por SÉRGIO AUGUSTO |
Botafoguense desde 1948
«E
agora, Francis Hime? O Botafogo foi campeão. Pode ir mudando aquela estrofe. E
agora, José Alvarenga? Aquela brincadeira com o adesivo do Botafogo, em “A
Princesa Xuxa e os Trapalhões”, deixou de ser engraçada para tornar-se
premonitório: “Botafogo, campeão de 2010”. Eu, se fosse você, não ficaria
surpreso se o Fogão comemorasse o centenário do seu primeiro Campeonato com
outro [nota MB: como realmente aconteceu!].
E agora, sociólogos,
antropólogos e cientistas políticos? Chegou a hora de botar o preto no branco.
Ou vocês ainda não perceberam que a decadência do glorioso esquadrão da estrela
solitária sempre esteve intimamente ligada à decadência do Brasil e, sobretudo,
de seu futebol? Não foi por acaso que passamos a encadear fiascos nas Copas do
Mundo depois que a seleção canarinho foi obrigada a dispensar em suas hostes
jogadores botafoguenses.
Tampouco foi casual a
longa espera: o Botafogo deixou para ser campeão no ano da volta concreta do
país à democracia e justo no dia em que nasceu a maior observador dos hábitos
do velho bairro do clube, Machado de Assis.
Muito antes de
empalmar a taça e vestir a faixa de campeão invicto, o Botafogo já se destacara
como um caso exemplar. Ou melhor, uma raridade. Durante todo o campeonato, sob
o comando de um técnico que é xará do maior filósofo da ética (logo da ética!) [nota MB: Sérgio
Augusto refere-se a Valdir Espinosa, técnico campeão, e a Baruch Espinosa,
holandês de origem portuguesa, designado por ‘filósofo da ética], seu time exibiu em campo virtudes como
humildade, determinação e solidariedade, há muito banidas de nossa paisagem.
Foram 21 anos de
jejum, quebrados num dia 21, com 21 graus de temperatura no Maracanã e o gol
decisivo marcado aos 12 minutos (21 invertidos) pelo dono da camisa sete, que,
além de ser a terça parte de 21, possui as bênçãos de Garrincha. O que seria da
superstição sem o Botafogo?»
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