domingo, 1 de fevereiro de 2015

Futmedíocre (5): as dores de corno


Sempre achei espantosamente medíocre que para fazer valer o meu ‘produto’ tenha que diminuir o ‘produto’ alheio. Até porque não existe apenas uma ‘qualidade’; existem várias ‘qualidades’ conforme as características dos ‘produtos’.

No que respeita ao grande duelo Cristiano Ronaldo / Leonel Messi pelo título de ‘melhor do mundo’, troféu anual que até há quem critique, como o fez Arsène Wenger, considerando que títulos individuais dessa natureza podem prejudicar os coletivos, muita tinta corre pelo mundo fora.

Ambos conquistaram as últimas 7 Bolas de Ouro, embora uma delas, ‘oferecida’ de mão beijada a Messi, devesse ter sido entregue a Robben. Mas, independentemente dessa eventual intrusão de Robben, as Bolas de Ouro têm sido disputadas e ganhas por dois únicos craques, estabelecendo o maior duelo jamais visto no futebol de modo insistente ano após ano.

Porém, se Lionel Messi tem tido o apadrinhamento da FIFA e do seu ‘pai’ Joseph Blatter, Cristiano Ronaldo teve que lutar sozinho para conquistar os seus títulos, sem padrinhos e sem parte da mídia que endeusava Messi babando ovo por todo lado, contra tudo e contra todos.

Se Blatter manifestou publicamente a sua preferência por Messi e glosou Ronaldo como ‘comandante’ militar em campo, por seu lado, Michel Platini também mantinha apoio declarado a Messi.

Mais tarde, após Ronaldo ganhar a Bola de Ouro, Joseph Blatter pediu desculpas públicas a Cristiano Ronaldo pelo seu comportamento…

A Bola de Ouro, antes troféu exclusivo da afamada revista France Football, passou a ter também o patrocínio da FIFA desde 2009, e desde 2009 a 2012 Messi foi o ‘escolhido’ politicamente para ganhá-la. Tal como foi politicamente escolhido pela FIFA como melhor jogador do Mundial, quando na verdade Robben, Kroos, Neuer, Di María ou James Martinez tiveram desempenhos muito melhores do que Messi, que quase nada fez nas quartas-de-final, nas semifinais e na final. Aliás, quando foi anunciado que Messi ganhara o prêmio de melhor futebolista da Copa, o próprio não mexeu um único músculo do rosto, sabendo claramente que o título era meramente ‘honorífico’ num ano em que Ronaldo batera inúmeros recordes e ganhara vários títulos e, certamente, seria Bola de Ouro 2014.
 
Curiosamente, Platini começou a ‘atacar’ Ronaldo no ano em que Messi iniciou a sua queda de produção e a Bola de Ouro começava a desenhar-se a favor de Ronaldo, em 2013. Então, defendeu que Ribéry deveria ganhar a Bola de Ouro porque ganhara ‘tudo’ nesse ano. É claro que o troféu não se destina a quem ganha tudo ‘coletivamente’, mas a quem faz melhor ‘individualmente’. Platini argumentou que se Ribéry não ganhasse naquele ano já não ganharia uma Bola de Ouro, o que significa que implicitamente sabia que Ribéry não seria capaz de manter um nível tão altamente competitivo como Ronaldo e Messi ano após ano – na verdade, nenhum futebolista conseguiu manter-se permanentemente no estrelato do futebol moderno como Cristiano e Messi.

Então, mesmo com a FIFA e a UEFA contra si, Cristiano Ronaldo conquistou a Bola de Ouro 2013. Platini ironizou dizendo que a continuar assim, no ano seguinte ganharia Messi e depois Ronaldo e depois novamente Messi…

E eis que em 2014 CR7 ainda fez melhor, estabeleceu vários recordes, incluindo o de maior goleador em uma única Champions League, ‘apenas’ a prova mais altamente competitiva do calendário futebolístico mundial. Então, Platini defendeu acerrimamente a entrega da Bola de Ouro a Manuel Neuer, agora já não porque ganhara tudo, mas apenas porque ganhara ‘coletivamente’ a Copa do Mundo.

Uma verdadeira vergonha que os presidentes da FIFA e da UEFA não mantivessem a neutralidade exigida a cargos da natureza dos que ocupam. Custou a ambos terem que fazer pedidos de desculpas a Ronaldo. Blatter pediu desculpa pela encenação que fizera em 2013 e Platini veio agora desculpar-se publicamente a Ronaldo pelas suas declarações, argumentando que só defendera a Bola de Ouro para Neuer devido ao antigo critério de atribuir a Bola de Ouro em ano de Copa do Mundo a um atleta que houvesse sido campeão mundial – como aconteceu com o italiano Cannavaro –, mas que realmente Ronaldo era o melhor. Que cara de pau!

A ‘perseguição’ a Ronaldo não venceu Ronaldo, que tornou a ganhar com trabalho, afinco, entrega profissionalíssima à sua preparação técnica e atlética. Não discuto se CR7 já se mostrou, ou não, como o melhor futebolista de todos os tempos, como muitos clamam, mas tenho a certeza que jamais algum futebolista mostrou tanto profissionalismo, tanta motivação, tanto empenho, tanta determinação, tanta ambição com a sua preparação técnica e atlética do que Cristiano Ronaldo – visando sempre o mais alto. Aliás, no futebol, CR7 é o mais lídimo representante do lema de Pierre de Coubertin – citius, altius, fortius.

Ao nosso ‘amigo’ Wesley Moreira, que desconhece, ou quer desconhecer, que Cristiano Ronaldo não é arrogante, não é prepotente, não é egocêntrico, não é egoísta e muito menos sujo e desleal, apenas se pode responder que, além de CR7 ter sido o maior goleador mundial de 2014, também foi o maior ‘garçom’ da sua equipe com 22 assistências.

Acresce ao nosso ‘amigo’ Wesley que Ronaldo não ganha devido a Jorge Mendes, como é fácil uma mente sã reconhecer, na medida em que possui muitíssimo menos poder do que Blatter – que assegurou para Messi 4 Bolas de Ouro consecutivas. Na verdade, Wesley tem dor de corno. Implicitamente adepto de Messi, quer derrubar Ronaldo de qualquer forma, anunciando que Ribéry e Neuer foram roubados exatamente nos dois anos em que Messi foi uma sombra de si mesmo e fez os seus piores anos desde que subiu ao topo. Quer dizer, ele reconhece implicitamente que Ronaldo foi superior a Messi, e que se a Bola de Ouro, por enquanto, não merece sair da mão de nenhum dos dois, eis que se pode afirmar que segundo o raciocínio do nosso ‘amigo’ Wesley, a Bola de Ouro está bem entregue. Mas não fala que uma das Bolas de Ouro de Messi deveria ter pertencido a Robben e que a atribuição de uma outra Bola foi altamente discutível. E que os votos de há três anos foram adulterados – como reconheceu mais tarde, pelo menos, a Federação de Montenegro no que respeita a quem votou e a quem apareceu como votado – para que Mourinho e CR7 não conquistassem a Bola de Ouro. Ambos souberam da marosca e não foram à Gala da FIFA.

Aliás, camaradas de escudo, permitam-me uma vaidade lusitana. Portugal é um País de pequena dimensão (100 mil km2) e de pouca população (11 milhões de habitantes), mas a sua dimensão não é compatível com o seu improviso criativo e a sua inventiva reconhecida mundialmente em diversas atividades, quer se trate de literatura, medicina, jornalismo, arquitetura, política ou outras atividades criadoras.

Particularmente no futebol os portugueses também se distinguem, apesar de apenas há 50 anos o futebol português ter começado a despertar para o mundo. Já neste século, o palmarés é muito interessante: Figo (2000) e Ronaldo (2008, 2013, 2014) foram os melhores futebolistas do mundo, não apenas com as 4 Bolas de Ouro na soma de ambos, mas também com outras entidades que atribuíram diversas vezes o título de ‘melhor jogador do mundo’ a um ou outro futebolista; Jorge Mendes foi coroado como o ‘rei dos empresários’, isto é, o melhor agente FIFA do mundo pela Globe Soccer Awards (Dubai, 2010); Pinto da Costa foi distinguido com o prêmio de carreira também pela Globe Soccer Awards (Dubai, 2011) como o maior dirigente de futebol do mundo (o único dirigente de sempre a conquistar 51 títulos oficiais em futebol para o seu clube); Pedro Proença obteve da IFFHS (2012) o reconhecimento de melhor árbitro do mundo. Quer dizer, em 2000, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014 houve sempre um português no lugar mais alto do pódio do futebol mundial.

CR7 é a segunda personalidade mundial com mais fãs no Facebook e no Twitter (apenas atrás de Shakira) e o primeiro futebolista com mais fãs nessas duas redes sociais. E Wesley Moreira roendo as unhas de inveja!!!...  Ele até tem cara de flamenguista… e um ódio a Cristiano Ronaldo em tudo semelhante ao ódio declarado por Zico ao Botafogo.

2 comentários:

Anónimo disse...

RUI,gostaria de emitir minha opinião sobre essas,para mim,"mequetrefes" eleições da toda poderosa Sra FIFA.
Essa disputa boba e provocativa, entre tacanhos adeptos de MESSI e CR7, está de bom tamanho.Acredito até que os atletas não tenham tanta culpa.
Acho que os critérios deveriam ser mudados.Alguém tem dúvidas que os dois são os melhores do mundo e continuarão a se-los por algum tempo? A quem interessa essa disputa anual? Por que ficar nisso até que, provavelmente, Neymar ou outro jogador cheguem ao topo e destronem os dois?
Por que ano que vem não elegem um jogador de defesa como o melhor do Mundo? Por que um grande zagueiro ou um goleiro como NEURER, não podem ser os melhores do mundo? Por que não um rodízio na premiação? Ah dirão os lorpas e pascácios, tem a seleção dos melhores.Eu sei,mas valorizado, o destaque amplo, geral e irrestrito é o eleito pelos deuses, sempre um atacante.
Penso ser uma injustiça com os atletas que defendem e pouco fazem gol.Quantos zagueiros e goleiros europeus de primeira linha poderiam receber o laurel e quebrar um pouco dessa monotonia que já está ficando enfadonha?
A realidade meu amigo é que muita gente acha que futebol é só o gol.É o que dá retorno aos patrocinadores.
A dona FIFA visa apenas faturar de acordo com os seus interesses e da corja encastelada no poder.JOTA.




Ruy Moura disse...

JOTA, genericamente concordo que o prêmio de melhor do mundo tem sido mais negativo do que positivo em virtude dos "tacanhos adeptos" que se digladiam estupidamente. Sem neurônios.

Especificamente, tenho outra opinião. Yasdhin (goleiro) recebeu a Bola de Ouro: Neuer fica a anos luz de Yashin.

Cannavaro (defesa) foi premiado já este século, bem como Luís Figo (médio). E Zidane também era um médio, não um atacante.

Em suma, o que sucede agora é que Messi e CR7 ultrapassam os limites estratosféricos nunca alcançados por nenhum atleta, porque nenhum deles se manteve no topo sucessivamente, ano após ano. CR7 e Messi sim. Daí que eu entendo que realmente não dá para premiar outros, apesar de haver atletas que eu gosto mesmo muito: Ibrahimovic, Robben, até mesmo o Neymar (se decidir crescer, coisa que ainda não fez, e se continuar com as suas provocações não creio que vá longe).

Abraços Gloriosos.

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