Na Internet,
e em especial no Facebook, lê-se, com alguma regularidade, textos contra as
diversas modalidades que o Botafogo de Futebol e Regatas pratica, em especial o
Remo. Sempre houve estes textos oriundos da ideia que o Clube de Regatas
Botafogo era um corpo estranho ao Botafogo de Futebol e Regatas, supostamente
apenas Botafogo Football Club, e certas pessoas sempre experimentaram
sentimentos de retração no que respeita ao Remo.
Atualmente,
a coberto da crise, há manifestos favoráveis à extinção de todas as modalidades
do Clube à exceção do Futebol. Particularmente no que respeita ao Remo
propõe-se que seja revisto o Estatuto e alterada a cláusula que consagrou o Remo
para sempre no Botafogo como condição para a fusão de 1942.
Pretende-se
desrespeitar esta cláusula de honra e destruir o Botafogo social e
multiesportivo que nos consagrou ao longo de décadas e décadas de sucesso nas
atividades aquáticas do Remo, Natação e Pólo Aquático. Pretende-se destruir
atividades com títulos mundiais e continentais tais como o Atletismo,
Basquetebol, Futebol de 7, Futsal e Voleibol.
Na Europa, o
Fundo Monetário Internacional (FMI) impôs, a pretexto da crise financeira, uma
reestruturação brutal que empobreceu alguns países da Europa bem sucedidos nas últimas
décadas e atirou a Grécia para o limbo dos países europeus. Foram destruídos
milhões de postos de trabalho e a recessão não se fez rogada e instalou-se,
fazendo as famílias perderem os seus empregos e as suas casas, apresentarem
falência individual ou rumando à emigração.
Atualmente,
o FMI considera que essa ‘receita’ foi errada e que devia ter havido outra
perspectiva centrada não na redução brutal das atividades económicas com a
falência de empresas e a destruição de milhões dos postos de trabalho, mas uma
reestruturação adequada da dívida que permitisse margem para manter o
investimento a um certo nível, buscar novos recursos e incrementar a
performance com vista ao aumento da acumulação de capital numa perspectiva
diversificada.
A coberto da
crise, o FMI e os governos elitistas aproveitaram para extirpar os benefícios
da classe média e as suas conquistas, empenhando por muitos anos uma
recuperação socioeconómica harmoniosa; a coberto da crise do Botafogo
pretende-se extirpar o desporto do Botafogo, vingar o estatuto de 1942 que
consagrou o remo para sempre e reduzi-lo a um simples clube de futebol.
Como disse
recentemente o presidente do Clube, o que não foi conseguido em 2015 refere-se
ao aumento de receitas: Pois então procurem-nas! É essa a obrigação dos corpos
dirigentes.
O problema
não é a existência de modalidades desportivas, mas a incapacidade de resolução
dos problemas jurídico-administrativos e de agregação de receitas suficientes
para recuperar o conjunto do Clube. Pois então procure-se as pessoas
competentes para resolver tais problemas!
E o
propósito de se extinguir as modalidades, aniquilar o remo do Estatuto e, ainda
assim, manter o nome de Regatas na designação do Clube (‘Regatas’ sem
regatas?!?!?!) baseia-se na perspectiva de uma economia de 175 mil reais por
mês (prejuízo das modalidades em 2015), valor que, segundo os veiculadores da
ideia, daria para pagar “uma parte das dívidas” de final de 2015 ao futebol,
sabendo nós que esse valor é mensalmente inferior ao salário mensal de um
jogador de futebol mediano da 1ª divisão do campeonato brasileiro. Que vistas
curtinhas têm essas pessoas… Ou tratar-se-á da oportunidade que foi
identificada, a coberto da crise, para destruir o nosso Clube multiesportivo em
favor da unicidade futebolística?
Os Joões
Saldanhas da exclusividade do futebol estão de regresso… Nesse início da década
de 1960 João Saldanha perdeu a batalha da exclusividade e nunca mais assumiu
nenhum cargo no Clube. E foi depois da sua saída que o Botafogo brilhou no
futebol ao mais alto nível mundial e conquistou, em dezenas de modalidades
desportivas, títulos continentais e brasileiros no Basquetebol, na Natação, no
Pólo Aquático, no Remo e no Voleibol. Porém, esse ‘passado derrotado’ pelo
extraordinário presidente Paulo Antônio Azeredo, quer regressar a coberto da
crise… Tal e qual a coberto da crise se vendeu o Casarão, que quase levou à
destruição do Botafogo, sabendo-se hoje que esse foi o caminho mais errado de
todos os possíveis à época.
Se os
autores de tais ideias maniqueístas, reducionistas, FMIstas, incapazes de uma
visão e de uma prospeção progressista de CLUBE, conseguirem os seus intentos
desportivamente tenebrosos, então tenham a coerência e a honradez de simultaneamente
proporem a alteração do hino popular do Botafogo do qual consta que “noutros
esportes tua fibra está presente”, a supressão do nome de ‘Regatas’ que faz
parte da designação do Clube, a reinstalação da designação ‘Botafogo Football
Club’ que vigorava antes do estatuto que se pretende rasgar e a reposição das
siglas BFC em lugar da Estrela Solitária, escudo que deve ser devolvido a quem
o criou e agora se pretende que seja extirpado da história do Clube Glorioso
(do futebol) da Estrela Solitária (do remo).
Ao NÓDOA
Assumpção que quase destruiu o Clube parece querer seguir-se uma espécie de ‘NÓDOA
em Ascensão’ que quer destruir o Clube desportivo tornando-o refém absoluto do
futebol.
Curiosamente,
se não fossem as modalidades desportivas do Glorioso Clube da Estrela
Solitária, que títulos nacionais e internacionais oficiais é que os
Botafoguense teriam comemorado desde 1995?...
Que se
procure o progresso e a auto-sustentação das modalidades (Futebol e todas as
demais) mediante a injeção de novas competências humanas para buscar recursos
adequados e não penhorar o futuro por uns escassos 175 mil reais mensais, repondo-se
uma dimensão de grandeza capaz de aniquilar a pequenez infinda de se destruir o
nosso Clube social e multiesportivo…
O futuro
humano não é a uniformidade e a monotonia, mas a diversidade e a variedade.
Virei um ‘Botafoguense
com Medo’, com medo que os neoliberalismos económicos, culturais e mentais
destruam a história e as tradições de quem subiu ao mais alto patamar do
Desporto Brasileiro.
Que Apolo de
Belvedere inspire a ação do Presidente e demais Dirigentes Botafoguenses para
impedirem a desonra das nossas origens e o suicídio desportivo!
Imagem:
Apolo do Belvedere, Deus das Artes e dos Esportes, cópia em mármore do bronze
original de Leócares (350 a.C. - 325 a.C.); Autor desconhecido, com
restaurações de Giovanni Montorsoli.
14 comentários:
Boa noite, acho que você foi muito feliz em abordar este tema pois por diversas vezes vejo "projetos de torcedores" criticarem veementemente nossos esportes olímpicos e amadores, que na minha opinião são os verdadeiros motivos de tornar o Botafogo tão grandioso e apaixonante como é, a maioria usa o argumento infame que o dinheiro gasto neles poderia ser aplicado no futebol, falta de conhecimento, porque só quem toca um desses departamentos sabe a luta para se conseguir um patrocínio ou investidor, alguns deram a sorte de terem o apoio e incentivo por parte do ministério do esporte outros infelizmente não gozam deste beneficio infelizmente, contudo várias dessas modalidades nos trouxeram bastantes conquistas, quem não se lembra do belo time de futebol 7 que a família Serôa montou no clube, campeão mundial e brasileiro na categoria masculina e feminina, da parceria com a Casa de Espanã tricampeão estadual adulto e da taça brasil sub-20 contra Carlos Barboza e etc; por fim nas ultimas semanas ouvir dizer que um torcedor emprestou uma quantia significante para quitar alguns salários atrasados no futebol do clube sendo que o Bota está nas prévias de iniciar uma superliga de vôlei, depois de décadas fora, com muita dificuldade do departamento que chega a pedir doações de torcedores, este dinheiro então poderia ser investido no vôlei para termos uma equipe forte a altura de nossas tradições.
Obrigado pelo comentário. Felizmente há mais gente que pensa como nós. Rejeito completamente essas ideias maniqueístas e reducionistas do nosso Glorioso, que se não há dúvida que o futebol é hoje a modalidade rainha, nada teríamos sido no Brasil sem a componente social e multiesportiva de Clube. São os 'neoliberais' à moda da política que querem aproveitar a crise para nos impor as chamadas 'inevitabilidades'. As 'inevitabilidades' neoliberais conduziram ao objetivo central de concentrar ainda mais a riqueza no mundo; e o que estes torcedores querem é concentrar tudo no futebol. Ademais isso é de um egoísmo incomensurável!
Abraços Gloriosos.
Totalmente abominável esta idéia.
1 - Há um erro dos clubes do Rio em não definir quais são suas modalidades. O Botafogo ora tem Nado Sincronizado, ora tem Futebol Society, ora tem Basquete Feminino, mas não se define quais as modalidades. Então, a primeira coisa é definir quais serão as modalidades praticadas pelo clube.
2 - O segundo critério é que via leis de incentivo, Flamengo e Vasco da Gama estão conseguindo recursos para que suas modalidades não dêem prejuízo.
3 - Fluminense e Flamengo têm as mais fortes bases do Rio e são custeadas pelos sócios que pagam mensalidade, pelas centenas de alunos das escolinhas e também pelas leis de incentivo.
4 - Por fim, acho inaceitável o Botafogo ter arrendado o Engenhão e não ter o Atletismo, esporte que já deu inúmeras glórias ao clube.
Completamente de acordo com os 4 pontos mencionados, Miguel. Abraços desportivos!
Não dá. É o remo que nos dá a Estrela Solitária, o campeão em Três Séculos, é acabar com parte de nossa identidade. Simplesmente não dá. Fora as outras modalidades que, como você bem ressaltou, nos deram conquistas mundiais e continentais. Há que se repelir veementemente tais propostas. SA.
Ao Senhor do Blog Esporte Rio, fico feliz por está interação, acompanho por vezes seu trabalho trazendo os louros de cada agremiação ou equipe, mas com todo respeito, acho alguns posts bem tendenciosos e com algumas inverdades. Ex: foi dito mal sobre o estadual de futsal sendo que neste ano foi muito mais organizado dividiu-se as equipes por regiões, para diminuir os custos com viagens, muito mais interessados apareceram, aconteceu sim alguns w.os. porém num todo foi bem produtivo. com o titulo ficando com a grande parceria de três grandes clubes, que por sinal foi muito mal abordada pelo blog. Outro caso é o basquete, não vi nenhuma menção ao trabalho inciado apenas no último ano do basquete masculino alvinegro que disputou a LDB sub-22, depois de anos fora de uma competição a nível nacional, quase se classificando a fase seguinte. Todavia não falta artigos sobre o time milionário adulto do fla, pois é!
Em relação aos pontos mencionados no seu comentário acima concordo que com uma pista daquela de atletismo no Nilton Santos, o mínimo seria iniciar uma escolinha no local. Sobre as leis de incentivo procure se informar melhor porque o remo e o pólo já usufrui deste artificio como outras modalidades, não sendo exclusividade de vasco e fla e quando foi citado nado sincronizado não me lembro do bota aderir a este esporte em competições profissionais, pelo menos dos anos 90 pra cá, saudações alvinegras!
Caro Anônimo:
1 - O Estadual de Futsal foi uma bagunça. Nem de longe lembra os campeonatos que acompanhei com muita emoção ao longo dos anos 90 até meados dos anos 2000. Times ruins, desconhecidos, com péssima divulgação por parte da FFSERJ, incapaz de atrair os outros grandes clubes do Rio e como você disse com vários WOs, além de desistências de equipes.
2 - O blog é muito mais focado nas equipes adultas, até porque é muito mais fácil obter informações. O blog enalteceu a campanha do Botafogo, que quase se classificou no Sub-22 e que foi campeão do Torneio Carioca. Infelizmente, o Botafogo acabou com o projeto do adulto. Quanto ao Fla, é a principal equipe do país.
3 - Se o Botafogo está se utilizando das leis de incentivo, por que tanto prejuízo? O Flamengo já equacionou sua receita com sua despesa. Não tem lucro, mas não tem prejuízo. O Vasco entrou no Profut. O Botafogo entrou?
4 - Sim, o Botafogo já teve Nado Sincronizado e mais de uma dezena de outras modalidades, entre elas Esgrima, Tênis, Atletismo, Levantamento de Peso, Aeromodelismo, etc, etc.
Caro Anônimo, eu também tenho algumas reticências relativamente ao tratamento que o Miguel dá a certas publicações - e à sua tendência natural para realçar o seu clube -, mas no conjunto entendo ser uma obra meritória. O Miguel aprecia muito os desportos em geral, o que começa a rarear entre os adeptos - que embandeiram cada vez mais pela unicidade do futebol. Não nego a importância crucial do futebol, mas não aceito o tratamento parcial que a imprensa faz relativamente aos demais desportos.
Quando o Miguel refere o Nado Sincronizado, realmente desde o final da década de 1970 o Botafogo não compete profissionalmente, mas creio que o Miguel referiu essa modalidade por lapso, porque o que queria dizer - e tem razão - é que não estabilizados as nossas modalidades - ora são umas, ora são outras. Por mim, a definição das modalidades a manter seria em torno de: Basquetebol, Futebol 7, Futsal, Natação, Pólo Aquático, Remo e Voleibol, além de eu defender que o Atletismo também deveria ser implementado.
No caso das lei de incentivo eu sei que o remo estaria nessas condições e que a comissão técnica referiu que o remo estaria auto-sustentado em 2015, mas segundo os dados financeiros apresentados pelos torcedores que defenderam a supressão de todos os esportes do Clube à exceção do futebol, o prejuízo existe.
Abraços Gloriosos.
Só mais um comentário para o amigo Anônimo: em geral, o Miguel tem carinho pelo Botafogo. Na verdade, um familiar CHEGADÍSSIMO a ele é Botafoguense. Creio que por isso o Miguel gosta do nosso Clube.
Abraços Gloriosos.
hahaha isso aí!
Sr. Rui perfeita as suas colocações, o mal maior do desporto hoje em dia é a parcialidade dos jornalistas, redatores e etc.
A o Sr. Miguel gostaria de deixar claro que admiro bastante seu trabalho, não deve ser fácil trazer tantos resultados de esportes em tão pouco tempo, porém é nítido que o companheiro está desatualizado. O Bota já aderiu ao Profut sim, quanto ao nado sincroniza o amigo Rui não me deixou mentir, o clube não compete profissionalmente a décadas. Quanto ao futsal concordo que a cobertura está muito deficiente e tem muita a coisa a se melhorar. Ainda está longe dos áureos tempos do futsal carioca, mas não reconhecer que houve um crescimento na ultima temporada é um erro, a adesão foi massante na categoria adulta e sub-20 com o modelo implantado. Dando chance a muitas equipes do grande Rio e interior participar, para o senhor estas são as equipes ruins, certo? O que dizer então de equipes tradicionais da capital que nem um projeto tem se contentam apenas com a base, a ultima temporada não faltou emoção volte a acompanhar e constatara, dizer que é por falta de atrativo, será? é falta de competência mesmo. A questão das finanças das modalidades não tenho dados concretos por isso seria leviano da minha parte emitir alguma opinião, só sei que são independentes, não são apenas atrelados as leis de incentivos tem outros investidores, o F7 e o vôlei são exemplos disso!
Saudações alvinegras
Realmente eu gostava de saber os números financeiros em jogo. Não conseguimos avaliar bem os esforços de financiamento dos esportes sem sabermos que lucros/prejuízos têm dado e o que têm valido os projetos de apoio às modalidades. No entanto, eu creio haver chances de pelo menos algumas modalidades sobreviverem pelos seus meios.
[Nota: prescindo da expressão 'Sr. Rui' - prefiro 'Rui' somente. Obrigado.]
Abraços Gloriosos.
Os times de F7 não pertencem aos clubes. Os jogadores que vestem a camisa do Flamengo, por exemplo, são na verdade do Iate Clube Jardim Guanabara. Veja bem, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco não têm campo de F7 em suas sedes. No Flamengo, no Botafogo e no Fluminense, F7 é de responsabilidade do Departamento de Marketing, e não do departamento de esportes amadores/olímpicos.
Pois é, na verdade a coisa é mais 'marketing' do que desporto do clube. Mas as camisas é que comandam, não é? Abraços Gloriosos.
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