terça-feira, 11 de novembro de 2025

Didi: intrigas em Madrid, polêmicas públicas e regresso ao Botafogo

Desembarque de Didi e família. Crédito: Revista do Esporte, 1960.

por REVISTA DO ESPORTE | 1960

«Quando Didi ainda sonhava em se transferir para a Europa a Revista do Esporte publicava em seu n.º 1 (atenção, colecionadores) o grande “furo”, em entrevista exclusiva. Hoje, que o craque está de volta, eta revista teve a primazia de ouvi-lo ainda quando mal êle desembarcou do avião.

Meia hora foi o suficiente para que Didi nos contasse a história verdadeira de seu retôrno:

– Fui perseguido pela imprensa de Espanha. Os jornais de lá só publicam o que interessa ao Real. Como eu não reunia a preferência dos dirigentes para formar na equipe, passei a ser atacado pelos cronistas que são subjugados pelo clube. Posso citar os jornais “Pueblo”, “La Marca” e “Madrid” como os mais influenciados. Só não tenho provas de que sejam comprados e por isso não me arrisco afazer tal declaração.

– E agora, Didi: pretende encerrar por aqui mesmo a carreira?

– Sim. E se Deus quiser jogando ainda por muito tempo, para mostrar que meu futebol não acabou. Minha atividade profissional será encerrada no Botafogo, clube do meu coração, do qual tenho recebido as maiores provas de estima. Jamais sairei do Botafogo. Por dinheiro nenhum e nem que seja para ser rei em outra parte do mundo…

Didi não gosta (ma não procura esconder o seu descontentamento) de relembrar sua estada na Espanha. Mas, mesmo a contra-gôsto êle narrou um dos capítulos que mais o entristeceram:

– Tôda vez que o Real excursionava, procuravam me excluir da delegação. Êles tinham inveja de ver meu nome nas manchetes recebendo elogios de jornalistas de outros países e por isso não me levavam. Comecei a perder o ânimo e aí minha vontade de voltar ao Brasil aumentava dia a dia. Até que enfim deixei de sonhar para viver a realidade.

– Você sempre teve condições de jôgo, Didi?

– No time do Real Madrid, se me dessem chance, eu jogaria até com uma perna só…

O grande presidente Paulo Azeredo recebe Didi no aeroporto. Crédito: Revista do Esporte, 1960.

Acendeu um cigarro e soltou uma “bomba”:

– O Di Stefano é quem manda no time do Real. Na casa dêle é que se realizam as reuniões (com os jornalistas instruídos pelo clube) para a escalação… Na última reunião, os homens da imprensa decidiram: “1960 será o ano de Di Stefano”.

Falando sobre a entrevista que Canário (de passagem pelo Rio, com a delegação do Real) concedeu a um jornal carica, Didi externou outra mágoa:

– Mentira o que foi escrito [Didi referia-se às acusações sobre Guiomar, esposa do dele, lhe prejudicar a carreira]. Conversei com Canário e êle negou que houvesse feito tais declarações dispondo-se até a assinar um documento para comprovar que tudo fôra invenção uma má interpretação do repórter que o entrevistou. Creio que o Canário quis fazer publicidade às minhas custas e acho que era essa realmente sua idéia, pois mais tarde vim a saber que êle havia dito tudo quanto fôra publicado. Mas, para governo dêle e dos “ondeiros” da oposição aviso: minha querida Guiomar jamais prejudicou meio jôgo e tampouco minha carreira. Pelo contrário, só tem me estimulado com palavras de incentivo e de carinho.

– Qual a sua opinião sobre o futebol espanhol?

– Nada mais do que agitado. Os times não se preocupam em oferecer bons espetáculos como os nossos. Querem ganhar o jôgo de qualquer maneira. O futebol espanhol tem muita técnica… de publicidade.

– Que tal as arbitragens, Didi?

– Facciosas. Os juízes protegem os “grandes” e desprezam os “pequenos”. Estes jamais conseguem vencer aqueles fora dos seus campos. Os árbitros espanhóis costumam dizer aos jogadores quantos minuto faltam para acabar o jôgo. Eu mesmo recebi avisos dessa natureza…

E finalizando:

– Realizo agora a maior satisfação da minha vida voltando ao Brasil. Espero ser útil à CBD na próxima Copa do Mundo

PS: Didi sagrou-se bicampeão do mundo em 1962, mas não terminou a carreira no Botafogo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Botafogo 0x0 Vitória: futebol de sabor amargo

Fúria perante tantas oportunidades perdidas para ganhar?... Crédito: Vitor Silva / Botafogo FR.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Na última partida contra o Vasco da Gama escrevi que “incrivelmente, entre tropeços vários, estamos novamente à beira do G5, que dá direito a entrada direta na fase de grupos da Copa Libertadores, após uma partida muito bem jogada radicalmente inversa das atuações recentes, o que é francamente surpreendente. É para continuar?...

Não! Ou talvez sim, metade do tempo. E outra metade não. Umas vezes com muita eficácia, outras vezes não. Afinal, é o Botafogo que temos, tal como a maioria dos adversários: a alternância entre desempenhos prometedores e desempenhos frustrantes.

O Botafogo começou bem a partida com a msma formação do último jogo e poderia ter aberto o placar logo aos 6’ em cabeçada de Alexandre Barboza, dentro da área e quase em cima da linha de gol, cabeceando incrivelmente fora do alvo.

Aos 13’ falhámos um contra-ataque prometedor devido a passe errado de Joaquín Corrêa e as 18’ Thiago Couto evitou o gol do Botafogo cm uma grande defesa.

Um minuto depois o Vitória contra-atacou e percebeu-se desde logo, quando Matheusinho lançou Renzo López, que o atacante ia entrar pelo buraco entre dois defensores do Botafogo, mas perdeu o gol cara a carra com Léo Linck rematando por cima.

Entretanto, por entre falhas defensivas de parte a parte e simultaneamente desperdícios dos ataques em jogadas perigosas de um e de outra equipe, o Vitória equilibrou a partida.

O equilíbrio foi gerado por meio de muitas falhas. No final do 1º tempo, aos 44’, Léo Linck defendeu duas vezes seguidas em remates à queima-roupa, embora houvesse impedimento, e aos 48’ Alexandre Barboza cabeceou à trave!

Em suma, um 1º tempo muito movimentado, com as melhores chances na cabeça de Alexander Barboza, que realça ainda mais o que temos dito – o Botafogo não tem ataque, buscando gols através de meias e de defensores.

Quanto ao 2º tempo, nada de realmente bom aconteceu. O Botafogo evidenciou cansaço físico, algo que parecia ultrapassado no último jogo. Tanto em remates como em escanteios, as equipes equivaleram-se, e a pouca eficiência dos contra-ataques gerou muito poucas oportunidades de gol – na verdade duas para o Botafogo com Barboza e uma para o Vitória.

A maior posse de bola do Botafogo não significou maior volume de jogo e o zero a zero parece-me que penaliza as duas equipes, que como consolação podem apenas dizer que conquistaram um ponto – para se aproximar do G5 no caso do Botafogo e para se afastar do Z4 no caso do Vitória.

Que dia 18 próximo consigamos segurar 3 pontos e consolidar a nossa posição, pelo menos no G7!

FICHA TÉCNICA

Vitória 0 x 0 Botafogo

» Gols: –

» Competição:

» Data: 09.11.2025

» Local: Estádio Barradão, em Salvador (BA)

» Público: 28.175 pagantes; 28.264 espectadores

» Renda: R$ 664.003,00

» Árbitro: Anderson Daronco (RS); Assistentes: Jorge Eduardo Bernardi (RS) e Mauricio Coelho Silva Penna (RS); VAR: Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (RN)

» Disciplina: cartão amarelo – Joaquín Correa (Botafogo) e Ramon (Vitória)

» Botafogo: Léo Linck; Vitinho, David Ricardo, Alexander Barboza e Alex Telles (Cuiabano); Marlon Freitas, Danilo (Mastriani) e Savarino (Jeffinho); Santi Rodríguez (Newton), Arthur Cabral (Chris Ramos) e Joaquín Correa. Técnico: Davide Ancelotti.

» Vitória: Thiago Couto; Lucas Halter, Neris e Zé Marcos; Erick (Kike Saverio), Willlian Oliveira, Ronald (Ricardo Ryller) e Ramon; Matheuzinho (Osvaldo), Renzo López (Renato Kayzer) e Aitor Cantalapiedra (Lucas Braga). Técnico: Jair Ventura.

A Enciclopédia

 

domingo, 9 de novembro de 2025

Coletânea Biográfica - 7 Zagueiros (nº 3)

De pé: Moreira, Ubirajara, Nei Conceição, Moisés, Leônidas e Valtencir. Agachados: Rogério, Paulo César Caju, Ferretti, Nílson Dias e Torino (foto da Revista Manchete).

Futebolistas selecionados por RUY MOURA, SERGIO DI SABBATO & JOSÉ VANILSON JULIÃO | Editor e Colaboradores do Mundo Botafogo

Terceira publicação da série ‘Coletânea Biográfica’ – zagueiros que atuaram pelo Botafogo de Futebol e Regatas.

Brito: o craque que socou o árbitro

https://mundobotafogo.blogspot.com/2017/08/brito-o-craque-que-socou-o-arbitro.html

Gonçalves: multicampeão no Botafogo

https://mundobotafogo.blogspot.com/2018/02/goncalves-multicampeao-no-botafogo.html

Sebastião Lêonidas: um campeão mundial sem Copa

https://mundobotafogo.blogspot.com/2017/06/leonidas-um-campeao-mundial-sem-copa.html

Osmar Guarnelli: contributos à figura do craque

https://mundobotafogo.blogspot.com/2009/11/osmar-guarnelli-o-ultimo-craque-da-base.html

Paulistinha: O ‘coringa’ da década gloriosa

https://mundobotafogo.blogspot.com/2010/06/paulistinha-o-coringa-da-decada.html

Valber: habilidoso e indisciplinado

https://mundobotafogo.blogspot.com/2018/01/valber-habilidoso-e-indisciplinado.html

Zé Carlos: um canarinho breve…

https://mundobotafogo.blogspot.com/2017/07/ze-carlos-um-canarinho-breve.html

Didi: intrigas em Madrid, polêmicas públicas e regresso ao Botafogo

Desembarque de Didi e família. Crédito: Revista do Esporte, 1960. por REVISTA DO ESPORTE | 1960 « Quando Didi ainda sonhava em se transfer...