Lucimar do Carmo trabalhou durante quatro décadas na
imprensa do Paraná, principalmente registrando partidas de futebol
por Giselle Ulbrich
Tribuna do Paraná
Socó em ação. O
cigarro não saía da mão nem na hora do foco. Créditos: Jonathan Campos
Morreu, aos
69 anos, na madrugada deste domingo (11), o repórter fotográfico Lucimar do
Carmo, mais conhecido no meio jornalístico como “Socó”. Ele já estava há dias
internado na UTI do Hospital Evangélico e o sepultamento, em Colombo, aconteceu
logo depois da liberação do corpo.
“Socó”
trabalhou por quatro décadas nos jornais Tribuna do Paraná e O Estado do
Paraná, entre os anos de 1968 e 2008. Dono de fotos das mais elogiadas, era
daquelas “figuras” inesquecíveis, divertido, atrapalhado e cheio de histórias
para contar. Ele atuava no setor esportivo e passava os finais de semana
mostrando aos leitores, através de suas lentes, o futebol paranaense.
O diretor de
redação da Tribuna, Rafael Tavares, lembrou com carinho de Socó e seu talento.
“Foi o repórter fotográfico mais boleiro que já existiu. Ao redor das quatro
linhas, o Garrincha das lentes. Alegre e arteiro, driblava a própria sombra ao
lidar com a luz, matéria prima da fotografia. E retratou, por décadas, nas
páginas da Tribuna, nosso futebol e as coisas de Curitiba como poucos. Na
carreira cumpriu as mais variadas pautas, mas futebol foi sua grande paixão. Os
jogadores sempre tiveram nele um grande amigo. Centenas deles devem ter nas
paredes de suas casas quadros e pôsteres clicados pelo Socó. Pois ele, com seu
jeitinho serelepe, cunhou em negativos a carreira de inúmeros craques. Lucimar
do Carmo Juvêncio foi um artista, amigo, professor da vida. Ensinou muitos a
sorrir de graça, mesmo quando as coisas não a tinham”.
Imagem histórica
Antônio
Costa, seu irmão, o “Socózinho”, que também é repórter fotográfico, conta de um
episódio que ocorreu em campo, durante uma partida entre Atlético e Pato
Branco. Ele diz que além do talento, “Socó” também tinha sorte, pois parecia um
imã atraindo fatos para as suas lentes.
Na época,
“Socozinho” trabalhava para o jornal Gazeta do Povo. Ele
e alguns outros fotógrafos entraram em campo com câmeras de longo alcance,
equipamentos de última geração, capazes de fotografar em detalhe qualquer canto
do campo. “Socó”, do contrário, ia com uma lente curta, que não chegava tão
longe e pegava planos mais abertos. Mas uma disputa de bola aconteceu bem na
frente de “Socó”, que conseguiu registrar o exato momento em que o jogador
Pedrali quebrava a perna. Imagem forte, marcante, que nenhum dos fotógrafos com
suas enormes lentes de longo alcance pegou. Apesar do jogador ferido, o talento
de “Socó” ficou sacramentado na história do futebol paranaense.
“O carisma
dele era enorme no meio futebolístico. Os jogadores adoravam ele. Tanto que
depois dele sair da Tribuna, várias pessoas ainda passaram tempos perguntando
dele. Era jogador, técnico, massagista, todo mundo queria saber dele”, conta
“Socozinho”.
Amigos
O repórter
fotográfico Átila Alberti conta que “Socó” era brincalhão demais. Levava o
serviço bem a sério, mas sempre brincando com tudo e com todos. Adorava dar
apelidos às pessoas, nada maldoso, e ninguém na redação passava “incólume”.
Fotografou vários jogadores famosos e também ensinou muitos fotógrafos mais
novos a arte de fotografar e de registrar o futebol.
“O Socó era
tão alto astral, que nas apresentações de novos jogadores dos times
paranaenses, ele sempre pedia aos atletas para fazer um ‘positivo’ com a mão”,
diz a jornalista Gisele Rech, que nos finais dos plantões de sábado, sempre
acompanhava “Socó” em sua mania de comer pastel.
No Facebook,
outros jornalistas também se manifestaram. “Grande e querido Socó! Mais uma
perda enorme para o jornalismo do Paraná. Fiz muitas reportagens ao lado dele.
Profissional de mão cheia – competente, sério, humilde, responsável e, de
quebra, muito engraçado. Que Deus te acompanhe, querido Socó!”, disse o
jornalista Aurélio Munhoz.
“Cartier Bresson Socó”
Mara
Cornelsen, que foi repórter e editora do setor de segurança da Tribuna, também
conviveu com o fotógrafo. “Socó fez história com seu jeito desengonçado e
feliz!!! Figura ímpar!! Cheio de histórias pra contar sempre das mais
inusitadas e engraçadas! Deixa saudade é um registro marcante na fotografia! Na
Triboladas era o famosíssimo “Cartier Bresson Socó”, único e inimitável! Vai
com Deus amigo! Manda lembranças pro Charles, pro Pedro Viana, pro Mussa, pra
Soninha, e brinque muito na redação do céu!!! Até um dia…”, comentou a
jornalista.
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