domingo, 10 de janeiro de 2016

Manifesto contra a extinção do remo e demais modalidades

Na Internet, e em especial no Facebook, lê-se, com alguma regularidade, textos contra as diversas modalidades que o Botafogo de Futebol e Regatas pratica, em especial o Remo. Sempre houve estes textos oriundos da ideia que o Clube de Regatas Botafogo era um corpo estranho ao Botafogo de Futebol e Regatas, supostamente apenas Botafogo Football Club, e certas pessoas sempre experimentaram sentimentos de retração no que respeita ao Remo.

Atualmente, a coberto da crise, há manifestos favoráveis à extinção de todas as modalidades do Clube à exceção do Futebol. Particularmente no que respeita ao Remo propõe-se que seja revisto o Estatuto e alterada a cláusula que consagrou o Remo para sempre no Botafogo como condição para a fusão de 1942.

Pretende-se desrespeitar esta cláusula de honra e destruir o Botafogo social e multiesportivo que nos consagrou ao longo de décadas e décadas de sucesso nas atividades aquáticas do Remo, Natação e Pólo Aquático. Pretende-se destruir atividades com títulos mundiais e continentais tais como o Atletismo, Basquetebol, Futebol de 7, Futsal e Voleibol.

Na Europa, o Fundo Monetário Internacional (FMI) impôs, a pretexto da crise financeira, uma reestruturação brutal que empobreceu alguns países da Europa bem sucedidos nas últimas décadas e atirou a Grécia para o limbo dos países europeus. Foram destruídos milhões de postos de trabalho e a recessão não se fez rogada e instalou-se, fazendo as famílias perderem os seus empregos e as suas casas, apresentarem falência individual ou rumando à emigração.
Atualmente, o FMI considera que essa ‘receita’ foi errada e que devia ter havido outra perspectiva centrada não na redução brutal das atividades económicas com a falência de empresas e a destruição de milhões dos postos de trabalho, mas uma reestruturação adequada da dívida que permitisse margem para manter o investimento a um certo nível, buscar novos recursos e incrementar a performance com vista ao aumento da acumulação de capital numa perspectiva diversificada.

A coberto da crise, o FMI e os governos elitistas aproveitaram para extirpar os benefícios da classe média e as suas conquistas, empenhando por muitos anos uma recuperação socioeconómica harmoniosa; a coberto da crise do Botafogo pretende-se extirpar o desporto do Botafogo, vingar o estatuto de 1942 que consagrou o remo para sempre e reduzi-lo a um simples clube de futebol.

Como disse recentemente o presidente do Clube, o que não foi conseguido em 2015 refere-se ao aumento de receitas: Pois então procurem-nas! É essa a obrigação dos corpos dirigentes.

O problema não é a existência de modalidades desportivas, mas a incapacidade de resolução dos problemas jurídico-administrativos e de agregação de receitas suficientes para recuperar o conjunto do Clube. Pois então procure-se as pessoas competentes para resolver tais problemas!

E o propósito de se extinguir as modalidades, aniquilar o remo do Estatuto e, ainda assim, manter o nome de Regatas na designação do Clube (‘Regatas’ sem regatas?!?!?!) baseia-se na perspectiva de uma economia de 175 mil reais por mês (prejuízo das modalidades em 2015), valor que, segundo os veiculadores da ideia, daria para pagar “uma parte das dívidas” de final de 2015 ao futebol, sabendo nós que esse valor é mensalmente inferior ao salário mensal de um jogador de futebol mediano da 1ª divisão do campeonato brasileiro. Que vistas curtinhas têm essas pessoas… Ou tratar-se-á da oportunidade que foi identificada, a coberto da crise, para destruir o nosso Clube multiesportivo em favor da unicidade futebolística?

Os Joões Saldanhas da exclusividade do futebol estão de regresso… Nesse início da década de 1960 João Saldanha perdeu a batalha da exclusividade e nunca mais assumiu nenhum cargo no Clube. E foi depois da sua saída que o Botafogo brilhou no futebol ao mais alto nível mundial e conquistou, em dezenas de modalidades desportivas, títulos continentais e brasileiros no Basquetebol, na Natação, no Pólo Aquático, no Remo e no Voleibol. Porém, esse ‘passado derrotado’ pelo extraordinário presidente Paulo Antônio Azeredo, quer regressar a coberto da crise… Tal e qual a coberto da crise se vendeu o Casarão, que quase levou à destruição do Botafogo, sabendo-se hoje que esse foi o caminho mais errado de todos os possíveis à época.

Se os autores de tais ideias maniqueístas, reducionistas, FMIstas, incapazes de uma visão e de uma prospeção progressista de CLUBE, conseguirem os seus intentos desportivamente tenebrosos, então tenham a coerência e a honradez de simultaneamente proporem a alteração do hino popular do Botafogo do qual consta que “noutros esportes tua fibra está presente”, a supressão do nome de ‘Regatas’ que faz parte da designação do Clube, a reinstalação da designação ‘Botafogo Football Club’ que vigorava antes do estatuto que se pretende rasgar e a reposição das siglas BFC em lugar da Estrela Solitária, escudo que deve ser devolvido a quem o criou e agora se pretende que seja extirpado da história do Clube Glorioso (do futebol) da Estrela Solitária (do remo).

Ao NÓDOA Assumpção que quase destruiu o Clube parece querer seguir-se uma espécie de ‘NÓDOA em Ascensão’ que quer destruir o Clube desportivo tornando-o refém absoluto do futebol.

Curiosamente, se não fossem as modalidades desportivas do Glorioso Clube da Estrela Solitária, que títulos nacionais e internacionais oficiais é que os Botafoguense teriam comemorado desde 1995?...

Que se procure o progresso e a auto-sustentação das modalidades (Futebol e todas as demais) mediante a injeção de novas competências humanas para buscar recursos adequados e não penhorar o futuro por uns escassos 175 mil reais mensais, repondo-se uma dimensão de grandeza capaz de aniquilar a pequenez infinda de se destruir o nosso Clube social e multiesportivo…

O futuro humano não é a uniformidade e a monotonia, mas a diversidade e a variedade.
 
Virei um ‘Botafoguense com Medo’, com medo que os neoliberalismos económicos, culturais e mentais destruam a história e as tradições de quem subiu ao mais alto patamar do Desporto Brasileiro.

Que Apolo de Belvedere inspire a ação do Presidente e demais Dirigentes Botafoguenses para impedirem a desonra das nossas origens e o suicídio desportivo!

Imagem: Apolo do Belvedere, Deus das Artes e dos Esportes, cópia em mármore do bronze original de Leócares (350 a.C. - 325 a.C.); Autor desconhecido, com restaurações de Giovanni Montorsoli.

14 comentários:

Anónimo disse...

Boa noite, acho que você foi muito feliz em abordar este tema pois por diversas vezes vejo "projetos de torcedores" criticarem veementemente nossos esportes olímpicos e amadores, que na minha opinião são os verdadeiros motivos de tornar o Botafogo tão grandioso e apaixonante como é, a maioria usa o argumento infame que o dinheiro gasto neles poderia ser aplicado no futebol, falta de conhecimento, porque só quem toca um desses departamentos sabe a luta para se conseguir um patrocínio ou investidor, alguns deram a sorte de terem o apoio e incentivo por parte do ministério do esporte outros infelizmente não gozam deste beneficio infelizmente, contudo várias dessas modalidades nos trouxeram bastantes conquistas, quem não se lembra do belo time de futebol 7 que a família Serôa montou no clube, campeão mundial e brasileiro na categoria masculina e feminina, da parceria com a Casa de Espanã tricampeão estadual adulto e da taça brasil sub-20 contra Carlos Barboza e etc; por fim nas ultimas semanas ouvir dizer que um torcedor emprestou uma quantia significante para quitar alguns salários atrasados no futebol do clube sendo que o Bota está nas prévias de iniciar uma superliga de vôlei, depois de décadas fora, com muita dificuldade do departamento que chega a pedir doações de torcedores, este dinheiro então poderia ser investido no vôlei para termos uma equipe forte a altura de nossas tradições.

Ruy Moura disse...

Obrigado pelo comentário. Felizmente há mais gente que pensa como nós. Rejeito completamente essas ideias maniqueístas e reducionistas do nosso Glorioso, que se não há dúvida que o futebol é hoje a modalidade rainha, nada teríamos sido no Brasil sem a componente social e multiesportiva de Clube. São os 'neoliberais' à moda da política que querem aproveitar a crise para nos impor as chamadas 'inevitabilidades'. As 'inevitabilidades' neoliberais conduziram ao objetivo central de concentrar ainda mais a riqueza no mundo; e o que estes torcedores querem é concentrar tudo no futebol. Ademais isso é de um egoísmo incomensurável!

Abraços Gloriosos.

Esporte Rio disse...

Totalmente abominável esta idéia.

1 - Há um erro dos clubes do Rio em não definir quais são suas modalidades. O Botafogo ora tem Nado Sincronizado, ora tem Futebol Society, ora tem Basquete Feminino, mas não se define quais as modalidades. Então, a primeira coisa é definir quais serão as modalidades praticadas pelo clube.

2 - O segundo critério é que via leis de incentivo, Flamengo e Vasco da Gama estão conseguindo recursos para que suas modalidades não dêem prejuízo.

3 - Fluminense e Flamengo têm as mais fortes bases do Rio e são custeadas pelos sócios que pagam mensalidade, pelas centenas de alunos das escolinhas e também pelas leis de incentivo.


4 - Por fim, acho inaceitável o Botafogo ter arrendado o Engenhão e não ter o Atletismo, esporte que já deu inúmeras glórias ao clube.

Ruy Moura disse...

Completamente de acordo com os 4 pontos mencionados, Miguel. Abraços desportivos!

Antonio Oswaldo Cruz disse...

Não dá. É o remo que nos dá a Estrela Solitária, o campeão em Três Séculos, é acabar com parte de nossa identidade. Simplesmente não dá. Fora as outras modalidades que, como você bem ressaltou, nos deram conquistas mundiais e continentais. Há que se repelir veementemente tais propostas. SA.

Anónimo disse...

Ao Senhor do Blog Esporte Rio, fico feliz por está interação, acompanho por vezes seu trabalho trazendo os louros de cada agremiação ou equipe, mas com todo respeito, acho alguns posts bem tendenciosos e com algumas inverdades. Ex: foi dito mal sobre o estadual de futsal sendo que neste ano foi muito mais organizado dividiu-se as equipes por regiões, para diminuir os custos com viagens, muito mais interessados apareceram, aconteceu sim alguns w.os. porém num todo foi bem produtivo. com o titulo ficando com a grande parceria de três grandes clubes, que por sinal foi muito mal abordada pelo blog. Outro caso é o basquete, não vi nenhuma menção ao trabalho inciado apenas no último ano do basquete masculino alvinegro que disputou a LDB sub-22, depois de anos fora de uma competição a nível nacional, quase se classificando a fase seguinte. Todavia não falta artigos sobre o time milionário adulto do fla, pois é!
Em relação aos pontos mencionados no seu comentário acima concordo que com uma pista daquela de atletismo no Nilton Santos, o mínimo seria iniciar uma escolinha no local. Sobre as leis de incentivo procure se informar melhor porque o remo e o pólo já usufrui deste artificio como outras modalidades, não sendo exclusividade de vasco e fla e quando foi citado nado sincronizado não me lembro do bota aderir a este esporte em competições profissionais, pelo menos dos anos 90 pra cá, saudações alvinegras!

Esporte Rio disse...

Caro Anônimo:
1 - O Estadual de Futsal foi uma bagunça. Nem de longe lembra os campeonatos que acompanhei com muita emoção ao longo dos anos 90 até meados dos anos 2000. Times ruins, desconhecidos, com péssima divulgação por parte da FFSERJ, incapaz de atrair os outros grandes clubes do Rio e como você disse com vários WOs, além de desistências de equipes.

2 - O blog é muito mais focado nas equipes adultas, até porque é muito mais fácil obter informações. O blog enalteceu a campanha do Botafogo, que quase se classificou no Sub-22 e que foi campeão do Torneio Carioca. Infelizmente, o Botafogo acabou com o projeto do adulto. Quanto ao Fla, é a principal equipe do país.

3 - Se o Botafogo está se utilizando das leis de incentivo, por que tanto prejuízo? O Flamengo já equacionou sua receita com sua despesa. Não tem lucro, mas não tem prejuízo. O Vasco entrou no Profut. O Botafogo entrou?

4 - Sim, o Botafogo já teve Nado Sincronizado e mais de uma dezena de outras modalidades, entre elas Esgrima, Tênis, Atletismo, Levantamento de Peso, Aeromodelismo, etc, etc.

Ruy Moura disse...

Caro Anônimo, eu também tenho algumas reticências relativamente ao tratamento que o Miguel dá a certas publicações - e à sua tendência natural para realçar o seu clube -, mas no conjunto entendo ser uma obra meritória. O Miguel aprecia muito os desportos em geral, o que começa a rarear entre os adeptos - que embandeiram cada vez mais pela unicidade do futebol. Não nego a importância crucial do futebol, mas não aceito o tratamento parcial que a imprensa faz relativamente aos demais desportos.

Quando o Miguel refere o Nado Sincronizado, realmente desde o final da década de 1970 o Botafogo não compete profissionalmente, mas creio que o Miguel referiu essa modalidade por lapso, porque o que queria dizer - e tem razão - é que não estabilizados as nossas modalidades - ora são umas, ora são outras. Por mim, a definição das modalidades a manter seria em torno de: Basquetebol, Futebol 7, Futsal, Natação, Pólo Aquático, Remo e Voleibol, além de eu defender que o Atletismo também deveria ser implementado.

No caso das lei de incentivo eu sei que o remo estaria nessas condições e que a comissão técnica referiu que o remo estaria auto-sustentado em 2015, mas segundo os dados financeiros apresentados pelos torcedores que defenderam a supressão de todos os esportes do Clube à exceção do futebol, o prejuízo existe.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Só mais um comentário para o amigo Anônimo: em geral, o Miguel tem carinho pelo Botafogo. Na verdade, um familiar CHEGADÍSSIMO a ele é Botafoguense. Creio que por isso o Miguel gosta do nosso Clube.

Abraços Gloriosos.

Miguel Gonzalez disse...

hahaha isso aí!

Anónimo disse...

Sr. Rui perfeita as suas colocações, o mal maior do desporto hoje em dia é a parcialidade dos jornalistas, redatores e etc.
A o Sr. Miguel gostaria de deixar claro que admiro bastante seu trabalho, não deve ser fácil trazer tantos resultados de esportes em tão pouco tempo, porém é nítido que o companheiro está desatualizado. O Bota já aderiu ao Profut sim, quanto ao nado sincroniza o amigo Rui não me deixou mentir, o clube não compete profissionalmente a décadas. Quanto ao futsal concordo que a cobertura está muito deficiente e tem muita a coisa a se melhorar. Ainda está longe dos áureos tempos do futsal carioca, mas não reconhecer que houve um crescimento na ultima temporada é um erro, a adesão foi massante na categoria adulta e sub-20 com o modelo implantado. Dando chance a muitas equipes do grande Rio e interior participar, para o senhor estas são as equipes ruins, certo? O que dizer então de equipes tradicionais da capital que nem um projeto tem se contentam apenas com a base, a ultima temporada não faltou emoção volte a acompanhar e constatara, dizer que é por falta de atrativo, será? é falta de competência mesmo. A questão das finanças das modalidades não tenho dados concretos por isso seria leviano da minha parte emitir alguma opinião, só sei que são independentes, não são apenas atrelados as leis de incentivos tem outros investidores, o F7 e o vôlei são exemplos disso!
Saudações alvinegras

Ruy Moura disse...

Realmente eu gostava de saber os números financeiros em jogo. Não conseguimos avaliar bem os esforços de financiamento dos esportes sem sabermos que lucros/prejuízos têm dado e o que têm valido os projetos de apoio às modalidades. No entanto, eu creio haver chances de pelo menos algumas modalidades sobreviverem pelos seus meios.

[Nota: prescindo da expressão 'Sr. Rui' - prefiro 'Rui' somente. Obrigado.]

Abraços Gloriosos.

Esporte Rio disse...

Os times de F7 não pertencem aos clubes. Os jogadores que vestem a camisa do Flamengo, por exemplo, são na verdade do Iate Clube Jardim Guanabara. Veja bem, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco não têm campo de F7 em suas sedes. No Flamengo, no Botafogo e no Fluminense, F7 é de responsabilidade do Departamento de Marketing, e não do departamento de esportes amadores/olímpicos.

Ruy Moura disse...

Pois é, na verdade a coisa é mais 'marketing' do que desporto do clube. Mas as camisas é que comandam, não é? Abraços Gloriosos.

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Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...