sexta-feira, 16 de abril de 2010

“Folha Seca” do Didi!

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por Cesar Maia

Até a metade dos anos 1950, as cobranças de faltas e os chutes à distância de efeito eram tradicionais. O jogador batia na bola com a parte de dentro da chuteira, levando a bola a fazer uma curva clássica e previsível, acompanhando o sentido da batida que a chuteira imprimia na bola. Era como o desenho de uma foice.

Bem, foi assim até o mestre Didi inovar nos chutes à distancia ou nas faltas com barreira. O curso da bola deixou de ser previsível e a bola passou a traçar uma curva invertida em relação a que era tradicional. Além da curva invertida, a bola caía como se a lei da gravidade se aplicasse a apenas um certo ponto. Na época, o grande comentarista Luis Mendes, com sua percepção aguçada, batizou a novidade introduzida por Didi de “Folha Seca”.

“Folha Seca” exatamente por isso: um movimento imprevisível de uma folha caindo no outono, que de repente deixava de obedecer ao balanço do vento, e caía. Talvez o exemplar mais espetacular de um chute de longa distância de “Folha Seca” tenha sido o gol que Didi marcou na Copa da França em 1958. Vale a pena revê-lo mil vezes e, agora com vídeo, repassá-lo quadro a quadro.

Eu assistia sempre que podia aos treinos do Botafogo em General Severiano. Um dia tomei coragem e gritei: - Seu Didi, preciso aprender uma coisa com o senhor. De bom humor, ele abriu a porta de um túnel de grade por onde saíam os jogadores do treino e perguntou: - O que é garoto? A pergunta estava na ponta da língua: - Como o senhor bate na bola para dar a “Folha Seca”?

Ele pediu uma bola ao roupeiro Aloísio, parou na porta do vestiário e, com toda a calma, fez a posição com o pé - quase o que depois se chamou trivela, só que com o bico da chuteira pegando a bola mais embaixo. E repetiu a mesma posição, em câmera lenta, umas três vezes. E fechou: - Aprendeu, garoto? Mas isso só se pode fazer com chuteira.

Eu disse que sim e saí correndo para não esquecer. Fui buscar a bola em casa, desci para a praça, chamei um amigo e fiquei tentando repetir o que o mestre ensinou. Mas aí lembrei: - Só com chuteira. E a dele deve ser ensinada.

Referência:
http://www.fogaonet.com/

2 comentários:

Lewis Kharms disse...

O Cesar Maia é talvez o botafoguense mais importante da sua geração. A ‘volta’ de General Severiano e o Engenhão não são pouco pra um homem só, mesmo que com sua ‘máquina’ a ajudar.

Saudações botafoguenses!

Ruy Moura disse...

É verdade, Luiz. Ele foi muito importante, e por isso desculpo o seu oportunismo a envergar a camisa dos cathartiformes à cerca de dois ou três anos atrás.

Abraços Gloriosos!

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