tinta corre pelo mundo fora.
Ambos
conquistaram as últimas 7 Bolas de Ouro, embora uma delas, ‘oferecida’ de mão
beijada a Messi, devesse ter sido entregue a Robben. Mas, independentemente
dessa eventual intrusão de Robben, as Bolas de Ouro têm sido disputadas e
ganhas por dois únicos craques, estabelecendo o maior duelo jamais visto no
futebol de modo insistente ano após ano.
Porém, se
Lionel Messi tem tido o apadrinhamento da FIFA e do seu ‘pai’ Joseph Blatter,
Cristiano Ronaldo teve que lutar sozinho para conquistar os seus títulos, sem
padrinhos e sem parte da mídia que endeusava Messi babando ovo por todo lado,
contra tudo e contra todos.
Se Blatter
manifestou publicamente a sua preferência por Messi e glosou Ronaldo como
‘comandante’ militar em campo, por seu lado, Michel Platini também mantinha
apoio declarado a Messi.
Mais tarde,
após Ronaldo ganhar a Bola de Ouro, Joseph Blatter pediu desculpas públicas a
Cristiano Ronaldo pelo seu comportamento…
A Bola de
Ouro, antes troféu exclusivo da afamada revista France Football, passou a ter
também o patrocínio da FIFA desde 2009, e desde 2009 a 2012 Messi foi o
‘escolhido’ politicamente para ganhá-la. Tal como foi politicamente escolhido
pela FIFA como melhor jogador do Mundial, quando na verdade Robben, Kroos,
Neuer, Di María ou James Martinez tiveram desempenhos muito melhores do que
Messi, que quase nada fez nas quartas-de-final, nas semifinais e na final.
Aliás, quando foi anunciado que Messi ganhara o prêmio de melhor futebolista da
Copa, o próprio não mexeu um único músculo do rosto, sabendo claramente que o
título era meramente ‘honorífico’ num ano em que Ronaldo batera inúmeros
recordes e ganhara vários títulos e, certamente, seria Bola de Ouro 2014.
Curiosamente,
Platini começou a ‘atacar’ Ronaldo no ano em que Messi iniciou a sua queda de
produção e a Bola de Ouro começava a desenhar-se a favor de Ronaldo, em 2013.
Então, defendeu que Ribéry deveria ganhar a Bola de Ouro porque ganhara ‘tudo’
nesse ano. É claro que o troféu não se destina a quem ganha tudo
‘coletivamente’, mas a quem faz melhor ‘individualmente’. Platini argumentou
que se Ribéry não ganhasse naquele ano já não ganharia uma Bola de Ouro, o que
significa que implicitamente sabia que Ribéry não seria capaz de manter um
nível tão altamente competitivo como Ronaldo e Messi ano após ano – na verdade,
nenhum futebolista conseguiu manter-se permanentemente no estrelato do futebol
moderno como Cristiano e Messi.
Então, mesmo
com a FIFA e a UEFA contra si, Cristiano Ronaldo conquistou a Bola de Ouro
2013. Platini ironizou dizendo que a continuar assim, no ano seguinte ganharia
Messi e depois Ronaldo e depois novamente Messi…
E eis que em
2014 CR7 ainda fez melhor, estabeleceu vários recordes, incluindo o de maior
goleador em uma única Champions League, ‘apenas’ a prova mais altamente
competitiva do calendário futebolístico mundial. Então, Platini defendeu
acerrimamente a entrega da Bola de Ouro a Manuel Neuer, agora já não porque
ganhara tudo, mas apenas porque ganhara ‘coletivamente’ a Copa do Mundo.
Uma
verdadeira vergonha que os presidentes da FIFA e da UEFA não mantivessem a
neutralidade exigida a cargos da natureza dos que ocupam. Custou a ambos terem
que fazer pedidos de desculpas a Ronaldo. Blatter pediu desculpa pela encenação
que fizera em 2013 e Platini veio agora desculpar-se publicamente a Ronaldo
pelas suas declarações, argumentando que só defendera a Bola de Ouro para Neuer
devido ao antigo critério de atribuir a Bola de Ouro em ano de Copa do Mundo a
um atleta que houvesse sido campeão mundial – como aconteceu com o italiano
Cannavaro –, mas que realmente Ronaldo era o melhor. Que cara de pau!
A
‘perseguição’ a Ronaldo não venceu Ronaldo, que tornou a ganhar com trabalho,
afinco, entrega profissionalíssima à sua preparação técnica e atlética. Não
discuto se CR7 já se mostrou, ou não, como o melhor futebolista de todos os
tempos, como muitos clamam, mas tenho a certeza que jamais algum futebolista
mostrou tanto profissionalismo, tanta motivação, tanto empenho, tanta
determinação, tanta ambição com a sua preparação técnica e atlética do que
Cristiano Ronaldo – visando sempre o mais alto. Aliás, no futebol, CR7 é o mais
lídimo representante do lema de Pierre de Coubertin – citius, altius, fortius.
Ao nosso
‘amigo’ Wesley Moreira, que desconhece, ou quer desconhecer, que Cristiano
Ronaldo não é arrogante, não é prepotente, não é egocêntrico, não é egoísta e
muito menos sujo e desleal, apenas se pode responder que, além de CR7 ter sido
o maior goleador mundial de 2014, também foi o maior ‘garçom’ da sua equipe com
22 assistências.
Acresce ao
nosso ‘amigo’ Wesley que Ronaldo não ganha devido a Jorge Mendes, como é fácil
uma mente sã reconhecer, na medida em que possui muitíssimo menos poder do que
Blatter – que assegurou para Messi 4 Bolas de Ouro consecutivas. Na verdade,
Wesley tem dor de corno. Implicitamente adepto de Messi, quer derrubar Ronaldo
de qualquer forma, anunciando que Ribéry e Neuer foram roubados exatamente nos
dois anos em que Messi foi uma sombra de si mesmo e fez os seus piores anos
desde que subiu ao topo. Quer dizer, ele reconhece implicitamente que Ronaldo
foi superior a Messi, e que se a Bola de Ouro, por enquanto, não merece sair da
mão de nenhum dos dois, eis que se pode afirmar que segundo o raciocínio do nosso
‘amigo’ Wesley, a Bola de Ouro está bem entregue. Mas não fala que uma das
Bolas de Ouro de Messi deveria ter pertencido a Robben e que a atribuição de uma
outra Bola foi altamente discutível. E que os votos de há três anos foram adulterados
– como reconheceu mais tarde, pelo menos, a Federação de Montenegro no que
respeita a quem votou e a quem apareceu como votado – para que Mourinho e CR7
não conquistassem a Bola de Ouro. Ambos souberam da marosca e não foram à Gala
da FIFA.
Aliás,
camaradas de escudo, permitam-me uma vaidade lusitana. Portugal é um País de
pequena dimensão (100 mil km2) e de pouca população (11 milhões de
habitantes), mas a sua dimensão não é compatível com o seu improviso criativo e
a sua inventiva reconhecida mundialmente em diversas atividades, quer se trate
de literatura, medicina, jornalismo, arquitetura, política ou outras atividades
criadoras.
Particularmente
no futebol os portugueses também se distinguem, apesar de apenas há 50 anos o
futebol português ter começado a despertar para o mundo. Já neste século, o
palmarés é muito interessante: Figo (2000) e Ronaldo (2008, 2013, 2014) foram
os melhores futebolistas do mundo, não apenas com as 4 Bolas de Ouro na soma de
ambos, mas também com outras entidades que atribuíram diversas vezes o título
de ‘melhor jogador do mundo’ a um ou outro futebolista; Jorge Mendes foi
coroado como o ‘rei dos empresários’, isto é, o melhor agente FIFA do mundo
pela Globe Soccer Awards (Dubai, 2010); Pinto da Costa foi distinguido com o
prêmio de carreira também pela Globe Soccer Awards (Dubai, 2011) como o maior
dirigente de futebol do mundo (o único dirigente de sempre a conquistar 51
títulos oficiais em futebol para o seu clube); Pedro Proença obteve da IFFHS
(2012) o reconhecimento de melhor árbitro do mundo. Quer dizer, em 2000, 2008,
2010, 2011, 2012, 2013 e 2014 houve sempre um português no lugar mais alto do
pódio do futebol mundial.
2 comentários:
RUI,gostaria de emitir minha opinião sobre essas,para mim,"mequetrefes" eleições da toda poderosa Sra FIFA.
Essa disputa boba e provocativa, entre tacanhos adeptos de MESSI e CR7, está de bom tamanho.Acredito até que os atletas não tenham tanta culpa.
Acho que os critérios deveriam ser mudados.Alguém tem dúvidas que os dois são os melhores do mundo e continuarão a se-los por algum tempo? A quem interessa essa disputa anual? Por que ficar nisso até que, provavelmente, Neymar ou outro jogador cheguem ao topo e destronem os dois?
Por que ano que vem não elegem um jogador de defesa como o melhor do Mundo? Por que um grande zagueiro ou um goleiro como NEURER, não podem ser os melhores do mundo? Por que não um rodízio na premiação? Ah dirão os lorpas e pascácios, tem a seleção dos melhores.Eu sei,mas valorizado, o destaque amplo, geral e irrestrito é o eleito pelos deuses, sempre um atacante.
Penso ser uma injustiça com os atletas que defendem e pouco fazem gol.Quantos zagueiros e goleiros europeus de primeira linha poderiam receber o laurel e quebrar um pouco dessa monotonia que já está ficando enfadonha?
A realidade meu amigo é que muita gente acha que futebol é só o gol.É o que dá retorno aos patrocinadores.
A dona FIFA visa apenas faturar de acordo com os seus interesses e da corja encastelada no poder.JOTA.
JOTA, genericamente concordo que o prêmio de melhor do mundo tem sido mais negativo do que positivo em virtude dos "tacanhos adeptos" que se digladiam estupidamente. Sem neurônios.
Especificamente, tenho outra opinião. Yasdhin (goleiro) recebeu a Bola de Ouro: Neuer fica a anos luz de Yashin.
Cannavaro (defesa) foi premiado já este século, bem como Luís Figo (médio). E Zidane também era um médio, não um atacante.
Em suma, o que sucede agora é que Messi e CR7 ultrapassam os limites estratosféricos nunca alcançados por nenhum atleta, porque nenhum deles se manteve no topo sucessivamente, ano após ano. CR7 e Messi sim. Daí que eu entendo que realmente não dá para premiar outros, apesar de haver atletas que eu gosto mesmo muito: Ibrahimovic, Robben, até mesmo o Neymar (se decidir crescer, coisa que ainda não fez, e se continuar com as suas provocações não creio que vá longe).
Abraços Gloriosos.
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