sábado, 11 de janeiro de 2020

Garrinchadas (III): Garrincha das Quadras

Pivô do Grêmio Mogiano admite admiração por Mané Garrincha, de quem herdou o apelido, lembra quase "fim" da carreira e revela sonho de disputar a Liga Futsal. Créditos: Cairo Oliveira.

 

por Cairo Oliveira
Mogi das Cruzes, SP

Foi em uma favela de Guarulhos, onde passou os primeiros anos de sua vida, que ele ganhou o apelido de um dos maiores craques do futebol brasileiro. O Weverton Nascimento Morais pode até passar despercebido, mas o Garrincha, pivô do Grêmio Mogiano, é facilmente reconhecido. Não só pelo nome de fácil pronúncia, que traz boas recordações para os fãs de futebol mais antigos, como também pelo penteado e principalmente pelas pernas um pouco tortas, semelhantes às do xará mais famoso.

E é justamente o Mané Garrincha, bicampeão mundial com a Seleção Brasileira em 1958 e 1962, uma das inspirações do jogador para ajudar a equipe de Mogi das Cruzes nas quartas de final da Liga Paulista de Futsal. O pivô, que nasceu nove anos após a morte de Garrincha, diz se orgulhar do apelido.

- Quando era mais novo, na favela em Guarulhos, as pessoas viam a perninha torta e falavam: “olha o Garrincha aí”. Já vi alguns vídeos dele. É uma honra. Eu me considero vitorioso só de ser conhecido por esse nome. Sei que fora de campo ele deu um pouco de trabalho. Mesmo assim, vi o que ele jogava e fui tentando guardar para mim, a habilidade, a maneira como ele atuava.

O Garrincha das quadras começou sua carreira no futsal em Mogi das Cruzes. Em 2010, ainda sem dominar os fundamentos do esporte, foi aprovado pelo técnico Juliano Martins, o Jabá, em um teste para a equipe sub-20. Na categoria de base, o pivô era o destaque do time, principalmente marcando gols. Em Mogi, Garrincha se profissionalizou e logo se tornou um dos pilares do elenco.

Porém, o início não foi marcado apenas por alegrias. Em duas oportunidades, uma delas no início deste ano, Garrincha se transferiu para o Umuarama, do Paraná, mas enfrentou dificuldades na adaptação e acabou retornando à equipe que o revelou. O pivô também lembra que já até pensou em desistir do futsal quando era mais jovem.

- Deu a louca e pensei em parar quando estava no sub-20. Achei que o futsal não era para mim. Cheguei em casa e pedi para a minha mãe me ajudar a arrumar um trabalho em alguma empresa perto do emprego dela. Ela conseguiu. Entrei às 8h, mas fiquei até as 11h e saí. Aí o Felipe (Valério, ex-jogador do Grêmio Mogiano e hoje no Carlos Barbosa), que era como meu irmão, me disse que eu daria a volta por cima. O pessoal do time de Mogi me perdoou, e hoje, graças a Deus, estou tentando recompensar da melhor maneira possível - relembrou.

Aos 23 anos e mais maduro, Garrincha segue em busca de seu espaço no futsal. O pivô não esconde que a maior inspiração vem da mãe, Maria José, de quem Garrincha fez questão de falar muitas vezes durante a entrevista. Ela tem um trailer de lanche em São Paulo, profissão que exerce desde a infância do filho.

- Minha mãe é tudo para mim. Meu pai faleceu quando eu tinha oito anos. Eu podia estar nas drogas, no “mundão”, mas ela, mesmo sem saber ler e escrever, reuniu forças e me criou com dificuldades. Quero muito crescer ainda mais dentro do futsal, chegar nela e falar: mãe, não precisa mais trabalhar não. Fica em casa. A senhora já cuidou muito de mim. Agora é a minha vez de cuidar da senhora - disse o pivô, emocionado.

E é pensando em ajudar a mãe que Garrincha procura sonhar alto no futsal. Ao falar do futuro, o jogador revela que seu primeiro desejo é retribuir o apoio dado pelo Grêmio Mogiano, clube que o revelou. Além disso, o pivô também admite a vontade de defender a seleção brasileira. Mas, para chegar lá, ele traçou como meta um dia disputar a principal competição do país.

- Meu sonho é um dia jogar a liga nacional. Acho que esse é um passo a mais para a seleção. Primeiro quero fazer bem meu trabalho para ser reconhecido e depois, quem sabe, jogar pela seleção - finalizou.

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