quarta-feira, 2 de maio de 2012

Fernanda Maia: tendenciosa ou meritória?


Artigo reproduzido a partir do seguinte endereço: http://extra.globo.com/esporte/botafogo/fernanda-gandula-botafoguense-tem-medo-de-nao-atuar-na-final-do-estadual-4779362.html

 

“Fernanda, a gandula botafoguense, tem medo de não atuar na final do Estadual


Ao repor a bola com rapidez e iniciar o lance do primeiro gol da vitória que deu o título da Taça Rio ao Botafogo, a gandula Fernanda Maia não imaginava a repercussão que um simples lateral poderia tomar. Em menos de 24 horas, a jovem viu sua agenda ser tomada por entrevistas — foram oito só no dia seguinte ao clássico com o Vasco. Uma realidade que até poderia deslumbrar a jovem, não fosse a preocupação em ser afastada da decisão do Campeonato Estadual.

— Não dormi a noite toda pensando nisso. Fico imaginando que a administração do Engenhão pode me enxergar como oportunista e me vetar do jogo. Eu torço para o Botafogo sim, mas sou profissional. Todo mundo tem um time — desabafou a jovem, que, desde que começou a gandular, há três anos, não teve mais tempo para assistir jogos das arquibancadas: — Ganho R$ 40 por partida, mas faço por amor. Se for afastada vou ao estádio do mesmo jeito, mas quero muito estar no campo trabalhando.

A agenda cheia não é novidade para Fernanda, só que normalmente sua rotina é muito trabalho. Em um dia normal, a professora de Educação Física se desdobra em uma jornada tripla, que inclui aulas de personal training, a coordenação técnica de um projeto na Prefeitura, e o emprego em uma academia na Tijuca, bairro onde mora. Compromissos mais do que suficientes para acabar com qualquer suspeita de ligação ao Botafogo.

— Não tenho contato com ninguém. Só chego ao Engenhão uma hora antes do jogo, para fazer as unhas. Essa história de que treino com o time é absurda. Nem tenho tempo para isso.”

[Nota de Mundo Botafogo: Fernanda Maia tentou por duas vezes o seu tempo de glória candidatando-se a Musa do Botafogo, e não conseguiu. Então, enveredou por uma carreira de muito trabalho: professora de educação física, coordenação de um projeto, emprego numa academia e gandula no Engenhão, mantendo-se deste modo nos estádios de futebol, que é coisa que ela realmente gosta. Fernanda mostrou que não ficou à espera de benesses ‘caídas do céu’ e pôs-se a trabalhar. E em especial no Engenhão – que é o que se pode constatar ao vivo – Fernanda desempenhou a sua função exatamente de acordo com as instruções: lançar a bola para a cobrança de lateral tão rapidamente quanto possível. E que tem feito Fernanda, então? Colocou uma bola debaixo do braço e assim que a do jogo sai ela lança a bola de reserva. Faz isso em todos os jogos e com todos os clubes. Na final da Taça Rio fez o mesmo, e com tanta naturalidade que assim que lançou a bola para Maicosuel virou costas ao lance e foi buscar a bola que saíra, não esperando o desenrolar da jogada e provando que só fizera o que profissionalmente devia fazer. O gol de Loco Abreu abriu a Fernanda Maia o seu instante de glória; não apenas por sorte, mas porque a competência dela permitiu criar esse momento de sorte. Se alguém punir esta garota por ter sido escrupulosa e competente, estarão punindo todas as pessoas que são éticas, empenhadas, capazes, honestas e produtoras de um mundo baseado no trabalho, e estarão ilibando todas as pessoas inéticas, preguiçosas, incapazes, incompetentes, desonestas e que nada produzem – e igualando-se a elas num puro ato de lesa-majestade. Por isso, a bem da ‘Ordem e Progresso’, Fernanda Maia tem que ser gandula da final do campeonato carioca.]

6 comentários:

hangman disse...

Belo texto, Rui!

Ruy Moura disse...

Eu acho que se ela for inteligente - e parece ser - deixará de ser gandula muito brevemente e enveredará por outras atividades. Mas enquanto não for merece todo o nosso apoio.

Abraços Gloriosos!

luiz sergio cunha disse...

RUI,

a bola foi isolada com a clara intenção de fazer que a cobrança fosse demorada, para que a defesa vascaína tivesse tempo de se reagrupar.
ó lateral é tambem uma infração que não tira pontos da carteira, mas nos casos de intecional beneficiamento, gera como efeito o beneficiamento do infrator, que alem de antijogo é tambem anti-ético.
a sua descrição é perfeita, pois no segundo tempo, a outra gandula remeteu uma bola para o juninho bater o lateral, com a outra bola que estava em jogo, já fora de campo, mas no altõ.
é um caso similar a cobrança rápida de falta, que os argentinos e europeus sempre fazem e que os nossos jogadores papam mosca.
as gandulas do engenhão são eficientes e todas ficam com a bola reserva debaixo do braço, a entregam imediatamente, independente do clube e partem em direção a que saiu.

abraços,

LSCUNHA

Ruy Moura disse...

É exatamente isso, Luiz. Na Europa a reposição de bola é imediata. Não sabia que na Argentina também.

A reposição imediata da bola minimiza os eventuais prejuízos que a bola chutada fora terá para a equipa que cobra a lateral. No futebol tudo devia ser muito mais rápido do que é. O espetáculo ganhava com isso.

Abraços Gloriosos!

Gil disse...

Rui,

Espero que algum conhecido da Fernanda leia o teu texto e passe para ela, pois precisará de defesa!
Infelizmente no Brasil o que mais vemos são justamente o que você bem descreveu:
"estarão ilibando todas as pessoas inéticas, preguiçosas, incapazes, incompetentes, desonestas e que nada produzem – e igualando-se a elas num puro ato de lesa-majestade".

Abs e Sds, Botafoguenses!!!

Ruy Moura disse...

Algum dia a decência tem que ocorrer. Não podemos baixar os braços e deixar que façam impunemente o que querem fazer os 'senhores' do futebol.

Abraços Gloriosos!

Botafogo, Palmeiras e Fluminense no pódio Mundial

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo Em minha modesta opinião o Botafogo devia contestar junto da FIFA a realização da final do Mund...