quinta-feira, 17 de junho de 2021

7 anos sem Marinho Chagas!

Créditos: Acervo do Botafogo de Futebol e Regatas.

por CARLOS EDUARDO

Crônicas de Quinta, no Mundo Botafogo

Assim como o craque Di Stéfano era conhecido como ‘La Saeta Rubia’ (A Flecha Loira), o Botafogo teve o seu ‘flecha loira’ – ele era lateral-esquerdo e foi apelidado de ‘Bruxa’.

Marinho Chagas, menino pobre e o mais novo dos irmãos, nascido no bairro popular do Alecrim, no Rio Grande do Norte, logo ‘encantaria’ os potiguares com a bola no seu pé ‘mágico’.

O primeiro dos ‘encantos’ chegou com o afamado revelador de craques potiguares, o Riachuelo Atlético Clube. Levado ao clube que seria vice estadual em 1967, estreou somente em 1968.

O Riachuelo naquela época fazia grandes jogos frente aos gigantes da Capital e num desses jogos logo ‘encantaria’ os dirigentes do ABC.

Ainda pelas terras do historiador Câmara Cascudo, Marinho chegaria ao alvinegro potiguar em 1969 com a equipe enfrentando jejum de títulos.

Os três anos sem troféus do clube não seriam problema a Marinho nem a outro grande jogador potiguar, Alberi. Juntos reconduziram o ‘Mais Querido’ ao caminho das glórias e troféus em 1970.

Alberi permaneceria no ABC. Marinho, não. Seu novo destino: Pernambuco. O Náutico era o mais novo ‘enfeitiçado’ pela categoria futebolística de Marinho, onde jogou entre 1971 e 1972.

O ‘Bruxa’ permaneceria dois anos no gramado dos ‘Aflitos’ vestindo bravamente as cores alvirrubras. Porém, o ano de 1972 mudaria de vez a carreira de Marinho: o Botafogo seria o seu destino. E tão craque quanto aquele elenco estelar do ‘Glorioso’ na década de 1970, obviamente que o ‘encantamento’ seria célere e mútuo. Primeiro entre jogador e clube, depois entre jogador e torcida.

A estreia pelo Clube da Estrela Solitária não poderia ser melhor: contra o Santos de Pelé! E, dizem, Marinho Chagas só não fez chover!

Fez gol de falta e até o ‘Rei’ teve sua noite de plebeu ante a categoria de Marinho. O ousado lateral deu-lhe um chapéu que deixou Pelé perdido no lance.

Veja bem... nem mesmo Pelé fora capaz de quebrar o feitiço que o ‘Bruxa’ tinha lançado sobre ele em pleno Maracanã para delírio da torcida presente no estádio.

Pronto! Já estava apadrinhado pelo povo botafoguense!

Créditos: Acervo da Bola.

O caminho para a consagração já estava sendo trilhado! Ganharia o prêmio de melhor lateral esquerdo do Brasileirão e seu parceiro de ABC, Alberi, o de atacante, em 1972.

Em 1973 repetiria o prêmio de melhor lateral-esquerdo do Brasil.

Ainda pelo Glorioso, chegou à Copa do Mundo, em 1974. O entrave rumo ao título foi a magnífica ‘Laranja Mecânica’ e a boa Polônia de Lato. A seleção terminaria o mundial em 4° lugar.

Nem a briga e polêmicas com o goleiro Leão durante o certame foram capazes de apagar o ‘encanto’ do mundo com o futebol de Marinho.

Além dos elogios da imprensa mundial, e já tendo o devido reconhecimento no futebol brasileiro, foi eleito o melhor lateral-esquerdo da Copa de 1974, ou melhor, do mundo. Era o auge da carreira.

Em General Severiano ficou até 1977, o suficiente para entrar para a história do clube.

Não ganhou títulos oficiais com a camisa alvinegra, tal como Heleno de Freitas na década de 1940 e, mais tarde, Mendonça e Alemão na década de 1980, mas foi o suficiente para ser considerado o 2° maior lateral esquerdo da história do clube, honrando a mítica camisa 6, já honrada pelos também ‘gigantes’ Rildo e Waltencir anteriormente.

No meio de tantos craques, entrou para a seleção histórica de todos os tempos do Botafogo. Um feito e tanto!

Atuou por Fluminense, Cosmos e São Paulo com reconhecido destaque.

Partiu para a sua última morada em 2014, no ano da Copa do Mundo no Brasil, antes de receber a última das suas consagrações.

O povo potiguar, reconhecendo nele a maior das estrelas já surgida no futebol norte-riograndense, batizara oficialmente a ‘Arena das Dunas’, antigo ‘Machadão’ (palco de alguns jogos da competição), como ‘Arena Marinho Chagas’.

Junta-se a Nilton Santos e a Garrincha como os mais célebres craques alvinegros com nome de estádio.

Assim como dizia uma de suas músicas (é... Marinho arriscou-se como cantor!) "Eu Sou Assim Mesmo", e continuará eternamente sendo assim, uma estrela fugaz e eterna no Olimpo dos ídolos botafoguenses junto a tantos Deuses dos esportes.

Nenhum título apoteótico seria capaz de traduzir o tamanho do seu legado no futebol brasileiro e mundial. Fez e aconteceu somente com a bola nos pés, jogando.

Olha, Marinho... o Rildo está chegando por aí! Avisa o Saldanha e o Espinosa que agora o que não faltará é lateral-esquerdo de qualidade nas peladas botafoguenses do céu!

Leia mais sobre Marinho Chagas clicando aqui: Marinho Chagas: o ‘hippie’ potiguar 

18 comentários:

Gil disse...

Maravilhosas Lembranças, Rui!

Abs e Sds Botafoguenses!

Sergio disse...

Tive o prazer e a sorte de ver a estréia do Marinho. Realmente o lance do lençol no Pelé foi fantástico.
Como não vi o Nilton Santos como lateral esquerda mas apenas como zagueiro, então o maior lateral esquerdo que vó jogando no Botafogo foi Marinho Chagas.
É interessante que grandes jogadores como Heleno de Freitas, Mendonça, Alemão nunca conquistaram um título pelo Botafogo. Parece um destino cruel com esses grandes jogadores e com o Botafogo. Abs e SB!

JANJÃO disse...

Meu amigo Ruy. Grande e importante materia sobre um dos grandes idolos do Botafogo. Tive o prazer de não só vê-lo jogar como conhecer pessoalmemte. Parabéns

leymir disse...

Carlos Eduardo!

Que aula e que lindo texto, muito obrigado!

Imagino que no Botafogo de todos os tempos Nilton joga a zaga para Marinho ficar na lateral, é isso?

Ruy, qualidade aqui só sobe hein!

Grande abraço nos dois!

Carlos Eduardo disse...

Olá, Gil! Obrigado pelo comentário no "Crônicas de Quinta". Marinho Chagas era um cracaço né???

Saudações Botafoguenses!

Carlos Eduardo disse...

Olá,Sérgio! Que sorte a sua poder presenciar não só o Marinho na lateral esquerda, mas Nilton Santos como zagueiro. Devia ser 2 "estrondosos" jogadores.
Eu como não vi nenhum deles, fico com a memória dos "mais antigos". Aqueles times do Botafogo eram times do nível que a torcida botafoguense merecia e merece sempre.

Sobre Heleno, Mendonça e Alemão, eu acho que esses e outros craques que não ganharam títulos nem o precisavam porque só pelo que jogavam e por serem "bandeiras" de um time na época já é "muita coisa". Além de serem jogadores eram BOTAFOGUENSES. Por isso a identificação da torcida com eles.

Abração!!!

Carlos Eduardo disse...

Olá JANJÃO! Imagina que momento único deve ter sido, hein? Além de vê-lo jogar, o prazer de conhecê-lo pessoalmente.

Seja bem-vindo ao "Crônicas de Quinta"!!! Abração!!!

Carlos Eduardo disse...

Olá, Leymir! Grande Rubro-Negro!

Eu que aprendo com os seus comentarios no Mundo Botafogo um pouco sobre o Flamengo.

Exatamente. Marinho entra na lateral-esquerda enquanto Nilton Santos vai para a zaga.

E olha que abaixo de Nilton Santos e Marinho estão Rildo e Waltencir, por exemplo.

Já viu aquele mural em General Severiano que a seleção de todos os tenpos do clube tem 13 jogadores lendários???

Por isso que a torcida do Botafogo é "revoltada" com vários jogadores e times.

Obrigado pelos elogios, Leymir!

Sinta-se em casa não só no Mundo Botafogo como no "Crônicas de Quinta!"

Abração!!!

Ruy Moura disse...

Concordo que há craques que para serem ídolos não precisam, em certas circunstâncias ganhar, como foi o caso dos longos momentos de seca como 1935-1947 e 1968-1989.

Mas a história não perdoa a quem não conquistou títulos. Na fita do tempo o registo torna-se fraco. Seriam Maradona e Garrincha lembrados adequadamente no futuro sem os títulos que conquistaram?... Competir com talento é muito bom, ganhar por esse talento, é melhor. Penso que se Loco Abreu não tivesse convertido aquele ousado penalty de 2010, não seria o mesmo Loco Abreu que apreciamos hoje.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Sorriste emocionado, Gil?... E uma 'lagriminha' no canto do olho, não?... (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Janjão é um GRANDE FELIZARDO por ter convivido com todos os ídolos de que falamos desde a década de 1960! Que inveja!!! (rsrsrs)

Abraços Gloriosos, irmão!

Ruy Moura disse...

A qualidade do Mundo Botafogo está bem patente nos dois 'comentaristas': Carlos Eduardo e Leymir!!!!!!

E tantos outros que aqui escrevem e aqui comentam!

Abraços Gloriosos.

jornal da grande natal disse...

Só um esclarecimento. O azul e branco Riachuelo Atlético Clube, fundado em 1948, não eh "interiorano", mas da capital. Foi fundado por servidores da Base Naval.

Carlos Eduardo disse...

Obrigado pelo esclarecimento e correção, jornal da grande natal.

Ruy, se possível corrija essa parte e coloque no lugar: "afamado revelador de craques potiguares, o Riachuelo Atlético Clube."

Obrigado pela participação no "Crônicas de Quinta".

Ah e se quiser postar no seu blog, com os devidos créditos, fique à vontade.

Abração!!!


Ruy Moura disse...

Feito, Carlos Eduardo!
Abraços Gloriosos.

jornal da grande natal disse...

Reli a reportagem. Outro adendo. Na parte da chegada ao Abc está meio confuso. Ele Foi campeão em 1970 pelo alvinegro. Em 67 havia sido o América, 68 o Alecrim e 69 novamente o América. Em 71 foi para o Náutico.

Ruy Moura disse...

Creio que o novo ajuste clarifica melhor o ano de campeão no ABC (1970).

Anraços Gloriosos.

jornal da grande natal disse...

Exato. Agora está tudo nos conformes.

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