quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Botafogo 1x1 Bragantino: empate caído do céu

por RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo

Talvez se possa falar em falta de ritmo do Botafogo por causada pandemia, ou talvez não. Certo é que a estreia do Botafogo no Brasileirão deixou um incômodo amargo de boca.

Terá sido este Botafogo da pandemia diferente de tantos Botafogo’s antes da pandemia? A equipe é nova e pouco entrosada ainda? O Bragantino está mais rodado e investiu numa grande equipe? Muitos jogadores alvinegros são inexperientes no campeonato brasileiro? Mas… os erros da defesa, a falta de ligação entre as linhas, a improdutividade atacante, são muito diferentes do habitual?

O Botafogo entrou intenso na partida, esmoreceu cedo a partir dos 5’ iniciais, o Bragantino inaugurou o marcador no primeiro ataque que fez aos 6’ e tomou conta do jogo, numa primeira parte decepcionante dos alvinegros. E a sorte esteve do nosso lado… ou a incapacidade do Bragantino em matar o jogo…

Os enormes buracos da defesa no 1º tempo, com um gol claramente oferecido pelos espaços concedidos, não deveriam já ter sido resolvidos pelo treinador? As linhas distantes umas das outras não tinham sido acertadas no final do Cariocão e nos amistosos? As triangulações de ataque não foram, nesses jogos, uma aposta de Autuori? E as variações de flanco? E a alta pressão sobre o adversário?

Se sim, porque razão o Botafogo não mostrou uma defesa atenta e ágil, não foi capaz de fazer saída de bola, não apresentou linhas compactas, não fez triangulações, não revelou ambição no ataque, à excepção de Babi que, pelo seu esforço e relevância no jogo, conseguiu o empate in extremis?

Fora Matheus Babi, que se mostrou uma peça promissora no ataque (imagine-se!), salvou-se a substituição de Autuori ao fazer entrar Guilherme Santos que deu um novo alento à equipe no 2º tempo, mas nada de consistência estrutural, tratando-se apenas de lances mais de tipo individual de Guilherme, Babi e… Gatito, evidentemente.

E além de muitas mudanças a serem operadas para suprir repetidos erros elementares, falta alguém que mude a (falta de) convicção e ímpeto da equipe, sem o que continuaremos a evidenciar exibições mornas.

Aguardemos os próximos episódios na esperança que os problemas mencionados se resolvam, embora estejamos muito habituados a que se arrastem até à demissão de mais um treinador. Que, aliás, melhor trabalho faria talvez integrando a estrutura e não a liderança da comissão técnica.

Mantenhamos a esperança (emoção), mas sem esquecer os dados (razão) deste jogo:

Remates: Bragantino 23x9 Botafogo
Remates à baliza: Bragantino 8x3 Botafogo
Posse de bola: Bragantino 56x44 Botafogo
Precisão de passe: Bragantino 88x82 Botafogo
Escanteios: Bragantino 11x3 Botafogo

Última nota: talvez seja o editor do Mundo Botafogo excessivamente exigente, porque, afinal, quem comanda tecnicamente a equipe considerou muito positivo o jogo e ficou satisfeito com o empate. Salvo as devidas distâncias faz lembrar aquela do “perdemos, mas jogamos de igual para igual”.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x1 Bragantino
» Gols:​ Matheus Babi, aos 65’ (Botafogo); Alerrandro, aos 6' (Bragantino)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 12.08.2020
» Local: Abi Chedid, em Bragança Paulista (SP)
» Árbitro: André Luiz de Freitas Castro (GO); Assistentes: Leone Carvalho Rocha (GO) e Cristhian Passos Sorence (GO); Var: Elmo Alves Resende Cunha (GO)
» Disciplina: cartão amarelo – Matheus Babi (Botafogo) e Matheus Jesus, Ricardo Ryller e Fabrício Bruno (Bragantino)
» Botafogo: Gatito Fernández; Barrandeguy (Kevin), Marcelo Benevenuto, Kanu, Victor Luís; Caio Alexandre (Luiz Otávio), Keisuke Honda (Rafael Forster); Rhuan (Guilherme Santos), Bruno Nazário, Luís Henrique; Matheus Babi. Técnico: Paulo Autuori.
» Bragantino: Cleiton; Aderlan (Weverton), Léo Ortiz, Fabrício Bruno, Edimar (Bruno Tubarão); Matheus Jesus, Ricardo Ryller (Ytalo); Artur, Claudinho, Morato (Weverson); Alerrandro. Técnico: Felipe Conceição.

2 comentários:

Sergio disse...

Ruy, nada a acrescentar no seu comentário. Acho que o que aconteceu ontem é uma constante no Botafogo há tempos. Insistir nesse esquema engessado, sem variações, sem jogadas treinadas é perder tempo. Um esquema de jogo tem que ser montado a partir das peças que se tem e não tentar impor um esquema descaracterizando e prejudicando vários jogadores. Atualmente o técnico precisa saber o que a equipe pode produzir e como tirar proveito dos seus atletas. Veja o caso do Flamengo, saiu o JJ que tinha o time nas mãos e soube aproveitar as características dos seus jogadores e agora o mesmo elenco, que não se pode dizer que é fraco e o time parece perdido, os dois primeiros resultados mostram esse fato.
Voltando ao Botafogo, será que o PA está tão desatualizado assim. Outro dia ouvindo uma entrevista do João Saldanha no Roda Viva de 1987, ele criticava os esquemas adotados no naquele período no Brasil como completamente anacrônicos, criticando entre outras coisas a falta de mobilidade dos jogadores. Trinta e três anos atrás e parece que caminhamos para trás. Vamos aguardar, mas o Atlético Goianiense não jogava há muito tempo, teve vários jogadores infectados com o covid e ontem não sentiu tanto o período parado, já o Botafogo, bem, o Botafogo é um caso a ser estudado. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Sergio, já manifestei aqui, ao longo dos anos, a minha opinião sobre treinadores brasileiros: fora do Brasil o insucesso é total! O Luxemburgo, por exemplo, desdenha dos treinadores estrangeiros, mas a verdade é que ele esteve no estrangeiro, no colosso Real Madrid de Zidane e outros craques, e em mais dois clubes da Ásia, e não trouxe títulos. No Real foi despedido sem evidenciar qualidades. Cada vez há menos treinadores brasileiros em equipes estrangeiras de sucesso. Não há nenhum treinador brasileiro em nenhuma equipe de topo em países europeus, ao contrário de muitos treinadores italianos, espanhóis, portugueses, alemães... e até argentinos, que se atualizaram e que continuam a estudar as tendências e a descobrir novas combinações. Foram as Associações Profissionais de Treinadores que deram esse impulso.

Em contrapartida, há imensos bons jogadores brasileiros em grandes equipes europeias. Resumo da história: os sucessos das Seleções Brasileiras ocorreram com base no futebol-arte dos seus atletas, não por virtude de treinadores,ma spor virtude deles. Os grandes jogadores brasileiros soltos em campo fazem geralmente maravilhas, os treinadores não. Como hoje o futebol depende imensamente da disciplina de ginásio, da disciplina alimentar, da vida social regrada dos atletas, dos modelos de jogo, das táticas, das estratégias, numa palavra, das ESTRUTURAS PROFISSIONAIS, os treinadores são importantíssimos. Os treinadores brasileiros só ganham no Brasil, porque alguém tem que ganhar anualmente os estaduais, o campeonato brasileiro e a Copa Brasil. Lá fora, nos grandes campeonatos, são muitos bons atletas brasileiros e nenhum treinador.

Nota: JJ com uma boa equipe e Sampaoli com uma equipe mediana obtiveram os dois primeiros lugares do Brasileirão, e o Flamengo teve a melhor temporada de todos os tempos do seu futebol. E agora Sampoli está novamente mostrando-se.

Abraços Gloriosos.

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