Confesso não
estar em posse de todos os elementos para avaliar a situação completamente, mas
os indícios que registro através da leitura e da audição dos noticiários não me
inspiram confiança e parece-me que o Botafogo precisa de uma remodelação a
vários níveis.
Sei que a
diretoria foi corajosa a enfrentar os problemas, mas receio que não tenha
colocado o discernimento necessário ao serviço da gestão e de um profissionalismo
que quase sempre faltou ao nosso Clube em quase 122 anos de existência.
Se não
formos verdadeiramente competentes na escolha de profissionais também competentes
e continuarmos com o improvisado amadorismo que ainda nos caracteriza, o futuro
não sorrirá.
Enquanto o
mundo desenvolvido do futebol de clubes foi alavancado através de um extremo
profissionalismo, no Botafogo mantêm-se voluntarismos insuficientes,
amadorismos ultrapassados, vontades sem consistência real.
Posso
enganar-me – coisa que relativamente ao nosso Botafogo é muito rara, como se
pode constatar pelas nossas opiniões geralmente (e infelizmente) certeiras ao
longo de oito anos – mas vejo o departamento jurídico perdendo batalha atrás de
batalha, vejo o departamento de marketing não ganhando nenhum combate, vejo o
departamento de futebol incapaz de se renovar e de montar um plantel
minimamente aceitável para ficarmos entre o 8º e o 12º lugar no ‘Brasileirão’,
vejo comissões técnicas de futebol profissional e de futebol de bases tecnicamente
impreparadas e sem articulação para integrar adequadamente jovens revelações
que sem acompanhamento verdadeiramente profissional se perderão – como muitos
outros no passado.
E vejo falta
de definição das modalidades que devem ser a base permanente do Clube, em vez
de se alternar, ano após ano, as modalidades apoiadas, bem como vejo que o
maior (ir)responsável da gestão anterior do Clube ainda não foi expulso e
processado mediante uma auditoria adequada, e vejo os estatutos ainda sem
alteração de modo a que o Botafogo seja finalmente dos seus sócios-torcedores e
não apenas de umas dezenas de sócios que têm comandado os destinos do Clube e o
têm levado ao ponto onde está.
Que nenhum
torcedor pense que o caminho em 2016 é de façanhas. Desde 1995 que não temos
nenhum título de amplitude nacional no futebol e não vamos consegui-lo se os
nossos esforços não incidirem na criação de uma verdadeira estrutura
profissional consistente, persistente e convincente que recoloque o Botafogo na
galeria das glórias de outrora.
Se de uma
vez por todas o Botafogo não seguir esse caminho seremos o ex-Glasgow Rangers
(que foi campeão de 54 campeonatos escoceses e atualmente se designa por
Rangers FC), que recomeçou o seu trajeto a partir da 4ª divisão escocesa.
E se a diretoria
e os torcedores não acreditarem, então que sigam o mesmo caminho de
inconsistência que nos tem caracterizado desde a década de 1970 – excetuando-se
o período iniciado por Emil Pinheiro que nos devolveu o orgulho alvinegro.
Quanto mais se deixa avançar uma crise, mais difícil se torna debelá-la.
O editor do
blogue mais teria para argumentar, mas fica-se por estas notas. Por enquanto…
2 comentários:
Companheiro Rui,
"Enquanto o mundo desenvolvido do futebol de clubes foi alavancado através de um extremo profissionalismo, no Botafogo mantêm-se voluntarismos insuficientes, amadorismos ultrapassados, vontades sem consistência real."
"criação de uma verdadeira estrutura profissional consistente, persistente e convincente"???
Esse último pensamento coloquei interrogações, pois, é o que sempre pregou e prega o Mundo Botafogo em toda sua existência. Porém, as famílias tradicionais, grandes beneméritos, beneméritos, sócios Proprietários, preferem manter a "profissionalização" do Clube do Bolinha. Ou seja, só Eles podem ter o poder e comprovadamente estão acabando com o Clube, lentamente.
Como Você citou, muito pouco ter conquistado apenas 4 títulos estaduais nos quase 20 anos.
Nosso maior patrimônio (torcida), não se renova.
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Infelizmente, estou de acordo com o que escreveste. As famílias tradicionais deviam ter mais 'miolos', mas não têm. As grandes famílias tradicionais, que outrora eram esclarecidas e constituíam elites parece que não entraram na modernidade e ficaram no Botafogo social das tardes dançantes, nos jogos de bastidores, e não percebem que o poder que acham que têm e querem preservar é um poder em plena erosão pela decrepitude do Botafogo. A inteligência dos antigos parece que não foi foi passada aos membros mais novos dos clãs. Deixou de ser um Clube para ser uma Coutada. E sem renovação de torcida não é difícil prever-se o futuro... Abraços Gloriosos.
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