Aproximava-se
15 de junho de 1989. O Flamengo no auge, o Botafogo invicto. Mas para a mídia e
o cidadão comum não botafoguense, o favoritíssimo daquela final de campeonato
carioca era o Flamengo, não obstante os três jogos entre os dois rivais se
tivessem antes saldado por três empates: 1x1, 3x3, 0x0 – e o 3x3 foi fruto de
uma reação à derrota iminente de 3x1, evitada ao minuto 81 e ao minuto 88 com o
empate.
Ademais, se
há vinte anos o Botafogo não conquistava o campeonato carioca, porque haveria
de fazê-lo contra o proclamadíssimo Zico?
O homem que
recentemente confessou que o Botafogo sempre lhe deu uma grande raiva, falava
assim para a comunicação social: – “Estamos
jogando com alegria. Nosso futebol é de time campeão. As jogadas fluem
naturalmente. Já dá até para sentir o gosto do título.” – Zico (O Globo,
1989)
No dia 15 de
Junho de 1989, embora contra o comportamento habitual dos botafoguenses – o que
talvez se devesse ao jejum de 1968-89 –, picharam a Sede do Flamengo, muito
provavelmente botafoguenses. As pichações provocavam o clube da Gávea: “Zico
Galinha”, “Jorginho, atleta do Diabo”, “Botafogo 6x0”.
Um membro da
comissão técnica do Botafogo disse: – “O
pessoal lá da Gávea falou tanto que ganhava dez em cada nove jogos e que o
Botafogo não era de nada que pode ter provocado a reação de torcedores mais
passionais.”
A resposta
dos vermelhos e pretos à pichação foi assim:
Bebeto: “No campo eu resolvo.”
Álvaro: “O Botafogo não tem nem sede para ser
pichada. Marechal Hermes é um pardieiro. Essas pichações só demonstram que eles
estão desesperados. Domingo, vamos mostrar que nas arquibancadas a torcida do
Flamengo não perde para ninguém.”
George
Helal, vice-presidente do futebol, dando recado: “Seria melhor que você tivesse deixado os jogadores do Flamengo em paz.
Eles já são bons sem serem provocados. Depois dessa, acho que o título está
garantido.”
Emil
Pinheiro, em vésperas de ser campeão estadual de 1989 e com pretensões a
renovar com Valdir Espinosa, disse: “O
Botafogo quer muito mais do que o título estadual”.
Premonitório,
Emil Pinheiro renovou o Botafogo e adivinhava o título continental de 1993 e o
brasileiro de 1995. Quanto a Zico, Bebeto, Álvaro e Helal, a raiva acumulou uma
vez mais – “o gosto do título” era
nosso.
Ao minuto
12, do dia 21, sob uma temperatura de 21 graus, Maurício estava lá. Antes
disso, jogando febril, Espinosa negou-lhe a substituição a meio do jogo: “Não. Eu sonhei que você faria o gol do
título. Eu tiro qualquer um, menos você. Lava a cabeça, se ajoelha, pede a quem
você tiver que pedir, a Deus, para te proteger, mas você vai voltar”.
Pesquisa e
texto de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)
10 comentários:
Meu caro Rui, uma provavel saida do Oswaldo, acredito que a diretoria iria atras do Ney Franco, suponho essa ideia.
Rui,
No gol do Maurício e assim que o juiz apitou o final do jogo, senti uma dor no peito que até hoje nunca senti. Pensei que morreria. Vi um senhor ser carregado pelos familiares para o departamento médico do estádio, desmaiado.
As pessoas se abraçavam, alguns segundos depois é que começamos a gritar É CAMPEÃO!
Uma coisa que me marcou muito foi que logo após o grito de Campeão, foi comemorar o parabéns para você.
Todos os clássicos, os adversários contavam de 1 até o numeral que não tínhamos títulos e depois cantavam parabéns.
Isso ficou gravado na minha mente e gritei muito esse parabéns!
o galinho, maior amarelão de Quintino, nunca ganhou um título sobre o Botafogo!
Abs e Sds, Botafoguenses!!!
Rui. "Não há considerações gerais a fazer. Tá tudo aí." Este é um pedaço de uma música que não sei qual é o autor. Loris
Manynho, eu diria Ney Fraco, em vez de Franco.
Mas pelo menos não é arrogante como Oswaldo Oliveira.
Eu gostaria que se contratasse o Tite, já que o Cuca fica no CAM.
Abraços Gloriosos!
Aconteceu o mesmo em 1957. Vários corações sofreram ataques. Deve ter sido uma enorme festa quer 1957 quer 1989.
O galinho foi sempre acumulando a raiva de tomar bailes do Botafogo. E é esse o maior ídolo do flamengo...
Abraços Gloriosos!
Loris, a composição é de Chico Anísio e Arnaud Rodrigues.
Abraços Gloriosos!
Rui. É verdade. NO Baiano e os Novos Caetanos que é uma sátira ao Caetano e os novos Baianos. Obrigado. Loris
Isso mesmo! Abraços, Loris.
Seu blog tem algumas poucas coisas que valem a pena ler, mas o emocional lhe toma de tal forma que escreve coisas que provavelmente você mesmo não lê. Eu sei que não é, mas de acordo com o que escreve parece que você vive numa infelicidade constante.
Uma dica se me permite, leia um pouco desse site que lhe envio abaixo e absorva e aprenda a escrever com quem sabe tudo e mais um pouco.
http://www.ziconarede.com.br/portal/znr/colunas.php?cl=10&pa=2729
Ame a vida e seja feliz ;)
Saudações!
Caro Claytion
Realmente não dá para entender o que é que o seu comentário tem a ver com uma publicação exclusivamente racional, nada emocional, rigorosamente fundada em artigos de jornais à época de 1989. Aliás, todo o mundo sabe, neste blogue, que se há alguma coisa de que me podem 'acusar' é conseguir manter-me racional quando os demais já não conseguem.
Ainda bem que, pelo menos, você percebe que não vivo nenhuma infelicidade.
De resto, caro Claytion, eu fui ao endereço que V. me indicou e confesso que não tenho tempo nem vontade para ler coisas do seu clube como V. tem para ler coisas do meu clube, designadamente este blogue.
Aliás, se o blogue tem apenas algumas poucas coisas que valem a pena ler, aconselho-o a não tornar a digitar o endereço do Mundo Botafogo.
[PS: Nunca publico comentários que não sejam de botafoguenses, mas como o seu é relativamente sóbrio e aparentemente não ofensivo, abri a exceção]
Saudações Gloriosas!
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