por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Júnior Santos confirma e
reconfirma que tem sido no Campeonato Carioca e na Copa Libertadores, o maior
de todos os lutadores, o atleta mais inconformado, o único atacante deveras
eficaz e que com a mudança de esquema no ataque evidenciou que rende muito mais
em posição na área do que pelo flanco direito, tal como o Mundo Botafogo
observara anteriormente.
Houve quem dissesse que o
póquer de Júnior Santos contra o Aurora justificava-se pela fraqueza do Aurora.
Desconsideração pura… Mas será o RB Bragantino também do nível do Aurora? Na
verdade, o Bragantino perdeu o jogo porque não conseguiu anular o artilheiro da
noite do mesmo modo como na prática anulou a restante linha ofensiva e de meio
campo do Botafogo.
Não sei se Júnior Santos
poderá ser preterido por outro atacante oriundo de contratações em 2024, mas
quem parece estar a mais neste momento, em caso de escolha necessária, é mesmo
Tiquinho Soares.
Mas… vamos ao jogo.
Em toda a partida foi o
Botafogo que esteve praticamente com toda a iniciativa atacante – quase sempre
da autoria de Júnior Santos. No entanto, as oportunidades foram escassas no
primeiro tempo porque as marcações eram fortes e a equipe do Bragantino parecia
estar apostava verdadeiramente no empate desde o apito inicial.
O jogo foi bastante truncado
na primeira parte, com domínio dos defesas e os meio-campo muito marcados.
A equipe de Pedro Caixinha
tem um esquema bem organizado, é treinada por ele durante um tempo alargado e funciona
como coletivo, embora menos eficaz no ataque por falta de jogadores mais
valiosos.
O goleiro adversário efetuou
algumas defesas em remates de fora da área, mas pouco perigosos. A primeira
grande oportunidade para o Botafogo ocorreu aos 33’, mas Tiquinho chegou
atrasado, de carrinho, e falhou, tal como noutros lances em que chegava
atrasado ou adiantado e desmarcava-se equivocadamente.
Com Júnior Santos isso não
acontecia e ao final do tempo regulamentar recebeu um lançamento lateral de Damián Suárez, disparou pela ala direita, driblou um
adversário, entrou na grande área driblou outro adversário e por entre quatro
defensores rematou portentosamente no canto esquerdo, indefensável para o
goleiro. Botafogo 1x0.
Porém, como é típico da defesa do Glorioso, após um
gol parece que se deslumbram, afrouxam e na cobrança de uma falta perigosa o
Bragantino cruzou a bola para a área, a zaga não fez a marcação capazmente e
Juninho Capixaba anulou a comemoração botafoguense empatando a partida nos
acréscimos – apenas três minutos decorridos após a inauguração do marcador.
No segundo tempo o Bragantino tentou assumir as rédeas
da partida – sem perigar –, mas o Botafogo não deixou e Júnior Santos resolveu
decidir a partida aos 72’, talvez com o maior golaço da sua carreira. Em
lançamento de Barboza, à entrada da área Júnior Santos dominou a bola com o
peito, tocou lateralmente para Damián Suaréz, este devolveu a Júnior Santos,
que recebeu de pé direito, tocou a bola ligeiramente para cima e de voleio, com
o pé esquerdo, disparou um tiro fabuloso que estufou as redes pelo canto
direito sem chance de defesa para o goleiro. Botafogo 2x1.
O jogo tornou-se pouco característico, o Botafogo
percebeu que tinha que gerir o cansaço físico da equipe – não o do
‘maratonista’ Júnior Santos! – e que bem controlado o ataque do Bragantino não
tinha poder de fogo. E assim foi. Em boa verdade, Gatito não fez uma única
defesa difícil em todo o jogo, tendo o Bragantino marcado na única oportunidade
que lhe surgiu durante a partida.
Júnior Santos foi a grande figura do jogo, secundado
por boas exibições de Suaréz e Barboza. Savarino ainda não mostrou o que muitos
expectavam sobre o seu desempenho, Gregore, Tchê Tchê e Eduardo foram anulados
pelo Bragantino e Tiquinho destacou-se por ser o pior em campo.
Fábio Matias mostrou novamente que sabe montar a
equipe (neste jogo com mais dificuldade face aos méritos organizativos do
Bragantino), fazer a ‘leitura’ do desenrolar da partida e efetuar as
substituições necessárias, não
hesitando em substituir quem não rende, seja quem for. Quatro vitórias
seguidas sobre clubes de porte ‘grande’, ´médio’ e ‘pequeno’ dão a este
treinador um aval de confiança.
O ideal seria encontrar um grande treinador experiente
e Matias ser preparado gradualmente com o objetivo claro de se aperfeiçoar na
gestão e na técnica e permanecer no Botafogo – até um dia assumir a equipe
principal, estratégia que tem ido usada com sucesso por alguns clubes europeus.
Parece um treinador muito prometedor!
O jogo de volta será teoricamente muito difícil, o
Botafogo necessita de se agigantar com um sistema bem organizado e eficaz, mas
s equipe mostra que tem argumentos suficientes para se classificar para a fase
de grupos da maior competição futebolística sul-americana de clubes.
E PARABÉNS ao novo artilheiro botafoguense de todos os
tempos na Copa Libertadores da América! Muito merecido!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 Bragantino
» Gols: Júnior Santos, aos 43 e 72’ (Botafogo); Juninho
Capixaba, aos 45+1’ (Bragantino)
» Competição: Copa Libertadores da América – 3ª Fase
» Data: 06.03.2024
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 31.021 pagantes; 33.433 espectadores
» Renda: R$ 1.123.102,75
» Árbitro: Gustavo Tejera (Uruguai); Assistentes: Nicolás Taran
(Uruguai) e Martín Soppi (Uruguai); VAR: Anahí
Fernández (Uruguai)
» Disciplina: cartão amarelo
– Lucas Halter (Botafogo) e
Eduardo Sasha (Bragantino)
» Botafogo: Gatito
Fernández; Damián Suárez (Mateo Ponte), Lucas Halter, Alexander Barboza e Hugo
(Marçal); Gregore (Danilo Barbosa), Tchê Tchê (Marlon Freitas) e Eduardo;
Júnior Santos, Tiquinho Soares (Kauê) e Savarino. Técnico: Fábio Matias.
» Bragantino: Cleiton;
Nathan Mendes, Lucas Cunha, Luan Cândido e Juninho Capixaba; Jadsom, Eric
Ramires (Gustavinho) e Lincoln (Vitinho); Helinho (Laquintana), Eduardo Sasha
(Bruninho) e Thiago Borbas (Talisson). Técnico: Pedro Caixinha.
2 comentários:
Meu amigo Ruy, vimos o mesmo jogo. Não acho que o Botafogo tenha jogado mal, mas sim que o Bragantino entrou com uma proposta clara de se defender o que fez muito bem. É um time entrosado e muito bem treinado, porém não consegue ser efetivo no ataque, não teve nenhuma chance efetiva de gol, a única chance que tiveram foi numa bola parada e, acho que a defesa do Botafogo marcou mal, mas convenhamos, o cruzamentos foi muito bem feito. Esse time do Bragantino não conseguiu fazer um gol sequer no fraco Aguilas douradas, que é um time fraco, pouco acima do Aurora. A classificação está decidida? Claro que não, mas acho que o Botafogo deu um passo importante.
Eu observo que uma grande parte dos torcedores, seja de qualquer equipe, nunca admite que o adversário foi competente para impedir que o seu oponente tenha sucesso, e foi o que aconteceu ontem, o time do Bragantino conseguiu neutralizar as ações ofensivas do Botafogo, mas aí surgiu o inesperado, a noite inspirada do Junior Santos. Mesmo com grandes times que o Botafogo teve, muitas vezes o jogo era resolvido pela jogada individual. O torcedor mais jovem que não viu os grandes times do Botafogo tem a ilusão que aqueles times nunca jogavam mal ou eram superados pelo adversário.
O que parece que ficou muito claro é que o Botafogo perdeu um tempo enorme com o Tiago Nunes. Confesso que torci para que ele tivesse dado certo, mas vendo os trabalhos fracos dele pós Atlético Paranaense, acho que foi uma aposta errada do scout do Botafogo. Com o Fábio Matias tudo mudou, principalmente a vontade dos jogadores. Claro que ainda há muito o que se corrigir, mas pelo menos em 4 jogos o Matias conseguiu o que o Nunes não conseguiu em 14 jogos se não me falha a memória. Acho que o Fábio Matias tem tudo para se tornar um treinador com muita qualidade, e como auxiliar fazendo parte da nova comissão técnica tem muito a aprender e acrescentar a sua carreira.
O jogo de volta será um jogo difícil, disputado, mas se o Botafogo mantiver essa postura e não entrar em campo apenas pensando em não perder, teremos muitas chances de sair com a classificação.
Se o Eduardo mereceu uma placa n belo gol mesmo com o time derrotado, o Junior Santos pelos dois gols que fez ontem merece duas placas e se nos classificarmos, mais uma placa. Abs e SB!
Meu amigo Sergio, eu pderia sintetizar a minha resposta ao seu comentário assim: "Totalmente de Acordo!"
Há quem tenha dito ontem que temos que jogar mais. Não duvido disso, mas... com equipe que temos? sem novos reforços? e omissão de comentários quanto ao Bragantino ter anulado uma boa parte da organização do Botafogo por mérito prórprio, tal com o Botafogo já venceu nessas mesmas circunstâncias contra equipes de grande valia do futebol brasileiro?
Os adversários existem, também querem ganhar e por vezes obtêm grande sucesso em anular equipes com melhores individualidades. Em suma, temos que jogar mais, certamente, mas não a custo daqueles tipos de partidas 'eletrizantes' que partem os jogos e deixam-nos sem controlo. Face ao que arquitetou o Bragantino, ao empate que pretendia claramente e à sua valia organizativa, fiquei satisfeito, esperando que saibamos resolver o assunto definitivamente em São Paulo. Mas atenção, o Caixinha é muito organizado e tem a equipe mecanizada há muito tempo.
Quanto a jogar mal, muitas vezes acontecia na famosa década de 1960, e por isso mesmo Manga era tão valioso como Garrincha, Gérson ou Jairzinho, era uma das mais preciosas peças da equipe. Havia jogos que nem nos apercebíamos que Garrincha estava em campo... Faziamos um gol e o resto eram defesas estratosféricas de Manga! E os 3x0 e 5x0 com que fomos goleados pelo Santos?... E os campenatos que não ganhamos em 1963, 64, 65 e 66 com Garrincha, Nilton Santos, etc.
Abraços Gloriosos.
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