por CARLOS
EDUARDO
Crônicas de Quinta, no Mundo Botafogo
Assim como o craque Di Stéfano era conhecido como ‘La Saeta Rubia’ (A Flecha Loira), o Botafogo teve o seu ‘flecha loira’ – ele era lateral-esquerdo e foi apelidado de ‘Bruxa’.
Marinho Chagas, menino pobre e o mais novo dos irmãos, nascido no bairro popular do Alecrim, no Rio Grande do Norte, logo ‘encantaria’ os potiguares com a bola no seu pé ‘mágico’.
O primeiro dos ‘encantos’ chegou com o afamado revelador de craques potiguares, o Riachuelo Atlético Clube. Levado ao clube que seria vice estadual em 1967, estreou somente em 1968.
O Riachuelo naquela época fazia grandes jogos frente aos gigantes da Capital e num desses jogos logo ‘encantaria’ os dirigentes do ABC.
Ainda pelas terras do historiador Câmara Cascudo, Marinho chegaria ao alvinegro potiguar em 1969 com a equipe enfrentando jejum de títulos.
Os três anos sem troféus do clube não seriam problema a Marinho nem a outro grande jogador potiguar, Alberi. Juntos reconduziram o ‘Mais Querido’ ao caminho das glórias e troféus em 1970.
Alberi permaneceria no ABC. Marinho, não. Seu novo destino: Pernambuco. O Náutico era o mais novo ‘enfeitiçado’ pela categoria futebolística de Marinho, onde jogou entre 1971 e 1972.
O ‘Bruxa’ permaneceria dois anos no gramado dos ‘Aflitos’ vestindo bravamente as cores alvirrubras. Porém, o ano de 1972 mudaria de vez a carreira de Marinho: o Botafogo seria o seu destino. E tão craque quanto aquele elenco estelar do ‘Glorioso’ na década de 1970, obviamente que o ‘encantamento’ seria célere e mútuo. Primeiro entre jogador e clube, depois entre jogador e torcida.
A estreia pelo Clube da Estrela Solitária não poderia ser melhor: contra o Santos de Pelé! E, dizem, Marinho Chagas só não fez chover!
Fez gol de falta e até o ‘Rei’ teve sua noite de plebeu ante a categoria de Marinho. O ousado lateral deu-lhe um chapéu que deixou Pelé perdido no lance.
Veja bem... nem mesmo Pelé fora capaz de quebrar o feitiço que o ‘Bruxa’ tinha lançado sobre ele em pleno Maracanã para delírio da torcida presente no estádio.
Pronto! Já estava apadrinhado pelo povo botafoguense!
O caminho para a consagração já estava sendo trilhado! Ganharia o prêmio de melhor lateral esquerdo do Brasileirão e seu parceiro de ABC, Alberi, o de atacante, em 1972.
Em 1973 repetiria o prêmio de melhor lateral-esquerdo do Brasil.
Ainda pelo Glorioso, chegou à Copa do Mundo, em 1974. O entrave rumo ao título foi a magnífica ‘Laranja Mecânica’ e a boa Polônia de Lato. A seleção terminaria o mundial em 4° lugar.
Nem a briga e polêmicas com o goleiro Leão durante o certame foram capazes de apagar o ‘encanto’ do mundo com o futebol de Marinho.
Além dos elogios da imprensa mundial, e já tendo o devido reconhecimento no futebol brasileiro, foi eleito o melhor lateral-esquerdo da Copa de 1974, ou melhor, do mundo. Era o auge da carreira.
Em General Severiano ficou até 1977, o suficiente para entrar para a história do clube.
Não ganhou títulos oficiais com a camisa alvinegra, tal como Heleno de Freitas na década de 1940 e, mais tarde, Mendonça e Alemão na década de 1980, mas foi o suficiente para ser considerado o 2° maior lateral esquerdo da história do clube, honrando a mítica camisa 6, já honrada pelos também ‘gigantes’ Rildo e Waltencir anteriormente.
No meio de tantos craques, entrou para a seleção histórica de todos os tempos do Botafogo. Um feito e tanto!
Atuou por Fluminense, Cosmos e São Paulo com reconhecido destaque.
Partiu para a sua última morada em 2014, no ano da Copa do Mundo no Brasil, antes de receber a última das suas consagrações.
O povo potiguar, reconhecendo nele a maior das estrelas já surgida no futebol norte-riograndense, batizara oficialmente a ‘Arena das Dunas’, antigo ‘Machadão’ (palco de alguns jogos da competição), como ‘Arena Marinho Chagas’.
Junta-se a Nilton Santos e a Garrincha como os mais célebres craques alvinegros com nome de estádio.
Assim como dizia uma de suas músicas (é... Marinho arriscou-se como cantor!) "Eu Sou Assim Mesmo", e continuará eternamente sendo assim, uma estrela fugaz e eterna no Olimpo dos ídolos botafoguenses junto a tantos Deuses dos esportes.
Nenhum título apoteótico seria capaz de traduzir o tamanho do seu legado no futebol brasileiro e mundial. Fez e aconteceu somente com a bola nos pés, jogando.
Olha, Marinho... o Rildo está chegando por aí! Avisa
o Saldanha e o Espinosa que agora o que não faltará é lateral-esquerdo de
qualidade nas peladas botafoguenses do céu!
Leia mais sobre Marinho Chagas clicando aqui: Marinho Chagas: o ‘hippie’ potiguar
18 comentários:
Maravilhosas Lembranças, Rui!
Abs e Sds Botafoguenses!
Tive o prazer e a sorte de ver a estréia do Marinho. Realmente o lance do lençol no Pelé foi fantástico.
Como não vi o Nilton Santos como lateral esquerda mas apenas como zagueiro, então o maior lateral esquerdo que vó jogando no Botafogo foi Marinho Chagas.
É interessante que grandes jogadores como Heleno de Freitas, Mendonça, Alemão nunca conquistaram um título pelo Botafogo. Parece um destino cruel com esses grandes jogadores e com o Botafogo. Abs e SB!
Meu amigo Ruy. Grande e importante materia sobre um dos grandes idolos do Botafogo. Tive o prazer de não só vê-lo jogar como conhecer pessoalmemte. Parabéns
Carlos Eduardo!
Que aula e que lindo texto, muito obrigado!
Imagino que no Botafogo de todos os tempos Nilton joga a zaga para Marinho ficar na lateral, é isso?
Ruy, qualidade aqui só sobe hein!
Grande abraço nos dois!
Olá, Gil! Obrigado pelo comentário no "Crônicas de Quinta". Marinho Chagas era um cracaço né???
Saudações Botafoguenses!
Olá,Sérgio! Que sorte a sua poder presenciar não só o Marinho na lateral esquerda, mas Nilton Santos como zagueiro. Devia ser 2 "estrondosos" jogadores.
Eu como não vi nenhum deles, fico com a memória dos "mais antigos". Aqueles times do Botafogo eram times do nível que a torcida botafoguense merecia e merece sempre.
Sobre Heleno, Mendonça e Alemão, eu acho que esses e outros craques que não ganharam títulos nem o precisavam porque só pelo que jogavam e por serem "bandeiras" de um time na época já é "muita coisa". Além de serem jogadores eram BOTAFOGUENSES. Por isso a identificação da torcida com eles.
Abração!!!
Olá JANJÃO! Imagina que momento único deve ter sido, hein? Além de vê-lo jogar, o prazer de conhecê-lo pessoalmente.
Seja bem-vindo ao "Crônicas de Quinta"!!! Abração!!!
Olá, Leymir! Grande Rubro-Negro!
Eu que aprendo com os seus comentarios no Mundo Botafogo um pouco sobre o Flamengo.
Exatamente. Marinho entra na lateral-esquerda enquanto Nilton Santos vai para a zaga.
E olha que abaixo de Nilton Santos e Marinho estão Rildo e Waltencir, por exemplo.
Já viu aquele mural em General Severiano que a seleção de todos os tenpos do clube tem 13 jogadores lendários???
Por isso que a torcida do Botafogo é "revoltada" com vários jogadores e times.
Obrigado pelos elogios, Leymir!
Sinta-se em casa não só no Mundo Botafogo como no "Crônicas de Quinta!"
Abração!!!
Concordo que há craques que para serem ídolos não precisam, em certas circunstâncias ganhar, como foi o caso dos longos momentos de seca como 1935-1947 e 1968-1989.
Mas a história não perdoa a quem não conquistou títulos. Na fita do tempo o registo torna-se fraco. Seriam Maradona e Garrincha lembrados adequadamente no futuro sem os títulos que conquistaram?... Competir com talento é muito bom, ganhar por esse talento, é melhor. Penso que se Loco Abreu não tivesse convertido aquele ousado penalty de 2010, não seria o mesmo Loco Abreu que apreciamos hoje.
Abraços Gloriosos.
Sorriste emocionado, Gil?... E uma 'lagriminha' no canto do olho, não?... (rsrsrs)
Abraços Gloriosos.
Janjão é um GRANDE FELIZARDO por ter convivido com todos os ídolos de que falamos desde a década de 1960! Que inveja!!! (rsrsrs)
Abraços Gloriosos, irmão!
A qualidade do Mundo Botafogo está bem patente nos dois 'comentaristas': Carlos Eduardo e Leymir!!!!!!
E tantos outros que aqui escrevem e aqui comentam!
Abraços Gloriosos.
Só um esclarecimento. O azul e branco Riachuelo Atlético Clube, fundado em 1948, não eh "interiorano", mas da capital. Foi fundado por servidores da Base Naval.
Obrigado pelo esclarecimento e correção, jornal da grande natal.
Ruy, se possível corrija essa parte e coloque no lugar: "afamado revelador de craques potiguares, o Riachuelo Atlético Clube."
Obrigado pela participação no "Crônicas de Quinta".
Ah e se quiser postar no seu blog, com os devidos créditos, fique à vontade.
Abração!!!
Feito, Carlos Eduardo!
Abraços Gloriosos.
Reli a reportagem. Outro adendo. Na parte da chegada ao Abc está meio confuso. Ele Foi campeão em 1970 pelo alvinegro. Em 67 havia sido o América, 68 o Alecrim e 69 novamente o América. Em 71 foi para o Náutico.
Creio que o novo ajuste clarifica melhor o ano de campeão no ABC (1970).
Anraços Gloriosos.
Exato. Agora está tudo nos conformes.
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