sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Botafogo 0x2 LDU: da apoteose à desilusão

Crédito: Vitor Silva / Botafogo.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

As consequências da equipe ter sido decapitada da sua aura campeã em virtude de decisões profundamente equivocadas, tanto em matéria de plantel como em matéria de comissões técnicas contratadas, estavam pré-anunciadas.

O Botafogo entrou em campo – como tem sido habitual nos últimos jogos – sem a motivação, a vontade e a postura que lhe renderam dois títulos de topo do futebol brasileiro e sul-americano.

Ontem entrou claramente para defender o 1x0 do jogo de ida, mas sem a capacidade ‘matadora’ de contra-ataques fulminantes e certeiros visando estufar as redes adversárias.

Foi um Botafogo inseguro e vacilante, que depois de perder, ao longo dos últimos tempos, a sua capacidade criativa e a sua capacidade atacante, perdeu, também, a sua capacidade defensiva, cometendo sucessivos erros desde o início do jogo, que poderiam até ter valido mais do que um gol a favor do adversário, despejando bolas para a frente sem soluções de bola sobre o solo.

Travado pela marcação alta da LDU que não deixava a equipe organizar-se, sem nenhum rasgo de criatividade a meio-campo e sem soluções atacantes, o Botafogo foi uma presa vulgar para uma equipe adversária cujo futebol é pouco mais do que de fraca qualidade.

Fora duas oportunidades de Vitinho e de Savarino na 1ª parte, os quais chutaram para fora, o Botafogo foi totalmente dominado pela estratégia da LDU, pela forte marcação, pelo ganho das segundas bolas, enfim, pela incapacidade de organizar jogo, de acertar passes, limitando-se praticamente a afastar, de qualquer maneira, a bola da sua zona defensiva.

Os sucessivos erros elementares, a desorientação organizativa, os lançamentos para ‘terra de ninguém’ foram uma constante da equipe.

No segundo tempo o jogo não mudou de figura, a LDU ampliou, embora com base num escanteio mal assinalado, e somente a partir da expulsão de Richard Mina é que o Botafogo conseguiu atacar nos dez minutos finais – mas, evidentemente, sem chama, sem organização suficiente, sem qualidade individual.

Se antes a convicção de vencer preenchia o Universo botafoguense, agora é a apreensão que toma conta de nós. Se Textor e Ancelotti não mudarem as suas estratégias e decisões, voltaremos ao ciclo de, a cada sucesso, emerge um novo descalabro. E recomeça-se tudo de novo…

Por que razão, tanto o líder da SAF como o comandante da equipe, que já viveram ambientes de alta qualidade e competitividade, não percebem o essencial e não são capazes de, em tempo útil, recalibrar as suas ações?

É preciso reunir urgentemente para unir todas as partes e reaprender a ousar e a lutar para vencer.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 0x2 LDU

» Gols: Villamil, aos 7’, e Alzugaray, aos 59’

» Competição: Copa Libertadores da América

» Data: 21.08.2025

» Local: Estádio Casa Blanca, em Quito, no Equador

» Árbitro: Facundo Tello (Argentina); Assistentes: Juan Belatti (Argentina) e Gabriel Chade (Argentina); VAR: Germán Delfino (Argentina)

» Disciplina: cartão amarelo – Danilo, Marlon Freitas e Alexander Barboza (Botafogo); Cornejo e Allala (LDU); cartão vermelho – Richard Mina (LDU)

» Botafogo: John; Vitinho, Marçal, Alexander Barboza e Alex Telles; Allan (Newton), Marlon Freitas (Arthur Cabral) e Danilo; Artur (Álvaro Montoro), Savarino (Joaquín Correa) e Matheus Martins (Jeffinho). Técnico: Davide Ancelotti.

» LDU: Valle; Richard Mina, Adé e Leonel Quiñónez; José Quintero, Gruezo, Cornejo (Minda), Villamil e Bryan Ramírez (Allala); Jeison Medina (Cabeza) e Alzugaray (Erique). Técnico: Tiago Nunes.

2 comentários:

Sergio disse...

Se devemos agradecer ao John Textor não só pelos dois títulos importantes conquistados em 2024, mas também pelas melhorias estruturais tanto do estádio Nilton Santos, do Lonier assim como a redução da dívida do clube. Entretanto não podemos deixar de criticar a gestão do futebol nesse ano. Na verdade o planejamento foi um desastre. Essa ideia do acionista principal da SAF de que a temporada começa em abril, foi de uma insensatez enorme. Tudo o que vem acontecendo ao longo desses 8 meses é reflexo disso. Provavelmente o que aconteceu com o Botafogo seja por causa direta dos problemas do Textor com o Lyon, pois já há outra explicação para tamanho descaso com a temporada do Botafogo. Nenhuma equipe que pretende disputar títulos ficaria impune se se desfizesse de seus principais jogadores e para piorar, 3 comissões técnicas em apenas 8 meses. A primeira comissão técnica foi uma verdadeira tragédia, dessa nada, absolutamente nada pode se aproveitar. A segunda foi menos pior, e a atual ainda não conseguiu dar um estilo de jogo a equipe, seja por inexperiência ou porque o momento atual mais parece uma pré temporada do que um time disputando torneios. Há jogadores que estão claramente fora de forma, o que não é de se estranhar, pois vieram na janela de meio de ano e no final da temporada européia. Para agravar, muitos jogadores importantes e alguns reforços tiveram contusões que os afastaram da equipe; ontem e em jogos 3 anteriores o Botafogo jogou sem um zagueiro direito, o que é inconcebível numa gestão séria. Repito: ao se desmontar o time principal, vendendo os principais jogadores, aqueles que tinham poder de decisão e não contratar outros atletas do mesmo nível, ou pelo menos próximos, foi um dos grandes erros desse ano.
Não preciso escrever nada sobre o jogo de ontem pois o que está escrito nesta postagem é um retrato perfeito do jogo.
Infelizmente, parece que não haverá tempo suficiente para que a equipe consiga um padrão de jogo condizente com as ambições pretendidas pelo Textor, e para piorar, a gestão da Eagle vive um momento de grande turbulência, fato este que afeta diretamente a gestão do futebol.
Espero que essa situação da Eagle seja resolvida o mais rápido possível, e que o John Textor possa novamente se dedicar e investir no Botafogo. Caso contrário, a vaquinha vai pro brejo com sininho e tudo como dizia o saudoso João Saldanha. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

John Textor tem DNA botafoguense. Tal como Sérgio Augusto titulou o seu livro ‘Botafogo entre o Céu e Inferno’, Textor seguiu a cartilha antiga, deu-nos a Céu e a seguir o Inferno. Tenho um sentimento misto de gratidão e raiva momentânea, e só espero que no meio de tudo isto não sejamos, depois de termos sido beneficiários, vítimas dos negócios de Textor, que foram tão oscilantes quando estava na indústria do entretenimento como quando recentemente migrou para o futebol. Seria muito bom para nós que revisse a sua postura a todos os níveis, porque mudar de 'patrão' pode ser ainda mais nefasto financeiramente.

A não ser que seja um árabe ávido de títulos e fomente no Botafogo o que foi fomentado financeiramente no PSG e no Manchester City.

Abraços Gloriosos.

Botafogo 0x2 LDU: da apoteose à desilusão

Crédito: Vitor Silva / Botafogo. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo As consequências da equipe ter sido decapitada da sua aura cam...