sábado, 31 de maio de 2025

Que seria da superstição sem o Botafogo?

por SÉRGIO AUGUSTO | Botafoguense desde 1948

«E agora, Francis Hime? O Botafogo foi campeão. Pode ir mudando aquela estrofe. E agora, José Alvarenga? Aquela brincadeira com o adesivo do Botafogo, em “A Princesa Xuxa e os Trapalhões”, deixou de ser engraçada para tornar-se premonitório: “Botafogo, campeão de 2010”. Eu, se fosse você, não ficaria surpreso se o Fogão comemorasse o centenário do seu primeiro Campeonato com outro [nota MB: como realmente aconteceu!].

E agora, sociólogos, antropólogos e cientistas políticos? Chegou a hora de botar o preto no branco. Ou vocês ainda não perceberam que a decadência do glorioso esquadrão da estrela solitária sempre esteve intimamente ligada à decadência do Brasil e, sobretudo, de seu futebol? Não foi por acaso que passamos a encadear fiascos nas Copas do Mundo depois que a seleção canarinho foi obrigada a dispensar em suas hostes jogadores botafoguenses.

Tampouco foi casual a longa espera: o Botafogo deixou para ser campeão no ano da volta concreta do país à democracia e justo no dia em que nasceu a maior observador dos hábitos do velho bairro do clube, Machado de Assis.

Muito antes de empalmar a taça e vestir a faixa de campeão invicto, o Botafogo já se destacara como um caso exemplar. Ou melhor, uma raridade. Durante todo o campeonato, sob o comando de um técnico que é xará do maior filósofo da ética (logo da ética!) [nota MB: Sérgio Augusto refere-se a Valdir Espinosa, técnico campeão, e a Baruch Espinosa, holandês de origem portuguesa, designado por ‘filósofo da ética], seu time exibiu em campo virtudes como humildade, determinação e solidariedade, há muito banidas de nossa paisagem.

Foram 21 anos de jejum, quebrados num dia 21, com 21 graus de temperatura no Maracanã e o gol decisivo marcado aos 12 minutos (21 invertidos) pelo dono da camisa sete, que, além de ser a terça parte de 21, possui as bênçãos de Garrincha. O que seria da superstição sem o Botafogo?»

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