quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Olavo Bilac: o torcedor nº 1

FESTA DE EXALTADO SENTIMENTO CÍVICO

AS SOLENIDADES DE ONTEM NO C. R. BOTAFOGO

Bilac, o poeta que uniu indissoluvelmente os civis e as classes armadas do Brasil, com a pregação do sorteio militar – As orações vibrantes do Sr. Luiz Aranha e do poeta Augusto Frederico Schmidt – O importante discurso do general Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra

A festa que o Club de Regatas Botafogo, o mais antigo club esportivo do país, realizou ontem, marcou um acontecimento cívico de repercussão nacional. Escolhendo o insigne poeta Olavo Bilac para patrono dos festejos do seu aniversário, o grêmio da “estrela solitária” transformou uma comemoração íntima e que parecia interessar apenas ao nosso mundo esportivo, em reunião de exaltada vibração patriótica.

E que batizando um barco que recebeu o nome de “Via Láctea” e inaugurando o retrato do poeta que fez no Brasil a campanha do sorteio militar em memoráveis orações que ligaram indissoluvelmente os civis e militares da época e das gerações presentes, o Club de Regatas Botafogo levou à sua sede os ministros Eurico Gaspar Dutra, titular da pasta da Guerra, o ministro Oswaldo Aranha, titular da pasta das Relações Exteriores, o prefeito Henrique Dodsworth, altas autoridades civis e militares, dirigentes do sport e numerosos representantes dos Tiros de Guerra desta capital.

A solenidade teve início com a entrega da bandeira Nacional à Escola de Instrução Militar 411 do club, que foi feita ao mesmo tempo que os jovens soldados cantavam o hino do nosso pavilhão. Em seguida, o Sr. Luiz Aranha, membro do Conselho Nacional de Desportos e presidente da C. B. D., dirigindo-se aos dois ministros presentes e ao prefeito, pronunciou importante discurso. A Sra. Augusto Frederico Schmidt [Nota: trata-se de Ieda Schmidt, esposa de Augusto Frederico Schmidt, presidente do Club de Regatas Botafogo], entre palmas, logo depois batisava o “out-rigger” a 4 remos, que recebeu o nome de “Via Lactea” [Nota: trata-se do título de uma das mais belas poesias de Olavo Bilac].

Inaugurado o retrato de Bilac pelo ministro Dutra

Não foi menos brilhante a outra parte do programa da grande festa promovida pelo C. R. Botafogo. No salão de honra, presentes todas as autoridades e numerosíssima assistência, bem como os soldados dos tiros de guerra, o ministro Eurico Gaspar Dutra descerrou o retrato de Olavo Bilac, sob aplausos.

Três orações de exaltado sentimento nacional

O salão do C. R. Botafogo transformou-se então num ambiente de profundo sentimento cívico. O discurso do Sr. Luiz Aranha, belíssimo, e que definia o verdadeiro sentido do sport como escola de educação física e de brasilidade, completou-se com o do poeta Augusto Frederico Schmidt, presidente do club, e, finalmente, com a importante oração do ministro Eurico Gaspar Dutra. A reunião tomou então, com esses discursos, feição cívica. Inaugurado o retrato de Bilac, o presidente do grêmio local, referiu-se à união dos civis e dos militares do Brasil, que confiava no seu exército. A análise do orador sobre a situação internacional e brasileira, a influência e Bilac e o papel dos brasileiros que formam o Exército, constituiu notável e oportuna pregação.

Falou então, encerrando a solenidade, o ministro da Guerra. Delirantemente aplaudido, logo que iniciou o seu discurso, o general Eurico Gaspar Dutra teve ocasião de fazer mais algumas afirmações de grande solenidade e firmeza, apontando a decidida orientação das nossas classes armadas, que mais do que nunca, disse: estão vigilantes e dispostas a confirmar a união nacional.

Notas: [1] O evento comemorava os 48 anos de existência do CR Botafogo (01.07.1894), tendo-se realizado na manhã de 3 de julho de 1942, sábado, no salão nobre do Pavilhão Mourisco. [2] A exaltação nacional deve ser interpretada à luz dos acontecimentos da II Grande Guerra: em fevereiro de 1942 os submarinos alemães e italiano iniciaram o torpedeamento das embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália ao Brasil ter aderido à ‘Carta do Atlântico’; após meses de torpedeamento, o povo invadiu as ruas e o Governo Brasileiro declarou guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista, em agosto de 1942, embora se tenha remetido a um modesto papel em virtude da sua política internacional isolacionista e da inexistência de uma infraestrutura industrial-médico-educacional que pudesse sustentar material e humanamente um esforço de guerra num conflito tão exigente de natureza mundial.]

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