por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Comecei por assistir à partida aos 9’ por
dificuldade de conexão e 30 segundos depois o jogo equilibrado que se seguiu poderia
ter mudado completamente de rumo quando Igor Jesus endossou um passe
espetacular a Savarino que, frente a frente ao goleiro atleticano dentro da
grande área, não foi capaz de tocar acertadamente para o fundo das redes,
deixando o guardião defender in extremis.
Que me desculpe Savarino, mas um atleta da sua envergadura, mesmo não estando
na sua melhor forma, não pode perder um gol desses numa competição desta
natureza.
O Botafogo, que – segundo li – entrara melhor
na partida, teve nova oportunidade aos 14’ quando Arthur quase inaugurava o
marcador, não fosse a bola desviada no zagueiro para a linha de fundo.
Todavia, passado esse período de 15-20
minutos favorável a Botafogo, o Atlético começou a tentar jogadas ensaiadas, bastante
perigosas, e que não resultaram porque no último momento os atacantes do Atlético
não conseguiram dominar a bola atempadamente, embora tivessem ficado sozinhos
na marca dos 11 metros.
Depois o jogo entrou numa toada dividida
entre as duas equipes, com posse de bola ligeiramente superior para o nosso
adversário, mas sempre com o Botafogo atento às transições, algumas delas
bastante boas, mas as melhores foram parar a Savarino que atrasou o movimento,
perdeu tempo em duas ocasiões de contra-ataque e a jogada gorou-se. A lentidão de
decisão do último passe manteve-se a longo do 1º tempo e o Atlético acossou o
Botafogo nos últimos 10 minutos do 1º tempo: aos 36’, grande oportunidade do
Atlético resolvida in extremis por
Barboza; aos 41’, a melhor oportunidade do adversário que passou rente a
baliza.
No 2º tempo o Atlético começou melhor e aos
61’, num perigoso cruzamento, o Atlético falhou uma cabeçada que poderia ter
sido fatal. Porém, o Botafogo respondeu aos 66’: cruzamento tenso de Cuibano na
ala esquerda e Igor Jesu cabeceou para uma defesa espetacular de Oblak.
O Atlético manteve a maior posse de bola e aos
69’ tornou a ameaçar a nossa baliza, num período em que o Botafogo não conseguia
manter a bola no seu ataque.
Ao aproximar-se o fim da partida o Botafogo
conseguiu reter mais a bola e entre os 79’ e 80’ levou perigo à baliza
atleticana. Logo depois o Atlético efetuou um remate às redes pelo lado de fora
e o locutor gritou “Gol!” feliz da vida.
[À parte: já não me basta os locutores
brasileiros a torcer contra o Botafogo; os locutores nos jogos internacionais
torcem pelo Palmeiras ou pelo Flamengo e neste Mundial torcem claramente pelos
europeus. Eu peço sempre imparcialidade, não favores, mas não me atendem. Felizmente
nos últimos tempos todos têm ficado ‘agonizando’ com espinhas alvinegras cravadas
na garganta.]
Desde os 75’ o Botafogo subiu ainda mais a marcação
e o Atlético teve muitas dificuldades para criar mais perigo, até que aos 86’ houve
um cruzamento rasteiro na área botafoguense e Cuiabano, em vez de cobrir o nosso
lado esquerdo, ficou a meio da pequena área com os dois zagueiros e deixou Griezmann
completamente livre para rematar facilmente para o gol da vitória espanhola. Como
se pode deixar totalmente livre quase dentro da pequena área um jogador como
Griezmann?...
Uma pena perder a invencibilidade num jogo
aparentemente já controlado até a apito final, mas o futebol tem disto. Aliás,
o Botafogo – embora Paiva o tenha compreensivelmente negado antes da partida –
jogou com o regulamento debaixo do braço e em nenhum momento esticou a corda,
já que tomar mais de dois gols contra o Atlético neste momento alto da equipe
seria totalmente inesperado. Optou-se por gerir a partida e poupar forças para as
oitavas-de-final.
Pontos fundamentais a melhorar para a fase de
mata-mata: articular melhor a defesa, à semelhança do que fizemos no jogo contra
o PSG, marcando severamente e não deixando os adversários progredir ou ficar livres
dentro da área; nas transições rápidas acompanhar velozmente quem conduz a bola
para preparar a receção do último passe para o gol. Foi por falha neste dois
aspectos que não vencemos o Atlético de Madrid.
Além, evidentemente, de Gregore, uma vez
mais, errar recebendo um cartão amarelo já nos acréscimos e desfalcar a equipe
no próximo jogo – o que é bem complicado tendo em consideração que praticamente
não dispomos de reservas à altura da equipe principal.
Porém, vale, evidentemente, e acima de tudo, o Botafogo ter superado admiravelmente o ‘grupo da morte’, porque o nosso
alvinegro nunca gostou de coisas fáceis desde a sua fundação e é nas situações
difíceis que “tua fibra está presente”!
Parabéns superlativos
a todos! E… Obrigado!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 0x1 Atlético de Madrid
» Gols: Griezmann, aos 86’
» Competição: Campeonato
Mundial de Clubes
» Data: 23.06.2025
» Local: Estádio Rose Bowl, em Pasadena, Califórnia, E.U. América
» Público: 22.992 torcedores
» Árbitro: César Ramos (México); Assistentes: Alberto Morín (México) e Marco Bisguerra (México);
VAR: Gustavo Tejera
(Uruguai)
» Disciplina: cartão amarelo
– Gregore (Botafogo)
» Botafogo: John; Vitinho (Mateo Ponte), Jair, Alexander Barboza
e Alex Telles (Cuiabano); Gregore, Marlon Freitas e Allan (Newton); Artur
(Santi Rodríguez), Igor Jesus e Savarino (Álvaro Montoro). Técnico: Renato
Paiva.
» Atlético de Madrid: Oblak; Llorente, Le Normand, Lenglet e Javi Galán; De
Paul (Koke), Barrios (Molina), Giuliano Simeone (Ángel Correa) e Gallagher
(Griezmann); Julián Alvarez e Sørloth (Samuel Lino). Técnico: Diego Simeone.
2 comentários:
É sempre um enorme prazer leus comentários sobre os jogos. Bogo, análise perfeita do jogo.
Eu vi um Botafogo bastante consciente do que precisava fazer, soube jogar com o regulamento, e em nenhum momento vi o time adversário ameaçando o Botafogo, e se o Savarino não estivesse tão mal, com certeza ganharíamos o jogo. Lembrando que esse é o segundo ou terceiro jogo que o Savarino perde aquilo que chamamos de gol feito: contra o 2X2 contra o São Paulo, o de ontem e o terceiro não estou recordando. Curiosamente no ano passado, um lance idêntico ao de ontem o Savarino não perdoou, foi contra o SP, simplesmente tocou por cima. Ontem, me pareceu que ele se livrou da bola. Gosto muito do Savarino, mas ontem não esteve bem.
O gol do Atlético de Madri em minha opinião, saiu numa falha bisonha principalmente do Cuiabano, que ficou olhando a bola passar. Mas por outro lado, a derrota não teve consequências ruins, pelo contrário; por hora tira o PSG, o melhor time desse mundial do nosso caminho e bota no caminho do time da gavea.ontem:
Me chamou atenção no jogo de ontem foi a qualidade do jovem Álvaro Montoro, esse garoto tem tudo para ser um grande jogador pelo que mostrou ontem: rápido, ousado, parte pra cima e tem visão de jogo.
Para finalizar, não me lembro de nenhuma defesa difícil do John, mas me lembro de pelo menos duas do Oblak. Abs e SB!
Savarino foi uma sombra do motorzinho do Brasileirão e da Libertadores. Está jogando pouquíssimo. Nem sei se deveria ser titular contra o Palmeiras.
O Atlético teve alguns lances bem perigosos,mas nunca rematou bem ou conseguiu dominar a bola no último momento, de tal modo que após tantos remates à nossa baliza John não teve necessidade de fazer uma única grande defesa. Por isso, considero que as análises que tenho visto hoje são muito exageradas quanto ao Botafogo 'estar morto' no 2º tempo. O Botafogo controlou e só não empatou por negligência do Cuiabano. E se Savarino tivesse inaugurado placar as 10 minutos nem o empate eles conseguiriam. E no desespero ainda tomavam um segundo gol de contra-ataque.
O Montoro é muito jovem, tem muito por onde progredir. Entrou bem no jogo. Esse sim, não é como estouvado do Segovinha que nunca fez nada de jeito e a torcida até lhe fez uma canção. Nunca gostei do rapaz, muitas firulas e produção zero.
Porém, ou têm o juízo mais atinado para o jogo contra o Palmeiras, especialmente na articulação defensiva e no contra-ataque em velocidade, ou então vamos-nos ver gregos para ganhar o jogo aos paulistas. Ainda por cima porque estão ressabiados de os termos tirado da Libertadores e vencido a partida decisiva na casa deles roubando-lhe o Brasileirão.
Abraços Gloriosos.
Enviar um comentário