por Ruy Moura
editor do Mundo Botafogo
“Gente,
falando sério, o Botafogo é o clube brasileiro mais conhecido no mundo inteiro
até hoje. Nem o Flamengo, com essa ascensão aí, não tem essa popularidade igual
tem o Botafogo, e graças ao nosso trabalho, que começou em 1963 e fomos até
1974” – afirmou Jairzinho no programa “Bem, Amigos”, do SporTV, explicando,
ainda, qual a razão do Botafogo não ter conquistado a Taça Libertadores nos
seus anos dourados: “Eu acho que faltou
aos dirigentes do Botafogo nessa época, justamente essa visibilidade de dar
valor à Libertadores, porque a Libertadores não era nada para nós. Nós não
precisamos ganhar o título da Libertadores. O Botafogo era o único clube brasileiro
que fazia a pré-temporada jogando na América do Sul, Europa e Ásia, jogando no
mundo todo.”
As afirmações de Jairzinho, com as quais
concordo inteiramente, são de interessante reflexão a quem quiser esmiuçar
melhor o valor das competições em cada época.
Exemplos para reflexão:
Os campeonatos cariocas foram a fina-flor do
futebol brasileiro pelo menos entre 1906 e 1970, e ainda mesmo até final do
século XX. Atualmente, os campeonatos cariocas servem fundamentalmente para
manter as rivalidades entre torcedores e são minimamente valorizados, o que
significa que os clubes investem muito pouco na conquista de tal título.
A Taça Libertadores nunca foi valorizada pelo
menos até 1970, começando a ganhar importância no país após o início dos
campeonatos brasileiros. Atualmente, a Taça Libertadores é bastante mais
valorizada, mas o título serve sobretudo para os fanáticos que querem à força
ser ‘campeões do mundo’ , supostamente para ombrearem com os europeus, numa
competição com apenas dois jogos feitos pelos finalistas, e um dos quais contra
equipes claramente inferiores aos continentes europeu e sul-americano – os dois
continentes verdadeiramente ‘grandes’ do futebol mundial.
O futebol mundial e europeu jamais valorizou
a Taça Intercontinental, que nunca foi uma competição oficial, mas apenas um
jogo único patrocinado exclusivamente por privados, pelo que algumas vezes os
clubes europeus somente foram fazer figura de corpo presente para ganhar cachê
ou prescindiram mesmo de o disputar, dando lugar ao vice-campeão europeu [quem
dúvida reveja a escolha de Zico quando lhe perguntaram em entrevista sobre o
título mais importante da carreira, e Zico não hesitou em mencionar a Taça
Libertadores]. Ainda hoje o Campeonato Mundial de Clubes é uma competição bem
menos prestigiada do que a Taça Libertadores e, sobretudo, no que respeita à
milionária Liga dos Campeões. Provavelmente, um novo formato com mais clubes em
disputa poderá atribuir importância a uma competição com pouco significado até
hoje.
Os grandes Torneios Internacionais das
décadas de 1960, 1970 e até mesmo 1980, que envolviam, entre outros, Boca
Juniors, River Plate, Independiente, Peñarol, Real Madrid, Barcelona, Liverpool,
Manchester United, Arsenal, Bayern München, Milan, Juventus e, claro, o
Botafogo, eram muitíssimo mais valorizados do que as competições continentais, principalmente
no que respeita à Taça Libertadores, na medida em que envolviam geralmente quatro
ou mais clubes de dimensão mundial que jogavam entre si. E o Botafogo era reiteradamente
um desses clubes, que acumulava títulos atrás de títulos na América Central, América
do Sul, Ásia e Europa, e ganhava fabulosos cachês em excursões de enorme prestígio
internacional que fizeram do Botafogo o clube brasileiro que jogou no maior
número de cidades em todo o mundo.
Em suma, Jairzinho tem ampla razão, e nessas
décadas de 1960-70-80 apenas o Santos conseguia aproximar-se do prestígio
internacional do Botafogo, sobretudo devido a Pelé, enquanto o Botafogo possuía
diversos campeões do mundo titulares nas conquistas mundiais de 1958, 1962 e
1970 e confundia-se com a própria Seleção Brasileira!
Veja-se o Palmarés do Botafogo contra os
melhores clubes do mundo clicando em
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