domingo, 4 de maio de 2025

Botafogo 0x1 Bahia – uma manita de jogos 0x1

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Os astros já haviam decidido o resultado da partida. Indiferentes à goleada do Botafogo contra o frágil Capital DF, sobre o qual até Artur e Rwan conseguiram fazer gols, os astros alinharam-se pelos últimos resultados: as vitórias do Bahia todas por 1x0 dentro e fora de casa e as derrotas do Botafogo nos jogos fora de casa por 0x1.

Como o Mundo Botafogo já havia mencionado anteriormente, jogando fora os nossos adversários só necessitam de marcar um gol para vencer um campeão em título que não faz um único gol fora de casa. Ora por que joga realmente muito mal, ora por que simplesmente as suas peças de ataque, que são genericamente ruins, desperdiçam gols imperdíveis.

Nem sequer os gols de Rwan e Artur contra o Capital DF serviram realmente para ‘desencantar’, porque tanto um como outro repetiram contra o Bahia as más execuções anteriores. E quando as falhas se sucedem, até os melhores, como Igor Jesus e Jeffinho, falham em sequência.

Mais do que uma equipe mista, atuamos praticamente com 7 jogadores, porque Newton, Patrick de Paula, Mastriani e Artur foram péssimos, além de Marlon Freitas sumido – algo que acontece com certa frequência, alternando boas e más partidas.

Sabemos certamente que Renato Paiva não tem responsabilidade nas contratações desastrosas que foram feitas e que saíram onerosas se somarmos os custos de Patrick de Paula, Rwan, Artur, Mastriani, Santiago Rodríguez e Elias Manoel. Sabemos, também, que confecionar omeletas sem ovos é tarefa árdua, mas, ainda assim, espera-se que um treinador estude e compreenda com brevidade a qualidade de cada jogador e encontre sistemas adequados à matéria-prima ao dispor.

Em nossa opinião, Renato Paiva está longe de ser um treinador capaz de rapidamente compreender um plantel, de ajustar com celeridade o modelo de jogo às peças que em cada momento dispõe e de perceber a atuação do adversário durante o jogo mudando o figurino da equipe atempadamente.

Por outro lado, parece que Renato Paiva não tira proveito dos escassos treinos de que dispõe e não potencia as suas preleções e visionamentos dos adversários em vídeo, em virtude de não ter conseguido emendar os mesmos erros que ocorrem há diversos jogos, resultando que nem sequer marcamos um gol contra os adversários fora de casa, perdendo sempre pelo escasso 0x1 (Universidad de Chile, Estudiantes, Bragantino, Atlético Mineiro e Bahia).

E enquanto tudo isso acontece, a distância para os líderes do Brasileirão aumenta rodada após rodada, crescem as dificuldades de classificação na Libertadores, os atletas perdem dinamismo, o público alvinegro afasta-se dos estádios e a moral do torcedor esmorece.

MENTALIDADE, FOCO, INTENSIDADE, PRECISA-SE!

Razão teve Sérgio Augusto quando intitulou o seu livro “Botafogo entre o Céu e o Inferno”: ainda nos anos recentes essa dicotomia permanece com o inferno da descida de divisão em 2020; o céu com a subida de divisão em 2021, a chegada de Textor em 2022 e o título brasileiro encaminhado por Luís Castro em 2023; o inferno da perda do título em 2023 com Bruno Lage, Lúcio Flávio e Tiago Nunes; o céu com um plantel de enorme qualidade e os títulos Brasileiro e Sul-americano em 2024; o inferno com a gestão caótica de 2025.

Antes era o ‘amadorismo’ o nosso bode expiatório. E agora, com a ‘profissional’ SAF? Até quando teremos que interagir com o drama e a glória em simultâneo?... Será mesmo nossa predestinação alternar fases celestiais e infernais num carrossel de emoções paradoxais em que a paixão e a depressão são os dois atores principais?...

Tomem-se tais breves notas como alertas às lideranças e sua visão sobre o Glorioso para 2025 e anos vindouros.

FICHA TÉCNICA

Botafogo 0x1 Bahia

» Gol: Cauly, aos 38’

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 03.05.2025

» Local: Arena Fonte Nova, em Salvador (BA)

» Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP); Assistentes: Neuza Inês Back (SP) e Fabrini Bevilaqua Costa (SP); VAR: Thiago Duarte Peixoto (SP)

» Público: 37.094 pagantes

» Renda: R$ 1.219.691,00

» Disciplina: cartão amarelo – Newton, Mateo Ponte e Marçal (Botafogo) e Caio Alexandre, Erick e Ademir (Bahia)

» Botafogo: John; Vitinho (Mateo Ponte), Jair, David Ricardo e Cuiabano (Nathan Fernandes); Newton, Marlon Freitas e Patrick de Paula (Alex Telles); Artur (Jeffinho), Mastriani (Rwan Cruz) e Igor Jesus. Técnico: Renato Paiva.

» Bahia: Marcos Felipe; Erick, David Duarte, Ramos Mingo e Luciano Juba; Caio Alexandre (Acevedo), Jean Lucas, Everton Ribeiro (Ademir) e Cauly (Michel Araújo); Erick Pulga (Gabriel Xavier) e Luciano Rodríguez (Willian José). Técnico: Rogério Ceni.

10 comentários:

jornal da grande natal disse...

Definitivamente: é melhor focar na Copa do Brasil. Essa gangorra de resultados não permite outros objetivos!

Sergio disse...

Se no 11 contra 11 é difícil, imagina entrar com 4 jogadores absolutamente fora de sintonia como os citados na postagem. O erro de cobertura do Newton que originou o gol do Bahia foi de um primarismo sem tamanho, como pode um jogador fazer cobertura marcando o atacante de lado e ainda tropeçando nas próprias pernas. Todos os gols sofridos pelo Botafogo são provenientes de erros individuais, some-se a isso falta de capacidade nas conclusões em várias oportunidades.
Acho que o Paiva ainda não conseguiu dar um esquema com os jogadores que te, mas por outro lado não podemos deixar de falar da péssima gestão no início do ano, equivocadamente atrasada e contratações que não mostraram até agora sua utilidade. E fico pasmo com essa insistência no PK, e não entendi deixar o Jefinho no banco, assim como achei a escalação equivocada.
Infelizmente não temos substituto para o Savarino ou para o Gregori, e mesmo o Mateus Martins não estando bem, é melhor que os que entraram.
Posso estar enganado, mas parece que o Paiva poupou alguns jogadores pensando no jogo contra o Carabobo.
Uma pena que o Textor não tenha pensado nos problemas que causariam a equipe por esse início de temporadas esdrúxulo. E pior, parece estar pensando no mundial de clubes como objetivo maior dessa temporada, o que não deixa de ser, digamos, uma loucura, pois é muito.pouco provável que o time se destaque nesse mundial, mesmo com reforços de peso. Enfim, cada um com sua loucura. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Definitivamente!!!
Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Absolutamente de acordo com todos os pontos que focou, Sergio. Face à gestão equovicada, às contratações equivocadas e aos esquemas equivocados do treinador eu distribuiria as culpas da situação atual por: 25% Textor (má gestão); 25% Departamento de Futebol (reforços), 25% Renato Paiva (muitos erros na orientação do plantel); 25% Jogadores (falta de mentalidade, foco e intensidade).

Só mesmo nós torcedores é que não temos culpa de coisa nenhuma e respondemos sempre que necessário apoiando a equipe.

Abraços Gloriosos.

Dinafogo disse...

Ando tão triste com a situação do nosso glorioso Alvinegro que é até difícil encontrar forças para escrever. O ano que era para continuarmos em uma lua de mel com o clube pelas conquistas e buscarmos uma era de glórias... Em 1995, ganhamos o Brasileiro e, no ano seguinte, desmancharam o time; em 1992, a mesma coisa, entre outras épocas. Achei que a SAF romperia com isso. Espero, de verdade, me surpreender com a segunda janela, mas é muito difícil.

O Botafogo ganhou do Capital e do Fluminense, mas, se formos olhar, o Capital é limitadíssimo, e o Fluminense tem um padrão de jogo que já é muito perceptível. Vários treinadores que passaram por aqui aproveitam disso e venceram. Entramos oscilando muito no Brasileiro, e, na Libertadores — que é mais difícil — também não estamos bem. Então, realmente, se algo vier, será na Copa do Brasil, se melhorarmos muito.

Ruy Moura disse...

Então somos dois tristonhos. Custa-me muito escrever sobre o futebol do Botafogo. Esperava que Textor tivesse a sabedoria de manter a dinâmica e a união da equipe como no final de 2024 e promessa de início de 2025, mas estragou tudo que construiu com muito esforço e investimento. Talvez aprenda com alguns erros crassos que cometeu no passado e atualmente, assegurando um futuro consolidado e não este vai-e-vem entre o 'céu' e o 'inferno'.

Abraços Gloriosos.

Alexis disse...

Ótima análise como sempre, perspicaz, sensata.
Apenas considerar que o Botafogo é realmente um time, um clube em reconstrução. E pelo estado - extremamente crítico - em que se encontrava até antes da implementação da SAF e, consequentemente, pelo tamanho dessas dificuldades e dos desafios adiante, não é simples e fácil essa reconstrução.
E, entendo, um fato decisivo para, particularmente, a situação atual foi o abandono do barco pelo Artur Jorge; por tudo que, com ele, já estava construído e projetado, a sua saída deixou um problema e um vácuo enorme.
John Textor se desdobrou tentando equacionar, resolver, tendo em vista a solução para o momento, assim como levando em conta o projeto (sustentável) para o Botafogo a longo prazo.
Parece ser esta a situação. Neste contexto, o adepto (para usar um termo da Pátria irmã) torce para dar certo. E que o caminho, com uma sorte favorável, possa ir sendo construído.

Ruy Moura disse...

Amigo Alexis, por mim torço tudo o que é possível pelo sucesso de Textor e da SAF, porque essas duas condições são essenciais para um futuro risonho do nosso Botafogo.

Todavia, embora concordando que a fuga do AJ para as arábias e as saídas de LN e Almada atrapalharam muito a nossa consolidação, a obrigação de Textor seria efetuar um planejamento ainda mais minucioso para suprir as saídas e manter a a motivação, a dinâmica e a união do plantel. Ora, o que aconteceu é que JT olhou para a cascata que já estava a diminuir a intensidade e em vez de ir à fonte remediar o assunto, deixou a cascata se esgotando durante quatro meses porque na sua ótica o ano só começa em abril. Espero é que não tenha acabado em abril.

Sejamos francos: agradeço muito a Textor o que nos aconteceu e a manutenção de um horizonte com futuro, mas JT não entende realmente de futebol - tal como José Mourinho considerou há umas duas semanas. Quem entende de futebol não deixa que uma cascata fulgurante se esvaia sem contrair tal rumo, porque agora não se trata apenas de manter e reforçar a equipe, mas de recomeçar tudo de novo.

Em futebol, atualmente não se pode andar em montanha russa para cima e para baixo; é necessário criar estabilidade, porque a reconstrução ano após ano é difícil e dolorosa, em vez de ser mais leve e frutuosa.

Vamos torcer para que todos - Textor, Departamento de Futebol, Paiva e Jogadores - se redimam de tantos erros cometidos até aqui e nos façam sorrir novamente. Estamos muito precisados, porque estamos tristonhos, como que anestesiados depois do êxtase de final do ano passado.

Em frente!
Abraços Gloriosos.

jornal da grande natal disse...

Resumo: não houve uma recomposição adequada.

Ruy Moura disse...

Resumo: é esse mesmo!
Abraços Gloriosos.

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