por Fernando Lôpo
publicado em Mundo Botafogo e Comfogo
Botafogo versus Sport. Jogo medíocre, sem apelo, apenas 8500 pagantes num estádio onde cabem 45 mil. Mas vamos lá.
Meu local favorito é Oeste Superior. Não dá para ir lá. Sou trouxa-sofredor, quer dizer, sócio-torcedor, cujo programa não contempla aquele setor. Mas me permitem circular por Norte, Sul, Leste Inferior e Leste Superior, pois para eles é tudo a mesma coisa. Desses, gosto mais do Leste Superior. Também não posso ir nesse. Fecharam, como que admitindo que “a torcida não vai mesmo”, e talvez até agradecendo por isso, por dar menos trabalho.
Pago 40 reais no meu sócio-torcedor porque é plano família. Se eu pagar 10 pratas de estacionamento em todo jogo, num mês como julho (mês de jogos quarta e domingo, o que dá 8 jogos no mês, sendo 4 em casa) pagarei um sócio-torcedor a mais só de estacionamento. Se parar em ruas em volta, vagabundo (me desculpem o termo, mas não encontro outro melhor) vem me extorquir em 5 pratas (isso no mínimo, pois chegam pedindo mais). Se eu parar do outro lado da linha do trem, preciso dar a volta em parte do estádio porque minha entrada é no Leste, não posso entrar pelo Oeste. Há de se fazer uma escolha dentre as sensacionais opções.
Chegando lá, mesmo com o bisonho público de 8500 pessoas, há um inexplicável exército de cambistas perturbando o indivíduo até entrar no estádio. Isso já me faz entrar no estádio de péssimo humor, muito irritado. Também é muito comum que haja uma incrível demora para passar pelas bilheterias e entrar no estádio. Absolutamente inexplicável.
Uma vez dentro do estádio, na Leste Inferior, nota-se que o setor está quase lotado, pois estão as torcidas organizadas e os torcedores comuns todos juntos. Não bastassem os caras com bandeiras à frente do torcedor comum, as placas de publicidade impedem que um indivíduo se sente ali embaixo e tenha visão plena do jogo. O nome disso é enganação, estelionato, pernada. Todo o setor Leste Inferior é ponto cego, não há visão completa do campo. O mesmo pode ser aplicado aos setoes atrás dos gols.
Uma sugestão seria fazer as placas de algum material que permita a quem olhar de frente ver as propagandas mas que seja transparente para quem vê de trás. Há de se conseguir uma solução imediata para isso. Não pode o cidadão pagar para ver placas, não ver a bola, ver os jogadores da cintura para cima. É enganação.
Sendo assim, opto por ver os dois tempos em pé, lá atrás, de onde consigo ver a linha lateral. Eu e vários outros lá em pé.
Ah, você tem fome? Isso acontece muito em jogos às 19h30. Pode comprar um sensacional mini-cachorro-quente por 4 contos. Mais 3 na Coca, 7 pratas. Se tiver filho, mais 7. Se quiser algo mais, leve 2 biscoitos O Globo por 5 pratas. Ou um sorvete com preço totalmente fora de tabela.
Pago 40 reais no sócio-torcedor porque é plano família, que nada mais é do que um remendo ao abusivo (e totalmente fora da realidade) preço de 55 reais. Ontem perguntei a um amigo meu se ia no jogo. Ele disse que vai a todos. Perguntei se é sócio-torcedor. Ele disse que não, que paga meia entrada e sai mais barato. Verdade. Nesse mês, ele vai gastar 20 reais em ingressos. Em julho, com jogo quarta e domingo, gasta 40 reais. Sem contar que paguei todo aquele período das finais do torneio provinciano em que praticamente não usamos o Engenhão. Fora isso, também houve durante o Caixão 2009 um período em que ficamos um mês sem atuar lá.
Não há nenhum benefício adicional. A única diferença para o ano passado é que o desse ano dá direito em torneios mata-mata, como Sulamericana (que sei lá quando é e dificilmente faremos mais de 3 jogos em casa) e Copa do Brasil. Mas o benefício da Copa do Brasil esse time nos tirou na 2ª fase.
Já discutimos várias vezes, já cansei de repetir minha opinião de que precisamos ter metas, meta de tantos sócios, de um dia ter lugar marcado, de mexer em estatuto no que for preciso, etc. Mas há coisas que são simples de serem feitas logo e outras que são patéticas demais para se justificar ainda existirem.
Não há desculpa para a falta de setorização, para os preços ridículos, para serviços caros e ruins lá dentro, etc.
Não vou nem falar do time horroroso que hoje é o maior fator a espantar a torcida. Esse time dá pesadelo.
Se a relação não fosse torcedor-clube e fosse meramente consumidor-empresa, eu jamais poria os pés lá de novo ou os teria processado pelos péssimos serviços e total violação dos direitos do consumidor.
Mas diante de tudo isso, dói ouvir que o estádio é inviável e a torcida não vai. Administrado dessa maneira, o campinho do Aterro é inviável, o Caio Martins é inviável, o Maracanã é inviável, Wembley é inviável e, claro, o Engenhão é inviável.
Por isso, apenas corrijo um pouquinho esse pensamento. Prefiro dizer que essa maneira de administrar do Botafogo é inviável.
Rio de Janeiro, Maio 2009
publicado em Mundo Botafogo e Comfogo
Botafogo versus Sport. Jogo medíocre, sem apelo, apenas 8500 pagantes num estádio onde cabem 45 mil. Mas vamos lá.
Meu local favorito é Oeste Superior. Não dá para ir lá. Sou trouxa-sofredor, quer dizer, sócio-torcedor, cujo programa não contempla aquele setor. Mas me permitem circular por Norte, Sul, Leste Inferior e Leste Superior, pois para eles é tudo a mesma coisa. Desses, gosto mais do Leste Superior. Também não posso ir nesse. Fecharam, como que admitindo que “a torcida não vai mesmo”, e talvez até agradecendo por isso, por dar menos trabalho.
Pago 40 reais no meu sócio-torcedor porque é plano família. Se eu pagar 10 pratas de estacionamento em todo jogo, num mês como julho (mês de jogos quarta e domingo, o que dá 8 jogos no mês, sendo 4 em casa) pagarei um sócio-torcedor a mais só de estacionamento. Se parar em ruas em volta, vagabundo (me desculpem o termo, mas não encontro outro melhor) vem me extorquir em 5 pratas (isso no mínimo, pois chegam pedindo mais). Se eu parar do outro lado da linha do trem, preciso dar a volta em parte do estádio porque minha entrada é no Leste, não posso entrar pelo Oeste. Há de se fazer uma escolha dentre as sensacionais opções.
Chegando lá, mesmo com o bisonho público de 8500 pessoas, há um inexplicável exército de cambistas perturbando o indivíduo até entrar no estádio. Isso já me faz entrar no estádio de péssimo humor, muito irritado. Também é muito comum que haja uma incrível demora para passar pelas bilheterias e entrar no estádio. Absolutamente inexplicável.
Uma vez dentro do estádio, na Leste Inferior, nota-se que o setor está quase lotado, pois estão as torcidas organizadas e os torcedores comuns todos juntos. Não bastassem os caras com bandeiras à frente do torcedor comum, as placas de publicidade impedem que um indivíduo se sente ali embaixo e tenha visão plena do jogo. O nome disso é enganação, estelionato, pernada. Todo o setor Leste Inferior é ponto cego, não há visão completa do campo. O mesmo pode ser aplicado aos setoes atrás dos gols.
Uma sugestão seria fazer as placas de algum material que permita a quem olhar de frente ver as propagandas mas que seja transparente para quem vê de trás. Há de se conseguir uma solução imediata para isso. Não pode o cidadão pagar para ver placas, não ver a bola, ver os jogadores da cintura para cima. É enganação.
Sendo assim, opto por ver os dois tempos em pé, lá atrás, de onde consigo ver a linha lateral. Eu e vários outros lá em pé.
Ah, você tem fome? Isso acontece muito em jogos às 19h30. Pode comprar um sensacional mini-cachorro-quente por 4 contos. Mais 3 na Coca, 7 pratas. Se tiver filho, mais 7. Se quiser algo mais, leve 2 biscoitos O Globo por 5 pratas. Ou um sorvete com preço totalmente fora de tabela.
Pago 40 reais no sócio-torcedor porque é plano família, que nada mais é do que um remendo ao abusivo (e totalmente fora da realidade) preço de 55 reais. Ontem perguntei a um amigo meu se ia no jogo. Ele disse que vai a todos. Perguntei se é sócio-torcedor. Ele disse que não, que paga meia entrada e sai mais barato. Verdade. Nesse mês, ele vai gastar 20 reais em ingressos. Em julho, com jogo quarta e domingo, gasta 40 reais. Sem contar que paguei todo aquele período das finais do torneio provinciano em que praticamente não usamos o Engenhão. Fora isso, também houve durante o Caixão 2009 um período em que ficamos um mês sem atuar lá.
Não há nenhum benefício adicional. A única diferença para o ano passado é que o desse ano dá direito em torneios mata-mata, como Sulamericana (que sei lá quando é e dificilmente faremos mais de 3 jogos em casa) e Copa do Brasil. Mas o benefício da Copa do Brasil esse time nos tirou na 2ª fase.
Já discutimos várias vezes, já cansei de repetir minha opinião de que precisamos ter metas, meta de tantos sócios, de um dia ter lugar marcado, de mexer em estatuto no que for preciso, etc. Mas há coisas que são simples de serem feitas logo e outras que são patéticas demais para se justificar ainda existirem.
Não há desculpa para a falta de setorização, para os preços ridículos, para serviços caros e ruins lá dentro, etc.
Não vou nem falar do time horroroso que hoje é o maior fator a espantar a torcida. Esse time dá pesadelo.
Se a relação não fosse torcedor-clube e fosse meramente consumidor-empresa, eu jamais poria os pés lá de novo ou os teria processado pelos péssimos serviços e total violação dos direitos do consumidor.
Mas diante de tudo isso, dói ouvir que o estádio é inviável e a torcida não vai. Administrado dessa maneira, o campinho do Aterro é inviável, o Caio Martins é inviável, o Maracanã é inviável, Wembley é inviável e, claro, o Engenhão é inviável.
Por isso, apenas corrijo um pouquinho esse pensamento. Prefiro dizer que essa maneira de administrar do Botafogo é inviável.
Rio de Janeiro, Maio 2009
.bmp)
9 comentários:
Fernando,
Perfeito o teu comentário. Sou sócio torcedor e sofro dos mesmos problemas. Talvez seja o amor pelo nosso BOTAFOGO e vontade de ajudar ou participar que continuamos no plano.
A única coisa que posso indicar, caso ainda não saibas, é que do estacionamento do estádio há passagem e venda do ingresso sem que sejamos atormentados pelo exército de cambistas.
Quanto à torcida eu acredito que só voltará quando o time passar confiança e estamos muito longe disso. Nesse ano só marcamos presença contra o Resende. Quantos tempos não dividimos o estádio e proporcionamos grandes festas?
Valeu Rui!
Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!
Fernando e Rui,
fico me perguntando se valeu a pena
o BFR ter assumido esse Engenhão.
Primeiro que este estádio é quase
que neutro pois enquanto não se fechar inteiramente o anel o som se
diluirá(como é) fazendo com que ninguém que está no campo ouça a
voz das arquibancadas.Em segundo faltaram as obras do entorno do estádio,etc.Creio que sómente uns tres ou quatro jogos do Glorioso ultrapassou trinta mil pagantes.Sómente uma competição de atletismo ali foi disputado.Será que valeu?
Talvez isso comece a mudar. Leiam notícia abaixo:
Botafogo já tem nome para substituir diretor de marketing
Beto Macedo explica demissão de Marcelo Guimarães e anuncia Josué Tiffot
Rodrigo Ciantar
RIO DE JANEIRO
Um dia após demitir Marcelo Guimarães, o Botafogo já tem um novo nome para a função de diretor de marketing do clube: Josué Tiffot, que até semanas atrás trabalhava no Internacional. Beto Macedo, vice-presidente de comunicação social do do Alvinegro explica que esse contratação servirá principalmente para ampliar o projeto de sócio-torcedor.
- O Josué Tiffot já começa a trabalhar no dia 15 deste mês. Ele fez parte dos projetos de marketing do Internacional, principalmente do sócio-torcedor. Queremos ter algo parecido aqui no Botafogo (grifo meu). Acredito que essa contratação será muito benéfica para nós - disse Beto, para depois explicar a demissão de Marcelo Guimarães.
- Esta situação já estava sendo estudada há alguns dias. Não tenho problemas com o Marcelo Guimarães, ele é um ótimo profissional. Apenas temos formas diferentes de trabalhar. São pensamentos distintos. Por isso, achamos por bem a saída dele do clube.
Fonte: Lance!
Gil, eu sei do estacionamento, mas me recuso terminantemente a pagar 10 reais para deixar meu carro parado por 2h30. Uns 5 reais ainda vai, mas 10 reais é um valor muito abusivo.
Muga, o Engenhão vale a pena e muito. Se eu fosse fazer um estádio não seria ali nem daquele jeito, mas jamais teremos como construir um por conta própria, ainda mais em crise e na situação em que estamos.
Sobre o som, realmente o fato de não terem construído ainda as arquibancadas superiores atrás dos gols cria um corredor de vento que prejudica, além de fazer com que as pessoas desses setores peguem chuva. Mas estive lá contra o Corínthians e fiquei na Leste Superior. Eles estavam an SUl e eu os ouvia muito bem o jogo todo.
O problema também é que nossas organizadas se enfraqueceram muito e ainda ficam brigando entre si (brigando mesmo, pancadaria). E deveriam definir de uma vez por todas onde elas ficam.
Calanguis, sobre o novo diretor de marketing, todo mundo muito animado com isso. Curiosamente, não achei nada sobre ele no Google, nem sobre sua passagem pelo Inter. Mas vamos esperar o trabalho. O companheiro Márcio Padilha, que é publicitário e conselheiro do clube (e que presta muitos serviços por conta própria ao clube e em especial ao Mestre Nílton Santos, cuja página oficial em breve estará no ar), é também amigo de Beto Macedo (vice de comunicação), e disse que Macedo há muito pretendia contratar esse profissional.
Ele também encaminhou esse texto ao Beto Macedo e já vinha avisando há um tempo que haverá novidades no programa de sócio-torcedor. Ontem fui no Botafogo e a menina lá do Botafogo no Coração me disse o seguinte: "virão novos planos em breve. Acho que terão algumas daquelas coisas qeu você vivia falando". Acho que ganhei fama de chato por lá. hehehe
Não faço ideia do qeu virá por aí, mas acredito que basicamente haverá setorização tanto de ingressos como de planos de sócio-torcedor. Não espero nenhuma revolução, mas se fizerem isso já teremos o mínimo do mínimo que se espera de um plano de sócio-torcedor.
Sobre algo mais avançado e que nos faça entrar no século XXI (sócio-torcedor com direito a voto, o que representaria a abertura do clube), vamos aguardar o novo responsável pelo marketing e ver como reagirão certos indivíduos lá de dentro do clube que além de não ajudarem a remar ainda funcionam como âncoras.
Também nas matérias sobre a apresentação de Josué Tiffot, eles falaram sobre também valorizar o torcedor de fora do Estado do Rio, visto que segundo as pesquisas o Botafogo tem 3 vezes mais torcedores fora do Rio do que no Rio.
Aguardaremos torcendo pra tudo dar certo.
Nobre Fernando,
Dei uma googada e descobri que o novo gerente de MKT, cujo nome correto é Josué Tissot era gerente comercial do Internacional. O que não é pouca coisa.
Serão prenúncios de novos tempos?
Espero que sim. Que venham novos tempos. E logo, pois o vasco já está com um sócio-torcedor muito bem sucedido e o flamengo ameaça o mesmo.
Obrigado pelo texto, Fernando! Abraços Gloriosos!
Oportuna a crônica do Fernando. Eu mesmo aderi ao Torcedor Oficial em maio de 2007. Resisti até o final de 2008. E descobri que outros, como vocês, foram verdadeiros heróis e concomitantemente apaixonados por manterem-se até hoje neste programa, comprovadamente inviável, como o nosso estádio.
Freqüento o Engenhão e sei de sues problemas, mas ainda o que inviabiliza o estádio é o time alvinegro. Com certeza, mesmo com essa nulidade que aí está, se vencermos 2 ou 3 jogos a torcida volta, pois ela é movida pela paixão. Alguém consegue explicar o transbordo do Caio Martins na série B? sim, o amor por este clube.
Rezamos para que o novo diretor de Marketing supra nossas carências e nos dê o conforto prometido, pois não há diferença em termo de serviço do Engenhão para o Maracanã, ainda péssimo também.
Cadê os projetos que criariam Campus Universitário, Casa de Show, Shopping, Restaurantes e condições mínimas de acesso ao estádio? Somente agora fala-se em criação de um viaduto, no ano que vem, pois o Maracanã estará fechado. Tá na cara que é mais uma medida paliativa, pois se o choque de ordem chegar ao Engenhão ficaremos de fato sem ter o que comer e beber nas adjacências. Ah Botafogo, por que nos maltrata tanto! E por que eu te amamos tanto!?!
Ed Barreto
Saudações Alvinegras
Enviar um comentário