quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Destemor do Botafogo não é fruto do acaso

Crédito: Divulgação / Botafogo.

por ALEXANDRE LOZETTI | excerto de publicação em ge.globo.com

«Matéria cada vez mais relevante no futebol e na sociedade, a saúde mental se tornou mais uma muleta para justificar resultados, quase sempre só o que importa. Fala-se de confiança como se fosse um item aleatório, fruto do acaso. […]

Quem ganha está mentalmente forte; o perdedor, evidentemente, anda fragilizado. O Botafogo, então, saiu do calvário ao olimpo mental em um ano. O anormal poder de concentração e resiliência de um time diante da ingrata missão de disputar uma final continental inteira com um jogador a menos e, ainda assim, sagrar-se campeão sem deixar qualquer dúvida acerca de sua superioridade, só pode estar sustentado em bases extremamente sólidas.

Ao optar por não fazer substituições e manter seu quarteto mais ofensivo depois da expulsão de Gregore, Artur Jorge propôs um acordo aos atletas. Deixou claro que apostava na capacidade técnica de cada um para superar tal adversidade, mas pedia em troca doses extras de dedicação, sacrifício e senso coletivo. A impressão é de que o time demorou alguns minutos para aceitar e entender a proposta. E, a partir desse momento, como num simbólico aperto de mão entre todos, arrefeceu a sensação de que o gol do Atlético seria questão de tempo.

Ao contrário, quanto mais o relógio se adiantava, mais clara era a impressão de que Gabriel Milito, se pudesse, chamaria Gregore de volta à final para sua equipe não precisar mais enfrentar o compacto e solidário 6-3-0 botafoguense, com Marlon Freitas e Luiz Henrique recuados à primeira linha de marcação, e o trio Almada, Savarino e Igor Jesus protegendo o meio-campo. […]

É perfeitamente possível dizer que o Botafogo se defendeu com mais jogadores e ofereceu menos espaços com 10 do que se estivesse completo. O roteiro do título foi totalmente diferente do que a equipe havia se preparado para escrever. E a pergunta é sempre a mesma: como o Botafogo conseguiu?

Acreditando que poderia conseguir. Isso é construção. É o resultado, sobretudo, de bons treinamentos, de uma temporada que, sessão após sessão, incutiu na mente e no corpo de cada atleta a convicção de que o que se praticava ali poderia levar a equipe ao sucesso. Do fato de nem as grandes vitórias nem as poucas derrotas terem causado alterações drásticas no rumo traçado. […]

O destemor do Botafogo no mais glorioso de seus dias não é um acaso. Talvez, enganados estejamos nós, ao dizer que a equipe teve um homem a menos durante a maior parte da decisão. O Botafogo estava jogando essa partida há muito tempo

Leia a matéria completa em https://ge.globo.com/blogs/blog-do-lozetti/post/2024/12/01/destemor-do-botafogo-no-mais-glorioso-de-seus-dias-nao-e-fruto-do-acaso.ghtml

4 comentários:

Dinafogo disse...

“Meu Botafogo não é lugar de covardes!”.

Um dia Helênico para o Glorioso! A sua história é destemor puro.

Ruy Moura disse...

Bem lembrado, Dinali! O Heleno merecia ter visto tão grandiosa alegria.

Abraços LIBERTADORES!

Sergio disse...

O Heleno deveria ter visto essa conquista, mas sobretudo merecia ter ganho um título com o Botafogo. Posso estar errado, mas não conheço no Brasil nenhum clube tão corajoso como o Botafogo, consegui resistir a tudo e a todos. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Não há nenhum clube brasileiro tão corajoso, ousado e criativo como o Botafogo! mesmo que tenha que ir contra os valores 'instalados'.

O Clube de Regatas Botafogo foi criado na luta contra as apostas no remo; os rapazes que fundaram o Botafogo Football Club abandonaram a federação em 1911 por solidariedade ao companheiro Abelardo, mesmo em prejuízo próprio; Althemar Castilho enfrentou a Ditadura em 1968 condenando a invasão da PM em General Severiano para prender estudantes, mesmo em prejuízo próprio. E por aí vai, porque tais histórias são muitas, eticamente valiosas e configuram o perfil do Botafogo e da maioria dos Botafoguenses.

ABRAÇOS GLORIOSOS.

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