“Didi: a
trajetória da folha-seca no futebol de marca brasileira” – artigo científico de
Luiz Henrique de Toledo do qual o Mundo Botafogo selecionou alguns excertos.
por LUIZ HENRIQUE DE TOLEDO
Antropólogo e professor da
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), formado pela Universidade de São Paulo
(graduação em Ciências Sociais-1988, Mestrado em Antropologia-1994, Doutorado
em Antropologia-2000 e pós doutorado-2018)
[EXCERTO
SOBRE A SUPOSTA LENTIDÃO DE DIDI (Toledo, pp. 95-96)]
Numa entrevista concedida ao
escritor e cineasta Roberto Moura, em 1994, Didi relembrou o episódio com o
jogador Moacir:
Alguns críticos diziam que eu era
muito lento. Naquela época, em 58, o Moacir era muito rápido, era jogador do
Flamengo. Então eu falei: “Não sou eu que corro, é a bola que corre”. A
velocidade da bola é muito grande, então se eu meto uma bola de 40 metros...”
(Moura, 1994, p. 49.)
Armando Nogueira, na coluna Na
grande área, também lembrou o episódio narrado acima. Mas existem outras
versões que tentam dar conta das circunstâncias que cercaram o aparecimento da
tão famosa frase – “treino é treino, jogo é jogo” – pronunciada por Didi.
Observemos outro relato:
[...] os preparativos para a Copa
se iniciaram em abril, com detalhados exames médicos e odontológicos [...] Em
seguida, chegou a vez da ida para um período de repouso nas estâncias
hidrominerais de Poços de Caldas e Araxá, e lá é que foram realizados os
primeiros treinamentos com bola e a preparação física, com o professor Paulo
Amaral. [...] Pelo que apresentou nos coletivos e jogos-treino [...] Moacir
incendiou não só a paixão dos torcedores rubro-negros [flamenguistas] –
particularmente aqueles que eram jornalistas – como fez muito mais. Suas
atuações chegaram até mesmo a criar uma espécie de dúvida nacional. E foi então
que Didi rompeu o silêncio para, ao responder a uma pergunta sobre como via
toda aquela situação, sair-se com a colocação perfeita: “Treino é treino, jogo
é jogo”. (Ribeiro, 1993, p. 69-70.)
O jornalista esportivo Roberto
Porto oferece-nos ainda outra versão, que mantém, em linhas gerais, o
“espírito” e o “ar de família” das narrativas expostas acima:
Foi logo no primeiro ano de
Botafogo que Didi proferiu a frase [...] Para Nilton Santos, com quem converso
pelo telefone com certa regularidade, o mestre deve ter respondido a um
torcedor qualquer, em General Severiano [campo do Botafogo]. De repente, após
uma derrota, o cidadão exigiu empenho de Didi e ele, que costumeiramente se
poupava nos coletivos [treinos], proferiu a frase que ficou famosa e que hoje
não é empregada apenas em relação ao futebol. (Porto, 2001, p. 77.)
2 comentários:
Se a seleção de 58 jogasse com os flamenguistas no meio e ataque,muito provavelmente não seríamos campeões, pois Garrincha, Didi e Pelé foram reservas de Joel, Moacir e Dida, bons jogadores, mas os 2 botafoguenses e o Pelé eram gênios.
Meu irmão teve a felicidade de ver o Didi jogar, inclusive na final de 57, então com nove anos e lembra dessa final até hoje, sempre cita Garrincha e Didi como os nomes do jogo. Que inveja, no bom sentido tenho de Beto. Abs e SB!
Claramente, Sergio! Joel, Moacir e Dida jamais se poderiam comparar a Garrincha, Didi e Pelé, que eu considero os três melhores jogadores das Copas entre 1958 e 1970. Embora houvesse mais craques, e muitos, evidentemente.
Abraços Gloriosos.
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