segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pacíficos e 'loucos' torcedores

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Os leitores do Mundo Botafogo sabem que raramente reajo ao desporto em geral e ao futebol em particular fora do controlo que me caracteriza. Aprecio mais as profundas emoções secundárias de uma bela sinfonia do que as emoções primárias de uma tourada sangrenta. Embora seja bastante implacável no apontamento de erros ou omissões do meu clube (porque o criticismo é dinamizador…), não necessito xingar a minha equipa nem pessoas em particular, não peço demissões sem razões bem fundamentadas, não sinto nada em especial relativamente aos outros clubes (nenhum ódio, nenhuma emoção especial…), etc.

Esta conversa vem a propósito de um artigo mais antigo que eu tinha em fila de espera e da faixa que ilustra este artigo, a qual foi afixada por torcedores botafoguenses no último ‘clássico vovô’. Creio que o desporto também pode ser alvo de brincadeira entre torcedores – o que é importante para as identidades clubistas –, desde que a inteligência ocupe o lugar da crispação e o bom humor tome o lugar da ofensa.

Naturalmente que a criatividade, a inteligência e a brincadeira saudável não fazem parte das torcidas dominantes dos urubus, o que é natural devido aos comportamentos dos torcedores do Botafogo evidenciarem que somos gente que pertence a um universo diferenciado que nos torna elite e bem distantes de certas promiscuidades incultas que tresandam por aí.

Se alguém duvida basta comparar o nível da faixa botafoguense deste fim-de-semana com o nível da versão cantada pelos urubus aos três outros grandes clubes cariocas neste mesmo fim-de-semana. Eis uma transcrição retirada de Globoesporte.com:

“Confira a versão cantada neste sábado, no Maracanã, e que tem um trecho impublicável:

Ih, o Botafogo vai cair
O Fluminense já está lá
O meu Flamengo já é penta
E o Bacalhau não vai voltar!
Ê! Vai se f... na Série B (bis)"

Ao contrário das cantorias provocatórias destes malcriados energúmenos, a transposição da faixa para este espaço do blogue quer apenas significar que tal tipo de brincadeira é saudável e não prejudica nem ofende ninguém, podendo ser um exemplo a seguir entre torcidas bem dispostas – incluindo futuras gozações engraçadas deste tipo sobre o nosso Botafogo, que se fossem criativas e inteligentes eu até publicaria.

Dito isto, considero que o desporto em geral e o futebol em particular podem ser vividos com muito amor, muita emoção e muita civilidade – sem violência e com fraternidade. Mas não sou único, obviamente.

Confesso que não me agradaria muito alinhar, lado a lado, em jogos de futebol, com os adversários do meu clube, especialmente devido às suas manifestações irracionais, mas há torcedores, provavelmente mais evoluídos do que eu, que dão verdadeiras lições de fraternidade e harmonia quando torcem pelas suas equipas.

Há torcedores que rejeitam toda e qualquer violência e têm sido constituídas, em todo o mundo, torcidas fundadas em cânticos de exaltação ao seu amor clubista em vez de gritos de guerra e de violência. Por isso é que, ao contrário dos malcriados torcedores ‘urubus’, os torcedores flamenguistas de nível pessoal elevado sabem brincar e divertir-se saudavelmente com o futebol.

No Rio de Janeiro há pelo menos duas torcidas com o mesmo lema: amor e apoio incondicionais aos seus times. Sem palavrões, sem provocações, sem violência. São dois movimentos de torcida que não querem ser confundidos com as organizadas, e surgiram para resgatar o velho e bom hábito de torcer com paixão. Trata-se do ‘Loucos pelo Botafogo’ e da ‘Urubuzada’ do Flamengo.

A rivalidade é alimentada somente com músicas de exaltação aos clubes de coração. Os rubro-negros criaram o ‘Tema do Chororô’ após a Taça Guanabara de 2008:

“E ninguém cala...
Esse chororô
Chora o presidente
Chora o time todo
Chora o torcedor”

Alvarenga, um dos fundadores da ‘Urubuzada’, ouviu, num encontro com membros da ‘Loucos pelo Botafogo’, a resposta ao ‘Tema do Chororô’. Trata-se do ‘Tema da Roubalheira’:

“Tu és time de fanfarrão
Só ganha metendo a mão… Que papelão!
Eu nunca me calarei
Onde estiver gritarei
Pega ladrão!”

Alvarenga aguentou-se e comentou:

– “Essa musiquinha vai pegar entre os alvinegros. O espírito carioca, brincalhão e irreverente, tem que ser mantido. A ideia é brincar sem ofender, sem falar palavrões nem incitar à violência”.

Por sua vez, Petrônio Júnior, ex-membro da ‘Torcida Jovem do Botafogo’, garante que agora se mantém distante de brigas. Aos 32 anos fundou, com os companheiros Rafael Joaquim e Henrique, o movimento ‘Loucos pelo Botafogo’. Eis a sua opinião:

– “Nós somos os pioneiros nesse tipo de movimento, que incentiva o nosso time até na derrota, sem qualquer hostilidade. Essa meninada está me ensinando a torcer de uma forma sadia. Por isso, cada vez mais idosos e crianças gostam de assistir aos jogos ao nosso lado”.

As minorias foram sempre vanguardistas da humanidade, mas quantos mais milhares de anos precisarão as maiorias para desenvolver níveis mentais superiores?...

Fontes
Acervo e pesquisa de Rui Moura
Globoesporte.com

4 comentários:

Muga disse...

Rui,
essa tal de "Ninguém cala" não trouxe muita sorte para o nosso lado. Há que se publicar o mail que
o Márcio Braga enviou ao renato do
framengu dopado...

Ruy Moura disse...

Eu quero publicar o e-mail do Márcio Braga, mas qual é a fonte?... É credível?... Foi publicado na comunicação social?... Acabei de saber por e-mail e não sei o que fazer. Se publico ou não... Se não foi enviado é um grande risco fazê-lo. Como confirmo?... está na net?...

Abraços Gloriosos!

Biriba disse...

Rui,
Tem horas que fico inclinado a assistir aos jogo em um barzinho/choperia junto de torcedores de outros clubes, justamente pra aproveitar esse clima de gaiatice e descontração. Nos estádios é praticamente impossível, com o clima de guerra reinante.

A falta que imaginação é um saco. rs

SA!

Ruy Moura disse...

Nos bares o clima 'provocatório' até que é engraçado para quem gosta, mas nos estádios é como diz: puro clima de guerra. Tenho ido ao estádio às finais contra o Flamengo no cariocão, mas confesso que não gosto dos ambientes de ambas as torcidas. Por exemplo, na torcida do Fogão, até mulheres com um excelente aspecto espetam o dedo médio no ar em direção à torcida dos urubus - que está nos ofendendo - e vocifera um chorrilho de palavrões inacreditáveis. Confesso que não gosto, e por isso também raramente vejo jogos de futebol em Portugal, onde acontece o mesmo. Só vou ao estádio no Rio porque é o meu Botafogo - e já que me disponho a atravessar o Atlântico não posso deixar de ir.

Nas ruas ainda é pior, porque a polícia tem mais dificuldade de dominar a violência. Daí os arrastões dos urubus. Em PT também há escramuças ede rua entre a storcidas do Benfica e do Porto, a smais provocatórias.

Nos bares é engraçado porque em geral a spessoas conhecem-se, e mesmo não se conhecendo estão num sítio de relaxamento que não é muito propício a confusões. Ma sconfesso que onde godto mesmo de assistir é em cas. E sozinho. Não gosto de ouvir os comentários ao meu lado, prefiro esbracejar sozinho ou beber algo para comemorar a vitória. Comentários com outros só depois.

Abraços Gloriosos

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