Crédito: Arquivo/AE.
por ANCELMO GOIS | Blog do Ancelmo Gois | O Globo
«O Botafogo será homenageado pelo
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) no dia 24 de setembro, durante a
Cerimônia de Abertura da Ação Social em Alusão ao Dia Nacional da Pessoa com
Deficiência.
O ídolo do clube e campeão do mundo pela Seleção
Brasileira, Garrincha, é o motivo da homenagem. A cerimônia ocorrerá às 10h, na
Rua Dom Manuel, 37, em frente à Lâmina III.
O presidente do TJRJ, desembargador Ricardo Couto,
relembrou, durante o seminário comemorativo dos 10 anos da Lei Brasileira de
Inclusão, intitulado Justiça e Inclusão em Movimento, o “anjo das pernas
tortas”, um dos maiores jogadores da história do futebol, ao ser recusado pelo
Flamengo por apresentar deficiência física.
Após a negativa, o Botafogo foi o time que contratou o
camisa 7 e se tornou o primeiro clube a incluir um atleta aparentemente com
deficiência em sua equipe.»
Fonte: https://oglobo.globo.com/blogs/ancelmo-gois/post/2025/09/garrincha-inspira-homenagem-do-tribunal-de-justica-ao-botafogo.ghtml
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Nota preliminar do Mundo Botafogo sobre ´pernas
tortas´:
Valgismo (genu valgo) é o desalinhamento que faz
os joelhos se aproximarem e os pés se afastarem, formando um X nas penas. O
varismo (genu varo) é o oposto, onde os joelhos se afastam um do outro e as
pernas formam um arco, conhecido como ‘pernas arqueadas’. Garrincha apresentava
ambos os casos: um joelho valgo e um joelho varo.
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Fonte: Reprodução / Twitter
Botafogo.
por Tácio Santos | NINJA
Esporte Clube
«Mané Garrincha tinha o joelho
direito valgo, mas devido a questões ligadas à saúde pública do Brasil de sua
época, e não ao futebol. Ele nasceu com uma má formação congênita, em uma
família humilde, quando não havia um sistema público de saúde universal como é
o SUS hoje em dia. Assim, não recebeu o devido acompanhamento médico, que
poderia ter resolvido tal alteração nos primeiros anos de vida com o uso de um
simples aparelho corretivo.
Garrincha também foi vítima de poliomielite na
infância, uma doença transmitida principalmente pelo contato com água contaminada
por fezes de pessoas já infetadas, e que se alastrou em surtos sequenciais no Rio
de Janeiro nos anos 1930. […] O alarmante número de casos naquela década
não se deu apenas pelas péssimas condições sanitárias a que a maioria da
população estava exposta, mas também pelo negacionismo das autoridades locais.
Com a deficiência física de nascença e as sequelas da
paralisia infantil, a perna direita de Mané ficou seis centímetros menor que a
esquerda, fazendo com que o valgismo fosse acentuado devido à acomodação
irregular do peso corporal sobre um membro desfavorecido.
Entretanto, diferente do que costuma acontecer com as
pessoas ditas “das pernas tortas”, o joelho esquerdo de Garrincha apresentava
um desvio diferente do direito, pois era varo. […]
Mas tanto indivíduos com joelho varo inato, como
aqueles com joelho padrão, desenvolvem adaptações ósseas favoráveis ao desvio
em varo quando são expostos a regimes de treinamentos de futebol visando o alto
rendimento ao longo da infância e da adolescência.
Durante o período de crescimento, as extremidades dos
ossos se alongam de maneira a fazer com que cheguemos à estatura final. Ao
longo desse processo, deve haver um nível ótimo de sobrecarga mecânica sobre os
ossos para que alcancemos o melhor resultado dentro de nossas possibilidades
genéticas. Contudo, sobrecargas superiores ou inferiores ao nível ótimo atenuam
o crescimento, bem como níveis assimétricos de sobrecarga sobre uma mesma
superfície óssea podem levar a um crescimento assimétrico do osso.
A este respeito, o treinamento de futebol com volume e
intensidade que visam o alto rendimento pode causar uma sobrecarga assimétrica
na tíbia, o osso da canela que se articula com o fêmur, formando o joelho.
Ações como corridas com mudanças repentinas de direção e desacelerações bruscas
geram maior estresse na parte interna da tíbia, limitando o crescimento nesta
região, e favorecendo um alinhamento varo da articulação.
Ademais, situações causadas por ações específicas do
futebol, que não são comuns em outros esportes, exigem a musculatura interna da
coxa de modo a elevar a sobrecarga já imposta à parte interna da tíbia,
limitando sobremaneira o crescimento da região. Embora os passes, os dribles,
os desarmes e os chutes estejam entre essas ações, ainda não sabemos se há
preponderância de alguma delas sobre as outras. Por fim, quando os pés ficam
presos ao chão pelas travas da chuteira, um novo estresse adicional é imposto à
face interna da tíbia.
A longo prazo, o joelho que sofreu desvio em varo pode
não apresentar nenhum desfecho diferente do joelho padrão, mas também por
causar dor, aumentar o risco de lesões em geral durante a prática esportiva, de
lesão de menisco, e do desenvolvimento de artrose. […]
Sendo assim, uma das tendências apontadas para estudos
futuros sobre a saúde de atletas em formação é justamente monitorar os regimes
de treinamento, o crescimento ósseo e o alinhamento dos membros inferiores para
identificar o melhor a se fazer.»
Fonte:
https://midianinja.org/de-garrincha-ao-catar-pernas-que-ja-eram-tortas-e-que-vieram-a-entortar/