por
RUY MOURA
A nossa maravilhosa índia mawyana Lúcia Senna foi cantar
em público num sarau muito animado e o poeta do blogue, Sérgio Sampaio, não
poderia deixar de estar presente. Agendou a noitada e Gil Mello, a sua mais
recente descoberta feminina, manifestou o desejo de se encontrar com Sérgio e
conhecer a extraordinária cantora – porque Gil também canta.
Então, encontraram-se fisicamente pela primeira vez, visto
que Sérgio e Gil apenas trocavam mensagens virtuais e, como os leitores podem
calcular, sempre usando os seus poéticos acrósticos!
Porém, na manhã da cantoria, Sérgio foi visitar a sua
ex-esposa ao hospital, por quem nutre muito carinho, e feliz com as ótimas
notícias eis que a sua pena camoniana funcionou imediatamente informando a Gil
da boa nova e da sua abertura a novo amor:
Neuza, uma mulher de grande classe, tem raízes em Campos
dos Goytacazes. Nessa região vivam os goitacás, também designados por guaitacás
ou goitacazes, que era um grupo indígena brasileiro que habitou a região
costeira brasileira entre o Rio São Mateus e o Rio Paraíba do Sul.
Os especialistas afirmam que a designação deste grupo
indígena procede do termo tupi antigo dessa etnia: guaîtaká. E que a palavra pode significar duas coisas: ‘grandes
corredores’, a partir da palavra tupi guata,
que significa correr, marchar, ou ‘gente que sabe nadar’, a partir dos termos
tupis aba (homem), ytá (nadar) e quaa (saber).
Sejam corredores ou nadadores, ou ambas as coisas, ainda
existem descendentes desta tribo na região. O pai de Neuza, que trabalhava no
setor de vendas agrícolas, era muito ligado aos goitacás e influenciava os seus
clientes para os empregar, e uma das meninas que obteve emprego por esse meio
ainda hoje partilha uma grande amizade com Neuza, apoiando-a em especial
durante a sua estadia no hospital.
Sérgio foi muito ligado à região e até se iniciou no
futebol como torcedor do Goytacaz Futebol Clube, o alvi-anil rival do Americano
Futebol Clube, cuja camisa é idêntica à do Botafogo, por influência do seu avô
que era torcedor do clube campista.
As personagens descritas são absolutamente
extraordinárias, porque também Gil tem ligação aos goitacás, já que é seu
hábito promover sessões durante as quais se desloca à região e canta para os
descendentes dos índios goitacás.
É como se todos estes personagens estivessem
propositadamente reunidos partilhando o evento musical de Lúcia Senna, sob o
olhar perscrutador do poeta, sempre atento aos sentimentos e às emoções que o
rodeiam.
Lúcia já cantara, maravilhosamente bem, no seu tom
simultaneamente forte, sereno e sensual. E ali está, em frente da mulher
mawyana com conexão paterna lusitana, a cantora que em Campos dos Goytacazes
visita e canta para os descendentes dos índios da região costeira dos rios São
Mateus e Paraíba do Sul.
E Sérgio paira no ar das suas etéreas cogitações: o que
vem a ser tanta coincidência indígena?... como é que isto se relaciona?... E
vislumbra o avô feliz torcendo emocionado pelo seu alvi-anil, relembra Neuza
recuperando a sua saúde apoiada por uma descendente de índios goitacás, imagina
Gil cantando para a etnia que outrora dominou a região, observa carinhosamente
os magníficos traços mawyanas do rosto da minha amada Lúcia Senna.
E ali estão as duas, Lúcia e Gil conversando e sorrindo,
e Sérgio soberano na sua complacente observação alimentando a própria vida que
lhe brota da alma, fruindo uma noitada de música com mulheres magníficas,
talvez mesmo um amor em início, ou simplesmente vivendo as inúmeras conexões da
vida, que não necessitam de explicação, são o que são por si mesmas e merecem
ser devoradas pelas emoções de uma noite de verão.
Uma coisa é certa: eu gosto de coincidências e conexões,
sobretudo de cogitações, seja lá o que tudo isso queira significar e,
sobretudo, gosto desta gente toda!
FELIZ NATAL!
Nota do Mundo Botafogo: As informações de natureza
privada estão devidamente autorizadas por Sérgio Sampaio.
11 comentários:
Tudo muito simbólico e inusitado.
No entanto, faltou um detalhe indispensável ao excelente texto: uma foto da nossa amada Mawyana, sempre muito bem vinda e inspiradora!
Grande abraço, amigo Ruy e um Feliz Natal quase fora do prazo ( rsrs).
EDSON
PARABÉNS, Ruy Moura , pelo texto cadenciado e ritmado como a própria dança dos índios, sejam eles da etnia que forem. Se a nossa LUCIA SENNA cantasse para os indios, eles ficariam totalmente inebriados . Tenho ouvido as suas crônicas através do YOU TUBE e não me canso de admirar o timbre de sua voz. Chego a me emocionar, sinceramente.
Por essa razão, imagino que o seu canto seja como o do UIRAPURU, seresteiro cantador da floresta amazônica.
Abraços Ruy e um excelente 2020. Que o MB continue sendo o nosso grande lazer do dia a dia.Abracos à Lúcia.
João Martini
Encanto, numa noite de canto! Experiências vividas e sentidas...agora, contadas e ritmadas, com e maestria sutileza do autor! Parabéns!!!
Houve tempo em que eu sentia alívio por nunca, verazmente, ter tido o sentimento da paixão, fazendo folia em minha vida.
"De repente, não mais que de repente", ela vem sem alardes, invasões, com delicadezas, integral e perspicaz!
Em 24 horas, apenas, nossas almas fazem um acordo sem cláusula alguma, eu, sempre, a chamando de querida...
As agradáveis surpresas tomaram-me e pedi ao Ruy Moura que me ajudasse a lidar com a repentina e deliciosa paz;
Sob as asas protetoras do Mundo Botafogo, passei-lhe as coincidências extraordinárias que surgiram da maneira de viver da Gil.
Já comecei a acreditar que se trata de mulher segura de si, sem segundas intenções, adulta, porém juvenil!
"Gosto que me enrosco de ouvir dizer / que a parte mais fraca é a mulher"! Mas o homem, varonil, só faz o que ela quer!
Sérgio Sampaio
www.umpoetinha.com.br
Desta vez, Edson, o destaque maior é mesmo a Gil. Não haveria texto se a Gil não assomasse à noitada de cantoria. Trazida pela mão do nosso imenso Poeta.
Gloriosos abraços festivos!
Obrigado pela deferência, amigo João Martini. Fiquei olhando o seu comentário e 'vendo' as duas magníficas mulheres e ocorreu-me, de repente, perguntar-me como seria um dueto de uma índia mawyana com uma 'cantadeira' dos goitacás. Eu acho que as duas dariam uma belíssima UIRAPURUrada capaz de erguer em êxtase todos os apaixonados da música desde a misteriosa floresta amazônica até à histórica região de Campos de Goytacazes!
Fraternos abraços festivos!
E acaba de ser completada a crônica: o meu 'desconhecido' amigo introduziu-me subtilmentena no texto ao lado de personagens tão magnificamente encantadoras! Obrigado, companheiro!
Gloriosos abraços festivos!
Desejo que esse amor brote verdejante, simultaneamente sereno e voraz, acolhedor e irrequieto, ofertado e recebido sob o selo da equidade, uno e capaz de muitos e sucessivos agoras!
Feliz 2020, repleto de novidades e muitas alegrias!
Sérgio e Gil
Meu desejo é que vocês possam desfrutar verdadeiramente da companhia um do outro, descobrindo novas afinidades e exercendo cotidianamente a tal da cumplicidade- jogo onde os dois saem sempre vencedores. E que o tempo aja no sentido de uni- los cada vez mais. Cuidem bem desse sentimento recém nascido para que ele possa crescer forte o suficiente para aparar as arestas quando se fizer necessário. No mais, é cultivar a amizade pois ela é imprescindível no amor. Sejam os melhores amigos pois pode até haver amizade sem amor, mas amor sem a base da amizade, JAMAIS! E depois é curtir a vida , pois como já dizia GONZAGUINHA" é bonita , é bonita e é bonita".
Beijos para o casal.
Caríssimo Ruy, minhas atividades junto as comunidades Tradicionais, vão além da "cantoria". Este apelo, é despretensioso e festivo, pois não tenho a técnica vocal da grande Lúcia Senna. Grata ao queridíssimo poeta Sergio Sampaio por relatar com tanta fidelidade e precisão, o pequeno resumo de uma longa e intensa vivência com os povos tradicionais do nosso imenso "Brasilis". Abraço fraterno e carinhoso!!!
Gil Mello.'.
Caríssima Gil, "quem dá o que tem, a mais não é obrigado". O seu trabalho voluntário, seja qual for e de que dimensão for, tem o mesmo valor de todos os trabalhos voluntários feitos de vontade, de envolvimento profundo e de amor ao próximo. Parabéns por fazer parte do grupo daqueles para quem o 'ser' e a relação social de equidade são valores intocáveis!
Abraços solidários!
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