O blogue apresenta a biografia de Heleno na etiqueta ‘figuras’ sob o título “Heleno de Freitas, ‘el jogador’”. A par de Garrincha foi idolatrado no Botafogo, desenvolveu qualidades técnicas notáveis como o ‘anjo das pernas tortas’ e como ele… viveu um drama que o acompanhou até à morte.
Notável estilista do futebol, jogador a rasar a perfeição e artilheiro emérito, Heleno de Freitas foi sempre um jogador turbulento, dono de um humor irascível, brigão e insolente, mas também foi advogado, galante e apreciador da vida em ‘sociedade’.
Apesar de ser um homem muito nervoso e quase intratável, Heleno ganhou fama e dinheiro, viveu sempre entre mulheres bonitas e homens inteligentes, tendo privado em Buenos Aires com a família do presidente Peron quando jogou pelo Boca Júnior.
De um lado, Heleno exibia criatividade, valentia e qualidades técnicas, de outro lado, Heleno, que era belo, elegante e inteligente, atiçava o mulherio e era um femeeiro que não olhava a raça, classe social, nível de educação, etc., envolvendo-se com qualquer mulher que se lhe atravessasse à frente, botafoguense ou não botafoguense.
Descoberto por Neném Prancha, Heleno começou a jogar no Botafogo mas teve que optar pelo Fluminense por causa dos estudos. Porém, depressa saiu do Fluminense para o Botafogo por causa de uma briga e chegou a brigar com o presidente botafoguense, Benjamin Sodré, por causa deste o ter chamado à atenção sobre a vida desregrada que levava. No campo era muitas vezes expulso e provocado pelos adversários e pelas suas torcidas, que o enervavam chamando-o de ‘Gilda’ devido ao famoso filme de Rita Hayworth por causa dos seus traços que entrelaçavam o erótico e o neurótico.
A vida de Heleno oscilou constantemente entre tais extremos, tornando-se difícil lidar com ele e de lidar ele com a sociedade. Após muitas brigas, vários inimigos e já transtornado pela sífilis que o minava, Heleno casou com Hilma, filha de diplomata, colega do poeta Vinícius de Moraes.
Nessa época percebe-se que Heleno, tão entendido com a bola, jamais se entenderia com os homens. E acabou sendo vendido para o Boca Juniores em 1947. Na Argentina, o comportamento furioso do craque mostrou que estava doente, embora ninguém soubesse, ainda, que se tratava de sífilis cerebral, a qual associada ao humor difícil fazia Heleno zangar-se com dirigentes, companheiros, adversários e árbitros.
Em Buenos Aires o tormento psíquico afastou-o da mulher grávida e depressa o genial futebolista voltou ao Brasil, ingressando no Vasco da Gama (onde conquistaria o único título da sua carreira em 1949).
Em São Januário Heleno foi campeão e tudo corria normalmente quando, durante um treino, o craque saiu de campo vociferando: “Estes dois – apontou para Maneca e Ipojucan – não me passam a bola porque não querem. Aqueles – indicou – não passam porque não sabem. Não tenho nada a fazer aqui”. Depois discutiu com Flávio Costa, apontou uma arma descarregada e isso foi o suficiente para que o Vasco o vendesse ao Atlético de Barranquilla, da Colômbia, em 1951, onde lhe foi erguida uma estátua pelas suas brilhantes exibições.
Mas a sífilis cerebral já o atormentava sem parar, o craque dava-se mal consigo e com o mundo e, então, regressou ao Brasil para jogar pelo Santos e pelo América (RJ). Tornou a ser expulso de campo já no América no final de 1951 e a sua imagem era a de um atleta inchado e mal aparentado, uma sombra do femeeiro galã de outrora.
Sem outra solução, a família internou-o em 1953 no Sanatório de Barbacena (MG), estabelecimento em que um seu amigo era médico. Mergulhado nas trevas da loucura, uma revista anda o haveria de mostrar ao mundo em pijama, obeso e triste.
De vez em quando Heleno dizia que ainda iria ao Rio “ajudar o meu Botafogo”, dormindo abraçado a uma bola e retornando aos seus delírios assim que acordava. A bela plasticidade corporal de Heleno desaparecera para dar lugar a uma progressiva paralisia. O craque morreu esquecido e abandonado, no final de 1959, sem sequer conseguir pedir um padre, após seis anos de profundo sofrimento.
Heleno nem teve consciência que o Brasil vencera a Copa do Mundo de 1958, nem soube que seria imortalizado através do filme ‘Heleno’, de Gilberto Macedo, e da peça de teatro ‘Heleno-Gilda’, de Edilberto Coutinho. E, sobretudo, sem ter lido as palavras do notável Armando Nogueira sobre si:
“O futebol, fonte das minhas angústias e alegrias, revelou-me Heleno de Freitas, a personalidade mais dramática que conheci nos estádios deste mundo”.
Fontes principais
Armando Nogueira, Armando (1973), “Heleno: anjo e demônio”, em Bola na Rede, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora.
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Heleno_de_Freitas
http://www.botafogocentenario.kit.net/idolos.htmhttp://www.botafogopaixao.kit.net/idolos.htm
Notável estilista do futebol, jogador a rasar a perfeição e artilheiro emérito, Heleno de Freitas foi sempre um jogador turbulento, dono de um humor irascível, brigão e insolente, mas também foi advogado, galante e apreciador da vida em ‘sociedade’.
Apesar de ser um homem muito nervoso e quase intratável, Heleno ganhou fama e dinheiro, viveu sempre entre mulheres bonitas e homens inteligentes, tendo privado em Buenos Aires com a família do presidente Peron quando jogou pelo Boca Júnior.
De um lado, Heleno exibia criatividade, valentia e qualidades técnicas, de outro lado, Heleno, que era belo, elegante e inteligente, atiçava o mulherio e era um femeeiro que não olhava a raça, classe social, nível de educação, etc., envolvendo-se com qualquer mulher que se lhe atravessasse à frente, botafoguense ou não botafoguense.
Descoberto por Neném Prancha, Heleno começou a jogar no Botafogo mas teve que optar pelo Fluminense por causa dos estudos. Porém, depressa saiu do Fluminense para o Botafogo por causa de uma briga e chegou a brigar com o presidente botafoguense, Benjamin Sodré, por causa deste o ter chamado à atenção sobre a vida desregrada que levava. No campo era muitas vezes expulso e provocado pelos adversários e pelas suas torcidas, que o enervavam chamando-o de ‘Gilda’ devido ao famoso filme de Rita Hayworth por causa dos seus traços que entrelaçavam o erótico e o neurótico.
A vida de Heleno oscilou constantemente entre tais extremos, tornando-se difícil lidar com ele e de lidar ele com a sociedade. Após muitas brigas, vários inimigos e já transtornado pela sífilis que o minava, Heleno casou com Hilma, filha de diplomata, colega do poeta Vinícius de Moraes.
Nessa época percebe-se que Heleno, tão entendido com a bola, jamais se entenderia com os homens. E acabou sendo vendido para o Boca Juniores em 1947. Na Argentina, o comportamento furioso do craque mostrou que estava doente, embora ninguém soubesse, ainda, que se tratava de sífilis cerebral, a qual associada ao humor difícil fazia Heleno zangar-se com dirigentes, companheiros, adversários e árbitros.
Em Buenos Aires o tormento psíquico afastou-o da mulher grávida e depressa o genial futebolista voltou ao Brasil, ingressando no Vasco da Gama (onde conquistaria o único título da sua carreira em 1949).
Em São Januário Heleno foi campeão e tudo corria normalmente quando, durante um treino, o craque saiu de campo vociferando: “Estes dois – apontou para Maneca e Ipojucan – não me passam a bola porque não querem. Aqueles – indicou – não passam porque não sabem. Não tenho nada a fazer aqui”. Depois discutiu com Flávio Costa, apontou uma arma descarregada e isso foi o suficiente para que o Vasco o vendesse ao Atlético de Barranquilla, da Colômbia, em 1951, onde lhe foi erguida uma estátua pelas suas brilhantes exibições.
Mas a sífilis cerebral já o atormentava sem parar, o craque dava-se mal consigo e com o mundo e, então, regressou ao Brasil para jogar pelo Santos e pelo América (RJ). Tornou a ser expulso de campo já no América no final de 1951 e a sua imagem era a de um atleta inchado e mal aparentado, uma sombra do femeeiro galã de outrora.
Sem outra solução, a família internou-o em 1953 no Sanatório de Barbacena (MG), estabelecimento em que um seu amigo era médico. Mergulhado nas trevas da loucura, uma revista anda o haveria de mostrar ao mundo em pijama, obeso e triste.
De vez em quando Heleno dizia que ainda iria ao Rio “ajudar o meu Botafogo”, dormindo abraçado a uma bola e retornando aos seus delírios assim que acordava. A bela plasticidade corporal de Heleno desaparecera para dar lugar a uma progressiva paralisia. O craque morreu esquecido e abandonado, no final de 1959, sem sequer conseguir pedir um padre, após seis anos de profundo sofrimento.
Heleno nem teve consciência que o Brasil vencera a Copa do Mundo de 1958, nem soube que seria imortalizado através do filme ‘Heleno’, de Gilberto Macedo, e da peça de teatro ‘Heleno-Gilda’, de Edilberto Coutinho. E, sobretudo, sem ter lido as palavras do notável Armando Nogueira sobre si:
“O futebol, fonte das minhas angústias e alegrias, revelou-me Heleno de Freitas, a personalidade mais dramática que conheci nos estádios deste mundo”.
Fontes principais
Armando Nogueira, Armando (1973), “Heleno: anjo e demônio”, em Bola na Rede, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora.
Castro, Alceu Mendes de Oliveira (1951), O Futebol no Botafogo (1904-1950), Rio de Janeiro: Gráfica Milone.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Heleno_de_Freitas
http://www.botafogocentenario.kit.net/idolos.htmhttp://www.botafogopaixao.kit.net/idolos.htm
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