quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Beth Carvalho, Botafogo e Samba

por LEANDRO STEIN
1º de maio de 2019

Beth Carvalho falava com orgulho de suas grandes paixões. […] Como uma verdadeira carioca, ela não poderia renegar o futebol. A bola era outro prazer declarado da cantora. Sobretudo, o clube que desencadeou este sentimento, o Botafogo. Poucas personalidades da MPB demonstravam tamanho apego ao seu clube.

A família de Beth Carvalho era toda botafoguense. Seu pai remava no clube, além de ser torcedor. A mãe também adotara as cores, bem como a irmã mais velha. Assim, o destino inescapável da garota era a Estrela Solitária. Nascida em 1946, Beth pôde se deslumbrar com o auge do Botafogo justamente durante sua juventude. Quando criança, não ia ao Maracanã, mas acompanhava fielmente os jogos pelas ondas do rádio. O aparelho, que inspirava o seu talento à música, também alimentava seu fanatismo como torcedora. E não demorou para a menina frequentar a sede do clube, dançando nos bailinhos de General Severiano. Quando tinha 15 anos, presente mais do que sonhado, ganhou sua primeira camisa alvinegra.

Garrincha foi minha primeira referência no futebol. Sempre. Meus primeiros ídolos, que me lembro de ver jogando, foram Nilton Santos, Didi… Depois, já como artista, tive contato com eles. Foi sensacional. E eu sou ídolo do Nilton Santos, olha que coisa… Eu o conheci há pouco tempo, no programa ‘Bem, Amigos!’, do Sportv. Fui ao programa a pedido dele. E ele mesmo me deu uma camisa. [entrevista a Globoesporte em 2011].

Se a década de 1970 confirmou a fama de Beth Carvalho, transformando a carioca em uma das cantoras mais requisitadas do Brasil, o Botafogo não teve a mesma sorte. Até montou outros times fortes, mas passou a encarar uma incômoda seca de títulos. Nada que fizesse a torcedora ilustre abandonar seu time, presente nas horas boas e nas ruins.

Eu sempre tive o hábito de ir a jogos do Botafogo, independente do time estar brigando pelos campeonatos ou não. [entrevista ao jornal O Dia em 2013].

Às vésperas das finais [do campeonato carioca de 1989], Beth Carvalho foi entrevistada pelo Jornal dos Sports. Indicava sua enorme confiança:

Acho que desta vez vai. O Botafogo está nadando bem e não vai morrer na praia. Finalmente os jovens botafoguenses terão chance de ver nosso time campeão. […] Finalmente surgiram boas perspectivas e temos tido grandes alegrias. O Valdir Espinosa é mais um gaúcho que deu certo. Ele está no comando da garotada, com sucesso. Vamos lá, Botafogo! Vamos ser campeões este ano! […]

Na semana da conquista, a cantora também participou de um evento especial na Marquês de Sapucaí. O sambódromo abrigou um show com vários artistas alvinegros. Além da sambista, também subiram ao palco Sidney Magal, Agnaldo Timóteo, Emílio Santiago, Emilinha Borba, Marina, Wanderley Cardoso e ainda outros botafoguenses célebres. Já a apresentação ficava a encargo de outros torcedores, incluindo Léo Batista, Fernando Vanucci, João Saldanha, Márcio Guedes, Armando Nogueira, Stepan Nercessian, Glória Menezes e Sérgio Chapelin.
Só que a melhor lembrança providenciada por Beth Carvalho à torcida do Botafogo, como não poderia deixar de ser, veio em forma de canção. Ainda no Maracanã, a cantora foi procurada por Elias da Silva e Pedro Russo, outros botafoguenses doentes que estavam nas arquibancadas. Os compositores escreveram uma música na emoção pelo título e apresentaram à Madrinha. Ela abraçou a ideia e, semanas depois, já gravava ‘Esse é o Botafogo que eu gosto’. Durante os registros nos estúdios da Polygram, a intérprete vestia a camisa alvinegra. Apenas músicos botafoguenses participaram da gravação. Além disso, houve um coro composto por jogadores e também por outros personagens ligados ao folclore do clube – como a gandula Sonja, uma menina que ficou famosa por chorar nas derrotas do time. […]

A canção ocupou a última faixa do disco ‘Saudades da Guanabara’, lançado em outubro de 1989. Eis sua letra:

Esse é o Botafogo que eu gosto
Esse é o Botafogo que eu conheço
Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus
Deixa eu festejar que eu mereço
Mas é esse
Esse é o Botafogo que eu gosto
Esse é o Botafogo que eu conheço
Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus
Deixa eu festejar que eu mereço
É tão bonito ver
Minha gente sorrindo de emoção
O meu Brasil
De ponta a ponta chorando, vibrando
Saudando o Botafogo Campeão
O meu Brasil
De ponta a ponta chorando, vibrando
Saudando o Glorioso Campeão

No ano seguinte, Beth Carvalho entrou um pouco mais no imaginário da torcida do Botafogo. A Madrinha foi convidada pela Revista Placar, em 1996, para gravar o hino do clube. Juntou-se a Ed Motta, Claudio Zoli e Eduardo Dusek para entoar a letra composta por Lamartine Babo. É a 12ª faixa do álbum ‘Os Hinos dos Grandes Clubes Brasileiros Cantados por Feras do Rock e da MPB’. […]

Nesta década, Beth Carvalho ainda gravou mais uma música ao Botafogo: ‘Amor Em Preto e Branco’, ao lado de Zeca Pagodinho e outros torcedores ilustres. Sempre que podia, mencionava sua adoração pelo clube. E continuou assim até os últimos anos de vida, mesmo que as limitações causadas por um problema na coluna impedissem a Madrinha de frequentar as arquibancadas com a assiduidade de antes. […] Não media esforços por sua paixão.

Texto completo em https://trivela.com.br/beth-carvalho-exaltou-o-botafogo-em-seus-sambas-e-o-amou-por-toda-a-sua-vida/

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