Estátua da escritora e seu cão Ulisses, no
Leme, inaugurada em 14 de maio de 2016
(Fernando Frazão / Agência Brasil)
Clarice Lispector, botafoguense de corpo e alma: “Eu tinha me dado toda ao
Botafogo, inclusive dado a ele minha ignorância apaixonada por futebol.”
por MÁRWIO CÂMARA
21 de outubro de 2013
Pesquisador nas
áreas de literatura e cinema
Entre uma nuance de
enigmas que abrange a vida e obra da escritora Clarice Lispector, ainda nos
dias de hoje, interroga-se, entre alguns, se um dos maiores nomes da literatura
brasileira teria sido uma bruxa. Para quem assistiu à primeira e única
entrevista de Clarice concedida para a televisão, transmitida no programa
Panorama, da TV Cultura de São Paulo, em 1 de fevereiro de 1977, no mesmo ano
de seu falecimento, pode se arrepiar durante seus minutos finais ao ouvi-la
responder para o jornalista Júlio Verner: “Bom, agora eu morri. Mas
vamos ver se eu renasço de novo. Por enquanto eu estou morta. Estou falando do
meu túmulo”.
A entrevista foi ao
ar somente após o seu falecimento, no final de dezembro de 77, a pedido da
própria escritora. Teria sido uma premonição? Segundo Olga Borelli, uma de suas
melhores amigas, Clarice ainda não tinha conhecimento de sua doença, na época
(faleceria em 9 de dezembro de 1977, vítima de câncer). […]
Quanto ao curioso
título associando à figura da icônica literata a uma bruxa sucedeu-se quando a
mesma foi convidada para participar do I Congresso de Bruxaria em Bogotá, em
1975, justamente por algumas de suas obras suscitarem uma laboriosidade de
envergadura mística.
No Congresso, a
escritora não falou de bruxaria, e sim de literatura; e pediu para que fosse
lido em espanhol um de seus contos “que é misterioso até para mim. Um
texto hermético e incompreensível. Cheio de uma simbologia secreta”,
palavras da própria escritora durante o evento. Tratava-se do conto O
ovo e a galinha. […]
A sua ida para o tal
Congresso foi um prato cheio para a imprensa brasileira da época publicar
matérias sensacionalistas e estapafúrdias, envolvendo a escritora à bruxaria,
certamente para vender jornais.
Não, Clarice
Lispector não foi uma bruxa, como alguns especularam, embora tenha sido
uma mulher supersticiosa e uma grande apreciadora da natureza mística das
coisas. Na década de 70, passou a ir, por exemplo, mensalmente a uma
cartomante, no bairro do Méier, zona norte do Rio de Janeiro (o que,
possivelmente, influenciou-a em uma das cenas de sua última novela publicada em
vida, A hora da estrela). […]
Outro fato curioso, e
que descobri através de uma amiga que faz Letras, é de que as iniciais em
maiúsculas que nomeiam a protagonista do livro A paixão segundo G.H. possui
supostamente uma simbologia oculta. Se nós contarmos as três letras depois do C
de Clarice, chegamos ao G, e seguindo a ordem das três após o H, chegamos ao L
de Lispector. Sendo assim, G.H. é nada mais, nada menos que a própria escritora
Clarice Lispector. […]
Mesmo não sendo, de
fato, uma bruxa, Clarice Lispector sabia fazer magia com suas palavras. Muitos
de seus textos continuam sendo verdadeiros enigmas, embora tragam, sobretudo,
edificantes “iluminações” à mente de seus leitores.
Nota do
Mundo Botafogo: Outrora, o clássico e charmoso Botafogo de Futebol e Regatas foi
o Olimpo dos Intelectuais Brasileiros! Aos intelectuais gigantes sucederam-se
os dirigentes rastejantes – um verdadeiro crime de lesa-patrimônio histórico.
4 comentários:
Passei pra avisar que tem um Sport no campeonato paraibano com uniforme idêntico ao Sporting lisboeta. Até o casal tem a cor PRETA!
Fui pesquisar e lá está: Sport Club Lagoa Seca! Uniforme absolutamente igual ao Sporting! Até mesmo o calção preto! (rsrsrs) Obrigado pela nota.
Abraços Gloriosos.
Se o verde fosse vertical eu calaria... rsrs
😄😄😄😄😄😄
Abraços Gloriosos.
Enviar um comentário