
por Mauro Axlace
escrito para Mundo Botafogo
Eu nem poderia falar sobre elas. Na verdade foram poucas. Na verdade mesmo, nem sei quando foi a primeira. Sei como era e o porquê vesti.
Era o fim da década de 70 quando meu avô, que, como já contei, era jornalista esportivo e presidente da ACERJ, ganhava muitos agrados e presentes. Alguns eram camisas de times e ele escolhia (ou pedia) as infantis. Ele tinha dois netos e trazia pra gente. Eu tinha uns 7 ou 8 anos. Sabia de futebol o que eu jogava no tabuleiro de botão. Sabia que a bola era redonda. Mas pra que servia o futebol? E eu lá sabia isso?
Mas assim comecei. Lembro das primeiras: Guarani, Goiás, Corinthians, Fluminense (meu avô era tricolor), América do Rio... Tinha uma amarela que eu não lembro qual era o time e antes que pensem que era da Seleção Brasileira aviso: Brasil eu já sabia que existia, vi a Copa de 78 e aquela camisa não era da seleção. Até do Olaria A.C. eu ganhei.

Mas cadê a do Botafogo? Devia pensar meu pai. E devem pensar vocês. Meu avô sempre visitava a gente nos Domingos, e para agradá-lo eu vestia uma camisa qualquer que ele havia me dado. Mas eu sentia tristeza por não ter a do time do meu pai. Sentia.
Não sei quem me deu a primeira, não foi meu pai. Mas ela apareceu e como novo ainda que eu era, não sabia que time era aquele, não havia letras, não havia nome, só aquela estrela branca. A camisa era listrada em preto e branco, preto, branco... Preto... Branco... Como poderia me esquecer? O escudo era costurado bem no meio da lista preta. – “É do Botafogo, filho!” – disse minha mãe.
Correção: Eu já sabia...

Já não sentia mais a tristeza de não agradar ao homem mais especial que já passou na minha vida. E ainda passa. Sempre vai passar. Eu podia não ser botafoguense ainda, mas já estava botafoguense por dentro e secretamente. Até pra mim.
Mas e daí? A camisa se foi. Sumiu. Não sei como acabou. Se rasguei-a em minhas brincadeiras. Se desbotou e foi jogada fora. Não sei. Só sei que usei com amor. Usei por gosto. Usei porque quis. Embora igual às outras pelo fato de tê-la ganhado, foi a única que senti falta por não ter e a única com motivo para usar.
. 
Mas não é essa a camisa da foto. Tive outras. Quando a dádiva de ser botafoguense foi percebida, não mais usei outras. Lembro que tive uma da Copa União. Com patrocínio da Coca-cola. Foi a primeira camisa branca. Tinha uma gola preta enorme. Mas antes das ‘novas’ camisas alvinegras, uma tentativa de me transformar em alguém que eu não era e nunca fui, aconteceu. Um tio, que já não está entre nós, talvez por acreditar que a década de 80 foi justa, que seu time realmente conquistava títulos em campo e não em acordos, me enchia de presentes vermelhos e pretos. De meias à gorros. Bandeiras e flâmulas. Também vesti. Queria agradá-lo. Mas não surtiu efeito e o estarrecido tio desistiu.
Isto posto, foi necessário. Pois por ironia do destino, quis a vida que esse meu tio chamado Edison, que era sócio do time da beira da Lagoa, em 1996, sabendo que alguns jogadores do Botafogo vez por outra almoçavam na churrascaria Estrela do Sul (se não me falha a memória) comprou uma camisa do Botafogo branca da 7UP com o escudo da CBF à manga e o número 7 às costas. Ele conhecia o Gonçalves desde o tempo da Gávea. Num dos almoços ou jantares, se aproximou do zagueiro que prontamente o recebeu.

Mas não é essa a camisa da foto. Tive outras. Quando a dádiva de ser botafoguense foi percebida, não mais usei outras. Lembro que tive uma da Copa União. Com patrocínio da Coca-cola. Foi a primeira camisa branca. Tinha uma gola preta enorme. Mas antes das ‘novas’ camisas alvinegras, uma tentativa de me transformar em alguém que eu não era e nunca fui, aconteceu. Um tio, que já não está entre nós, talvez por acreditar que a década de 80 foi justa, que seu time realmente conquistava títulos em campo e não em acordos, me enchia de presentes vermelhos e pretos. De meias à gorros. Bandeiras e flâmulas. Também vesti. Queria agradá-lo. Mas não surtiu efeito e o estarrecido tio desistiu.
Isto posto, foi necessário. Pois por ironia do destino, quis a vida que esse meu tio chamado Edison, que era sócio do time da beira da Lagoa, em 1996, sabendo que alguns jogadores do Botafogo vez por outra almoçavam na churrascaria Estrela do Sul (se não me falha a memória) comprou uma camisa do Botafogo branca da 7UP com o escudo da CBF à manga e o número 7 às costas. Ele conhecia o Gonçalves desde o tempo da Gávea. Num dos almoços ou jantares, se aproximou do zagueiro que prontamente o recebeu.

A camisa foi autografada por todos os 5 que estavam à mesa: Gonçalves, o goleiro Wagner, Mauricinho, Wilson Gottardo e Túlio Maravilha. Presente de aniversário.
A camisa é usada apenas no meu aniversário, Natal e Ano Novo para atrair boas vibrações para o ano que começa. Não a uso. Os autógrafos estão ficando muito claros e não quero perdê-los. Guardada fica, guardada vai ficar. Um beijo no escudo dia ou outro, e agora do armário para o Mundo.
1 comentário:
Linda historia. a primeira camisa ninguem nunca esquece.
Enviar um comentário