sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Botafogo 1x0 LDU: do gol relâmpago ao desempenho sombrio

Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

O Botafogo fez uma entrada fulminante contra a LDU e aos 12”, a cruzamento de Alex Telles, Artur apareceu à entrada da pequena área e tocou a bola para o fundo das redes. Botafogo 1x0.

O que poderia ter sido um impacto emocional na equipe da LDU, em boa verdade não teve nenhum efeito prático, porque o adversário continuou jogando normalmente. Os visitantes subiram a marcação, o Botafogo recuou e parece ter apostado em atrair o adversário para o cansar e depois contra-atacar.

Porém, nada disso ocorreu e foi a LDU que aos 12’ emendou uma bola de voleio e John mandou para escanteio. E depois disso o Botafogo jogou quase sempre no seu meio-campo, atrasando sucessivas bolas para John, jogando de pé em pé sem nenhuma arrancada verdadeiramente perigosa para lá do meio campo, porque a LDU mantinha a marcação alta e os protagonistas alvinegros não tiveram arte para superar essa marcação.

O Botafogo não conseguia sair, os passes errados acumulavam-se e a tática não se percebia bem qual era, porque, além dos passes errados, as linhas não se entendiam e os espaços deixados em aberto eram suficientes para a LDU atacar.

As sucessivas perdas de bola nem sequer ocorriam na tentativa de passagem do meio-campo para o ataque, mas sim da defesa para os homens de meio-campo. Somente aos 39’, na cobrança de um escanteio é que o Botafogo levou perigo num remate salvo por Valle – mas, ainda assim, em situação de impedimento.

Aos 45+1’ Vitinho – que já antes fizera um carrinho arriscado mas essencial dentro da grande área – salvou um erro crasso de saída de bola de John, que foi encoberto e o empate aconteceria se Vitinho não desviasse a bola de cabeça quase em cima da linha de meta. E logo em seguida John hesitou, ia à bola mas não foi e o empate esteve novamente à vista.

A 1ª parte terminou com um único remate do Botafogo à baliza adversária – o do gol. No mais, foi completamente controlado pela LDU, que fez alguns remates perigosos, mas apenas um enquadrado na baliza.

Na 2ª parte a LDU entrou decidida a empatar, encurralou o Botafogo e levou perigo diversas vezes à baliza de John. Aos 69’ o empate esteve novamente à vista com uma cabeçada que saiu rente ao poste de John já batido.

As ligações entre linhas não funcionavam e cada vez mais o Botafogo se sentia acuado. O técnico fez diversas substituições, desde a quase inutilidade de Joaquín Correa até à boa entrada de Matheus Martins que deu algum fôlego ao ataque, beneficiado claramente por, finalmente, a LDU mostrar cansaço.

Então o Botafogo fez diversas investidas nos últimos quinze minutos e teve diversas ocasiões para ampliar: aos 74’ Matheus Martins exagerou a conduzir a bola até quase à pequena área e acabou sendo desarmado; aos 78’ Arthur Cabral faz um giro sobre si mesmo dentro da área e chutou fraco à figura do goleiro; aos 82’, 86’ e 89’ a equipe desperdiçou mais três boas oportunidades, duas delas por Joaquín Correa.

Em suma, nada a acrescentar do ponto de vista da análise relativamente aos últimos jogos: o anunciado futebol vertical e agressivo ainda não evidenciou consistência; o tiki-taka ensaiado em algumas ocasiões também se mostra infrutífero; as perdas de bola em divididas são flagrantes; os passes em transição são repetidas vezes perdidos ou interceptados; a equipe reage muitas vezes recuando e salvando-se devido à organização defensiva, apesar do excesso absurdo de azares que os nossos defensores sofrem com lesões contínuas; o nosso ataque é geralmente fraco porque os protagonistas não dispõem de arte nos dribles e não desequilibram com faziam Luiz Henrique, Thiago Almada, Júnior Santos e, nos seus melhores dias, Savarino.

Contra a LDU, Marlon Freitas, Savarino, Danilo, Arthur Cabral e até Montoro (que tinha ido bem em alguns jogos) praticamente não apareceram. No ataque, somente Artur e, na parte final, Matheus Martins, apareceram. Vitinho, Barboza, Alex Telles e Artur se destacaram ao longo do jogo, evidenciando que foi a defesa que teve mais ações positivas.

Em suma, a equipe mostrou-se totalmente previsível, lenta e fisicamente mal preparada, não apresentou qualquer estratégia de jogo e quanto a eventuais táticas alternativas, que tenham sido trabalhadas em treino, não se vislumbraram em momento algum. Nem sequer jogadas de bola parada foram frequentes, o ataque foi lento e sem força física, o meio campo revelou-se absolutamente improdutivo e a comissão técnica permanece sem soluções de efetividade, isto é, não consegue que as melhores práticas, aqui e ali apresentadas em alguns jogos, tenham sequência e, sobretudo, aplicabilidade consistente.

Apesar disso, vencemos o jogo com alguma sorte e será a LDU a ter que fazer pela vida, esperando nós que o sempre inesperado Botafogo possa mostrar-se mais imprevisível e eficaz para prosseguir a sua caminhada na Copa Libertadores.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 1x0 LDU

» Gols: Artur, aos 12”

» Competição: Copa Libertadores da América

» Data: 14.08.2025

» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)

» Público: 37.155 espectadores

» Árbitro: Wilmar Roldán (Colômbia); Assistentes: John Alexander León (Colômbia) e Sebastián Vela (Colômbia); VAR: David Rodríguez (Colômbia)

» Disciplina: cartão amarelo – Marçal (Botafogo) e Richard Mina, Cornejo e Gruezo (LDU); cartão vermelho: Andrew Mangan – comissão técnica (Botafogo)

» Botafogo: John; Vitinho, Alexander Barboza, David Ricardo (Marçal) e Alex Telles; Danilo (Allan), Marlon Freitas e Savarino (Nathan Fernandes); Artur (Joaquín Correa), Arthur Cabral e Álvaro Montoro (Matheus Martins). Técnico: Cláudio Caçapa (e Davide Ancelotti).

» LDU: Valle; Adé, Richard Mina (Aimar) e Leonel Quiñónez; Quintero, Gruezo, Cornejo (Alvarado), Villamil e Bryan Ramírez (Erique); Alzugaray (Pastrán) e Jeison Medina (Michael Estrada). Técnico: Tiago Nunes.

4 comentários:

Sergio disse...

O resultado eu diria que foi razoável, mas a apresentação time ficou muito abaixo do que acho que a equipe pode render.
A impressão que tive no jogo de ontem, é que a equipe do Botafogo ao fazer um gol muito cedo, se desligou completamente da partida, pois a equipe começou a errar em todos os sentidos , sejam passes, distribuição de jogadas, espaçamento das linhas, frouxidão nas divididas, enfim, o time parecia estar disputando um amistoso, e os jogadores completamente desfocados. Como o time fez a vantagem no placar muito cedo, em algum momento eu pensei que o time estaria treinando para o jogo da volta, que será na altitude, pois a forma que os jogadores corriam em campo, parecia que estariam prevendo o desgaste da altitude. Essa é a única explicação para uma apresentação tão insossa.
A bem da verdade, o que está acontecendo com o time é o preço de um planejamento completamente equivocado, e se observa claramente o desentrosamento de alguns jogadores e muitos com uma preparação física muito abaixo do esperado.
O que nos resta é torcer para que a equipe consiga fazer uma boa apresentação no jogo de volta e se classifique para a próxima fase. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Sergio, concordo inteiramente com os adjetivos que utilizou para avaliar o desempenho de ontem. Quanto ao desligamento, inicialmente pensei nessa possibilidade, mas continuar nesse propósito após o intervalo, é que já não me parece dar viabilidade a essa estratégia. Normalmente o técnico atua forte no intervalo para abanar a equipe de modo a corrigir os erros. Isso não aconteceu. Temo que o Ancelotti seja educado demais. No futebol, educação em excesso funciona mal, porque não se trata de um espetáculo de valsa.

E realço uma parte muito preocupante do seu comentário: "A bem da verdade, o que está acontecendo com o time é o preço de um planejamento completamente equivocado, e se observa claramente o desentrosamento de alguns jogadores e muitos com uma preparação física muito abaixo do esperado."

Abraços Gloriosos.

Anónimo disse...

Fico aliviado, caro Ruy, que futebol não seja valsa. Se dependesse do entrosamento e coordenação dos passes de ontem, seria uma dança vexatória, horrorosa. Ainda assim, como foi feia essa partida! Por sorte, o futebol se escora em outros fatores (a própria sorte inclusa). De resto, você já disse tudo, apenas ressalto que a zaga foi a grande fiadora de nossa mal-ajambrada (e muito desejada) vitória. Sigamos torcendo. Veremos que surpresas nos aguardam nos próximos jogos, talvez gols relâmpagos possam cair duas vezes no mesmo lugar.

Ruy Moura disse...

Feia demais, meu amigo. Nunca gostei do tiki-taka, nem do Barcelona nem de qualquer outro clube, porque entendo que contraria a verdadeira ideia do futebol e não é verdadeiramente criativo. Pode funcionar em equipes de grandes craques devido à qualidade individual, mas em equipes tecnicamente na média são tques e mais toques que geralmente não conduzem à eficácia do gol. Mas tiki-taka no meio-campo adversário ainda se entende estrategicamente, caso a equipe tenha al guns atacantes de qualidade, mas tiki-taka no nosso meio-campo é algo realmente feio e absurdo. E isso fi o que aconteceu em quase toda a 1ª parte do jogo. Na 2ª foi pior: dominados durante 30 minutos. Só na parte final houve realmente algum futebol, mas os atacantes do Botafogo não têm capacidade para definir bem. Foi pena, porque mesmo com o nosso escasso futebol poderíamos ter chegado ao 2x0 no fim. A equipe da LDU é 'chata', mas é uma equipe vulgar. A minha outra preocupação é que, enquanto sistema de equipe, ainda não vislumbrei qual virá a ser o nosso DNA.

Se o relâmpago voltar a cair no mesmo lugar, eu não me importo (rsrs) e até gostarei. Mas não consigo tirar o amargo de boca a respeito do futebol que estamos apresentando.

Abraços Gloriosos.

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