por RUY MOURA | Editor
do Mundo Botafogo
Estamos perante as consequências de um
semestre desastroso com a assinatura de uma gestão que hipotecou a temporada de
2025, sem planejamento, sem pré-época, sem um técnico com currículo à altura de
um campeão brasileiro e sul-americano, sem reforços capazes além de 2 ou 3 de
nível aceitável.
Estamos perante o que já foi visto antes com
um plantel desequilibrado: defesa forte; meio-campo mediano; ataque abaixo do
mínimo. E o resultado é o de um Botafogo a dois tempos, que se faz um bom 1º
tempo claudica na etapa complementar, continua desperdiçando gols, faz três
remates enquadrados com a baliza e não mais do que isso em 90 minutos de jogo.
A verdade é que tendo desperdiçado uma possível vitória por dois gols no 1º tempo, o Botafogo foi dominado no 2º tempo e com mais discernimento o Corinthians
até poderia ter levado a vitória após as alterações cirúrgicas de Dorival
Júnior.
No entanto, deve-se realçar que, apesar do volume de jogo no 1º tempo, as oportunidades flagrantes de gol não ocorreram como deveriam, sendo mais posse de bola eficiente e menos reultado em matéria de eficácia, isto é, de qualidade do último passe e de definição final.
Em suma, insisto, a posse de bola não define, por si só, a melhor equipe em campo.
Sendo muito cedo para avaliar Ancelotti, que
caiu como uma mosca numa sopa da qual ainda não se conseguiu desembaraçar,
deve-se notar que até agora, excluindo a movimentação da equipe, aparentemente
mais solta, não mostrou nenhuma novidade.
A equipe permanece com os mesmos erros e
limitações, e em três jogos da Era Ancelotti contra três equipes em que três
vitórias seria o normal, sendo dois dos jogos em casa e um fora com o super lanterna
Sport, a verdade é que perdemos 4 pontos por exclusiva culpa nossa e o único jogo
ganho deveu-se a uma súbita inspiração de Cuiabano em cima do minuto 90.
Se os 4 pontos desperdiçados tivessem sido somados
com vitórias estaríamos em 4º lugar a 3 pontos do líder Cruzeiro e menos um
jogo, e a 2 pontos do Palmeiras e 3 do Flamengo, com o mesmo número de jogos.
Na verdade, estamos a 6 pontos do Palmeiras e
a 7 do Flamengo, perdendo terreno constantemente, com adversários mais difíceis
no horizonte e um mês de loucos em matéria de jogos a disputar.
Se Ancelotti já tivesse começado o ‘milagre’
de acertar a equipe com as lacunas que tem, seria possível querermos lutar pelo
título, mas até agora praticamente nada mudou na equipe e Ancelotti não foi capaz
de reagir em campo às adversidades, mostrando que necessita do tempo de que não
dispomos.
Dito isso, creio que, com muito suor e alguma
sorte, podemos aspirar ao G4 e, em matéria de títulos, apostar nas Copas de
mata-mata. Porque nem Ancelotti nem Textor parecem capazes de ser ‘milagreiros’
em mais um recomeço e numa altura avançada de uma temporada que deve servir de
estudo de caso de gestão para tudo aquilo que não se deve fazer em matéria de
equipe ‘grande’ que almeja desenvolver um futebol de alto nível e alcançar títulos
de topo.
A esperança não morre, mas se não lhe dermos
conteúdos que a sustentem, temos que olhar urgentemente para dentro de nós
mesmos e proceder ao único caminho possível: reconhecer e analisar os problemas,
estudar as soluções desejadas, possíveis e realizáveis, definir os melhores cenários
alternativos e discernir qual deles nos serve melhor para o que poderemos ainda
fazer em 2025.
Ousar Lutar, Ousar
Criar, Ousar Vencer!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x1 Corinthians
» Gols: Arthur Cabral, aos 24’ (Botafogo);
Memphis Depay, aos 82’ (Corinthians)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 26.07.2025
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 27.087 pagantes; 31.402 espectadores
» Renda: R$ 1.807.000,00
» Árbitro: Rodrigo José Pereira de Lima (PE); Assistentes: Victor Hugo Imazu dos Santos (PR) e Francisco
Chaves Bezerra Junior (PE); VAR: Wagner
Reway (SC)
» Disciplina: cartão amarelo – Alexander Barboza, Mateo Ponte e Allan (Botafogo)
e João Pedro Tchoca, Angileri e Dorival Júnior – técnico (Corinthians)
» Botafogo: John; Mateo Ponte (Vitinho), Kaio Fernando, Alexander Barboza e Alex
Telles (Cuiabano); Allan, Newton e Joaquín Correa (Savarino); Álvaro Montoro
(Jordan Barrera), Arthur Cabral e Nathan Fernandes (Santi Rodríguez). Técnico:
Davide Ancelotti.
» Corinthians: Hugo Souza; Léo Mana (Matheuzinho), Cacá, João Pedro
Tchoca e Angileri; Raniele, Charles (Breno Bidon) e Luiz Gustavo Bahia (Memphis
Depay); Carrillo, Talles Magno (Matheus Bidu) e Ángel Romero (Yuri Alberto).
Técnico: Dorival Júnior.
6 comentários:
Estrategicamente, é focar num dos mata-matas e administrar o Brasileirão pra se manter no G4, quiçá G6. E se recompor de fato ano que vem, com antecedência decente, se o Textor realmente aprendeu essa lição.
Sem contar que a janela ainda não fechou. Danilo é grande promessa, mas volância não é o que me preocupa tanto (se bem que repor a saída do Gregore era mesmo sem tempo). Falta-nos atacantes, dribladores, goleadores, que desequilibrem o adversário (trio ou um quadrado), com reservas à altura.
No mais, muita, muita coisa ainda por fazer, e entendo que é o momento de segurar as pontas, mantendo-se realmente competitivo pra Copa do Brasil ou Liberta, cujos prêmios serão muito bem vindos aos reforços que precisamos. E paciência nessa construção.
Totalmente de acordo. Creio que Flamengo e Palmeiras, e até mesmo o Cruzeiro, não oscilarão mais do que nós. Logo, apontar entre G4-G6 e comemorar pelo menos uma Copa. Mas se não chegar, no mínimo, mais dois atacantes - um 'matador' e um driblador que desequilbre - a coisa ficará feia... Não me parece que o Ancelotti tenha pedalada para mais do que isso, tendo em conta que é seu primeiro clube como treinador e necessita de errar para aprender mais depressa. O que receio é que o Davide seja um grande especialista em métodos de treino mas não com técnico principal. Conheço exemplos desses: excelente metodólogo, mediano técnico. Eu não teria arriscado nele. A não ser que se esteja a pensar exclusivamente em 2026...
Abraços Gloriosos.
Sergio, fez o seu comentário na publicação sobre o vice-campeonato de futsal. Creio que se terá enganado. Então vou publicar também aqui a minha resposta. Abraço.
Sergio, a minha ótica sobre a gestão do Botafogo desde o início da Era Textor e o que se passou neste semestre, assim como uma 1ª nota sobre a contratação de Ancelotti, publiquei aqui: https://mundobotafogo.blogspot.com/2025/07/john-textor-figura-chave-variacoes-em.html
Textor fez, neste semestre, exatamente tudo o que não devia, concentrando-se exclusivamente no Lyon para superar o imbróglio do clube francês e acabou seriamente derrotado, afastando-se do clube e dando a mão à palmatória publicamente sobre os erros que cometeu. Agora quer recomprar o Botafogo e ligá-lo a um clube na premier ligue. No entanto, penso que este ano estará penhorado no que respeita a título brasileiro. As metas deviam ser reformuladas para 4ª a 6º lugar no Brasileirão e foco nas Copas.
Sobre o Ancelotti claro que não pode ser julgado ainda, mas sempre vamos acumulando aqui e ali registros das suas intervenções, como, por exemplo, substituir Montoro, o único que ainda consegue rasgar defesas, driblar zagueiros e fazer bons passes. Dorival foi muito mais cirúrgico e conseguiu o empate, enquanto Ancelotti não soube reorganizar a equipe quando - dito por um jogador - estava meio perdida. Espero que Ancelotti saiba consolidar-se, mas uma coisa é certa: não há nenhum treinador que em início de carreira não tenha coometido vários erros. É humano, é normal, o que é diferente é a rapidez com que cada treinador acerta. Por isso, o seu tempo de chegada foi errado. Se Textor realmente já entendesse muito de futebol contrataria um casca grossa para enfrentar a fogueira em que o Botafogo se encontra, não um jovem estreante muito bem educado. Como escrevi há dias, estou em cima do muro, quer cm a equipe, quer em relação a Ancelotti. Estou atento. Torço por ele, como torço por qualquer treinador que chegue de novo, mas estou muito receoso.
Abraços Gloriosos.
Ruy,
O nosso elenco não é nem sombra do de 2024. Cheio de lacunas, de apostas, de contratações erradas. O tão propalado scouting tem errado mais do que acertado, este ano. E o que mais me espanta é que, neste tão moderno futebol, o Botafogo simplesmente não tenha um meia-armador, como o Inominável tem Arrascaeta, o Inter tem Allan Patrick, que, se não é um supra-sumo, cumpre bem a asua função. O jogo se ganha no meio-campo, sempre foi assim, sempre será. Não temos ponteiros que furem retrancas. Em suma, o elenco foi muito mal montado.
Some-se a isso, temos um treinador verde, inexperiente.
Não tenho muita esperança de conquistarmos nada, este ano, mas continuarei torcendo, cada bez mais apaixonado.
Espero que Textor tenha aprendido, realmente, a lição.
Saudações Gloriosas!
Émerson.
De acordo consigo, meu amigo. É tudo isso que disse. Só em uma coisa é que discordo, quando diz que nosso "elenco foi muito mal montado". Na verdade, Émerson, não foi sequer montado, foi enxertado com apostas e contratações erradas (talvez 3 boas contratações e nada mais). É uma pena que uma equipe com a dinâmica com que vinha de 2024 tenha sido destruída na sua essência, na sua crença, na sua motivação, na sua dinâmica. Foi 'crime' contra o futebol.
Abraços Gloriosos.
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