por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Jorge ‘Santoro’ Herrmann nasceu no dia 29 de junho de
1944, em Belo Horizonte, e faleceu a 26 de fevereiro de 2011, em Johannesburg,
Gauteng, África do Sul, após súbito ataque cardíaco. Era filho de Fernando
Herrmann e Yolanda Herrmann.
Na verdade, Jorge Herrmann não tinha ‘Santoro’ no nome. A
alcunha só mais tarde integrou o seu nome e teve origem numa famosa atriz da
época, Fada Santoro, tia de Jorge Herrmann.
Bem cedo Santoro se mudou para o Rio de Janeiro,
crescendo, jogando bola na praia de Copacabana e futsal pelo Flamengo, dando os
primeiros passos no campo pelo Centenário, de Petrópolis, aos fins de semana.
Porém, foi no futebol de areia que se tornou craque da
equipe do Lá Vai Bola, e foi assim que Renatinho Estelita, torcedor dessa
equipe e filho de Renato Estelita, então diretor de futebol do Botafogo, o
indicou ao pai, que acabou por levá-lo para General Severiano, aos 17 anos de
idade.
Segundo o Correio da Manhã, o Santos também estaria interessado em Santoro, mas ele preferiu o Botafogo pela proximidade a casa. O jornal descreveu-o como “dono de uma vasta cabeleira e inibido, mas com potencial para se tornar um craque”. A partir dos primeiros treinos começou a ser preparado como um dos candidatos a suprir a saída de Didi para o Sporting Cristal, do Peru, após a Copa do Mundo de 1962.
Na edição de 12.12.1962, o periódico alegou que Santoro auferia
um salário de 25.000 cruzeiros mensais e que os dirigentes esconderam da
imprensa a nova aquisição para evitar alardes, além de que seria primo de
Heleno de Freitas, parentesco não confirmado.
Porém, certo mesmo é que Santoro apareceu em jornais da
época ao lado de Garrincha, Jairzinho, Amarildo, Zagallo, Nilton Santos, Manga
e Quarentinha, e jogou pelo Botafogo no início de 1963, juntando-se aos
principais jogadores do elenco e ao técnico Marinho Rodrigues – pai adotivo de
Paulo Cézar ‘Caju’ – numa excursão pela América do Sul.
É dessa viagem que existem registros conhecidos de
partidas oficiais pelo Botafogo: dois jogos contra o Barcelona de Guayaquil
(Equador) e Millonarios (Colômbia).
Santoro estreou pelo Botafogo no dia 16 de janeiro de 1963, na vitória por 5x0 sobre o Barcelona, do Equador, com gols de Quarentinha, aos 9’, Amarildo, aos 13’ e 55’, e Garrincha, aos 30’ e 49’. Tratou-se de um jogo amistoso que decorreu no Estádio George Capwell, em Guayaquil, sob a arbitragem de Arturo Yamasaki, tendo o Botafogo sido comandado por Marinho Rodrigues e alinhado com Manga; Paulistinha, Jadir (Nagel), Nilton Santos (Zé Maria) e Rildo; Ayrton e Édison (Romeu); Garrincha, Quarentinha (Iroldo), Amarildo (Santoro) e Zagallo (Luiz Carlos França).
A sua última partida pelo Botafogo foi realizada no dia
27 de janeiro, durante a mesma excursão, em empate por 0x0 com o Millonarios,
da Colômbia. Tratou-se também de um jogo amistoso que decorreu no Estádio El
Campin, em Bogotá, tendo o Botafogo sido comandado por Marinho Rodrigues e
alinhado com Manga; Joel, Jadir, Nilton Santos e Rildo; Ayrton e Édison; Garrincha
(Luiz Carlos França), Quarentinha, Amarildo (Santoro) e Zagallo.
Após essa excursão, Santoro esteve fora do futebol por
quase um ano e por isso o Botafogo foi em busca de um novo substituto para
Didi, adquirindo Gérson ao rival Flamengo. Uma lesão mudou tudo num instante e
fez acontecer Gérson, o Canhotinha de Ouro, conquistando a glória que poderia
ter pertencido a Santoro no Botafogo.
E o destino glorioso de Santoro mudou de rumo.
Após a sua recuperação, o técnico chileno Mario Tuani
convenceu Santoro, no ano seguinte, a rumar à África do Sul, tendo feito,
assim, uma rápida passagem pelo Botafogo, praticamente anônima, antes de mudar
de país, conquistar fama e tornar-se popular na África do Sul, onde se fixou em
1964.
Santoro foi jogar pelo Hellenic (1964-1965) e, mais tarde, pelo Highlands Park (1966-1967), a maior equipe de Joanesburgo, Powerlines (1968-1970), Highland Power (1971), Berea Park (1971-1972), Arcadia Shepherds (1973) e Johannesburg Corinthians (1974), antes de se aposentar em razão de um acidente de viação que sofrera no Brasil. Quando retornou à África do Sul enveredou pela carreira de treinador no Moroka Swallows, Lusitano e Giant Blackpool.
Canhoto muito habilidoso, ganhou fama no Highlands Park e
todos iam ao estádio para vê-lo jogar, ganhando o apelido de ‘Príncipe’ e
tornando-se o jogador mais caro da Liga Sul-africana.
“Quando ele veio
para a África do Sul com o compatriota Walter da Silva, a dupla trouxe uma nova
dimensão ao nosso futebol.” – Martin Cohen, ex-grande jogador do Highlands
Park.
Martin Cohen salientou, ainda, que “o seu talento excepcional e a sua capacidade de se combinar com Silva
de forma estranha na procura gols, emocionaram os espectadores e foram um
exemplo a seguir por outros jogadores”.
E segundo Kaizer Motaung, ex-astro, fundador e presidente
do Kaizer Chiefs FC, “Santoro está entre
os maiores jogadores de todos os tempos neste país.”
Jorge Santoro foi respeitado, admirado e reverenciado,
sendo considerado um gênio que colocou de pé o futebol da África do Sul com um
brilho raramente visto, inspirando uma geração inteira como jogador e outra
geração inteira como treinador.
Fontes principais: Correio da Manhã 12.12.1962; en.wikipedia.org; Metro Sport; www.ge.globo.com; www.geni.com;
www.sowetanlive.co.za; www.timeslive.co.za
4 comentários:
Interessante essa história. Confesso que nunca ouvi falar desse jogador.
Outro fato que chama a atenção é o futebol de praia ter produzido vários bons jogadores: Heleno de Freitas, PC Caju, Edinho, Júnior, e outros que agora não me recordo.
Quando morei em Copacabana quando era possível, no sábado a tarde assistia jogos do campeonato futebol de praia, era jogos muito interessantes.
Uma única vez joguei uma partida de futebol de praia pelo Lagoa contra o Botafogo do Neném Prancha, incrível, jogar contra aquela camisa foi uma sensação estranha, eu acho que se por acaso me tornasse profissional, algo improvável, eu nunca conseguiria encarar o nosso querido Botafogo. Joguei na lateral direita, tomei um passeio do ponta esquerda do Botafogo, além do cara ser muito veloz eu poucas vezes joguei futebol de praia, e é muito difícil para quem não está acostumado, e pior, na época eu era um fumante inveterado, ou seja, fôlego muito ruim . Na grama ainda dava, mas na praia o desgaste é muito grande. O único consolo que o jogo terminou 0X0. Mas o baile que tomei foi terrível. ABS e SB!
Realmente o futebol de praia foi uma fonte de bons atletas. Eu nunca joguei futebol de praia. Nunca gostei de andar na areia. É difícil, cansa as pernas e incomoda-me a areia entre os dedos. Mas joguei muito futebol e futebol de salão, e fui campeão futebol e futsal escolar e campeão de futebol militar no tempo do serviço militar obrigatório. Também pratiquei outros desportos, e gostava de andar a cavalo e de bicicleta; fiz muito karting, nadava, também fiz uma temporada de vela, e como quase todo o mundo joguei bilhar simples e às 3 tabelas e snooker, à mesa gostava de crapô, canasta e buraco, mas a minha grande paixão de mesa foi e é o xadrez.
E nunca fui driblado no futebol e no futsal porque... fui sempre goleiro! E era destemido! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
Sérgio e Ruy são hilários no futebol praiano. Parabéns ao editor do MB pela incrível redescoberta do "Santoro". Só faltou uma foto. Pelo menos da Fadinha para o torcedor novo conhecer.
Obrigado, Vanilson. Eu tenho 4 fotos para essa publicação, todavia tenho problemas com o blogger. Há umas semanas o blogger mudou figurino e não me dexiou introduzir fotos. Passados 3 dias tornou a permitir fotos e fiquei tranquilo. Agora, há uns dias, diz-me queocorre um erro e não posso publicar. Só me deixa publicar fotos que estão no arquivo, e por isso publiquei apenas o escudo para o artigo não ficar sem publicação. Nãosei quem posa verificar o erro, e cmo estou assoberbado de trabalho não tenho tido tempo deir em busca de algum que saiba do assunto. Está ruim.
Sobre futebol de praia do Sergio e de mim, é caso para dizer que não é a nossa praia! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
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