A 'folha seca' que no dia 21 de abril de 1957 valeu a vitória sobre o Peru e a
classificação ao Mundial de1958, em que Didi foi eleito o melhor atleta da
competição
Folha-seca
por
JOÃO SALDANHA
Jornal
‘Última Hora’, 23.01.1961
Didi
tem que ser visto a prazo. É o melhor jogador que conheci trabalhando sem bola
e aconselharia a muitos que prestassem atenção quando esta se encontra com um
companheiro. Poderão verificar que Didi está sempre correndo, procurando se
desmarcar e ficar em condições de receber. E quase sempre o consegue.
Fora
do campo, o “crioulo” é vaidoso. Mas lá dentro, não. É dos mais modestos que tenho
visto. Toda vez que entrava na equipe uma reserva com menos experiência, Didi
pedia para ficar por perto, ajudando e fornecendo ajuda até que passassem
aqueles dez ou quinze primeiros minutos que podem ser fatais aos estreantes.
Nunca vi nem o Botafogo nem o Fluminense levarem goleada com Didi jogando. E
isto porque é um homem que põe ordem no jogo. O que impede que uma equipe de
categoria se “apavore” e fique sujeita a muitos gols.
É
conhecida de todos aquela atitude de “Mister Football” [cognome que Didi
mereceu na Copa da Suécia, em 1958] quando os suecos marcaram o primeiro gol.
Didi apanhou a bola no fundo da rede de Gylmar, colocou-a debaixo do braço e
foi calmamente para o centro do campo. Este ato foi talvez o preponderante na
conquista final da Copa de 1958.
Há
uma infinidade de características deste notável jogador que dizem que não corre
em campo, só porque quando de posse de bola não sai disparando feito um
alucinado. É verdade que, sozinho, ele não ganha jogo. Mas é dos jogadores que
eu não gostaria nunca de ver do lado do adversário.
5 comentários:
Aqui em Estocolmo, Suécia, perguntei ao Owe Olsson, que fazia parte do time sueco, como reserva da seleção da casa que perdeu a finalíssima por 5x2 para o Brasil, quem foi melhor naquela Copa do Mundo, Garrincha ou Pelé? Ele não hesitou e respondeu: -Nem Garrincha, nem Pelé, Didi. Com Didi, o Brasil dominou o meio de campo e abriu caminho para a vitória.
Caro Luiz Eduardo, esse Owe Olsson percebe mesmo de futebol! (rsrsrs) Mr. Football foi merecidamente eleito o melhor atleta da competição. Porque dominou o meio campo e porque liderou o Brasil com a sua personalidade visionária, complexa e serena.
Abraços Gloriosos.
Ele jogava bem aqui, tanto no IFK Göteborg, sua origem, como depois no AIK de Estocolmo, assim como na própria seleção sueca. No início da carreira foi atacante, depois virou zagueiro. A Suécia era campeã olímpica de 1948 e tinha obtido o terceiro lugar na Copa do Mundo de 1950, no Brasil. Owe Olsson só jogou na Copa de 1958, como reserva na maioria das partidas daquele Campeonato Mundial. Depois foi jornalista esportivo. Para mim, Garrincha foi o melhor em 1958 e em 1962, nos ajudando muito a conquistar o bicampeonato! Abraços!
Sim, Luiz Eduardo,é uma maneira de ver os desempenhos. O Didi como cérebro municiador das jogadas de ataque e Garrincha como destroçador de defesas que não sabiam lidar com tão estranha realidade do ponta direita. Não vi a Copa de 1958, mas vi a de 1962. Por tudo o que li e pude ver, ainda ficaria com Didi como o melhor em 58 e Garrincha o melhor de 62.
Sou um pouco suspeito, porque sou muito fã do Didi. Acho que foi, no seu tempo, o maior meio campista que vi jogar. Dos que vi jogar (1960 em diante) destacaria Garrincha e Didi como os maiores jogadores de sempre do Botafogo. Sem esquecer Nilton Santos como grandioso atleta. Mas, claro, é difícil escolher entre tantos e tantos craques. O meu amigo Sergio publicou aqui no blogue há pouco tempo as Cinco Melhores equipes do Botafogo. Luiz Eduardo, eles eram 55 craques listados pelo Sergio. Como temos craques! Eu creio que deve ser o Clube Brasileiro commais craques desde sempre.
Abraços Gloriosos.
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