quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Remador do Botafogo é vice-campeão mundial

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Aílson Eráclito da Silva, o mais promissor remador da atualidade brasileira, tricampeão nacional de Single-Skiff, conquistou recentemente uma medalha de prata no Campeonato Mundial de Remo, categoria sub-23, batendo atletas de 30 países. A competição decorreu na República Checa, em Julho, e Aílson foi vice-campeão na prova Single-Skiff, peso leve (até 72,5 kg), perdendo apenas para o iraniano Mohsen Naghadh.

Entretanto, o atleta amazonense transitou da Tuna Luso para o Botafogo de Futebol e Regatas e neste mês de Agosto rumou ao campeonato mundial aberto de remo, sendo acompanhado pelo vice-presidente de Remo do Botafogo e chefe da delegação brasileira, Marcelo Murad, além do técnico alvinegro Alexandre Xoxô.

No sábado passado, dia 29 de Agosto de 2009, Aílson sagrou-se novamente vice-campeão mundial, conquistando a medalha de prata de Single-Skiff, peso leve, obtida durante o Campeonato Mundial Aberto de Remo, disputado no Lago Malta, em Ponzan, na Polônia.

Aílson é atualmente o mais importante atleta de remo do país e, no entanto, a Confederação Brasileira de Remo cometeu dois erros que poderiam ter afastado o atleta do remo, evidenciando a desastrosa capacidade de gestão que grassa em certas modalidades esportivas do país. No ano passado foi inscrito na categoria single-skiff ‘pesado’, não tendo treino e nem força suficiente para enfrentar os adversários europeus fisicamente mais fortes. Ficou em 15º lugar. Neste ano a agenda internacional do remo apontava para a República Checa. Ailson obteve índice para representar o Brasil, mas outra surpresa o aguardava: na página do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) não constava a ida do Brasil para o Mundial de Remo sub-23, na República Checa, e somente uma decisão de última hora permitiu ao atleta entrar nesta competição.

A história deste promissor atleta é muito interessante. Amazonense de 20 anos, Aílson começou a remar no volumoso Rio Negro, em Manaus, que requeria mais do que uma preparação adequada, e aí aprendeu a mais importante lição desportiva. Numa manhã ensolarada do verão de 2004, Aílson soltou os remos e tombou, escapando por pouco à correnteza. Manasseh, seu treinador, conseguiu resgatá-lo e levou-o de volta para a casa em que ele vive com a mãe, de teto e paredes de tábuas amarradas por fios de arame, no bairro de Antônio Aleixo, a 40 quilômetros do centro de Manaus.

Rosângela Vieira Eráclito, mãe de Aílson, mulher guerreira, capaz de cercar cardumes de tambaquis e tucunarés, ou ainda cortar cana ou cultivar mandioca, pediu ao treinador do filho que o orientasse e não deixasse mais passar fome. Aílson reergueu-se da sua inanição após o acidente, treinou afincadamente e, apoiado pelo projeto conhecido por ‘Remo Social’, criado em 1984 em Manaus, que apoia atualmente 70 jovens, conquistou a sua primeira medalha internacional em Julho passado.
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– "É uma conquista inédita, com repercussão a médio e longo prazo para as próximas gerações do nosso remo", disse um dos candidatos à presidência da Confederação Brasileira de Remo, entidade que está sob intervenção.

No regresso ao Brasil, Aílson passou pelo Rio e foi recebido, juntamente com o seu treinador, pelo Botafogo, que se interessou em tê-los como reforços para regatas internacionais. "O talento desse rapaz é inexplicável", afirmou um dos anfitriões, Alexandre Monteiro, técnico do Botafogo.
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Mas há uma explicação. Desde os cinco anos, em companhia dos irmãos Miquéias e Anne, Aílson assuma o comando da canoa estreita que ficava à disposição da família nas travessias do lago, remando dois quilômetros do casebre até ao pequeno comércio na outra extremidade do lago. Como “o hábito faz o monge”, Aílson moldou-se como atleta através do hábito.
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– "Ele transferiu a essência do remo caboclo para o remo olímpico. Não faz barulho, não provoca marola, não deixa a água respingar", observou o seu treinador Manasseh.
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Ailson alimenta agora o ambicioso projeto de ser medalhista olímpico. O alvo é Londres, em 2012. Para o efeito prescisa de um parceiro para competir no double-skiff, ou ganhar alguns quilos e passar para o single pesado, porque o single leve não é praticado nos Jogos Olímpicos. Antes disso ainda pode competir no Pan-Americano do México, em 2011.

– "Até lá, vou aprender inglês para retribuir a atenção dos colegas" – disse Aílson, que emocionou muitos competidores que o quiseram abraçar e saber detalhes de sua origem humilde e dos ‘segredos’ que o levaram do Rio Negro a cruzar o Atlântico e a ganhar um súbito prestígio na Europa.

Fontes principais
http://globoesporte.globo.com/
http://www.crpiraque.com.br/
http://www.bfr.com.br/

7 comentários:

Unknown disse...

Linda história.
E ainda vamos ter mais capitulos bonitos e...estrelados.
Leonel

Luis Eduardo Carmo disse...

Rui,
Esta matéria é emocionante. Um caboclo olímpico.

Remei por recreação durante muitos anos, quando era sócio do Clube de Regatas Icaraí. Ainda tenho minha baleeira por lá, o barco mais antigo do clube. Fui retirá-lo pra reforma e descobri que me levaram os remos. Uns malandros.

Fico na torcida por um remador brasileiro e alvinegro.

SA!

António Pista disse...

Depois de lançar A Mesa Redonda nas mais altas rodas da blogosfera nacional, regresso à minha casa, ao Águia de Ouro, que criei no dia 25 de Abril de 2007, desta vez não estou sozinho e vou trazer alguns amigos benfiquistas comigo.

Com um novo design e uma mais diversa e especializada opinião, o Águia de Ouro volta com mais força do que nunca.

Visitem, comentem e desfrutem:

http://aguia-de-ouro.blogspot.com/

No ultimo post os 5 torneios ganhos pelo SLB até agora...

Lorismario disse...

Rui. A materia é linda mas sua dedicação aos acontecimentos relativos ao Botafogo e sua vigilância são fantásticas. Fraterno abraço. Lorismario.

Ruy Moura disse...

Olá, Leonel!

Este rapaz promete. E o Armando Max vai renascer com certeza.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

É Biriba, um verdadeiro caboclo olímpico. E temos o Max que poderá retomar a conquista de medalhas no remo. É um desporto que muito aprecio.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Fraterno abraço, Lorismario. O Botafogo é uma das quatro paixões da minha vida.

Abraços Gloriosos!

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