O Botafogo começou a partida tecnicamente bem, jogou razoavelmente fechado na defesa, superiorizou-se ao Vasco devido à rapidez imprimida às jogadas e acabou por inaugurar o marcador num golaço de Zé Carlos. O Vasco reagiu ao gol, como seria natural, mas o Botafogo continuou a jogar discreto, aguentou-se bem na defesa e tornou a marcar após a cobrança de escanteio.
Porém, Jorge Henrique lesionou-se, foi substituído e o ataque do Botafogo eclipsou-se. Parecendo que estava jogando pouco, a verdade é que a energia e as desmarcações de Jorge Henrique dificultam o trabalho de qualquer defesa e dão espaço aos companheiros para entrar na área.
Na segunda parte a defesa do Botafogo abriu-se novamente como noutros jogos, o Vasco entrou e marcou aos dois minutos. A bola foi centrada, a defesa falhou, o adversário cabeceou forte e a bola bateu nas mãos de Castillo e entrou. A seguir Zé Carlos foi expulso – em minha opinião deveria ter sido apenas cartão amarelo –, o Botafogo desconjuntou-se e o Vasco empatou num rebote de uma bola novamente espalmada para a frente por Castillo.
O Botafogo tentou segurar o empate (a saída de W. Paulista e a entrada de Édson faz adivinhar o novo esquema), mas acabou por ganhar através de um penalty cometido sobre Fábio e assinalado por Lúcio Flávio já no final do confronto. A 5ª vitória consecutiva no campeonato e 7ª este ano mostrou, contudo, que este Botafogo é extremamente semelhante ao Botafogo de 2007, tal como tenho vindo a referir.
O ataque, enquanto esteve organizado, foi bem, mas a defesa claudicou novamente na 2ª parte. As bolas centradas para a área botafoguense são praticamente meio gol e o goleiro é bastante fraco, quer nas saídas pelo alto quer no afastamento de bolas perigosas. Do que se viu até agora, a defesa continua a fraquejar e Castillo é responsável, pelo menos, por três gols dos adversários.
É impressionante como este Botafogo se assemelha tanto ao de 2007, quer no esquema ofensivo quer no esquema defensivo, e até mesmo no goleiro. As forças e as fraquezas são muito semelhantes e isso mostra várias coisas: a) a capacidade do treinador em colocar uma equipa a jogar ofensivamente, mesmo tendo jogadores que se conhecem mal; b) a incapacidade do treinador armar a defesa, quer no jogo pelo alto quer na permissão dos adversários a entrar facilmente na área (vê-se vezes demais os adversários isolados na área!); c) o treino de goleiros parece continuar destinado ao fracasso, porque Castillo continua a sair mal e a afastar pessimamente as bolas, acabando algumas em gol; d) a insistência em jogadores como Renato Silva, cujo (mau) futebol parece ter contagiado Ferrero, não beneficia esta equipa. Penso que quer o Renato quer o Alessandro não são jogadores para esta equipa, apesar deste último se esforçar bastante.
Deve-se realçar que, pelo menos, a equipa tem a vantagem de não ter o tricolor Dodô nem quaisquer outros craques. Assim, o ataque deixou de jogar ‘enrolado’ à volta do tricolor Dodô e a equipa é mais prática a jogar, marca gols ensaiados e aproveita as bolas paradas, bem como os jogadores colaboram mais entre si (em minha opinião, W. Paulista, J. Henrique e Zé Carlos têm triangulado bem para o tempo que jogam em conjunto). Não deixámos de marcar gols bonitos (que golaço, Zé Carlos!) e passámos a marcar também gols oportunos à medida do saudoso André Lima (bom gol, Túlio!).
Em suma, vencemos novamente, mas não convencemos ainda, porque o Botafogo tornou a complicar o que parecia fácil. O Botafogo jogou a 2ª parte de um tal modo que tanto poderia vencer como perder. Para se ser campeão não se pode viver esta angústia, dentro e fora do campo. Urge que Escalada esteja em forma, que as novas peças da defesa comecem a jogar, que o goleiro seja treinado nas suas falhas – e não desculpado publicamente como fez Cuca no último jogo –, que seja montada uma defesa segura para 90 minutos e não apenas 45 (é urgentíssimo, caramba!; o treinador continua sem ver isso?!?!?!) e que o 3-5-2 seja revisto, porque os jogadores não se adequam ao esquema.
As minhas observações sobre o esquema são muito semelhantes há quase um ano; outros companheiros botafoguenses também dizem o mesmo há quase um ano, as derrotas por causa disso foram bastantes em 2007 e não há maneira de se reconhecer que há aqui um problema. E enquanto não se reconhece que há um problema, obviamente que não haverá ninguém para resolver aquilo que não se reconhece como tal.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 3x2 Vasco da Gama
Gols: Zé Carlos (17’ 1ºT), Túlio (34’ 1T), Lúcio Flávio (pen.) (41’ 2ºT); Jorge Luiz (2’ 2ºT), Bruno Meneghel (32’ 2ºT)
Competição: Campeonato Carioca
Estádio Mário Filho, o ‘Maracanã’, 2 de Fevereiro de 2008
Arbitragem: Péricles Bassols; Wagner Santos e Jorge Luis Roxo (RJ)
Cartões amarelos: Diguinho (Botafogo); Jonílson, Abuda (Vasco)
Cartões vermelhos: Zé Carlos (Botafogo); Luizão (Vasco)
Botafogo: Castillo; Alessandro, Ferrero, Renato Silva e Triguinho (Abedi); Túlio, Diguinho, Lucio Flavio e Zé Carlos; Jorge Henrique (Fábio) e Wellington Paulista (Édson). Técnico: Alexi Stiva, o ‘Cuca’.
Vasco da Gama: Tiago; Wagner Diniz, Jorge Luiz, Luizão e Carlinhos; Jonílson (Bruno Meneghel), Beto, Leandro Bomfim (Amaral) e Morais; Alex Teixeira e Alan Kardec (Abuda). Técnico: Alfredo Sampaio.
Porém, Jorge Henrique lesionou-se, foi substituído e o ataque do Botafogo eclipsou-se. Parecendo que estava jogando pouco, a verdade é que a energia e as desmarcações de Jorge Henrique dificultam o trabalho de qualquer defesa e dão espaço aos companheiros para entrar na área.
Na segunda parte a defesa do Botafogo abriu-se novamente como noutros jogos, o Vasco entrou e marcou aos dois minutos. A bola foi centrada, a defesa falhou, o adversário cabeceou forte e a bola bateu nas mãos de Castillo e entrou. A seguir Zé Carlos foi expulso – em minha opinião deveria ter sido apenas cartão amarelo –, o Botafogo desconjuntou-se e o Vasco empatou num rebote de uma bola novamente espalmada para a frente por Castillo.
O Botafogo tentou segurar o empate (a saída de W. Paulista e a entrada de Édson faz adivinhar o novo esquema), mas acabou por ganhar através de um penalty cometido sobre Fábio e assinalado por Lúcio Flávio já no final do confronto. A 5ª vitória consecutiva no campeonato e 7ª este ano mostrou, contudo, que este Botafogo é extremamente semelhante ao Botafogo de 2007, tal como tenho vindo a referir.
O ataque, enquanto esteve organizado, foi bem, mas a defesa claudicou novamente na 2ª parte. As bolas centradas para a área botafoguense são praticamente meio gol e o goleiro é bastante fraco, quer nas saídas pelo alto quer no afastamento de bolas perigosas. Do que se viu até agora, a defesa continua a fraquejar e Castillo é responsável, pelo menos, por três gols dos adversários.
É impressionante como este Botafogo se assemelha tanto ao de 2007, quer no esquema ofensivo quer no esquema defensivo, e até mesmo no goleiro. As forças e as fraquezas são muito semelhantes e isso mostra várias coisas: a) a capacidade do treinador em colocar uma equipa a jogar ofensivamente, mesmo tendo jogadores que se conhecem mal; b) a incapacidade do treinador armar a defesa, quer no jogo pelo alto quer na permissão dos adversários a entrar facilmente na área (vê-se vezes demais os adversários isolados na área!); c) o treino de goleiros parece continuar destinado ao fracasso, porque Castillo continua a sair mal e a afastar pessimamente as bolas, acabando algumas em gol; d) a insistência em jogadores como Renato Silva, cujo (mau) futebol parece ter contagiado Ferrero, não beneficia esta equipa. Penso que quer o Renato quer o Alessandro não são jogadores para esta equipa, apesar deste último se esforçar bastante.
Deve-se realçar que, pelo menos, a equipa tem a vantagem de não ter o tricolor Dodô nem quaisquer outros craques. Assim, o ataque deixou de jogar ‘enrolado’ à volta do tricolor Dodô e a equipa é mais prática a jogar, marca gols ensaiados e aproveita as bolas paradas, bem como os jogadores colaboram mais entre si (em minha opinião, W. Paulista, J. Henrique e Zé Carlos têm triangulado bem para o tempo que jogam em conjunto). Não deixámos de marcar gols bonitos (que golaço, Zé Carlos!) e passámos a marcar também gols oportunos à medida do saudoso André Lima (bom gol, Túlio!).
Em suma, vencemos novamente, mas não convencemos ainda, porque o Botafogo tornou a complicar o que parecia fácil. O Botafogo jogou a 2ª parte de um tal modo que tanto poderia vencer como perder. Para se ser campeão não se pode viver esta angústia, dentro e fora do campo. Urge que Escalada esteja em forma, que as novas peças da defesa comecem a jogar, que o goleiro seja treinado nas suas falhas – e não desculpado publicamente como fez Cuca no último jogo –, que seja montada uma defesa segura para 90 minutos e não apenas 45 (é urgentíssimo, caramba!; o treinador continua sem ver isso?!?!?!) e que o 3-5-2 seja revisto, porque os jogadores não se adequam ao esquema.
As minhas observações sobre o esquema são muito semelhantes há quase um ano; outros companheiros botafoguenses também dizem o mesmo há quase um ano, as derrotas por causa disso foram bastantes em 2007 e não há maneira de se reconhecer que há aqui um problema. E enquanto não se reconhece que há um problema, obviamente que não haverá ninguém para resolver aquilo que não se reconhece como tal.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 3x2 Vasco da Gama
Gols: Zé Carlos (17’ 1ºT), Túlio (34’ 1T), Lúcio Flávio (pen.) (41’ 2ºT); Jorge Luiz (2’ 2ºT), Bruno Meneghel (32’ 2ºT)
Competição: Campeonato Carioca
Estádio Mário Filho, o ‘Maracanã’, 2 de Fevereiro de 2008
Arbitragem: Péricles Bassols; Wagner Santos e Jorge Luis Roxo (RJ)
Cartões amarelos: Diguinho (Botafogo); Jonílson, Abuda (Vasco)
Cartões vermelhos: Zé Carlos (Botafogo); Luizão (Vasco)
Botafogo: Castillo; Alessandro, Ferrero, Renato Silva e Triguinho (Abedi); Túlio, Diguinho, Lucio Flavio e Zé Carlos; Jorge Henrique (Fábio) e Wellington Paulista (Édson). Técnico: Alexi Stiva, o ‘Cuca’.
Vasco da Gama: Tiago; Wagner Diniz, Jorge Luiz, Luizão e Carlinhos; Jonílson (Bruno Meneghel), Beto, Leandro Bomfim (Amaral) e Morais; Alex Teixeira e Alan Kardec (Abuda). Técnico: Alfredo Sampaio.
4 comentários:
rui,
perfeito, amigo.
análise precisa.
não dá mais para renato silva e precisamos, urgentemente, de corrigir as falhas grosseiras do sistema defensivo.
mas valeu pela vitória!
saudações botafoguenses!!!
Olá, amigo Snoopy!
Claro que valeu pela vitória! Vitória em clássico é sempre um regozijo. Os meus apontamentos críticos pautam-se por uma orientação de realçar os pontos mais fracos (embora também retenha s fortes, obviamente), porque isso é que pode ajudar a termos consciência da equipa real que possuímos. Desejo muito que a defesa receba os novos contratados para não haver desculpas sobre falta de banco. Por exemplo, acho que o Édson é hoje uma boa opção e está disponível. Sete vitórias seguidas não é para qualquer equipa, mas acho que podemos melhorar bastante e não viver com o "coração na boca" como nos últimos trinta minutos do clássico. Se a defesa for "arrumada" o Cuca pode, talvez, conseguir construir a melhor equipa que alguma vez lhe foi parar às mãos. Esta equipa quer mostrar que é melhor que a do ano anterior e isso é muito bom!
Abração amigo.
Oi amigo,
sempre entrou no seu blog...Mas só hoje resolvi dar meu pitaco.....
Concordo contigo em parte......
Mas durante o jogo perdemos peças importantes.
Agora o treinador de goleiro deve ser uma piada.Assim como o departamento médico. Os caras demoram a se recuperar.
Agora o Cuca continua sempre teimoso.
Um abração.
Olá, Geninho
O seu 'pitaco' é muito apreciado. Perdemos peças importantes, realmente. A saída do JH foi decisiva, porque ele 'bagunça' as defesas dos adversários, mesmo sem bola. Está muito combativo. Acho que o Botafogo tem muitas deficiências estruturais: departamento médico, treino de goleiros, comunicação, jurídico... O Departamento de futebol também precisa do tal 'profissional' que já devia ter sido contratado, até para libertar mais o Cuca, mas não se vê nada ainda... No conjunto, a equipa está mais equilibrada e coesa do que no ano passado e tenho uma confiança bastante razoável nela. Se a defesa for montada de outro modo, e pelo menos sem o RS, seremos um caso muito sério já no campeonato carioca! Sete vitórias, apesar das lacunas, é obra!
Saudações Botafoguenses!
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