sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O football intelectual e não intelectual


Cinco até agora foram os grandes “esquadrões” das duas metrópoles formados exclusivamente por “ases” intelectuais: Botafogo, Mackenzie, Palmeiras, S. Bento e Flamengo.

por OLIMPICUS

Com a devida vênia, transcreveremos esta notável crônica que Thomaz Mazzoni publicou em O Globo Sportivo de 9 de agosto de 1940.

Footbalistas intelectuais e não intelectuais, eis um tema que daria margem para correr um rio de tinta... Eram melhores os do passado por serem moços mais cultos? Que influência podem ter os estudos sobre a “inteligência esportiva” de um indivíduo? Nery, Palamone, Píndaro, Borgeth, Rubens Sales, Nariz, Leite de Castro, Luisinho, etc., pertenceram ou pertencem à classe dos footbalistas intelectuais e Fried, Neco, Bianco, Grané, Domingos, Leônidas, Brandão, pertenceram ou pertencem à classe dos “ases” não intelectuais. Qual a diferença entre uns e outros? O tema é vasto...

Existiram no passado quadros inteiros formados de médicos, advogados e engenheiros que alcançaram grande fama como também tivemos revelações de turmas não intelectuais ou mesmo de... semi-analfabetos, assim como também foram formados quadros potentes com uns e outros (o selecionado brasileiro campeão sul-americano de 1919, por exemplo). No entanto, através de uma rápida crônica, sem outra pretensão, quais foram os clubes do passado que tiveram seus “onzes” integrados exclusivamente por footbalistas formados? Cinco foram esses clubes: três em São Paulo e dois no Rio, a saber: Botafogo, Palmeiras, São Bento, Mackenzie e Flamengo. Destes apenas o Mackenzie deixou de ser campeão, porém, sempre com os “ases” futuros engenheiros foi dos principais quadros paulistas.

O primeiro grande esquadrão acadêmico foi o BOTAFOGO. Vejamos com que quadro venceu o campeonato carioca de 1910: A. Werneck (advogado), R. T. Rodrigues (advogado), e O. Werneck (médico); N. Hime (capitalista-industrial), A. L. Santos Werneck (advogado) e Lulu Rocha (advogado); A. Sampaio (médico), Flávio Ramos (advogado), J. B. Castro (médico), Gilbert Hime (comerciante) e E. Sodré (advogado) [não é a escalação de 1910 que costumamos considerar: Coggin, Dinorah e Pullen; Rolando (médico), Lulu Rocha e Lefèvre; Emmanuel, Abelardo, Décio, Mimi (militar, que galgou o posto de almirante) e Lauro (médico)]. Ao mesmo tempo em São Paulo a A. A. Palmeiras era o quadro dos acadêmicos por excelência. Assim é que em 1913 apresentou seu conjunto constituído por médicos e advogados. O Mackenzie era constituído também exclusivamente pelos alunos do colégio de igual nome e teve “ases” de grande projeção nos campos paulistas. Famosíssima foi certa vez (1913) sua vitória por 5 a 1 sobre o combinado português que nos visitou naquele ano, após ter vencido o Botafogo e o Paulistano, ambos por 1 a 0.

Em 1914 fundou-se em São Paulo a A. A. São Bento e neste seu primeiro ano de vida formou o seu quadro com ex-alunos do Ginásio São Bento que entretanto já eram “cracks” em outros clubes. A vitória do São Bento no campeonato paulista foi total. Também entre 1914 e 1915 o Flamengo constituiu seu quadro bicampeão com médicos e advogados, destacando-se Píndaro, Nery, Baena e outros. Desde aí, com a evolução do football brasileiro não mais foi possível vingar um onze somente de “ases” acadêmicos. A classe popular tomou conta do football que se tornou o sport das multidões. Aos quadros campeões de jogadores intelectuais sucederam-se os conjuntos tão bons e tão perfeitos formados por “ases” não intelectuais. Esses quadros se chamaram ou se chamam Corinthians, Palestra [atual S. E. Palmeiras], Vasco, América e os próprios Flamengo, Fluminense, etc. Os “onzes” tipicamente intelectuais foram, pois, 5 e os não intelectuais foram, são e serão em número interminável.

Obs: As notas em negrito são da autoria do pesquisador.
Fontes
Acervo e pesquisa de Cláudio Marinho Falcão
Botafogo de Futebol e Regatas, 1941.

5 comentários:

Luis Eduardo Carmo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luis Eduardo Carmo disse...

Rui,
Como é franzino o nosso remador, não?

Fiquei impressionado com sua complexão física. Acho que ele tem tudo para despontar na próxima olimpíada, com tempo suficiente pra ganhar massa muscular.

SA!

Luis Eduardo Carmo disse...

Rui,
Observando as decisões que tomam em campo e as declarações que fazem fora dele, chego a conclusão de que os jogadores atuais demonstram cada vez mais se distanciarem inclusive dos "semi-analfabetos" do passado.

SA!

Ruy Moura disse...

Exato, Biriba. Ele já passou fome, tal como muitos milhões de pessoas por esse mundo fora, e por quem os vergonhosos poderes instalados por todo o mundo não mostram nenhuma preocupação!

Creio que despontará, sim, e obterá medalhas de ouro mundiais. pelo menos torço por isso.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Biriba, considero que as pessoas são tanto mais estúpidas quanto as deixam ser. Essas mesmas pessoas, se não as deixarmos ser estúpidas, não são estúpidas. Estranho, não?... Mas a verdade é que o mesmo indivíduo em dois espaços diferentes, pode ser mais estúpido num do que noutro. Depende se o deixam ser ou não...

Abraços Gloriosos!

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