por RUY MOURA
editor do Mundo Botafogo
Antônio Evanil da Silva, o ‘Coronel’ nasceu em Quatis, município na Microrregião do Vale da Paraíba Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, a 27 de janeiro de 1935, tendo sido lateral esquerdo com grande destaque no Vasco da Gama.
Coronel, o lendário lateral-esquerdo chegou em São Januário ainda garoto e subiu aos profissionais e ao coração da torcida vascaína com a imagem de um espírito guerreiro e de liderança, que lhe valeu o apelido de Coronel.
Em 1958 venceu o Super-supercampeonato estadual mais emocionante de todos os tempos, formando uma das linhas defensivas mais famosas da história do Cruz-Maltino - Paulinho, Bellini, Orlando Peçanha e Coronel.
Viril e raçudo, Coronel usava essas características para anular os grandes pontas-direitas da sua época, como Tilê, Dorval, Joel, entre muitos outros. Porém, os seus combates mais épicos foram diante de Garrincha, o que lhe valeu, segundo algumas opiniões, ficar conhecido mundialmente como o melhor marcador de Garrincha.
Em seu livro “Minha bola, minha vida”, Nilton Santos narra uma pitoresca cena referente à dupla Garrincha-Coronel:
– “O Coronel – lateral do Vasco – não dormia à noite, na véspera dos jogos contra o Garrincha. Quando dava a saída de bola, o Mané falava para ele: ‘Boa sorte, Coronel, vamos lá’. Ele respondia: ‘Seja o que Deus quiser, Garrincha’.”
– “Num Campeonato Carioca, precisávamos ganhar do Vasco. Bolei uma sacanagem. O Coronel era muito leal com o Garrincha. Não dava pontapés nele, mas o segurava pelas pernas e pela camisa. Pensando nisso, pedi ao Aluísio, roupeiro, que colocasse a camisa do Mané de molho na água sanitária. Isso faria com que o tecido ficasse mais frágil, e quando o Coronel ou outro jogador adversário o segurasse, rasgaria a camisa dele. O juiz, é claro, expulsaria o jogador. […] Aluísio disse que topava.”
– “O jogo começou e o Coronel chegava a sair de rastro de tanto segurar na camisa de Garrincha. Eu, sem entender nada, cobrei do Aluísio no intervalo do jogo: ‘E aí, Aluísio, não aconteceu nada, você fez?’ E ele, risonho: ‘Você quer me ferrar. Que amigo é você?’”
Entrevistado em 2014, Coronel falou assim de Garrincha:
– “A associação com Garrincha não é um sonho, mas um pesadelo. Um dia eu tive um pesadelo. Aí dei um tapa na minha mulher dormindo. Eu pedia para ele soltar a bola e ele não soltava.”
– “Fui um ´João’, mas um João privilegiado, porque não foi só marcar o Mané, foi jogar ao lado dele.”
– “Se olhasse para as pernas eu já estava driblado. Tinha que olhar na cabeça do Mané para onde é que ele ia. E nós sabíamos que ele só ia para a lateral, e ele conseguia passar assim mesmo. Tinha hora que ele jogava em cima da risca, da linha de campo, e passava por fora. Como jogador ele não foi normal.”
No estrangeiro perguntavam a Coronel como conseguia marcar Garrinha e o craque vascaíno explicava: – “Eu dizia que não era só por acaso não, porque eu também apelava para as mãos, não é? Segurava. Porque se eu não segurasse, já era. Todos que tentaram marcar o Mané se deram mal como eu me dava mal.”
E depois do jogo a amizade, contada por Coronel: – “No dia seguinte estávamos juntos, né, lá na ilha [do Governador]. Ele pescando os caranguejos dele lá, os siri, e eu acompanhando. Eu era o carregador de caranguejo dele.”
A maioria dos inquiridos à época considerou Coronel o melhor marcador do inimitável Garrincha, o ‘Anjo das Pernas Tortas’, a ‘Alegria do Povo’.
__ FIM DA SÉRIE __
Fontes principais:
http://www.espn.com.br/video/399621_historias-do-esporte-coronel-dos-pobres-e-os-pesadelos-com-mane
2 comentários:
Bom dia Ruy!
Querido Coronel, só não foi o melhor João esse era o Jordan hein!hahaha
Mas eu acho o Coronel o que tem a história mais bonita com o Mane, apesar de segundo relatos não se limitava a segurar a camisa não! Hahaahha
Tenho um grande amigo Cruz Maltino, que cansou de ver os bailes no Maracanã e até hoje sente pena do Coronel, que em sua opinião fora um grande lateral que teve a sua frente, o maior driblador entre todos na história do futebol.
Eu concordo com ele!
Viva o nosso Mané e Viva o nosso "coroné"
Abração Ruy!
Cada 'João' com a sua história. Todas com seu quê de ineditismo.
Hoje não haveria Altair, nem Jordan, nem Coronel. Já nenhuma dupla que se defronta fica num clube tantos anos. Ou muda o atacante, ou muda o lateral, ou mudam os dois. Eu gostava mais dos tempos antigos do futebol.
Grande abraço, companheiro, Leymir.
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