Seu futebol genial contrastava com a vida de um homem que dividia o glamour
e o requinte, com vícios, bebedeiras, mulheres e brigas
por ANDRÉ MARTINEZ
O gênio Heleno de Freitas, nascido em São João Nepomuceno, no dia 12 de
fevereiro de 1920, foi um dos jogadores mais polêmicos, craques e malucos da
história do futebol brasileiro.
Encantava não apenas os homens pela bola que jogava, mas também pela beleza
que enlouquecia as mulheres. Temperamental ao extremo, mas Botafoguense acima
de tudo. Este foi o principal rótulo de Heleno de Freitas ao longo de sua
carreira, que foi sem sombra de dúvidas um dos maiores e mais queridos
jogadores da história do Botafogo em todos os tempos, mesmo sem nunca ter
conquistado um título sequer com a camisa do glorioso time de General
Severiano, clube que jogava somente por amor.
O menino Heleno de Freitas nasceu em berço esplêndido, vivendo numa família
de muitos recursos. Seu pai, Oscar de Freitas, era um poderoso empresário
mineiro, a sua chegada ao Rio de Janeiro, então capital do Brasil, aconteceu em
1933, quando o seu pai faleceu.
O craque era o que podemos chamar de um típico ‘playboy’ carioca, um
aristocrata vivendo em meio ao mundo pobre e marginalizado do futebol de
outrora, mesmo assim formou - se advogado pela faculdade de Direito da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Conquistou um diploma que nunca
utilizara, pois não tinha o menor jeito para a profissão.
Dentro de campo era um artista da bola. Jogava por música, driblava os
adversários e marcava gols como se fosse a coisa mais banal do mundo. Mas
também possuía muitos defeitos, como o temperamento extremamente explosivo, que
lhe rendeu o apelido de “Gilda”. A alcunha surgiu no “Clube dos Cafajestes”,
uma “instituição” formada por moços da alta sociedade carioca que eram
beberrões, mulherengos e briguentos, cujo um dos principais fundadores era o
próprio Heleno.
O apelido se deu inspirado na personagem Gilda, interpretada pela atriz
Rita Hayworth, que ao lado de Glenn Ford, fazia o papel de uma mulher rica,
temperamental e cheia de glamour, atributos que empatavam em cheio com o estilo
de Heleno. Seu futebol o levou a seleção, porém o seu temperamento o tirou.
Vestiu outras camisas também, mas sempre criou problemas. Casou – se com
Hilma, filha de diplomata, com quem teve seu único filho, Luís Eduardo. Seu
futebol genial contrastava com a vida de um homem que dividia o glamour e o
requinte, com vícios, bebedeiras, mulheres e brigas, alguém que se servia de
todo tipo de luxúria. Heleno de Freitas acabou falecendo na miséria e isolado
em um manicômio em Barbacena, Minas Gerais, vitimado pela sífilis que não havia
tratado direito, no dia 8 de novembro de 1959.
Fonte: https://odiariodemogi.net.br/esportes/heleno-de-freitas-o-cafajeste-da-bola-1.21940
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